quarta-feira, 9 de abril de 2025

A perseverança


“Mas aquele que perseverar até o fim será salvo.” Mat 24;13

Perseverar é um verbo neutro. Significa, “continuar, ficar, permanecer, constar...” Para vermos se ele nomeia algo bom, é preciso saber onde o sujeito está. Tanto é possível perseverar no vício, quanto, na virtude. A apostasia é um tipo de perseverança; porém, do lado errado.

Quando o povo se rebelou e pediu um rei para si, rejeitando o governo Divino através de Samuel, entre outras coisas, o profeta disse: “Porém, se perseverardes em fazer o mal, perecereis; assim vós como vosso rei.” I Sam 12;25

Enfim, é uma coisa útil para quem fez a boa escolha por Cristo, entregando seu viver a Ele; nesse caso, é recomendada para a salvação.

A decisão por permanecer em Cristo será testada, quando Cristo, em nosso viver, estiver em “maus lençóis”. Quando tudo vai bem, o ministério cresce, acontecem curas, conversões, estamos saudáveis, prósperos, perseverança nem é uma ferramenta necessária.

A simples motivação de estar fruindo coisas boas atua como estimulante, bastante, para que permaneçamos onde estamos. Porém, quando O Santo Nome for alvo de ataques, humilhações, aqueles que se dizem nossos irmãos protagonizarem escândalos, ficarmos enfermos, desempregados, então, essa qualidade será convocada ao front.

Pedro e os discípulos padeceram a falta dela. Quando O Senhor operava milagres espantosos, multiplicava o pão, ressuscitava mortos, andar com Ele era fácil, como nadar a favor da corrente.

Advertidos pelo Salvador, que todos se escandalizariam quando Ele fosse preso, o ousado pescador garantiu: “Ainda eu seja necessário morrer contigo, não te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo.” Mat 26;35 Normalmente pensamos em Pedro, quando a ideia de negar ao Senhor está em apreço; mas foram todos que disseram aquilo. Pedro, ao menos, se atreveu a ficar por perto.

Vendo O Senhor preso, açoitado, condenado, não conseguiram perseverar na ousada afirmação que fizeram. Pedro o negou três vezes, os outros, sumiram. Não há motivos para duvidarmos da sinceridade deles quando se comprometeram; porém, a boa intenção não é uma aferidora confiável.

Como a ameaça dos últimos dias é o advento do engano, falsos Cristos, falsos milagres, a perseverança dos santos requer mais que continuar afirmando pertencer ao Senhor; uma vez que, os enganadores também atuarão a usando O Nome Dele, é preciso que saibamos ligar o nome à pessoa.

Além perseverarmos em Nome do Senhor, carecemos também o fazer em relação à Doutrina Dele. O indispensável crescimento no conhecimento, a edificação, é o antídoto contra toda sorte de enganos, “Pra que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pela astúcia de homens, que enganam fraudulosamente.” Ef 4;14

Mais que o ensino correto, quem faz menção do Nomo Santo, deve mover-se num modo de vida correto. “Todavia, o fundamento de Deus fica firme tendo este selo; O Senhor conhece as que são Seus; qualquer que profere O Nome de Cristo, aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Todo momento de fraqueza, de aflição que sofremos depois de estar em Cristo, traz anexo uma oportunidade, no que tange ao exercício da perseverança. Ora, num comprometimento horizontal, entre humanos, quando de um casamento, por exemplo, os nubentes são desafiados a reafirmar suas escolhas em caso de doença, tristeza, pobreza, até que a morte os separe; o que dizer de nosso compromisso com Aquele que deu Sua Vida por amor a nós?

Como um guarda-chuva não é feito para dias de tempo bom, também a perseverança não é uma qualidade requerida para os momentos em que as coisas andam, bem; na tempestade é que se precisa de abrigo.

Figurando o precioso valor de se permanecer fiel nos momentos mais escuros, alguém, filosofou cotejando o “custo/benefício” de permanecer firme em horas assim: “A calmaria que te faz dormir, é mais perigosa que a tempestade que te mantém acordado.”

Nos momentos que nossa perseverança é colocada à prova, têmpera espiritual é infundida em nossas vidas; Paulo chamou de exercício em piedade e aconselhou a Timóteo: “... Exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa tendo a promessa da vida presente e da que há de vir." I Tim 4;7 e 8

Como os cristãos da igreja em Filadélfia, que, tendo pouca força guardaram à Palavra do Senhor, assim nos convém a fidelidade a despeito da força.

Alguns pensam que é mais fácil ser fiel na carência, que na fartura. Seremos testados em ambas. Na bonança somos convidados aos prazeres, à arrogância; na carência, ao ilícito, à apostasia. Que nossas circunstâncias não alterem a relação com O Senhor; afinal, “... a vida de qualquer um, não consiste na abundância do que possui.” Luc 12;15

terça-feira, 8 de abril de 2025

Fascínio da mentira


“... quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade?” Gal 3;1

Para que os cristãos gálatas deixassem a verdade em prol de outro ensino, seria necessário que esse outro, exercesse certo fascínio sobre eles, era a ideia de Paulo.

Invés de buscar pelo ensino, “o quê?” o apóstolo demandou pelo seu agente; “quem?” uma vez que a verdade estava sendo preterida, qualquer coisa no lugar, seria, necessariamente, mentira.

Tudo aquilo que suplementa, suprime, ou distorce o sentido da Palavra, inevitavelmente atua, a serviço de alguma mentira; “Santifica-os na verdade; Tua Palavra é a Verdade.” Jo 17;17

Se isso fosse observado com a devida seriedade, nenhuma seita existiria. Aliás, o que elas têm de fascinante, de modo a atrair seguidores, que a verdade não tenha? A doentia presunção de exclusivismo, que todas as seitas possuem, (salvação só aqui; os outros estão todos perdidos) requer dos sectários, pelo menos, dois vícios. 
O guruísmo e o orgulho.

O primeiro é um derivado da preguiça mental, de investigar nas Escrituras para ver se os ensinos propostos vêm delas mesmo; caso afirmativo, se a interpretação é honesta, sadia; para que fazer isso, se o Papa, pastor, missionário, apóstolo tal, garante o que está dizendo? 

Se, ousasse examinar às Escrituras, entre outras coisas o Simplício encontraria o seguinte: “Maldito o homem que confia no homem; faz da carne seu braço e aparta seu coração do Senhor.” Jr 17;5

A ideia que salvos somos só eu e os que pensam como eu, faz um bem enorme ao orgulho; tipo uma criança com um brinquedo novo, emulando outra com certo sadismo: “Eu tenho, você não tem.”

Além do exclusivismo, as seitas trazem no bojo, a insuficiência da Palavra de Deus. Os católicos têm sete livros apócrifos, a tradição e o Magistério; os Mórmons têm os escritos de Joseph Smith; as testemunhas de Jeová sua “tradução” sui generis, e os escritos da Torre de Vigia; os adventistas os escritos de Ellen White; etc. Todos os grupos citados se pretendem, cada um em particular, ser os únicos salvos; fora deles, todos perdidos.

Há pouco assisti o vídeo de um padre dizendo que os evangélicos vão pro inferno, por não estarem na “Igreja verdadeira”. Disse que nossa Bíblia tem sete livros faltando, e O Senhor advertiu que tirar um til da Palavra bastaria para se perder; é sério?

Os livros apócrifos foram rejeitados pelos mestres hebreus da antiguidade que não reconheceram nos tais, traços da inspiração Divina; invés de questionar, por que foram rejeitados, a pergunta é: Quem os colocou? Por quê? O que há neles que falte nos demais Textos Sagrados?

Mas, se ele acha condenáveis os que alteram à Palavra de Deus, por que eles alteraram os dez mandamentos? Trocaram o sábado pelo domingo, omitiram o que veta às imagens e dividiram em dois, o décimo, para completar o vazio. “Pelas tuas palavras serás julgado.”

O objetivo da Lei não é salvar, mas deixar patente que precisamos ser salvos; ela não pode nem deve ser alterada. Não estou esposando, como os adventistas, a guarda do sábado; vivemos segundo a “Lei de Cristo”; mas o que está escrito não pode ser mudado.

Vi também a capa de um vídeo católico que apresenta a foto do farsante mirim, o Miguel de Oliveira com a pergunta: “Está contente, Lutero?” Como se, a reforma fosse em defesa de farsantes; não caro “filho de Francisco”, a reforma foi contra os desvios doutrinários que afrontam à Palavra de Deus.

Vendo a prostituição do Papa, defendendo e propondo o ecumenismo que valida a tudo, depois de ter passado milênios defendendo que “fora da Igreja Católica não há salvação” e aprendendo que agora, “todos estão certos”, não importa no que creiam, e seguir se achando os donos da verdade, chega a ser patético, como ouvir o Alexandre de Morais, “defendendo à democracia”. As narrativas, por prostitutas que sejam, seriam mais fortes que os fatos, francamente!

Ora, salvação não está numa instituição, antes, numa pessoa: Jesus Cristo; e os ensinos Dele estão na Sua Palavra, plenos, sem necessidade de suplemento, acréscimos quaisquer, nem permissão para supressão nenhuma; o que exceder a isso é falso, não importa se o agente se diz católico, evangélico, adventista, mórmon, o que for.

Ah, mas você gosta da sua religião e não aceita que ninguém discorde; problema seu!! Seu eu estiver ensinando diferente da Bíblia, preciso e posso ser corrigido, será um bem para mim. Como dizia Sócrates, “Livre-me da minha ignorância e te terei na conta de benfeitor”.

O Evangelho genuíno não exerce fascínio; confronta, entristece, desnuda; mas, obedecido, salva. Fora dele, qualquer liderança, use o rótulo que usar, está a serviço da oposição, pois, não obedece à verdade.
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As duas testemunhas


“Darei poder às Minhas duas testemunhas, e profetizarão por 1260 dias vestidas de saco... Estes têm poder para fechar o céu para que não chova, nos dias da sua profecia, têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue...” Apoc 11;3 e 6

Já ouvi algumas dezenas de abordagens sobre essas duas personagens, e quem elas seriam. Também opinarei a respeito. Em geral A Palavra de Deus requer apenas hígida interpretação, sem deixar margem a opiniões. Mas, nesse caso, porque o texto nada diz, sobre a identidade das pessoas, só nos resta especular. Muitos têm feito isso.

Alguns, baseados em Hebreus 9;27 que diz: “Aos homens está ordenado morrer uma vez, vindo depois disto o juízo;” pelo fato de, Elias e Enoque não terem morrido, mas terem sido arrebatados vivos para Deus, acreditam que sejam eles que voltarão, para, enfim, morrer.

Outros, pelo poder que as testemunhas manifestarão, não permitindo que chova a trazendo fogo pela sua palavra, como Elias, ou, transformando água em sangue, como fez Moisés, creem que serão Moisés e Elias.

Já ouvi alguém cogitar de João até, porque O Senhor disse a Pedro sobre ele; “Se Eu quero que ele fique até que Eu venha, que importa a ti?” Jo 21;22

Com o devido respeito que todos merecem, mas penso diferente. Quando diz que, aos homens está ordenado morrer uma vez, depois vem o juízo, está dando uma informação genérica, de como as coisas são, dentro da normalidade; o que não veta que fatos extraordinários aconteçam. 

Paulo ensina: Os que estiverem vivos por ocasião da vinda de Cristo, serão transformados, não, mortos; o que não faz da morte uma necessidade. O ensino que depois da morte sucede o juízo é uma refutação ao espiritismo, com suas intermináveis reencarnações, e o “aperfeiçoamento” via cumprimento dos Karmas, não, pela cruz de Cristo. Depois da morte o juízo, invés de outra encarnação.

Moisés, tipificando a Lei, e Elias, símbolo dos profetas já foram testemunhas de Jesus, segundo O Divino propósito. Seu objetivo era conduzir a Cristo; a Lei evidenciando a necessidade Dele, e os profetas anunciando Sua vinda; “A Lei e os profetas duraram até João; desde então, é anunciado o Reino de Deus; e todo homem emprega força para entrar nele.” Luc 16;16

No monte da transfiguração, foi mostrado a Pedro, Tiago e João, Moisés e Elias falando com O Senhor; desfazendo a falácia dos Fariseus que Jesus seria contra a Lei ou as Escrituras; antes, estavam no mesmo Espírito, fazendo a mesma obra. Quando Pedro falou em fazer uma tenda para cada um deles, uma voz celeste o aconselhou que ouvissem ao Filho de Deus; então, “Erguendo eles os olhos, a ninguém viram, senão, unicamente a Jesus.” Alguns legalistas deveriam ler com atenção a isso.

Paulo interpreta; “Mas, agora se manifestou sem Lei, a Justiça de Deus, tendo testemunho da Lei e dos profetas.” Rom 3;21 Da lei disse: “... a Lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo...” Gal 3;24

O mesmo Senhor ensinou que o “Elias” que havia de vir era João Batista; era o mesmo Espírito, não, pessoa; de modo que, o Elias propriamente, já cumprira sua obra.

A pergunta do Senhor a Pedro, “Seu Eu quero que este fique até que Eu venha, que importa a ti?” não é uma afirmação que João ficaria até nossos dias. Ele não merecia ver tudo o que o mundo se tornou. Ele ficou até que Jesus veio a ele, em Patmos, e lhe revelou o Apocalipse. No mais, era apenas uma forma educada do Senhor mandar Pedro cuidar das suas coisas sem se intrometer nas alheias.

Então quem são as duas testemunhas? Os poderes extraordinários que Moisés e Elias manifestaram foram dados por Deus; o que impede que Ele dê a outras pessoas? Pregarão em dias que o Evangelho será proibido e seus ministros odiados, assim, sem esse poder seriam mortos no primeiro dia; mas Deus só permitiu que o fossem, depois de 1260 dias. Por isso a necessidade de um poder espetacular.

Acredito que são duas pessoas comuns, que estão na terra, servem ao Senhor com fidelidade e serão preservadas para esse fim.

A Palavra ensina que “Carne e sangue” não entram nos Céus; assim, os que foram arrebatados para lá receberam corpos espirituais por isso. Como as duas testemunhas serão odiadas e carecerão um poder especial para não serem mortas até o cumprimento do propósito, necessário que tenham corpos mortais como nós.

Portanto, respeitosamente, discordo de todos os que já ouvi, defendendo as hipóteses analisadas nesse breve apanhado. “Lato sensu”, todo o convertido deve ser uma testemunha de Jesus; “stricto sensu” apenas quando as duas se manifestarem, todos saberão.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Medo de aprender

 


“Quando o escarnecedor é castigado, o simples torna-se sábio; e o sábio quando é instruído, recebe o conhecimento.” Prov 21;11


Em geral, provérbios antitéticos contemplam dos aspectos que se contradizem. Porém, nesse, temos um “penetra” uma terceira personagem.

Além do escarnecedor e do sábio que estão em oposição no apreço, temos o “simples”; um sujeito sem predicados mais evidentes, que é bom observador. Ao ver o escarnecedor castigado, toma para si o aprendizado; “Quando o escarnecedor é castigado, o simples torna-se sábio...” como dizia Oswaldo Cruz, “Observando os erros alheios, o homem prudente corrige os seus.” Assim, nosso simples, é prudente.

Voltando ao escarnecedor e o sábio: O primeiro, nem castigado, há registro de que aprenda algo; como o bêbado, diz: “... espancaram-me e não doeu; bateram-me e nem senti; quando despertarei? Aí então, beberei outra vez.” Prov 23;35

Sobre a estupidez do que persevera no erro, malgrado, as consequências, temos mais: “Como o cão que volta ao seu vômito, assim, o tolo que repete sua estultícia.” Prov 26;11 Pedro aplica esse provérbio contra os que, tendo saído do lixo moral pelo conhecimento de Jesus Cristo, depois retornaram. Acrescentou que são como a “porca lavada que volta ao lamaçal.” II Ped 2;20 a 22

As almas refratárias ao conhecimento agem como cães que, correm solertes cheios de abanos e línguas à chegada do que conhecem, e rosnam ameaçadores ante o desconhecido.

Porém, ao outro basta o ensino; “... o sábio quando é instruído, recebe o conhecimento.” Diz mais: “Dá instrução ao sábio e ele se fará mais sábio; ensina ao justo, ele aumentará em entendimento.” Prov 9;9 nosso sábio em apreço é adjetivado assim, não pelo contingente do saber, pois; antes, pela sua índole aprendiz, pela disposição de alma em receber o ensinamento. Digamos que, o seu “sei que não sei” é seu mais valioso bem.

Em tempos de ditos como, “Só dê palpites em minha vida se pagares minhas contas”, reação dos porcos-espinhos, quando se lhes tenta ensinar, encontrar uma alma assim, com índole dócil, discipulável é um albinismo. Os que pretendem ser de Cristo, por terem dado o passo indispensável, “negue a si mesmo” sabem que “suas” vidas já não são estritamente, suas; “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” I Cor 6;19

Confúcio alistou as três formas de se aprender, de modo correto, ao meu ver; “a reflexão – disse – é o método mais nobre; a imitação, o mais fácil; a experiência, o mais doloroso.” Pois, quem dá ouvidos a outrem que já sofreu as dores de muitos descaminhos na estrada da vida, escolhe o mais fácil; se deixa moldar pelos ensinos da experiência alheia, sem necessidade de “pagar para ver”, como faz o insensato que precisa das pancadas, da dor.

O Eterno deixa patentes dois métodos que abarcam os três do filósofo chinês; a instrução que comporta em si, espaço para a reflexão; e a correção. Oferece o ensino com o desejo expresso de não precisar usar da disciplina; diz: “Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com Meus olhos; não sejas o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento; cujas bocas precisam de cabrestos e freios, para que não se lancem contra ti.” Sal 32;8 e 9

Não poucos desinformados, pela preguiça em aprender, equacionam suas dores a algum ataque maligno; quando, a bem da verdade, não passam de consequências de escolhas deletérias que eles mesmos fizeram. “Como ao pássaro o vaguear, como à andorinha, o voar, assim, a maldição sem causa não virá.” Prov 26;2

Paulo evocou o pretérito dos cristãos romanos lembrando que naquele tempo podiam fazer o que quisessem: “Porque, quando éreis servos do pecado estáveis livres da justiça.” Rom 6;20 depois, perguntou pela colheita, daquele modo de vida: “Que fruto tínheis então, das coisas que agora vos envergonhais?” v 21 Natural que, quem aprendeu a higiene espiritual se envergonhe de feitos pretéritos de quando não era assim. O convertido que ainda olha pro “charco de lodo” saudoso, enquanto testemunha da sua “conversão” precisa repensar.

É possível reiterar à estultícia com palavras, sem a praticar, necessariamente, mas cai na mesma sentença, do cão que volta ao vomito.

Enfim, além da perniciosa falta de inclinação ao aprendizado da presente geração, concorre a falta de disposição para o ensino, da maioria dos “pregadores”. A ideia de entretenimento e conquistas materiais, tem sido encorajada por uma leva de mercenários que, pretendendo “ganhar a vida” põem a perder os muitos incautos que os seguem.

“Os homens preferem, geralmente, o engano que os tranquiliza, à incerteza que os incomoda.” Marquês de Maricá

domingo, 6 de abril de 2025

Excelência; o alvo


“Sede vós, pois, perfeitos, como perfeito é vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;48

Li e pensei na frase: “Hoje você é chefe; amanhã pode estar desempregado. Certifique-se de tratar os outros com respeito.”

Me ocorrem outras sentenças da mesma estirpe, com outras palavras: “Não pise em ninguém ao subir, pois, um dia poderás descer. A roda gira; que hoje está por cima, amanhã estará embaixo; cuidado com o que plantas, pois, a lei do retorno não falha...” etc.

Embora sejam advertências com sentido, bíblicas até, ainda evidenciam uma pobreza de motivação para a escolha da “virtude”; requer as aspas, dada a poluição moral, pelo concurso do vício; por certo utilitarismo interesseiro, a patrocinar tais escolhas.

Com a mesma astúcia, me ocorreu uma frase “espiritual” que diz: “Que Deus te dê em dobro tudo o que me desejares.” Grosso modo, parece uma coisa boa; mas, a rigor é uma ameaça: “Me deseje apenas coisas boas, senão, Deus te pega.” Se, naquele caso temos o “patrocínio” do interesse, nesse vemos a coação em busca do medo.

Devo ser educado, gentil, respeitador, porque interajo com pessoas iguais a mim; a simples ciência da dignidade delas deveria bastar como estímulo, para que eu as tratasse de modo cortês.

Óbvio que, os papéis se inverterem, a roda girar, acontece muito. Mas não devemos pagar na mesma moeda aos que nos pisaram. Um exemplo clássico foi o de José; desprezado, perseguido, vendido como escravo pelos irmãos. Alguns anos mais tarde foi feito governador do Egito, e teve todos eles nas mãos, podendo puni-los como desejasse; mas, não fez, antes, os perdoou e protegeu.

Para aqueles que o maltrataram quando jovem e pobre, as espertezas interesseiras teriam sido úteis, se tivessem se precavido delas, no devido tempo; teriam evitado a vergonha e humilhação que passaram, embora, perdoados e socorridos depois.

Quando A Palavra de Deus fala que ceifaremos o que tivermos semeado, aborda no “atacado”; os que semeiam na carne ceifarão a corrupção, os que semeiam no espírito a vida eterna. No varejo, muitas atitudes carnais podem sumir nas águas do perdão, sem as ceifar segundo o mérito. O perdão não seria um dos principais ensinos cristãos, se toda culpa devesse ser punida, necessariamente.

No contexto em que O Salvador exorta a imitarmos a perfeição Divina, ensina: “... amai aos vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos Céus. Poque faz com que Seu sol se levante sobre maus e bons; e a chuva desça sobre justos e injustos.” Mat 5;44 e 45

Óbvio que essas coisas são muito mais fáceis de falar, escrever, do que viver; mas cada vez que falharmos nelas, o que ocorre bastante, devemos nos inquietar, arrepender, e buscar crescer com os erros, evitando repeti-los.

Quando O Senhor ensina a fazermos ao próximo como gostaríamos que ele nos fizesse, não está Ele encorajando uma postura interesseira, mercantil; antes, oferecendo um aferidor, para agirmos quando tivermos dúvidas sobre qual a postura correta. Como A Palavra de Deus trabalha com princípios, em sua maioria, não pode abarcar todas as vicissitudes do nosso cotidiano; por eles, saberemos como atuar em todas as situações.

Por ex.: não há e nem poderia, instruções sobre não passarmos no sinal vermelho, no trânsito; mas diz: “Obedecei às autoridades”; logo, todos sabemos o modo correto de agir, pelo princípio. Assim, no trato com o semelhante; em caso de dúvida, um “e se fosse comigo”, pode clarear as coisas.

Quando Paulo aconselhou que vençamos o mal com o bem, anexou um interesse nobre; “Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque fazendo assim, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça.” Rom 12;20

Forma poética de dizer, que, fazendo o bem aos nossos inimigos, quiçá, os façamos repensar sobre os motivos pelos quais mantêm a inimizade; e nalguns venturosos casos, pode que esse “monte de brasas” queime motivos fúteis e a inimizade acabe em cinzas.

Fazer a coisa certa pela possibilidade de algum interesse no fim do túnel, ainda é melhor que não fazer; todavia, a excelência, é fazer o bem a quem necessita apenas por isso; porque alguém como nós, eventualmente não está numa situação como a nossa.

Lógico que ninguém agirá do modo que Deus se agrada “impunemente”; no devido tempo Ele recompensará. Mas, os que forem tidos por dignos de contemplar à Face do Rei dos Reis, não creio que se importarão tanto com coisas menores. “Quanto a mim, contemplarei Tua Face na justiça, e me satisfarei da Tua semelhança quando acordar.” Sal 17;15

A camuflagem do ódio


“Porque O Senhor repreende aquele a quem ama, assim como um pai ao filho, a quem quer bem.” Prov 3;12

Ter a repreensão como se fosse a negação do Seu amor, como tantos mensageiros da graça barata fazem parecer, é o mais danoso artifício do “anjo de luz”. Nada poderia ser mais diabolicamente engendrado, para vestir à rebelião em trajes “lógicos”, travestir indiferença de engajamento, projetar sobre outrem, as enfermidades próprias.

Pois, a equação indevida do amor com permissividade, com frouxidão moral, insinuando que, porque O Eterno ama todos aceita tudo, tem feito grande estrago, onde viçam falsos ministros que prezam por números, mais que, por vidas, comodidade, mais que, verdade.

Ao menor sinal de disciplina, nos ensinos fiéis à Doutrina do Senhor, presto arregaçam suas mangas e partem ao ataque. “Religiosidade, legalismo, mensagem tóxica, discurso de ódio;” chavões assim, são as armas no arsenal desses inconsequentes, que, imaginam que as humanas inclinações estariam em pé de igualdade com A Palavra.

A Mensagem Divina entregue é categórica: “Já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho Meu, não desprezes a correção do Senhor, não desmaies quando por Ele fores repreendido; porque O Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho; se suportais a correção Deus vos trata com filhos, porque, que filho há, a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não, filhos.” Heb 12;5 a 8

A disciplina do Senhor é derivada do Seu Amor, não a negação do mesmo. Por isso, o canhoto viu como necessária a ressignificação da palavra “amor”; plantou essa semente entre os mentecaptos que, fingem acreditar em coisas das quais, suas próprias consciências duvidam.

Um parêntesis: Outro dia ouvi um “teólogo” defendendo o dito “pré-tribulacionismo”, doutrina que acredita no livramento da Igreja antes da “Grande tribulação” expor seu argumento baseado no seguinte texto: “Ao anjo da Igreja que está em Filadélfia escreve:... como guardaste A Palavra da Minha Paciência, também te guardarei, na hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.” Apoc 3;7 e 10 Guardar da tentação seria arrebatar daqui, segundo esposou.

Cada um pode crer no pré, ou pós, como melhor lhe parecer; mas esse texto não serve como argumento. O que quer que signifique “Filadélfia;” uma igreja local então, existente na Ásia; ou, o símbolo de um período global de toda a Igreja na terra, essa foi a melhor das sete igrejas apresentadas no Apocalipse, pelas suas virtudes. E nós somos a pior. Escândalos de toda espécie, mercenários, coachs, hereges, igrejas LGBTs, etc.

Mas, voltando, o que isso tem com nossa abordagem acerca da necessidade de disciplina? A qualidade mais notável da melhor igreja de todos os tempos, foi ter guardado fielmente, em posse de “pouca força” à Palavra do Senhor.

Aqueles que a flexibilizam, porque seria muito “antiquada”, agem como se fossem guiados pela Xuxa, o Filipe Neto, invés do Espírito Santo.

As melhorias tecnológicas, dada a celeridade da ciência nos tempos modernos, deveriam incidir sobre os meios apenas, não, sobre os fins. Por ser, O Senhor, Eterno e Perfeito, duas presunções são necessárias: Uma; Ele não sofre a ação do tempo; duas; não comete erros de modo que Sua Palavra careça ser rasurada, emendada, ante novas descobertas.

Se estamos longe dos textos originais, não significa que evoluímos, antes, que apostatamos, que nos afastamos da Fonte Pura.

O trágico desse afastamento é que, invés de, “aconselhado” pela sede, o errante retornar à fonte, geralmente tenta suprir o lapso com um simulacro de qualidade muito inferior; “Espantai-vos disto ó Céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz O Senhor: Porque o Meu povo fez duas maldades; a Mim deixaram, Manancial de Águas Vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas que não retêm as águas.” Jr 2;12 e 13

O pior é que, tendo “sobrevivido” com beberagens sujas, acostumado a beber dos cactos, é que firmam pé no erro é não querem se arrepender; desde dias idos foi desse jeito; “Assim diz O Senhor: pode-vos nos caminhos e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6;16

Sabemos que o “caminho estreito” é muito “demodê”, a uma geração que anseia por entretenimento, mais que, por salvação. O carnavalesco mor que cobre velharias com toda sorte de artifícios acaba recebendo mais atenção que O Senhor.

Enquanto O Pai ensina a sobriedade que Seu Amor requer, o usurpador aceita tudo, de todas as formas; o jeito astuto do seu intento assassino, no qual, precisa camuflar seu ódio.

sábado, 5 de abril de 2025

Servos de Mamom


“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro; não podeis servir a Deus e a Mamom.” Mat 6;24

Mamom é uma palavra aramaica que significa dinheiro, ou riqueza. Assim, a advertência para que não tenhamos o dinheiro como um ídolo ao qual servimos, invés dum meio do qual nos servimos, oportunamente.

Os demasiado apegados a ele, lutam com unhas e dentes contra a doutrina do dízimo, por exemplo. Fazem isso com os argumentos mais estapafúrdios, tipo: “Deus não precisa de dinheiro; Deus não está vendendo bênçãos; o dízimo era da lei, do Antigo Testamento, já está superado.”

Que O Criador não precisa dinheiro é pacífico; Ele diz: “Se Eu tivesse fome não te diria, pois Meu é o mundo e toda sua plenitude.” Sal 50;12

A oportunidade de sermos partícipes na provisão dos meios para a Obra Dele, é uma forma tangível pela qual podemos deixar patente nosso amor pelo Eterno e pelo semelhante, que será beneficiado pela nossa dádiva.

Que O Santo não está vendendo bênçãos, também não é necessário discutir; A Palavra diz: “Honra ao Senhor com os teus bens, com a primeira parte de todos os teus ganhos.” Prov 3;9

Como vimos, não é uma questão carência de meios, por parte Daquele que a tudo criou; como é Ele que nos dá o trabalho e a saúde para desempenhá-lo, reconhecer isso de um modo prático devolvendo um décimo, é um modo de honrarmos a quem nos abençoou.

Ele abençoa aos que são fiéis, não porque mercadeja bênçãos, o que não precisa; antes, porque recompensa à honra, que aprecia. “... aos que me honram, honrarei; porém, os que me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

Por fim a ideia que o dízimo seja um derivado da Lei, é falaciosa, desculpa esfarrapada. A Lei foi dada mediante Moisés, e nada fala acerca de dízimos, nos dez mandamentos; isso era uma prática mais antiga; Abraão nos seus dias o fez; “Aquele cuja genealogia não foi contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas.” Heb 7;6

A prática foi regulamentada por Moisés, para provisão do sustento à tribo dos levitas, a “igreja” da época. 

O fato de que O Salvador cumpriu a Lei em nosso lugar e nos redimiu do poder dela que matava, não significa que os princípios dela tenham deixado de valer, na Nova Aliança. Ainda devemos amar a Deus sobre tudo; honrar pai e mãe; não matar, furtar, cobiçar, dar testemunho falso; tudo isso abarca o resumo do Salvador, que condensou os dez mandamentos em dois; amar a Deus sobre tudo, e ao próximo como a nós mesmos.

O que mudou é que o Sacrifício Eterno do Senhor, eliminou a necessidade de se oferecer animais; e estamos livres do sábado um sinal que fora dado aos judeus.

Usar o fato de que há muita gente malversando os bens da igreja, como argumento para ser infiel, seria como, ter como referência os muitos que põem suas vidas a perder, no crime, nas drogas, como “patrocinadores” do aborto, por exemplo. Embora tenham alguma semelhança, são coisas bem distintas.

Sabemos que há muitos mercadores de bênçãos, e outros que condicionam a salvação ao pagamento dos dízimos; mas, os erros desses não fazem acertadas as reservas dos que cultuam a Mamom.
Igrejas sérias prestam contas das finanças com transparência; as que assim não fazem, são do time de Judas que trocam ao Senhor por moedas. Evitemos às tais.

Aquele que ama ao dinheiro sempre arranjará um “argumento” para a sua infidelidade; não poucos desses, deram muito mais do que o dízimo, ante mercenários, quando, esses prometeram que Deus multiplicaria cem vezes, se eles assim o fizessem.

Portanto, não é questão de falta de fundamentação bíblica, pois, a simonia também não tem; mas, de uma vontade corrupta, refém desse amor doentio. “Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda espécie de males, e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e transpassaram a si mesmos, com muitas dores.” I Tim 6;10

O homem íntegro não distorce à Palavra para que ela “diga” o que ele deseja ouvir; antes, submete sua vida à doutrina, para que essa seja regenerada da maneira que O Eterno quer.

Sempre haverá um “Mestre” com ensinos ao gosto do freguês; a internet os tem para todos os paladares; todavia, se alguém devaneia que a necessária marcha pelo caminho estreito seja um passeio gostoso, está rumando à perdição, endeusando aos próprios desejos, alienado de Deus.

“Há um caminho que ao homem parece direito; mas no fim, são os caminhos da morte.” Prov 14;12