domingo, 4 de agosto de 2024

O porvir


“Porque nunca haverá mais lembrança do sábio que do tolo; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. Como morre o sábio, assim morre o tolo!” Ecl 2;16

Salomão e sua filosofia, “debaixo do sol.” Uma vez que a sina inevitável da morte, “nivela” todos, tanto faria, ser alguém sábio, ou tolo. Será?

Dizem que Salomão teria escrito seus Cânticos nos dias da juventude, na efervescência do amor; os Provérbios na idade madura, quando a mente, no auge do vigor, busca entender o porquê das coisas; o Eclesiastes, na sua velhice; então, viu a impotência do labor e do saber humano, contra a “máquina do tempo”; por isso, um escrito eivado de pessimismo. “vaidade de vaidades; é tudo vaidade.”

Sendo os escritos de cunho sapiencial, não, por revelação, natural que as vicissitudes humanas ponham a digital em tudo o que se escreve. Agiu com um filósofo a refletir, não como porta-voz duma revelação recebida.

Geralmente, os profetas introduziam suas falas com, “Assim diz O Senhor... Veio a mim a Palavra do Senhor;” Salomão, malgrado tenha recebido o dom da sabedoria, ele mesmo deixou claro que seus escritos eram fruto de suas meditações, não de revelação Divina. “Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. Apliquei meu coração a esquadrinhar, informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu...” Cap 1 vs 12 e 13

No fim de seu tratado pessimista, deixou uma janela nos Céus, sem a pretensão de encerrar o assunto, “debaixo do sol;” disse: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda Seus Mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda obra; até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” Ecl 12;13 e 14

Mensurara como palavras sábias, as recebidas, não as buscadas mediante reflexão; “As palavras dos sábios são como aguilhões, como pregos bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo Único Pastor.” V 11 Por isso, o dito de Paulo aos de mente filosófica: “Qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão, O Espírito de Deus.” I Cor 2;11

Quando vejo gente derivando doutrinas do Eclesiastes, como o “sono da morte” dos adventistas, percebo que estão equiparando o saber humano ao Divino, sem sequer se darem conta. Paulo cotejou o humano saber com o do Senhor; Esse, mais que em rebuscadas ginásticas intelectuais, se reflete no modo como agimos; “Falamos Sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;7 e 8

Em certo sentido é vero o dito: “como morre o sábio, morre o tolo.” A morte, após a queda, resultou inevitável; “Cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre.” Frase que Ariano Suassuna colocou nos lábios do Chicó, em “O Auto da Compadecida.”

Porém, que todos se igualam como condenados, há controvérsias. Ou, que “no futuro, total esquecimento haverá”, também é duvidoso.

Que sentido teria vivermos renúncias, em submissão a Cristo, ancorando nossa esperança em venturas do além, se tudo acabasse aqui? Para quê, serviria o “Tesouro nos Céus” que devemos ajuntar? Paulo advertiu: “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.” I Cor 15;33 Antes, dissera: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” V 19

Qual sentido na pergunta do Salvador, “Que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo se perder sua alma?” Mc 8;36

Se tudo se acaba com a morte do corpo, já não há uma alma que possa se perder. Contudo, Jesus Cristo ensinou: “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei Àquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;4 e 5

Do futuro, Daniel ensinou duas coisas relevantes: Ressurreição e recompensa. “Muitos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, outros para vergonha e desprezo eterno. Os que forem sábios, resplandecerão como o fulgor do firmamento; os que a muitos ensinam justiça, como as estrelas sempre, eternamente.” Dn 12;2 e 3

“Ouvi a instrução, e sede sábios, não a rejeiteis.” Prov 8;33

Nenhum comentário:

Postar um comentário