quarta-feira, 27 de junho de 2018

A Aldeia e as Tribos

Outro dia, após um toró que caiu resolvi aproveitar parte do dia trabalhando um pouco, ainda que estivesse bastante embarrado. Estava fazendo a base de um muro que circunda a casa onde vivo.

De repente passou um sujeito, visivelmente alterado em suas faculdades, possivelmente, efeito de crack, e, resolveu me incentivar. “Isso aí, meta sal; manda ver, perverso!”

Meu instinto de defesa da honra produziu na hora o clássico revide; - Perversa é a mãe – mas, me contive, olhei o tipo virando a esquina e pensei; Deixa pra lá; do seu jeito, o cara me incentivou, elogiou.

Depois, à noite, me ocorreu de pensar novamente sobre o incidente; Eis um dilema filosófico, espiritual, com o qual têm que lidar os que pretendem transmitir valores absolutos através dos signos relativos da comunicação. A contextualização.

Quem estuda Teologia, por exemplo, na disciplina, hermenêutica, aprende o valor do contexto para identificar o sentido de uma mensagem qualquer. Não se atém às palavras em si, mas, ao significado em seu tempo e lugar, buscando a intenção do autor, e o sentido histórico; antes, que o significado para si. Se isso fosse verificado amiúde, as seitas pseudo-cristãs, que se “baseiam” na Bíblia, cairiam por terra, ao escrutínio hábil de suas crenças.

Interessante arte, a comunicação! Muitos que podem, estudam um ou mais idiomas, pois, isso amplia horizontes profissionais, abre portas, além de facilitar a compreensão da vida, nessa aldeia global que nos tornamos. Em suma, o domínio da língua nos faz world citizens. (Cidadãos do mundo)

Todavia, é comum encontrarmos “tribos” seja de surfistas, nerds, de drogados, etc, com gírias peculiares, tais, que só podem ser entendidas pelos tribais. Nesse caso, a comunicação é usada para construir cercas, antes que rompê-las. O domínio de vários idiomas nos dá o mundo, a habilidade em gírias específicas, pode nos ilhar dentro dele.

A poesia tem seu “Esperanto” como disse o Mário Quintana, sua linguagem própria, que, demanda que seus leitores sejam, de certa forma, poetas também; pois, só assim, lograrão entender plenamente a mensagem.

Mas, voltando ao “elogio”, o cara me chamou de perverso, que, possivelmente, na tribo dele, seja um sujeito hábil, jeitoso, malandro... todavia, seu significado original é bem diferente disso. É, em latim, uma aglutinação de “Permutare” mudar completamente, e “vertio” versão. Ou seja, alguém que deturpa um conceito, ensino, comportamento ou, versão; é um perverso.

Interessante que a exortação bíblica é à conversão, que traz a ideia de acompanhar uma versão confiável, ao invés de perverter, produzir uma própria. No caso de quem deixou a versão idônea e rumou pela perversão, isso demanda uma mudança radical de caminho.

Ouçamos Isaías: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos, nem, os vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55; 7 e 8

Acho que demorei a captar a profundidade filosófica das palavras de meu desconhecido incentivador; Se, estou fazendo um muro, de certa forma me alieno do todo, do absoluto, que é um tipo de perversão. Outra coisa que ele disse: “Meta sal”. Lá no seu idioma, em Crackópolis, deve significar algo, como, manda ver! Força!

O sal é um elemento bastante presente nas Escrituras Sagradas, tanto que, no Velho Testamento era obrigatório nas ofertas de alimento. “Todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal.” Lev 2; 13.

Já na Nova Aliança, o Senhor chama aos discípulos de “sal da terra” e Paulo usa a figura como símbolo de uma linguagem sóbria; “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4; 6 E pensar que eu quase respondi ao tipo com um palavrão...

Então, se, vista a moeda pelo meu lado eu poderia afirmar que o transeunte é catedrático em filosofia e hábil nas Escrituras; mas, a única coisa que ele fez, foi dizer: Manda ver, é isso aí!

Mas, como estamos acostumados a interpretar palavras, não, intenções, tanto apedrejamos nossos benfeitores, quanto, elegemos nossos roubadores.

O Mesmo Paulo, aliás, quando disciplinava a Igreja sobre o uso dos dons disse: “Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz?” I Cor 14;8 e 9

Antes de partilhar informações precisamos adequação de linguagem.

“Falar é uma necessidade, escutar é uma arte”. Goethe

terça-feira, 26 de junho de 2018

O Exército de Ovelhas

“Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas, as ovelhas não os ouviram.” Jo 10; e 8

Os ladrões e salteadores pretéritos foram líderes que pretenderam ser o “Messias”. Primeiro, tinham uma ideia muito rasa da função do mesmo. A libertação sonhada era apenas do jugo estrangeiro que pesava sobre eles. Aí, tinham uma concepção errada sobre o método da luta.

Sem considerarmos os Macabeus que foram bravos defensores de seu povo sem pretensões messiânicas, a Bíblia menciona dois, que alistaram pessoas para esse fim; “... antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntaram uns quatrocentos homens; o qual foi morto; todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos, reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento e levou muito povo após si; mas, também este pereceu, e os que lhe deram ouvidos foram dispersos.” Atos 5;36 e 37

Segundo Gamaliel, um arregimentara 400 homens; outro, “levou muito povo após si...” Que humilhante para O Salvador que andou por três anos e meio “alistando” e só conseguiu 12 “soldados” sendo, um, traidor!

Por que o apelo dos “ladrões e salteadores” teve mais eco que o do Senhor? Bem, havia uma sintonia de ódio entre os “Messias” e seus seguidores, um alvo comum; livrar-se do jugo e retomar o governo da sua terra. Além disso, identificação quanto ao método; deveria ser feito, óbvio, por meios bélicos. Quase todos estão prontos a ouvir um chamado, quando, o problema é o outro; contra ele devemos lutar.

O que são as intrigas, calúnias, maledicências, fofocas, senão, nossa “luta” contra as falhas do outro? Pois é.

O apelo de Cristo não soou atrativo, basicamente por duas razões: Primeiro: Invés de disseminar ódio contra os odiáveis opressores, era misericordioso com eles; curou o servo de um centurião, elogiou a fé dele, favoreceu alguns publicanos traidores que serviam a Roma, desafiou seus ouvintes a amarem os inimigos; pior; além disso, de desaconselhar o uso da espada em prol do perdão, do amor, mandou cada um lutar contra algo que amava; “Negue a si mesmo”.

É compreensível que só mansas e frágeis ovelhas ouvissem algo assim. Sendo para pilhar ao outro, destruir, fazer violência, qualquer índole rapace se sente apta; porém, renúncia? Ovelhas, animais dóceis acostumados à dependência do Pastor não têm dificuldade numa empresa assim; mas, “de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.” Jo 10;5

Ademais, O Salvador estava propondo uma “missão impossível”; Escribas e Fariseus, religiosos em geral do Sinédrio eram a elite; apenas eles sabiam das coisas certas, de modo que, disseram certa vez: “A plebe que não sabe a Lei é maldita.”
Entretanto, aos que lhe davam ouvidos, O Salvador desafiou a que superassem-nos; “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.” Mat 5;20

Outro dia, o Ministro Gilmar Mendes em face às críticas dirigidas ao STF disse: “Quem entende só de samba, não deve opinar sobre ópera.” Deixando a “Ópera da impunidade”, por ora, O Salvador chamou os que tocavam “samba” em caixa de fósforo, para tocarem violino.

Acontece que a “música” da conversão é dançada no Céu; ímpios da Terra passam longe de entender sua harmonia. Cada nota afinada à Divina Vontade é registrada nos anais celestes, onde, não há plágio; no devido tempo, cada um receberá a recompensa justa. “ajuntai tesouros no céu, onde, a traça nem a ferrugem consomem, e os ladrões não minam nem roubam.” Mat 6;20

Mas, alguns “progressistas” góspeis, cientes da dificuldade de seguir a um Messias assim, fizeram um “Remake” em “Sua” Chamada para aumentar o exército. Invés do frágil “Batei, batei, e abrir-se-vos-á”, criaram o “Decretai, e Deus obedecerá.” Invés do masoquista “negue a si mesmo”, criaram o “Tome posse da bênção, prospere;” invés da dolorosa Cruz com as renúncias pertinentes, o “$acrifíco” pode $er de outra e$pécie.

Enfim, ficaram com o Nome, cujo marketing é mais eficaz, mas, copiaram a mensagem dos ladrões e salteadores, cujo apelo é mais atrativo. Se, o “inocente” Salvador tivesse pensado nisso, não teria ficado com o pífio “pelotão” de 12.

Enfrentar a si mesmo como Deus requer, de fato, não é algo fácil; mas, pretender ganhar a eternidade com facilidades é estúpido; seria pretender comprar diamantes com moedas.

Ninguém é forçado; todos podem recusar. Mas, quem quiser ir, será nos termos Dele, ou, jamais irá.

“Não confunda minha Sobriedade com idiotice, pois, neste contexto o inepto poderá ser você.” E. Lima

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Redescobrir as fontes

“Responderam-lhe: Se este não fosse malfeitor, não te entregaríamos.” Jo 18;30

Pilatos quisera saber qual acusação pesava contra o Prisioneiro, Jesus de Nazaré, que era apresentado a ele. Invés disso, disseram: “se não fosse mau, não te entregaríamos”. Vá por nós; asseguramos que é malfeitor.

Como seria se, a inclinação de cada um fosse régua de mensurar valores? Muitos assassinos, traficantes, chamam de “sangue bom” outros como eles. É o seu conceito de bondade.

Vivemos um exemplo da distorção causada pelo relativismo moral; cidadãos acham que o grande câncer do país é a corrupção; os corruptos acham má a Operação Lava Jato, que, combate-a; tencionam até uma CPI para “investigá-la”; (intimidá-la). Como fica? Os cães oram por ossos, os ratos por queijo e todos estão certos?

Os mais informados sabem a origem do relativismo; “Certamente não morrereis, antes, sereis como Deus sabendo o bem e o mal.” Dissera a serpente à mulher.

A primeira coisa pra se plasmar o relativismo é a ruptura rebelde contra O Absoluto, Deus. Se, cada um decide a partir do próprio umbigo as noções de bem e mal, então, como apregoam os defensores do Ecumenismo, todas as religiões são boas, cada qual com sua “verdade”; todos os caminhos levam a Deus; será?

De onde resido se, quiser chegar a Passo Fundo tenho que rumar para o norte; caso faça caminho inverso, jamais chegarei. Sim, diria um gaiato, mas, Deus não é Onipresente? Está em todo lugar? Qualquer caminho leva a Ele é lógico. De certo modo, sim. A Bíblia diz que ante Ele “Todo o joelho se dobrará; toda a língua confessará que Jesus Cristo É O Senhor.”

A questão é outra: Você quer chegar como réu, ou, como filho? No primeiro caso, andando à sua maneira você está no caminho certo. Entretanto, caso desejes, como filho adotivo, chegar ao Pai, não, a Deus, simplesmente, aí, o mapa é preciso: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” Jo 14;6

Todos nós trazemos duas “réguas” morais em nós; uma, como vimos forjada pelo canhoto que dá asas aos desejos naturais, fazendo deusa à vontade de cada um; Outra, colocada pelo Criador, a consciência; que, ensina que o bem que quero a mim é igualmente válido ao semelhante; “ama teu próximo como a ti mesmo”; e, que, isso só se valida na arena do comportamento, não, dos sentimentos; daí, “tudo o quiserdes que os outros vos façam, fazei a eles, essa é a Lei.”

Assim agindo, o teu conceito de bem e de mal será válido, pois, já não será teu, estritamente, mas, de Deus. Porém, a longa permanência na esfera natural “atrofia” (cauteriza) a consciência, o que deriva da morte espiritual. Notemos que O Criador dissera a Adão: “No dia que pecares, certamente morrerás”; ele seguiu existindo por muito tempo ainda. Apenas, invés de comunhão como sempre, sentiu medo do Criador e se escondeu. Seu encontro deixara de ser como filho, e passara a ser como réu, consequência da morte espiritual.

Por isso, a sentença do Salvador: “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;3 e 5

O relato do Gênesis menciona certas fontes que eram disputadas por filisteus e pelos pastores de Isaque. Gên 26;15 Os adversários inutilizavam o que não podiam ter. Assim faz o pecado com nossas consciências, interrompe o fluxo vivo, entulha.

Porém, Cristo disse que “há alegria no céu por um pecador que se arrepende”; assim como Isaque (que significa riso) fez com as fontes aquelas, faz conosco; “Tornou Isaque e cavou os poços de água que cavaram nos dias de Abraão seu pai, que os filisteus entulharam depois da morte de Abraão, e chamou-os pelos nomes que os chamara seu pai.” Gên 26;18

Desfaz a obra do inimigo em nossas vidas e chama-nos outra vez, conforme tencionara o Pai; filhos de Deus.

Por isso, a conversão requer o abandono das práticas “normais” de quando mortos, pois, O Feito de Cristo reabre a fonte e faz brotar Água da Vida. “... o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo.” Heb 9;14

Enfim, é muito fácil enxergar o mal nos outros; basta ter olhos. Para que o “vejamos” em nós, carecemos ouvidos. Pois, “A fé vem pelo ouvir, e ouvir A Palavra de Deus” sendo ela, “O firme fundamento das coisas que não se veem...”

Assim, a fé não é cega, antes, pode ver onde os cegos tropeçam.

domingo, 24 de junho de 2018

O Trabalho e o Bendito Fruto

“Não há nada melhor para o homem que comer, beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho. Vi que isto vem da mão de Deus.” Ecl 2;24

Dois aspectos na relação interpessoal são aceitáveis diante de Deus; justiça e misericórdia. Essa, com algo a mais, pois, envolve o amor, de modo que, como disse Tiago, “... a misericórdia triunfa do juízo.” Cap 2;13

Por exemplo: Se, alguém falhou comigo, ou, me deve algo, invés de reparar em justiça pede misericórdia, e, eu o perdoo, já não há clamor pendente perante a justiça; a misericórdia triunfou.

Essa é a situação de todos nós ante O Criador; “Mostra-nos, Senhor, tua misericórdia; concede-nos tua salvação. Escutarei o que Deus, o Senhor, falar; porque falará de paz ao seu povo, aos santos, para que não voltem à loucura. Certamente que a salvação está perto daqueles que o temem, para que a glória habite na nossa terra. A misericórdia e a verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram.” Sal 85;7 a 10

Se, O Eterno dispensou preciosa misericórdia no tocante a nós, enviando O Salvador, em relação à justiça que Ele ama, foi necessária a morte Dele; o preço do pecado deveria ser pago. Jamais, O Altíssimo que “não pode contemplar a iniquidade,” compactuaria com mentira, ou, encenaria uma paz falsa estando declarada guerra pela desobediência. Daí, no Calvário, “A misericórdia e a verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram.”

Contudo, a “justiça” possível no que se relaciona com Deus é o reconhecimento sincero, e, arrependimento das nossas injustiças. Assim, Ele em Sua infinita misericórdia atua como fiador da nossa salvação, O “Senhor Justiça Nossa.” Jr 23;6

Mesmo nossas eventuais ações em misericórdia aqui, terão seu encontro com a justiça, uma vez que, sendo aquilatadas como “Tesouros no Céu”, lá encontrarão Aquele que disse: “... meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo sua obra.” Apoc 22;12

Assim, a Graça, ou misericórdia nos dá a Salvação que não merecemos; e, a Justiça Divina, o galardão pelo que fizermos após sermos salvos. Pois, “Somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, que, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

O ser humano foi “programado” para funcionar mediante estímulos. E, nenhum mais impactante no que tange ao trabalho, que os frutos. Esse tem sido o erro, aliás, de tantos experimentos socialistas pelo mundo, que, pretenderam plasmar sociedades que funcionassem diversas da índole natural humana.

Esse tipo de “inversão” não nos foi facultada, pois, “... tudo que Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar e nada se lhe deve tirar; isto faz Deus para que haja temor diante dele.” Ecl 3;14
Não havendo a devida contrapartida, possibilidade de progresso, quiçá, de enriquecer até, o trabalho torna-se apenas um peso indesejável, a ser evitado, se, possível; ou, feito de má vontade quando compulsório. Isso ensejou a falência de muitas nações.

A misericórdia é de foro íntimo, arbitrário; Deus espera que a façamos, mas, não a impõe. É uma possibilidade; enquanto, a justiça, uma necessidade; daí, que, a vadiagem assistida pelo Estado tão acariciada pelos defensores de tal sistema nem de perto tem o aval de Deus. Como vimos acima, “Não há nada melhor para o homem que comer, beber, e, fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho. Também vi que isto vem da mão de Deus.” Ecl 2;24

Assistencialismo tem seu espaço apenas em casos extremos de absoluta impossibilidade de se manter, quanto aos vagabundos, porém, “... vos mandamos isto; que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.” II Tess 3;10

Em certo aspecto faz sentido a mensagem dos da Teologia da Prosperidade, ao encorajarem a fé, dado que, essa terá uma recompensa. É isso mesmo.

Porém, erram no método; Deus não é mercador que venda Suas bênçãos; erram no tempo; recompensas prometidas são no porvir, não nesse mundo onde somos peregrinos; por fim, erram na prioridade; invés de ensinar o caminho estreito da salvação aos que se perdem na vasta avenida do comodismo, passam de largo pela cruz, prometendo vida fácil aos, que, sequer, vida, possuem.

E, os comunistas católicos da Teologia da Libertação erram no diagnóstico e no remédio; Deus não salva sistemas, sociedades; apenas, almas, “no varejo”; socorrer ociosos voluntários com usurpação de alheios bens, não é misericórdia, tampouco, justiça; é leniência com vagabundagem, violação de propriedade, portanto, injustiça.

Devem ser maus cristãos, ou, maus socialistas; além disso, ignoram os incautos, que, o “combo” traz junto ideologia de gênero, aborto, casamento gay, descriminação das drogas... Foi pra defender isso que Cristo morreu?

A incoerência é o justo salário pelo “trabalho” dos cérebros vadios.

sábado, 23 de junho de 2018

O Saber dos Meninos

“Melhor é a criança pobre e sábia, que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar.” Ecl 4;13

Se cotejarmos uma criança com um ancião necessariamente veremos uma vida totalmente formada, e outra, em construção. Entretanto, essa, inda insipiente e incipiente, isto é; que não sabe e está começando, se diz que é sábia; melhor que o outro que já escalou o cume no pico do tempo. Por quê?

Como estamos diante de um provérbio antitético, (que confronta duas coisas opostas) e, a insensatez do rei velho deriva do fato de não se deixar mais corrigir; presumir que sabe de tudo; então, necessária é a conclusão que a “sabedoria” da criança é justo, isso; uma índole dócil ao ensino, à correção. Sua sabedoria ainda é em princípio, não, essência. Ou seja, não sabe das coisas, mas, sabe disso, e se dispõe a escutar quem sabe. Essa é melhor à medida que pode beber na fonte de Sophia, enquanto aquele, sequer identifica a necessidade disso.

Deveria ser uma coisa absolutamente natural, desejar aprender, contudo, nem sempre é assim. Em nossos dias, o poste mija no cachorro. A ignorância perdeu a modéstia há muito; em muitos casos, quem menos sabe é que mais fala, poluindo ao higiênico espaço do silêncio com o seu lixo passional, presumindo que repetir fonemas alheios equivalha, a saber.

As facilidades tecnológicas fazem vasto dano psicológico, à medida que, permitem a encenação de algo alugado, como se, fosse nossa propriedade.

Uma distinção é necessária a respeito do que abordamos para dirimir eventual ruído; conhecimento não é sinônimo de Sabedoria; não, da que abordamos aqui. Conhecimento é uma aquisição de meios externos; Sabedoria, o exercício de um dom interior a palpitar no espírito, na mente; que, como disse Plutarco, não é um vaso para ser cheio, mas, um fogo a ser aceso.

Além de intelectual tem seu “princípio ativo” espiritual; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1;7 Em mais uma sentença antitética, temos em oposição aos sábios, não, os ignorantes, mas, os loucos.

E, como disse outrem, “reconhecemos um louco sempre que vemos, nunca, quando o somos”; essa incapacidade de auto-conhecimento das próprias limitações faz os “reis velhos” inferiores a outros que as identificam. Nossos erros, os alheios, as vicissitudes da vida, tudo nos ensina, se, tivermos em nós essa propensão ao aprendizado, senão, “mataremos aula” na escola da vida.

Engana-se quem pensa que, quem escreve algo assim esteja acima, vendo de fora as misérias alheias. Aí seria mais um “rei velho” apenas; também tropeço em minhas ignorâncias e careço desesperadamente aprender. O problema é encontrar as fontes onde isso é possível. Dado esse passo ditoso é só silenciar ante quem sabe, e buscar haurir o possível de quem tem para dar.

Entretanto, nosso sistema educacional está tão comprometido que, mesmo a difusão do conhecimento anda tropeçando no meio-fio da parcialidade ideológica. Que dizer da sabedoria, que normalmente viça adubada por idôneos referenciais e hígidos valores?

A grande bronca de Sócrates contra os sofistas, era que, fazendo eles, uso da retórica persuadiam seus ouvintes, invés, de iluminá-los; seu labor, dizia, produzia crença sem ciência. A sabedoria espiritual, invés da “fé cega” como dizem, estimula a conhecermos Aquele no qual cremos, e de onde vem a vera Sabedoria. “Então, conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; Sua saída, como a alva, é certa; e Ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” Os 6;3
Em nenhuma área encontramos mais “reis velhos” que, quando abordamos temas espirituais; a maioria acha que a coisa é como futebol, ou, política que, cada qual tem sua opinião; todas são igualmente válidas. Não. Em se tratando de Palavra de Deus, tão somente Ela é válida nas diretrizes da vida. “... todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se, alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte do livro da vida...” Assim Deus encerra Sua carta de amor e justiça.

Os convertidos são desafiados a crucificar ao Rei Velho com suas inclinações; “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais nova massa...” I Cor 5;7 Pois, “... qualquer que não receber o Reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele.” Mc 10;15

Salomão tido como o mais sábio dos homens, disse que os “sábios” humanos são apenas canais de Deus. “As palavras dos sábios são como aguilhões; como pregos bem fixados pelos mestres das assembleias, que, nos foram dadas pelo Único Pastor.” Ecl 12;11

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Evangelho; com ou sem, graça?


“Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do céu... Tempo de chorar, e de rir; tempo de prantear, e de dançar;” Ecl 3;1 e 4

Um assunto polêmico no meio cristão é o riso, ou, humor. Uns, o acham normal em seus cultos, outros, uma espécie de desrespeito. Talvez, os mais radicais nisso não cheguem ao fanatismo do “Venerável Jorge” personagem do livro/filme, “O Nome da Rosa” que via na comédia uma verdadeira tragédia, a ponto de matar para coibi-la.

Pois bem, a Bíblia é parcimoniosa referente a isso; não ordena nem proíbe. Quando diz: ”alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram” Rom 12;15 seu fito é empatia com as emoções alheias, não, as emoções em si.

Porém, o texto do Eclesiastes situa choro e riso em seus devidos tempos, sem precisar quais são. Adiante aquilata ambos: “Melhor é a mágoa que o riso, porque, com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.” Cap 7;3

Quem sabe interpretar textos ou, discursos, está ciente que esses são constituídos de teor e forma. Sendo o humor uma faceta puramente formal; no conteúdo, uma atuação satírica pode ser algo muito sério.

Todos conhecem ao Pastor Cláudio Duarte, por exemplo; malgrado sua forma jocosa que faz a platéia rir, via de regra, o seu teor é a sadia interpretação bíblica. O humor é mero acessório para algo sério.

Numa mescla de humor e crítica está em evidência o “Bispo/Apóstolo” Arnaldo, cujo alvo, são os estelionatários góspeis da praça, que, diga-se de passagem, não passam de sal degenerado para ser pisado pelos homens; assim, quanto ao teor, nenhum reparo, a sátira faz sentido.

Entretanto, na forma usa baixarias chulas, “em nome de Jesus”, além de ridicularizar a um Dom do Espírito Santo, o das línguas estranhas. Qualquer estudioso bíblico sabe bem a distância que se deve guardar entre o Santo e o profano; foi por ignorar isso, aliás, que o rei Belsazar perdeu o Reino, a vida, em Babilônia.

E, sendo O Todo Poderoso Quem É não precisa ser defendido por algo vil como o homem. Por Baal que era mero bibelô de confecção humana não foi permitido contender, com uma lógica irrepreensível: Se é deus contenda por si mesmo; muito mais, Aquele que sabemos É O Deus Vivo.

Muitos com fito de zelar por suas práticas duvidosas, ou, mero fanatismo religioso mesmo, visam tolher isso; há quem rejeite veemente convidar ao Pastor Cláudio para eventos. É um direito seu. Porém, agora circula na Rede que uma igreja da região dos Lagos no Rio de Janeiro proibiu um show do Arnaldo, pois, ele desrespeitaria aos cristãos. Aí, o direito escorregou na casca da banana.

Confesso que não acho graça no seu método, embora, sua crítica seja pertinente; mas, há quem ache e até pague para ver. Ora, o que foi feito da tão propalada liberdade de expressão? Eu não concordo com a forma dele atuar, acho sim, profana, desrespeitosa, chula demais; porém, respeito seu direito de fazê-la.

Ninguém desrespeita mais aos cristãos que os movimentos gayzistas em suas passeatas; por que não as proíbem? Ou, pretendem mostrar força apenas contra oponentes mais fracos, como os Amalequitas que matavam velhos e doentes?

Ora, somos desafiados à fidelidade num cenário de calúnias, perseguições, fome e sede de justiça. Somos a Embaixada do Reino dos Céus em terra estranha; adversidades assim fazem parte do pacote a nós reservado.

Na verdade o Brasil, como se diz, é o “País da piada pronta”; nosso senso do ridículo deve estar excursionando alhures; matéria-prima para fazer humor sobeja, sem carecer usar temas espirituais, que, costumam gerar desconforto. Entretanto, como somos livres para escolher a Cristo da forma que nos identificamos, sejam todos livres para escolher o que quiserem, mesmo que seja a tolice, a estupidez.

Nesse caso cabe a redarguição de Caim: “Acaso sou guardador do meu irmão?”

Muitos imaginam Deus como um Vingador Apaixonado pronto a devolver na mesma moeda; na verdade É Vingador de toda injustiça, sim; embora, dê asas à Sua Longanimidade para que possa tratar as ofensas em misericórdia, não, em juízo. Isso só é possível, porém, quando os errados de espírito caem em si, reconsideram, se arrependem e buscam perdão.

Se, é vero que, “O coração alegre aformoseia o rosto” é preciso distinguir que, chocarrices superficiais passam longe de ensejar alegria no coração.

Enfim, não proibamos o humor, o riso; mas, sejamos prudentes para que, nossas escolhas não sejam fiadoras de lágrimas eternas.

O “Show de Cristo” pode não ser o mais engraçado, mas, “Sua Graça é mais que a vida”. Ele mesmo disse: Como parturiente; primeiro, a dor; depois, a alegria da vida.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Guerra e Paz

“Porventura não tem o homem guerra sobre a terra?” Jó 7;1 “O efeito da justiça será paz; a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32;17

Cotejadas as duas sentenças, de contextos bem distintos, mas, tema comum, resulta uma síntese nada surpreendente; a injustiça, patrocinadora das guerras, campeia na Terra.

Dentre tantos motivos vis pelos quais se peleja, o mais presente é a disputa por poder. A grandeza significa facilidades, comodismo, mordomias várias. Se, fosse do ponto-de-vista de Deus seria diferente. “Ele, assentando-se, chamou os doze, e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro; servo de todos.” Mc 9;35
Salomão refletindo sobre as consequências de dominarmos sobre nossos semelhantes não viu com bons olhos; “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda a obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Além da política, seu campo de batalha mais vistoso, a sede de poder exercita-se também em ambientes religiosos, profissionais, e, até, relacionais; onde, a estupidez de ter a última palavra parece valer mais que ter harmonia. No entanto, a sede esperável nos que se entregam a Cristo é outra: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;” Mat 5;6

Somos trabalhadores, pagadores de impostos, certa inserção política se faz inevitável, se, temos senso crítico; todavia, invés da “vergonha de ser honesto” na ironia do Ruy Barbosa, devemos sê-lo às últimas consequências, mesmo que, a janela nos acene com a contínua aglomeração de poder nas mãos dos maus, e, triunfo das nulidades.

A única forma de sentirmos sede de justiça vivendo em um mundo mau é não bebermos as mesmas águas que bebem os que miram interesses mesquinhos, antes, dos comuns, e usam meios vis, onde deveriam imperar valores. Nossa sina, dos veros convertidos é mais ou menos como a de Ló em Sodoma; “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias sua alma justa, vendo e ouvindo sobre as suas obras injustas.” II Ped 2;8

Claro que viver cercado por injustiças de toda ordem, onde, o “Poder Judiciário” na maioria dos casos atua para proteger anseios de bandidos que clamores por justiça, viver num cenário assim, digo, desanima um pouco mesmo aos mais corajosos. Todavia, a crítica mais contundente que podemos fazer à injustiça é: Mesmo estando em terreno por ela dominado, preferirmos a justiça, patenteando o Domínio de Deus sobre nós.

São esses apenas, que, se enquadram na promessa de fartura de justiça no porvir; amam, antes de tudo, a justiça e aplicam-na contra si, ao reconhecerem suas culpas e a conseqüente necessidade do Salvador e Senhor. Fazendo isso que a Divina Justiça requer, somos absolvidos da pena; a Justiça de Cristo é imputada a nós.

Quem faz isso não fixa seus olhos nos enganos meandros do poder; se, guindado a cargos mais altos vê isso como um dever maior, não, grandeza. O Senhor desafia os Seus a serem fiéis no pouco, para serem colocados sobre o muito.

Assim, mesmo evitando grandezas, no devido tempo terá que lidar com ela, dadas as diretrizes do Reino. Uma frase do Talmude diz: “A grandeza foge de quem a persegue, e persegue quem foge dela.” Nada mais que, comentário sobre a consequência espiritual que espera aos “fiéis no pouco”.

A prosperidade dos maus é o esperável num mundo mau que “jaz no maligno”; o Diabo seria incompetente em sua “diabice” se, não cuidasse dos seus. Não significa que todo próspero seja mau, apenas, que as posses não valem nada como aferidoras de caráter.

O valor de certos ricos pretéritos foi aquilatado no Santuário, não, no extrato bancário; “Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso; até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição.” Sal 73;16 a 18

Eis, alguns, que correram a maratona da vida em busca de grandeza; mas, na hora de romper a fita acabaram entre vermes.

Dada a dualidade atuante após a queda, a guerra tornou-se inevitável. Mesmo nossa fé que nos mantém em Deus é alvo de ataques diuturnos. Os vencedores não são os empoderados; antes, os que, a despeito de tudo que sofram, recusem-se a mudar “para baixo” apenas para que os ataques cessem.

Paz falsa atuará a serviço do Anticristo; pois, “quando disserem; há paz e segurança, virá repentina destruição.” A paz de Deus, a despeito das guerras exteriores, é fortaleza inexpugnável, mesmo, às garras da morte; pois, foi em face dela, que um digno vencedor bradou: “Combati o bom combate, corri a carreira; guardei a fé.”