quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Benditos frutos


“Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...” Mat 3;8 

Pensando na Parábola do Semeador, com seus quatro tipos de solo, onde apenas um frutifica com perfeição, em geral não nos detemos nos frutos que O Senhor espera.

Podemos crescer em conhecimento, e ministrar conforme os dons da Graça Divina em nós; anunciarmos a Palavra a muitos, quiçá, atrair a Cristo. Tudo isso é importante, mas, não supre ao primeiro fruto de devem produzir os que se pretendem, de Cristo. Arrependimento.

Grosso modo, nos entristecemos, eventualmente, porque falhamos, e só. Essa postura é a semente do arrependimento, não, o fruto. Se, apenas nos entristecermos a cada falha, isso se tornará rotina; sem a ousadia de uma ruptura com o pecado, nosso arrependimento será estéril; iremos de uma semente a outra, como as que caíram à beira do caminho e foram consumidas antes de frutificar.

O arrependimento requer algo mais que reconhecer: “Foi mal!” Demanda mudança de mentalidade, tristeza profunda por ter ofendido a Deus. A mera repetição de um “mea culpa” é como nos sacrifícios da Antiga Aliança, trazer nova oferenda a cada nova falha. A Palavra ensina: “Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados.” Heb 10;3

Mera rotina sem mudança de atitude, não passará de “comemoração” dos pecados. A Vontade de Deus para nós, não é uma coisa que, se O obedecermos será revelada; antes, está revelada para que obedeçamos. 

É um modo de vida segundo o Divino querer; pois, anela Ele, que sejamos santos; “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

O vero arrependimento muda nosso viver, numa ruptura com a rasteira maneira mundana, e nos alinha com Deus, pela obediência.

Tiago apresenta a “arte” de pecar, como se fosse uma gravidez, que vai da concepção, à gestação, até dar à luz; “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tg 1;14 e 15

O primeiro contacto, ver, sentir o desejo por pecar, gera a concepção do pecado em nós; a sofreguidão por ele derivada do desejo é a gestação; por fim, a consumação do pecado, invés de fazer nascer um pecadinho, traz à luz, a morte espiritual. Foi assim com Adão; “Quem te mostrou que estavas nu?”

Por isso, devemos evitar o primeiro contacto, para tolher que a sequência mortal se repita; pois, já pecamos em determinada área, e depois nos arrependemos; conhecemos o processo; devemos “abortar” esse assassino, o pecado, antes que nos leve ao mesmo lugar de sempre.

O Salvador ensinou a cortarmos o mal pela raiz: “Se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no Reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, ser lançado no fogo do inferno.” Mc 9;47

Enfim, nosso arrependimento frutifica quando, mais que nos entristecer no momento da falha, logra gerar em nós escrúpulos, quanto a tropeçar na mesma pedra, de modo a mortificarmos as más inclinações, por amor à saúde do relacionamento com Deus.

O risco é tratarmos o pecado como alguns viciados que, expostos em suas práticas viciosas, se defendem: “Paro a hora que eu quiser.” Como se tivessem total controle sobre aquilo. A suposta hora de parar nunca chega.

O pecado não é um anexo às nossas vidas. Se não tratarmos com a devida seriedade, se tornará senhor, subjugando seus servos à sua vontade. Pedro ensina: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se o último estado pior que o primeiro.” II Ped 2;20

Àqueles que vence, força a fazer o que não querem, como adverte Paulo: “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;17 a 20

Como o pecado vindo à luz, não traz um pecadinho, mas morte, o arrependimento frutificando, não traz mais, arrependimentos; ensina viver, de modo a não precisar se arrepender; em santidade.

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