sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Eleições

 

“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados pelos que gostam.” Platão

Sempre ouvi que religião, futebol e política, não se discute. Um parêntese necessário: Discutir equivale a debater, cotejar ideias, propostas; diferente do uso vulgar da palavra, como se, a discussão fosse uma briga ainda em fase de aquecimento.

Dito isso, voltemos à frase. Que futebol seja uma paixão superficial, pela qual, não vale a pena altercar, de acordo. Mesmo assim, muitos se engalfinham, apostam alto, fiados apenas em suas opiniões. Ora acertam, ora erram; sempre será assim.

Em questão de fé, essa envolve minha vida e a eternidade, segundo creio. Embora não tenha direito de impor minha visão a ninguém, tenho o dever de defender o que creio, com argumentos fundamentados, sempre que alguém, a ela opuser publicamente, ou mesmo em particular, coisas discrepantes.

Tolerar ao que crê de modo diverso, equivale a entender que ele tem o direito a isso; não a desfazer do que creio; tampouco, perverter à fé, acrescentando o suprimindo coisas, espúrias. O que é a apologética, senão, a defesa da fé, contra a intromissão de erros doutrinários? O que fez O Salvador com os religiosos da época, senão, debater, discutir com eles, pontuando seus erros?

Se, discrepâncias de opiniões no tocante ao futebol, posso deixar de lado, por irrelevantes, as atinentes à fé, respeitam à minha vida agora e no porvir; seria um estúpido se não discutisse em defesa dela, quando oportuno.

Nas questões políticas, a coisa é mais pertinente ainda. Está em jogo meu dinheiro, meu município, estado, país. Delas deriva o código de leis que estrutura a nossa sociedade; por ela, são geridos os municípios; a base da nação. 

Cada partido está inserido em determinado arcabouço ideológico, com o qual, nos identificamos, ou não. Não se trata de discutir preferências pessoais. Mais que as pessoas, as ideias que elas representam contam na hora da nossa escolha por representantes.

Infelizmente, muitos “servidores” porque foram guindados a determinado cargo, se sentem donos do município. Pretendem fazer dele um “gueto” particular, onde quem pensar diverso será preterido na assistência e em todas as vicissitudes que, cada cidadão ordeiro tem direito.

Um prefeito não é dono de nada; antes é empregado de todos. Embora beirando a uma ditadura, ainda somos uma república. Assim, qualquer um, do público, pode acusar à administração, quando ela falhar; essa, deverá recolher-se à condição de ré, no tribunal público e prestar os esclarecimentos devidos.

Esse negócio de ter que falar de política a boca miúda, temendo represálias é próprio de ditaduras. Ninguém precisa abrir seu voto, se não quiser; porém, se o fizer, merece ser respeitado da mesma maneira; ganhe quem ganhar, será um empregado do município, não um proprietário.

Tanto quem compra votos com fisiologismos, quanto, quem ameaça, tentando coagir o eleitor pelo medo, não é um democrata, e não merece respeito, nem cargo púbico. O voto de um cidadão esclarecido se conquista, não se compra, nem se coopta.

Na esfera municipal, a política respeita a coisas mais abrangentes ainda, que na estadual e federal. Por isso, a eleição que se avizinha é tão importante. Ela contratará gestores para os próximos quatro anos, para o nosso município. Precisamos, pois, ao escolher os representantes, estar certos que nossos escolhidos nos representam, deveras.

Pode acontecer que, nossas opções não sejam as vencedoras; mas um cidadão não deve tratar escolhas políticas como se fosse um jogo de futebol, do qual se diz, que, é mais importante vencer, do que jogar bem. Nesse caso, vencendo ou perdendo, o mais importante é votar bem. Segundo nossa consciência, e nosso alinhamento ideológico. 

As pessoas que se abrigam sob a mesma bandeira que nós, podem nos decepcionar, uma vez eleitas? Podem; são humanas e falhas, como nós. Todavia, sou responsável pelas minhas escolhas; pessoas falhas existem em todos os lados.

Gosto da alternância de poder; se o novo não trouxer melhorias, uma vez testado, a gente pode mudar na próxima. Não se trata de desmerecer o que já feito; mas, de tentar saber se, por outras mãos se pode fazer mais.

Carecemos da utopia de um município próspero, ousado. Isso requer que ele seja mais importante que as carreiras e as pretensões particulares de um e outro.

Para que nossa cidade se faça melhor, é necessário que nós, os munícipes melhoremos também; nos atrevamos para além do “mais do mesmo”. Me ocorre uma frase de Bernard Shaw: “Gosto de ver um homem se orgulhar do lugar onde vive; gosto de ver um homem viver, de modo que o lugar se orgulhe dele.”

Dirão que, abri o meu voto. Isso é um direito meu; não se discute.

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Benditos frutos


“Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...” Mat 3;8 

Pensando na Parábola do Semeador, com seus quatro tipos de solo, onde apenas um frutifica com perfeição, em geral não nos detemos nos frutos que O Senhor espera.

Podemos crescer em conhecimento, e ministrar conforme os dons da Graça Divina em nós; anunciarmos a Palavra a muitos, quiçá, atrair a Cristo. Tudo isso é importante, mas, não supre ao primeiro fruto de devem produzir os que se pretendem, de Cristo. Arrependimento.

Grosso modo, nos entristecemos, eventualmente, porque falhamos, e só. Essa postura é a semente do arrependimento, não, o fruto. Se, apenas nos entristecermos a cada falha, isso se tornará rotina; sem a ousadia de uma ruptura com o pecado, nosso arrependimento será estéril; iremos de uma semente a outra, como as que caíram à beira do caminho e foram consumidas antes de frutificar.

O arrependimento requer algo mais que reconhecer: “Foi mal!” Demanda mudança de mentalidade, tristeza profunda por ter ofendido a Deus. A mera repetição de um “mea culpa” é como nos sacrifícios da Antiga Aliança, trazer nova oferenda a cada nova falha. A Palavra ensina: “Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados.” Heb 10;3

Mera rotina sem mudança de atitude, não passará de “comemoração” dos pecados. A Vontade de Deus para nós, não é uma coisa que, se O obedecermos será revelada; antes, está revelada para que obedeçamos. 

É um modo de vida segundo o Divino querer; pois, anela Ele, que sejamos santos; “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

O vero arrependimento muda nosso viver, numa ruptura com a rasteira maneira mundana, e nos alinha com Deus, pela obediência.

Tiago apresenta a “arte” de pecar, como se fosse uma gravidez, que vai da concepção, à gestação, até dar à luz; “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tg 1;14 e 15

O primeiro contacto, ver, sentir o desejo por pecar, gera a concepção do pecado em nós; a sofreguidão por ele derivada do desejo é a gestação; por fim, a consumação do pecado, invés de fazer nascer um pecadinho, traz à luz, a morte espiritual. Foi assim com Adão; “Quem te mostrou que estavas nu?”

Por isso, devemos evitar o primeiro contacto, para tolher que a sequência mortal se repita; pois, já pecamos em determinada área, e depois nos arrependemos; conhecemos o processo; devemos “abortar” esse assassino, o pecado, antes que nos leve ao mesmo lugar de sempre.

O Salvador ensinou a cortarmos o mal pela raiz: “Se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no Reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, ser lançado no fogo do inferno.” Mc 9;47

Enfim, nosso arrependimento frutifica quando, mais que nos entristecer no momento da falha, logra gerar em nós escrúpulos, quanto a tropeçar na mesma pedra, de modo a mortificarmos as más inclinações, por amor à saúde do relacionamento com Deus.

O risco é tratarmos o pecado como alguns viciados que, expostos em suas práticas viciosas, se defendem: “Paro a hora que eu quiser.” Como se tivessem total controle sobre aquilo. A suposta hora de parar nunca chega.

O pecado não é um anexo às nossas vidas. Se não tratarmos com a devida seriedade, se tornará senhor, subjugando seus servos à sua vontade. Pedro ensina: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se o último estado pior que o primeiro.” II Ped 2;20

Àqueles que vence, força a fazer o que não querem, como adverte Paulo: “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;17 a 20

Como o pecado vindo à luz, não traz um pecadinho, mas morte, o arrependimento frutificando, não traz mais, arrependimentos; ensina viver, de modo a não precisar se arrepender; em santidade.

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Segundo casamento


“Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a Lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.” Rm 7;4

Interessante alegoria usada por Paulo. Comparou a relação do homem com Deus a um casamento, ensinando que, o cônjuge, se tiver relação com outro enquanto casado será adúltero. Porém, morrendo aquele, estará livre para contrair novo matrimônio, sem impedimento ou culpa.

Assim, os que “Casaram com Deus” mediante a Lei dos dez mandamentos, tendo Cristo morrido a morte deles, foi como se eles também morressem; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

Se morreram para a Lei, pela morte de Cristo, ficaram livres da Lei, podendo “casar de novo”, agora com Cristo. “... estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos...” 

Por isso, quando alguém se pretendendo cristão, ainda ensina segundo a Lei, não segundo Cristo, não é obediência que esse está evidenciando, antes, ignorância.

Paulo foi categórico e incisivo sobre isso: “Todos aqueles, pois, que são das obras da Lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da Lei, para fazê-las. É evidente que pela Lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.” Gl 3;10 e 11

Portanto, os que se dizem cristãos, mas esposam coisas da Lei, como a alimentação “santa” e a guarda do Sábado, estão “coxeando entre dois pensamentos”, extraviados entre Cristo e Moisés.

Um sabatista me esfregaria na cara uma dezena de versos onde se preceitua a observância do sábado, como se isso fosse necessário. Qualquer estudante mediano da Palavra sabe o que está escrito nela; porém, a interpretação sadia, do que ainda vige e do que foi superado, é mais uma questão de honestidade intelectual, que, de capacidade de entender o que está expresso com todas as letras.

“Dizendo Nova Aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, se envelhece, perto está de acabar.” Heb 8;13 “Mas agora temos sido libertados da Lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, não na velhice da letra.” Rom 7;6 “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; e tudo se fez novo.” II Cor 5;17 “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” Col 2;16 e 17 etc.

A doutrina da necessidade de guarda do sábado, para os cristãos, vem dos escritos de Ellen White, não da Bíblia. Os adventistas levaram isso tão a sério, que tratam o sábado como sendo o “selo de Deus”, e a observância do domingo, como a “marca da besta”. Colocaram todos os ovos num balaio só; quando ele cair, breve cairá, ficarão sem nenhum. 

A marca será uma senha obrigatória aos, “world citizens”, em tempo de governo global, e dinheiro digital. Sem ela não se acessará ao sistema, não se comprará nem se venderá. Quando for implantada, breve será, os adventistas ficarão sem discurso nenhum.

Muitos deles se ofendem porque alguém os definiu como uma seita. Ora, a melhor maneira de evidenciar que não são, seria agirem como não sendo. Mas eles não conseguem.

Para eles, os salvos são apenas os adventistas; alguns eventuais sinceros que perambulam por “Babilônia”, como chamam aos não adventistas, no devido tempo se tornarão um deles também. Assim, embora não expresso, fica implícito que, fora do adventismo, não existe salvação. Felizmente, será O Senhor que escolherá quem serve, e quem não.

Embora, ensinos como não ter outros deuses, honrar pai e mãe, não fazer imagens para adoração, não matar, furtar, adulterar, dar falso testemunho, continuem válidos, devemos fazer essas coisas como evidências do que Cristo fez por nós, não como substitutos à Sua remissão, como se, pudéssemos ser salvos pelas obras. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Nem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;8 a 10

Em Cristo estamos num “segundo casamento”, dentro do qual, as preferências do falecido, não importam mais. Pior, se voltarmos a elas, perderemos nosso cônjuge; “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela Lei; da graça tendes caído.” Gál 5;4

domingo, 11 de agosto de 2024

A Imagem de Lúcifer

“Aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém? Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.” Luc 13;4 e 5

Tendemos a julgar como se tivéssemos um “pecadômetro” que mensurasse quais erros são graves, mortais, e quais, não. O Catolicismo faz distinção entre pecados “capitais” e “venais”. A única distinção bíblica é a Blasfêmia contra O Espírito Santo, para o qual, não haverá perdão. Aos demais, sem arrependimento e mudança, a sentença é igual; “O salário do pecado é a morte.” Rom 6;23

Os erros diferem entre si em gravidade, mas para todos, o “remédio” é o mesmo: “... se não vos arrependerdes, perecereis.”

O Salvador encontrou uma sociedade ímpia, porém, parte dela religiosa, zelosa com o verniz, a aparência. Ele não fez distinção, entre os que precisavam se arrepender e os que não. Antes, nivelou a todos, na morte; os desafiou a ouvirem Sua Voz, para receber vida; “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus, os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25

Esse nivelamento por baixo, feriu aos brios dos “santos” de então. Afinal, havia meretrizes, publicanos, pecadores públicos, aqueles sim, precisariam se arrepender de seus pecados, os religiosos, não. Ledo engano. Para agravar a “injustiça” em dado momento Jesus lhes disse: “... publicanos e meretrizes entram adiante de vós no Reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não crestes; mas publicanos e meretrizes creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crer.” Mat 21;31 e 32

Qual era o “mérito” dos que entrariam no Reino? Se arrependeram, enquanto os religiosos sem noção, recrudesciam nas suas pretensões. A parábola do Fariseu e do publicano foi dada, justo para desfazer a ilusão, derivada dos “méritos” humanos. Que entendeu se arrepende, invés de se justificar.

Entre o religioso cheio de si, e o publicano cheio de culpas, mas contrito, esse foi perdoado; aquele, não. “Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;28 e 29

Agora muitos “profetas” estão alarmados, porque, em Gravataí, RS, está sendo exposta uma estátua de Lúcifer, tendo cinco metros de altura, para a “Igreja” do referido caído. Recém tivemos uma grande catástrofe e não aprendemos nada, vociferam alguns.

Ora, antes das enchentes foi feito o “Cristo Protetor” maior que aquele do Rio de Janeiro, em Encantado; qual a diferença entre um e outro?? Ah, mas um representa Cristo, outro, o Capeta. Não, ambos representam o Capeta. Um de modo mais explícito.

O veto a fazer imagens para culto, não faz distinção entre as que seriam boas, e as más. Todas são abomináveis aos Olhos do Santo. “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás...” Ex 20;4 e 5

Já ouvi padres dizendo: “Mas Deus mandou fazer dois querubins sobre a Arca, e uma serpente de metal.” E daí? Quando O Senhor ordena, para o propósito que ordenou, deve ser obedecido; nada além.

Alguns supõem que sofismas e A Palavra de Deus cabem na mesma sentença; ou, que ler cartas é igual a ler a Bíblia. Quem não aprendeu a distinção entre santo e profano, no âmbito espiritual, não sabe de nada.

Na pretendo, como gaúcho, amenizar nossas culpas; imensa maioria no nosso estado tem sido resiliente no mal, avessos a Deus e Seus ensinos. Porém, temo que nos demais rincões do país, não seja diferente. Em suma, estamos no mesmo barco, onde uns poucos se atrevem honrar a Deus, enquanto os demais, segundo o conselho do querubim caído, andam às suas errôneas e doentias maneiras.

Assim, parafraseando ao Senhor, ouso: Pensais que os cidadãos de Gravataí são mais pecadores que a média, porque na cidade deles se está erigindo um local de culto ao Capeta? Não vos digo; antes, senão vos arrependerdes, todos, de igual modo, morrereis.

Toda imagem cultuada, pequena, “santa” que seja, é uma desobediência coletiva, solene. “... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” Is 45;20 “Eu sou O Senhor; este é Meu Nome; Minha glória, pois, a outrem não darei, nem Meu louvor às imagens de escultura.” Is 42;8

“Reconhecemos um louco quando o vemos; não, quando o somos.”

sábado, 10 de agosto de 2024

Cavalos alados


Dado o trágico acidente da “Voepass”, ontem, no qual 62 pessoas perderam a vida num voo entre Cascavel e Guarulhos, que caiu na cidade de Vinhedos em SP, alguns, nas redes ressuscitaram o dito que, “avião só vira notícia quando cai”; para ilustrar que, quando fazemos as coisas certas passamos despercebidos; mas, se cairmos nalgum escândalo, também nos tornaremos visíveis.

Primeiro, meu sentimento de pesar a todos os enlutados por essa tragédia, e o desejo que Deus conforte e amenize, tanto quanto possível, a tristeza deles.

Há um quê de verdade nessa abordagem; porém, tem muito de lógica também. Pois, o que é normal, ordinário, não é preciso noticiar; a “omissão” nisso subentende que tudo está correndo bem. Assim, a não informação, de certo modo também informa. Até o silêncio tem lá sua eloquência.

Depois, a queda de um avião, não é de um avião, estritamente. Muitas vidas acabam se perdendo, e esse fato é que faz o acidente da aeronave, ser tão retumbante. Um avião, por moderno e tecnológico que seja, é só um bem material que pode ser reposto; vidas são bens eternos, cuja interrupção brusca não estava nos planos de ninguém, tais perdas precisam ser informadas.

De igual modo, nós; nosso andamento normal é o esperável. Eventual queda, o fato novo que fará as pessoas mencionarem nosso nome. Também nesse caso, a não informação sossega a quem nos conhece, sabendo que, seguimos mais ou menos segundo certa rotina.

A natureza humana, pela sua ímpia inclinação, tem melhor paladar para o vício que para a virtude; para acontecimentos trágicos, que para os venturosos. Basta ver o que a mídia noticia.

Talvez, sejamos comedidos nos apreços aos bons caracteres que conhecemos, e às boas ações, pela “certeza” que o reconhecimento que não tributamos agora, poderemos fazer em momentos futuros. Em muitos casos, o futuro nunca chega, uma vez que a fatalidade ceifa a vida que admirávamos e recusávamos a admitir, de público. Daí, chegado o “agora ou nunca” as pessoas despejam os méritos de quem partiu, todos de uma vez; como que, oprimidos por uma carga, precisam descansar um pouco. Desse hábito, o dito que, as pessoas ficam boas quando morrem.

Ou, onde a admiração é permeada por certa emulação, rivalidade, melindre, inveja até, silenciamos ante a voz de prisão dos nossos escrúpulos que lembram: “Tens direito de ficar calado; tudo o que disseres pode e vai ser usado, contra você”, pelo seu rival. Desse temor inconfesso, o dito de Machado de Assis: “Podemos elogiar à vontade, está morto.”

Na verdade, estamos full time no teatro da vida. Gostando ou não, em algum momento seremos “notícia” nos lábios alheios. O que podemos e se recomenda aos cristãos, é que vivam com correção tal, que, para se falar mal dos tais, seja necessário mentir.

Se lograrmos viver segundo essa estatura moral, ainda assim, nada garante que não falarão poucas e boas ao nosso respeito. No meu caso, quando falam mal de mim, adoto a seguinte filosofia: Se o falado for verdadeiro, eu estou mal, e careço mudar; porém, se for derivado de uma visão enferma, quem fala é que precisa tratar da própria miopia; deveria eu sofrer, pelas enfermidades alheias?

Não significa que a maledicência não incomode; a primeira reação sempre acende uma centelha de ira; por isso A Palavra de Deus ensina: “Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira repousa no íntimo dos tolos.” Ecl 7;9

Se, quando conhecemos algo, ou alguém, a primeira impressão costuma ser a mais marcante, quando avaliamos aos atos alheios, a segunda impressão tende a ser a mais sábia.

Infelizmente, muito do que se nomeia, “cristianismo” no ocidente, é uma espécie de cavalo alado. O discurso enverga as alvas e longas asas da transcendência, e a prática ainda é refém dos instintos animais básicos.

Eventualmente, gastamos nosso latim tentando dividir uma migalha espiritual; nossos ouvintes recusam o crescimento, por ainda demasiado presos, à esfera natural. Alguém disse: “Quando você aponta uma estrela para um imbecil, ele olha para a ponta do seu dedo.”

O afã doentio por ser notícia, ainda é o olhar mirando um dedo ao rés do chão, de quem deveria já ter se libertado dos aplausos e das vaias, porque esses não significam nada, além da febre de quem os produz.

Todo o tempo que desperdiçamos buscando aprovação alheia, poderia ter sido usado com excelência, se o empregássemos nos melhoramentos íntimos, que nos trariam aprovação de Deus. A alguns rasteiros O Salvador disse: “... Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

Comunhão


“Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” Am 3;3

Em se tratando de seres arbitrários, o fato de andar juntos, pressupõe um acordo, no mínimo, quando à direção. Em geral é mais que isso. Andarem dois juntos não é fruto de uma coincidência, antes, de uma escolha, uma identificação.

Contudo, quando os “dois” não são exatamente dois; digo, uma coisa boa nas mãos de má companhia, não significa que ambos se fundam, de modo que o mau se torne bom, pela posse de uma coisa boa, nem que essa, se converta em má, sob o peso da companhia.

Como versa certo dito, “Ouro nas mãos do bandido, ainda é ouro.” Entretanto, como dizia Charles Spurgeon: “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.” Às coisas morais, espirituais, convém as companhias do mesmo calibre, para que nenhuma contaminação as deturpe. “Não convém ao tolo a fala excelente; quanto menos ao príncipe, o lábio mentiroso.” Prov 17;7

Quando a pitonisa de Filipos, indo após Paulo e Silas disse a verdade, aquilo incomodou; “Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo.” Atos 16;17

Paulo tinha problemas com a verdade? Não. Ele mesmo escreveu: “Porque nada podemos contra a verdade, senão, pela verdade.” II Cor 13;8
Ele não queria que a verdade fosse usada pelo Pai da mentira, pois, a falta de idoneidade da fonte, certamente comprometeria a pureza da água.

Eventualmente deparo com frases verazes, cujo teor, eu compartilharia. Porém, quando vejo a quem teria que dar crédito, desisto. Pelo divórcio entre raízes e ramos, desprezo à planta inteira. Paulo ensina: “... se a raiz é santa, também os ramos o são.” Rom 11;16

Por outro lado, se a autoria da frase bonita, da sentença filosófica é de alguém depravado, já há um quê de impureza na mesma, ainda que seja “apenas” a hipocrisia. Nesse caso, evito o fruto, aparentemente bom, pelo vínculo com a origem má.

Recorro ao abrigo de certa frase dos pregadores puritanos: “O que és grita tão alto, que não consigo ouvir o que dizes.”

Mais que um depósito de sentenças bonitas, devemos ser vidas que se deixam transformar pelo que aprendem do Senhor, comendo primeiro, à Palavra que depois, ensinarão. Nossas ações carecem ser eloquentes, antes das falas; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

O que significa termos “calçados os pés na preparação do Evangelho da Paz”, senão, andarmos de modo que nosso testemunho abra portas à mensagem?

A atenção alheia deve vir pelos atos, mais que pelos ensinos; e esses, quando verterem que sejam segundo Deus; “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, despenseiros dos mistérios de Deus.” I Cor 4;1

Pois os dois, que andariam juntos só estando de acordo, segundo o texto de Amós, eram os homens do povo de Israel, e O Senhor. Essa pretensão oca de andar com Deus em desacordo com Sua Palavra, é uma insanidade. Como Ele não muda, porque Sua Integridade e Perfeição não comportam mudanças, resta ao homem, que desejar a paz com Ele, para poder andar junto, se deixar moldar, pela Palavra da Vida. “Abre Tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da Tua lei.” Sal 119;18

A santificação, que O Senhor requer dos que O servem, é justamente a separação das coisas com as quais Ele discorda, para termos comunhão.

Como ensina Paulo: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão tem a luz com as trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles andarei; Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; Eu serei para vós Pai, vós sereis para mim filhos e filhas, Diz O Senhor Todo-Poderoso.” II Cor 6;14 a 18

Então, se nos é preciosa a comunhão com O Santo, tenhamos em mente e no coração, que Ele não é tão inclusivo assim. Quando a resiliência na maldade nos toma, Ele se afasta, até que sintamos sua falta e volvamos arrependidos para poder outra vez, andarmos juntos; “Irei e voltarei ao Meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem Minha face; estando eles angustiados, de madrugada Me buscarão.” Os 5;15

A zombaria


“... nos últimos dias virão escarnecedores...” II Ped 3;3

Escarnecer: Ridicularizar, menosprezar, zombar de algo ou alguém.

Embora atue pretendendo mostrar indiferença, não é bem isso que evidencia o agir do escarnecedor. A verdadeira indiferença enseja total desprezo, a pessoa age como se nem existisse aquilo que lhe é indiferente. Agar escarnecendo de Sara, o fazia, porque pretendia a atenção do esposo, Abrão, para si; Penina zombando de Ana, invejava o amor que Elcana tinha por aquela.

Escárnio é um método enviesado, uma “releitura” de coisas que, os incomodam, embora, jamais se admita isso. O amor próprio adoecido, se fazendo maior que o amor pela verdade.

“Quem desdenha, quer comprar”
. Sabedoria popular, vendo além do esfarrapado disfarce.

Os escarnecedores mencionados por Pedro zombariam nos últimos dias, da volta de Cristo; afinal, se passaram tantos anos e nada aconteceu. Tem um quê de verdade nisso; muito de estupidez. Seria como alguém dizer: Falam que vou morrer, mas é bobagem. Já estou com sessenta e cinco anos, e nunca morri. Verdadeiro o dito, mas, confiável?
Jesus nunca voltou, desde que ascendeu aos Céus; também nunca mentiu, e prometeu que, no devido tempo, voltará; logo...

Que o escárnio é um interesse disfarçado, temos mais exemplos bíblicos. Quando da reconstrução dos muros de Jerusalém, teve quem zombasse dos edificadores, liderados por Neemias. “Ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, se indignou muito; escarneceu dos judeus... Estava com ele Tobias, o amonita, que disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará facilmente seu muro de pedra.” Ne 4;1 e 3

Os escárnios foram usados como “armas de guerra” para tentar desencorajar a algo que temiam. Não funcionando, “subiram a régua” da oposição; os adversários daquela empresa, “ligaram-se entre si todos, para virem guerrear contra Jerusalém, para os desviarem do seu intento.” V 8 Como era de origem Divina, foram malogrados seus planos; a edificação foi concluída com sucesso.

Entretanto, na ausência de Neemias, que voltara à Pérsia, o “adversário” Tobias se aparentara com um sacerdote e arranjara uma câmara par si, junto ao Templo do Senhor.

Voltando de viagem, o governador, colocou os pingos nos is; “voltando a Jerusalém, compreendi o mal que Eliasibe fizera para Tobias, fazendo-lhe uma câmara nos pátios da casa de Deus. O que muito me desagradou; de sorte que lancei todos os móveis da casa de Tobias fora da câmara.” Cap 13;7 e 8

Despejo, pé na bunda. Eis a porção dos escarnecedores! a menos que se arrependam em tempo.

As Olimpíadas, ainda em curso, foram um festival de escárnios em sua cerimônia de abertura. A pretextos de inclusão e diversidade, se deram ao direito de profanar símbolos sagradas aos Cristãos. Sabemos que o quadro da “Santa Ceia” é apenas uma pintura de Leonardo da Vinci, que deve estar a anos-luz da verdade. Mas, simboliza algo verdadeiro, sacro para os cristãos; como tal, deveria ser respeitada; mas os escarnecedores não conhecem limites.

A maioria dos tais, não escarnece da existência de Deus, de Seu Reino vindouro. Apenas discorda dos termos para ingresso, pretendendo que a “porta estreita” seja alargada, ao bel-prazer das suas comichões. Os que pregam à Sã Doutrina, são desqualificados pelos seus “discursos de ódio”; pois, de amor, apenas eles entendem. Assim criam suas igrejas “inclusivas”, se pretendendo mais íntimos de Deus, que os que se mantêm segundo A Palavra Dele.

Ora, uma coisa é anunciarmos fielmente a verdade que nos foi revelada por Deus; outra, odiar à verdade. Pior é que, os que fazem isso, supostamente lutam contra o ódio. Em tempos de misericórdia, O Eterno ainda os chama ao arrependimento e reconciliação; porém, no juízo, “Certamente Ele escarnecerá dos escarnecedores, mas dará graça aos mansos.” Prov 3;34

O Senhor expõe seus motivos; “... porque clamei e recusastes; estendi Minha Mão e não houve quem desse atenção, antes, rejeitastes todo Meu conselho, e não quisestes Minha repreensão, também de Minha parte Eu me rirei na vossa perdição e zombarei, em vindo o vosso temor.” Prov 1;24 a 26

Embora o mandado que, O Evangelho seja pregado “a toda a criatura,” dos escarnecedores convém mantermos segura distância; há certas posturas ante as quais, o silêncio é o melhor argumento. “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Enfim, essa resposta enviesada, à tentativa de persuasão do Espírito Santo, que os chama ao arrependimento, o escárnio, acaba fechando uma porta bendita, que presto se abriria, se tivessem a honestidade de admitir suas carências; contudo, resilientes nisso, perdem-se; “O escarnecedor busca sabedoria e não acha nenhuma, para o prudente, porém, o conhecimento é fácil.” Prov 14;6