sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Eleições

 

“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados pelos que gostam.” Platão

Sempre ouvi que religião, futebol e política, não se discute. Um parêntese necessário: Discutir equivale a debater, cotejar ideias, propostas; diferente do uso vulgar da palavra, como se, a discussão fosse uma briga ainda em fase de aquecimento.

Dito isso, voltemos à frase. Que futebol seja uma paixão superficial, pela qual, não vale a pena altercar, de acordo. Mesmo assim, muitos se engalfinham, apostam alto, fiados apenas em suas opiniões. Ora acertam, ora erram; sempre será assim.

Em questão de fé, essa envolve minha vida e a eternidade, segundo creio. Embora não tenha direito de impor minha visão a ninguém, tenho o dever de defender o que creio, com argumentos fundamentados, sempre que alguém, a ela opuser publicamente, ou mesmo em particular, coisas discrepantes.

Tolerar ao que crê de modo diverso, equivale a entender que ele tem o direito a isso; não a desfazer do que creio; tampouco, perverter à fé, acrescentando o suprimindo coisas, espúrias. O que é a apologética, senão, a defesa da fé, contra a intromissão de erros doutrinários? O que fez O Salvador com os religiosos da época, senão, debater, discutir com eles, pontuando seus erros?

Se, discrepâncias de opiniões no tocante ao futebol, posso deixar de lado, por irrelevantes, as atinentes à fé, respeitam à minha vida agora e no porvir; seria um estúpido se não discutisse em defesa dela, quando oportuno.

Nas questões políticas, a coisa é mais pertinente ainda. Está em jogo meu dinheiro, meu município, estado, país. Delas deriva o código de leis que estrutura a nossa sociedade; por ela, são geridos os municípios; a base da nação. 

Cada partido está inserido em determinado arcabouço ideológico, com o qual, nos identificamos, ou não. Não se trata de discutir preferências pessoais. Mais que as pessoas, as ideias que elas representam contam na hora da nossa escolha por representantes.

Infelizmente, muitos “servidores” porque foram guindados a determinado cargo, se sentem donos do município. Pretendem fazer dele um “gueto” particular, onde quem pensar diverso será preterido na assistência e em todas as vicissitudes que, cada cidadão ordeiro tem direito.

Um prefeito não é dono de nada; antes é empregado de todos. Embora beirando a uma ditadura, ainda somos uma república. Assim, qualquer um, do público, pode acusar à administração, quando ela falhar; essa, deverá recolher-se à condição de ré, no tribunal público e prestar os esclarecimentos devidos.

Esse negócio de ter que falar de política a boca miúda, temendo represálias é próprio de ditaduras. Ninguém precisa abrir seu voto, se não quiser; porém, se o fizer, merece ser respeitado da mesma maneira; ganhe quem ganhar, será um empregado do município, não um proprietário.

Tanto quem compra votos com fisiologismos, quanto, quem ameaça, tentando coagir o eleitor pelo medo, não é um democrata, e não merece respeito, nem cargo púbico. O voto de um cidadão esclarecido se conquista, não se compra, nem se coopta.

Na esfera municipal, a política respeita a coisas mais abrangentes ainda, que na estadual e federal. Por isso, a eleição que se avizinha é tão importante. Ela contratará gestores para os próximos quatro anos, para o nosso município. Precisamos, pois, ao escolher os representantes, estar certos que nossos escolhidos nos representam, deveras.

Pode acontecer que, nossas opções não sejam as vencedoras; mas um cidadão não deve tratar escolhas políticas como se fosse um jogo de futebol, do qual se diz, que, é mais importante vencer, do que jogar bem. Nesse caso, vencendo ou perdendo, o mais importante é votar bem. Segundo nossa consciência, e nosso alinhamento ideológico. 

As pessoas que se abrigam sob a mesma bandeira que nós, podem nos decepcionar, uma vez eleitas? Podem; são humanas e falhas, como nós. Todavia, sou responsável pelas minhas escolhas; pessoas falhas existem em todos os lados.

Gosto da alternância de poder; se o novo não trouxer melhorias, uma vez testado, a gente pode mudar na próxima. Não se trata de desmerecer o que já feito; mas, de tentar saber se, por outras mãos se pode fazer mais.

Carecemos da utopia de um município próspero, ousado. Isso requer que ele seja mais importante que as carreiras e as pretensões particulares de um e outro.

Para que nossa cidade se faça melhor, é necessário que nós, os munícipes melhoremos também; nos atrevamos para além do “mais do mesmo”. Me ocorre uma frase de Bernard Shaw: “Gosto de ver um homem se orgulhar do lugar onde vive; gosto de ver um homem viver, de modo que o lugar se orgulhe dele.”

Dirão que, abri o meu voto. Isso é um direito meu; não se discute.

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