sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Necessária ousadia


“Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, O Altíssimo, tem feito para comigo.” Dn 4;2

Temos aqui, um “enclave” escriturístico. Os escritos eram arranjos de cronistas que reportavam as incidências mais relevantes do povo eleito; dessa estirpe, os livros históricos dos Juízes, Crônicas, Reis, Ester, Neemias; antes, a Lei, como eram chamados os livros iniciais dados mediante Moisés; parte, talvez, por Josué, ou algum escriba da vez. Os livros sapienciais, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares, compêndios de conselhos para vida, dos sábios; ou, os profetas. Fossem os chamados maiores, ou menores, em alusão ao volume dos seus escritos, eram sempre hebreus, os autores humanos, usados por Deus.

Entretanto, no capítulo 4 de Daniel, temos o escrito pelo rei babilônio, Nabucodonosor. Não obstantes todos os deuses caldeus, os relatos para a história que ele escreveu, respeitam ao “Deus Altíssimo”, do qual, teve conhecimento através de Daniel.

“Profetas” atuais, não raro, se lambuzam em lisonjas, antes autoridades ímpias, das quais esperam obter alguma vantagem; deveriam aprender, com Daniel. Embora cativo, agia com a independência espiritual que convém. Independência no que tange aos poderes terrenos; por se manter absolutamente dependente de Deus, e Sua vontade.

O Eterno dera um sonho ao orgulhoso monarca, cuja interpretação era dura. Seria humilhado por sete anos, comendo pasto no campo, com os animais, para que baixasse sua arrogante crista e entendesse quem governa.

Todos os “sábios” foram convocados; “não puderam” interpretar. Ou, bancaram os desentendidos, por mais afeitos às conveniências, que à verdade.

Óbvio que Daniel se perturbou, quando chamado a interpretar o sonho! Pegasse o rei de mau humor, poderia ser morto. Afinal, o megalomaníaco sentia-se um deus e estava na iminência de ser “promovido” a bovino. “Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por uma hora, seus pensamentos o turbavam; falou, pois, o rei, dizendo: Beltessazar, não te espante o sonho, nem sua interpretação. Respondeu Beltessazar, dizendo: Senhor meu, seja o sonho contra os que te têm ódio, sua interpretação aos teus inimigos.” V 19

Não podia evitar seus abalos emocionais; também não, pela sua fidelidade ao Santo, falsear com a verdade, usando subterfúgios, tentando dourar uma pílula que era verde, cor de pasto. 

Todos somos diuturnamente desafiados a escolher entre as rasas conveniências humanas, e a verdade; qualquer coisa diferente da verdade, malgrado, se adorne de eufemismos, a rigor, é mentira. E “ficarão de fora os mentirosos...”

Então, ousado, entregou a interpretação fiel; ainda exortou ao soberano para que se arrependesse em tempo de evitar o juízo. “Portanto, ó rei, aceita meu conselho; põe fim aos teus pecados, praticando a justiça, e às tuas iniquidades, usando de misericórdia com os pobres, pois, talvez se prolongue tua tranquilidade.” V 27

Que belo exemplo de idoneidade! Arriscar a vida, pelo amor à verdade. Que vergonha alheia dos que a falseiam temendo às críticas dos devassos. Muitos pastores, ditos “inclusivos”, não passam de covardes fugitivos, temendo mais aos homens, que a Deus. A Palavra ensina: “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Eu vos mostrarei a Quem deveis temer; temei Àquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; a Esse temei.” Luc 12;4 e 5

Ao rei descuidado, parecia mais importante a interpretação, como quem “mata uma charada” Divina, que, o teor do que estava sendo interpretado. Portou-se indiferente, como se, Deus O Altíssimo, não o pudesse confundir mais com enigmas, dado que “ele” tinha, em “seu reino” um homem da envergadura de Daniel. Ah, descuidado sonolento!

Infelizmente, muitos frequentam igrejas com a mesma indiferença de Nabucodonosor; onde, o desempenho do pregador é apreciado, como se ele fosse um artista em busca de performance, enquanto, o teor de sua pregação, acaba esquecido, desprezado. Natural, nesses casos, que invés dos verdes pastos e as águas tranquilas que O Sumo Pastor tenciona, acabem ruminado ervas ordinárias, na exclusão dos lugares santos.

Por escolherem a impiedade, alheios à Palavra do Senhor, por Ele, acabam banidos das congregações. Muitos se dizem “desigrejados” porque o sistema é ruim; quando são desgarrados do rebanho, porque seus corações são ruins, negligentes quanto ao que ouvem. “Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos. Porque O Senhor conhece o caminho dos justos; porém, o caminho dos ímpios perecerá.” Sal 1;5 e 6

A fidelidade encerra riscos. Contudo, pode garimpar testemunhos virtuosos, como fez Daniel, emulando o ímpio rei, a testemunhar, depois de passar pelo juízo previsto.

O Eterno não nos chamou para que fôssemos felizes na terra; antes, íntegros, ousados, verdadeiros. A ventura dos fiéis os espera no além, onde “... Deus limpará de seus olhos toda lágrima.” Apoc 7;17

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