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sábado, 18 de maio de 2019

Estelionatários Espirituais

“Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel que profetizam e dize aos que só profetizam de seu coração: Ouvi a palavra do Senhor;” Ez 13;2

Não pareceria estranho se alguém dissesse: Curai ao médico, protegei ao policial, ou, ensinai ao professor? Contudo, no texto supra, temos Ezequiel recebendo do Senhor o seguinte mandado; “Profetiza aos profetas”. O mesmo verso se encarrega de alistar a causa desses “médicos” carecerem cura; “profetizam de seu coração”.

Ora, que o coração humano tenha suas emoções, desejos, intentos, isso é absolutamente normal. Todos nós temos. O problema é quando, eu transfiro os meus anseios e os faço parecer Vontade do Senhor. “Viram vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor disse; quando o Senhor não os enviou e fazem que se espere o cumprimento da palavra. Porventura não tivestes visão de vaidade, e não falastes adivinhação mentirosa, quando dissestes: O Senhor diz, sendo que Eu não falei?” VS 6 e 7

As redes sociais estão cheias de profetizadores de grandezas incondicionais “Em Nome de Jesus”. “Deus vai te exaltar! Mudar tua tristeza em alegria, envergonhar o diabo, devolver em dobro o que te foi tirado;” etc. Tudo tipo horóscopo; jogado ao vento pegue onde pegar. Deixem de ser pilantras!! Vocês não são profetas do Senhor!

Como sei disso? Primeiro, um profeta ou profetisa autênticos não atiram a coisa para ver onde cai. Pregar a Palavra sim; ensina-se como é, receba-a quem receber. Profetizar é algo específico, com alvos e condições determinadas que O Mesmo Senhor zela por cumprir. Um profeta veraz é antes de tudo um reparador de brechas; isto é: Um emissário do Santo que exorta os errados de espírito segundo Deus. “Não subistes às brechas, nem reparastes o muro para a casa de Israel, para estardes firmes na peleja no dia do Senhor.” V 5

O profeta idôneo, antes de acenar com as Bondades Divinas aplica corretivos nas maldades humanas; “Os teus profetas viram para ti, vaidade e loucura; não manifestaram a tua maldade, para impedirem teu cativeiro; mas, viram para ti cargas vãs, motivos de expulsão.” Lam 2;14

Fragmento das lamentações de Jeremias, profeta fiel entre as ruínas de uma cidade arrasada por preferir as “profecias” fáceis invés da verdade.

Os dois Vates, Ezequiel e Jeremias testemunharam a mesma doença; “Porquanto, sim, porquanto andam enganando o meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz; e quando um edifica uma parede, eis que outros a cobrem com argamassa não temperada” Ez 13;10 “Porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à avareza; desde o profeta até ao sacerdote, cada um usa de falsidade. Curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” Jr 6;13 e 14

Os de hoje não fazem melhor que isso. Uma geração de egoístas, hedonistas, materialistas e indiferentes a Deus, sempre tem ao seu favor uma profusão de facilidades proferidas em “Nome do Senhor,” enquanto seus muitos pecados são passados por alto, como se, irrelevantes fossem; cáspita! Como disse Jó: “Quisera calásseis a boca; isso seria vossa sabedoria!”

Ora, não bastam as más inclinações da carne, as seduções do mundo e a dura oposição do inimigo? Ainda precisaríamos do Todo Poderoso como adversário? Pois, os que O Profanam tomando indevidamente Seu Santo Nome o terão sim, como opositor. “... Como tendes falado vaidade, e visto mentira, portanto eis que eu sou contra vós, diz o Senhor Deus.” Ez 13;8 “Tornou-se o Senhor como inimigo; devorou a Israel, devorou a todos os seus palácios...” Lam 2;5 “Eles foram rebeldes, contristaram o Seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, e Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;10 etc.

Assim, atuam disseminando enganos; drogam aos pecadores para que seu torpor retenha a voz da consciência que denunciaria os seus erros; de quebra se fazem inimigos de um Adversário imbatível.

O falso profeta não é apenas um pavão espiritual sem revelação nenhuma; é um tremendo sem noção, que abdica da possibilidade de ser transformado, deveras, num instrumento do Senhor; foge disso temendo a cruz; devaneia com os atalhos do auto-engano preferindo ser apenas um estelionatário espiritual a serviço do capeta usando um falso crachá da “Empresa” do Senhor.

Eis que sou contra os profetas que proferem mentiras diz O Senhor!

Nesse mundo apodrecido O Eterno não precisa de marqueteiros, mas de restauradores; “Busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que Eu não a destruísse; porém, não achei.” Ez 22;30

“A verdade alivia mais do que magoa. E estará sempre acima de qualquer falsidade como o óleo sobre a água.” Miguel de Cervantes

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Divina empatia

“Em toda a angústia deles ele foi angustiado; o anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor, pela sua compaixão ele os remiu; os tomou, os conduziu todos os dias da antiguidade.” Is 63;9 

Isaías, recapitulando a relação de Deus com Israel apresenta um quadro maravilhoso. O Eterno identificando-se com as angústias humanas, compadecendo-se dos seus amados e enviando Seu livramento. 

Claro que isso não autoriza uma conclusão leviana do tipo que pensa que Deus se identifica com o homem em tudo, a despeito dos valores em jogo. Tem muita gente que se angustia anelando coisas profanas, iníquas, desnecessárias, viciosas, etc. de modo que, “todas” as nossas angústias nas quais podemos esperar a Identificação Divina excluem as de motivação egoísta, carnal, supérflua.

Contudo, as que são necessárias ao nosso bem viver, se, honramos a Deus como Senhor, podemos sim, contar com Sua identificação, e com Seu Socorro. 

A relação preceituada pelo Evangelho, resume todos os mandamentos a uma palavra: Amor. Dois alvos: Deus e o próximo. Sabendo que, esse, o amor, devidamente entendido e vivenciado é via de mão dupla. Digo, requer correspondência. Simplificando: Deus, que me ama, identifica-se com minhas angústias, esperando que eu, O ame também e me identifique com o Seu caráter manifesto em Cristo. 

Esse é o “Sabão do Lavandeiro” que profetizou Malaquias, o qual, atuando em nós, pode fazer os “limpos de coração”, que estarão aptos para verem a Deus. 

A dupla natureza dos convertidos, não raro, enseja uma duplicidade de ações, que, deriva de uma entrega superficial, um anseio de obter as benesses do reino, sem o custo pra nele ingressar; Evangelho sem cruz; quiçá, uma “cruz” com anestesia dos prazeres insanos. 

O tema central de toda a Epístola de Tiago é precisamente esse; duplicidade de gente que não abraça a fé de um modo cabal, antes, vive um misto de obediência e rebelião. Essa impureza acalentada no íntimo tolhe que Deus se identifique com nossos problemas, dado que, não ousamos nos identificar com Sua Santidade. “Chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4; 8 

A bondade de Deus é levada a extremos por alguns que supõem que Sua graça seja amoral, barata, desprovida de valores espirituais.

Voltemos ao começo. Digo, ao verso inicial onde Deus se identificou com as angústias de um povo que se revelou rebelde, e vejamos as consequências. “Mas, eles foram rebeldes, contristaram o seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, ele mesmo pelejou contra eles.” V 10 Assim, querendo ou não, nossas ações definem se teremos Deus como protetor, ou, inimigo. 

O mesmo profeta apresentara um quadro da Ira Divina onde, o Eterno suspira como que desejando um adversário à altura, para exercitar um pouco Sua Força; “Não há indignação em mim, quem poria sarças e espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria.” Is 27; 4 Dada a impossibilidade de o homem lutar contra Ele, aconselha arrependimento, para obtenção da paz. “Ou que se apodere da minha força; faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” V 5


O Salvador desenvolveu a mesma ideia com outras palavras. “Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.” Luc 14; 31 e 32

A ideia central é: Posso vencer, ou, me submeto. Quem recusa submeter-se a Deus e Sua vontade, indiretamente imagina que O pode vencer. Não admitirá isso jamais; contudo, é a implicação de suas escolhas.

Muitos, como Nicodemos, têm dificuldade para entender, deveras, o Novo Nascimento. Aí imaginam vitória espiritual nas conquistas de grandezas materiais. Ora, a escada dos vencedores espirituais, desce, invés de subir como a dos que auferem grandezas efêmeras, ilusórias. 

Um vencedor de Deus pode estar enfermo, desempregado, humilhado por adversidades; se, não capitulou às más escolhas malgrado isso, se segue fiel, é mais que vencedor, como disse o apóstolo. 

A Maior de todas as vitórias, foi lograda por um homem nu, vilipendiado, humilhado, pendurado numa cruz. Afinal a luta espiritual é contra o pecado que obra a morte; não, contra a morte estritamente, pois, mesmo essa, Jesus venceu. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12; 4 

Essa liça é o “bom combate” aludido por Paulo. Quem nele vence identifica-se com Deus e O tem consigo, na hora das suas angústias. Os demais, ainda não O conhecem de fato.