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sábado, 23 de junho de 2018

O Saber dos Meninos

“Melhor é a criança pobre e sábia, que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar.” Ecl 4;13

Se cotejarmos uma criança com um ancião necessariamente veremos uma vida totalmente formada, e outra, em construção. Entretanto, essa, inda insipiente e incipiente, isto é; que não sabe e está começando, se diz que é sábia; melhor que o outro que já escalou o cume no pico do tempo. Por quê?

Como estamos diante de um provérbio antitético, (que confronta duas coisas opostas) e, a insensatez do rei velho deriva do fato de não se deixar mais corrigir; presumir que sabe de tudo; então, necessária é a conclusão que a “sabedoria” da criança é justo, isso; uma índole dócil ao ensino, à correção. Sua sabedoria ainda é em princípio, não, essência. Ou seja, não sabe das coisas, mas, sabe disso, e se dispõe a escutar quem sabe. Essa é melhor à medida que pode beber na fonte de Sophia, enquanto aquele, sequer identifica a necessidade disso.

Deveria ser uma coisa absolutamente natural, desejar aprender, contudo, nem sempre é assim. Em nossos dias, o poste mija no cachorro. A ignorância perdeu a modéstia há muito; em muitos casos, quem menos sabe é que mais fala, poluindo ao higiênico espaço do silêncio com o seu lixo passional, presumindo que repetir fonemas alheios equivalha, a saber.

As facilidades tecnológicas fazem vasto dano psicológico, à medida que, permitem a encenação de algo alugado, como se, fosse nossa propriedade.

Uma distinção é necessária a respeito do que abordamos para dirimir eventual ruído; conhecimento não é sinônimo de Sabedoria; não, da que abordamos aqui. Conhecimento é uma aquisição de meios externos; Sabedoria, o exercício de um dom interior a palpitar no espírito, na mente; que, como disse Plutarco, não é um vaso para ser cheio, mas, um fogo a ser aceso.

Além de intelectual tem seu “princípio ativo” espiritual; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1;7 Em mais uma sentença antitética, temos em oposição aos sábios, não, os ignorantes, mas, os loucos.

E, como disse outrem, “reconhecemos um louco sempre que vemos, nunca, quando o somos”; essa incapacidade de auto-conhecimento das próprias limitações faz os “reis velhos” inferiores a outros que as identificam. Nossos erros, os alheios, as vicissitudes da vida, tudo nos ensina, se, tivermos em nós essa propensão ao aprendizado, senão, “mataremos aula” na escola da vida.

Engana-se quem pensa que, quem escreve algo assim esteja acima, vendo de fora as misérias alheias. Aí seria mais um “rei velho” apenas; também tropeço em minhas ignorâncias e careço desesperadamente aprender. O problema é encontrar as fontes onde isso é possível. Dado esse passo ditoso é só silenciar ante quem sabe, e buscar haurir o possível de quem tem para dar.

Entretanto, nosso sistema educacional está tão comprometido que, mesmo a difusão do conhecimento anda tropeçando no meio-fio da parcialidade ideológica. Que dizer da sabedoria, que normalmente viça adubada por idôneos referenciais e hígidos valores?

A grande bronca de Sócrates contra os sofistas, era que, fazendo eles, uso da retórica persuadiam seus ouvintes, invés, de iluminá-los; seu labor, dizia, produzia crença sem ciência. A sabedoria espiritual, invés da “fé cega” como dizem, estimula a conhecermos Aquele no qual cremos, e de onde vem a vera Sabedoria. “Então, conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; Sua saída, como a alva, é certa; e Ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” Os 6;3
Em nenhuma área encontramos mais “reis velhos” que, quando abordamos temas espirituais; a maioria acha que a coisa é como futebol, ou, política que, cada qual tem sua opinião; todas são igualmente válidas. Não. Em se tratando de Palavra de Deus, tão somente Ela é válida nas diretrizes da vida. “... todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se, alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte do livro da vida...” Assim Deus encerra Sua carta de amor e justiça.

Os convertidos são desafiados a crucificar ao Rei Velho com suas inclinações; “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais nova massa...” I Cor 5;7 Pois, “... qualquer que não receber o Reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele.” Mc 10;15

Salomão tido como o mais sábio dos homens, disse que os “sábios” humanos são apenas canais de Deus. “As palavras dos sábios são como aguilhões; como pregos bem fixados pelos mestres das assembleias, que, nos foram dadas pelo Único Pastor.” Ecl 12;11