sábado, 10 de agosto de 2024

Comunhão


“Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” Am 3;3

Em se tratando de seres arbitrários, o fato de andar juntos, pressupõe um acordo, no mínimo, quando à direção. Em geral é mais que isso. Andarem dois juntos não é fruto de uma coincidência, antes, de uma escolha, uma identificação.

Contudo, quando os “dois” não são exatamente dois; digo, uma coisa boa nas mãos de má companhia, não significa que ambos se fundam, de modo que o mau se torne bom, pela posse de uma coisa boa, nem que essa, se converta em má, sob o peso da companhia.

Como versa certo dito, “Ouro nas mãos do bandido, ainda é ouro.” Entretanto, como dizia Charles Spurgeon: “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.” Às coisas morais, espirituais, convém as companhias do mesmo calibre, para que nenhuma contaminação as deturpe. “Não convém ao tolo a fala excelente; quanto menos ao príncipe, o lábio mentiroso.” Prov 17;7

Quando a pitonisa de Filipos, indo após Paulo e Silas disse a verdade, aquilo incomodou; “Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo.” Atos 16;17

Paulo tinha problemas com a verdade? Não. Ele mesmo escreveu: “Porque nada podemos contra a verdade, senão, pela verdade.” II Cor 13;8
Ele não queria que a verdade fosse usada pelo Pai da mentira, pois, a falta de idoneidade da fonte, certamente comprometeria a pureza da água.

Eventualmente deparo com frases verazes, cujo teor, eu compartilharia. Porém, quando vejo a quem teria que dar crédito, desisto. Pelo divórcio entre raízes e ramos, desprezo à planta inteira. Paulo ensina: “... se a raiz é santa, também os ramos o são.” Rom 11;16

Por outro lado, se a autoria da frase bonita, da sentença filosófica é de alguém depravado, já há um quê de impureza na mesma, ainda que seja “apenas” a hipocrisia. Nesse caso, evito o fruto, aparentemente bom, pelo vínculo com a origem má.

Recorro ao abrigo de certa frase dos pregadores puritanos: “O que és grita tão alto, que não consigo ouvir o que dizes.”

Mais que um depósito de sentenças bonitas, devemos ser vidas que se deixam transformar pelo que aprendem do Senhor, comendo primeiro, à Palavra que depois, ensinarão. Nossas ações carecem ser eloquentes, antes das falas; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

O que significa termos “calçados os pés na preparação do Evangelho da Paz”, senão, andarmos de modo que nosso testemunho abra portas à mensagem?

A atenção alheia deve vir pelos atos, mais que pelos ensinos; e esses, quando verterem que sejam segundo Deus; “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, despenseiros dos mistérios de Deus.” I Cor 4;1

Pois os dois, que andariam juntos só estando de acordo, segundo o texto de Amós, eram os homens do povo de Israel, e O Senhor. Essa pretensão oca de andar com Deus em desacordo com Sua Palavra, é uma insanidade. Como Ele não muda, porque Sua Integridade e Perfeição não comportam mudanças, resta ao homem, que desejar a paz com Ele, para poder andar junto, se deixar moldar, pela Palavra da Vida. “Abre Tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da Tua lei.” Sal 119;18

A santificação, que O Senhor requer dos que O servem, é justamente a separação das coisas com as quais Ele discorda, para termos comunhão.

Como ensina Paulo: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão tem a luz com as trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles andarei; Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; Eu serei para vós Pai, vós sereis para mim filhos e filhas, Diz O Senhor Todo-Poderoso.” II Cor 6;14 a 18

Então, se nos é preciosa a comunhão com O Santo, tenhamos em mente e no coração, que Ele não é tão inclusivo assim. Quando a resiliência na maldade nos toma, Ele se afasta, até que sintamos sua falta e volvamos arrependidos para poder outra vez, andarmos juntos; “Irei e voltarei ao Meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem Minha face; estando eles angustiados, de madrugada Me buscarão.” Os 5;15

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