domingo, 30 de março de 2025

Os gritos de ninar


“Mas eles gritaram com grande voz, taparam seus ouvidos e arremeteram unânimes contra ele.” Atos 7;57

Reação ao discurso de Estevão, que fizera um brilhante resumo das Escrituras, então existentes, encaixando nelas, Jesus Cristo e Sua Obra. A plateia não estava nenhum pouco interessada em conhecer à verdade; silenciar à voz do diácono, bastava.

Quando alguém abdica das possibilidades cognitivas, cegado pelo fanatismo apaixonado, nem o mais eloquente dos pregadores logrará algum êxito. Como disse Spurgeon: “Basta um homem para levar um cavalo até às águas; cem homens não são suficientes para forçá-lo a beber.”

Assim, um mensageiro capacitado é suficiente para oferecer a Água da Vida; todos os pregadores juntos, mesmo os mais eloquentes, não bastam pra quem não quer.

Naquele caso, como em todos os que o fanatismo patrocina, não importava o teor do que estava sendo dito; eles tinham decidido que não desejavam ouvir nada sobre Jesus; assim, usaram três meios para esse fim; “... gritaram com grande voz, taparam seus ouvidos e arremeteram unânimes contra ele...” Fizeram barulho, taparam os ouvidos e praticaram violência.

Há pouco escutava trechos de uma “pregação” que me inspirou a escrever sobre isso. O Sujeito se diz apóstolo, falou uma meia hora alistando grandezas que supostamente Deus está fazendo, “levantando uma geração, capacitando os pequenos, desafiando o Israel de Deus, porque afinal somos um Reino, não uma religião... blá, blá, blá...” Cansou a paciência da sua plateia por meia hora, sem mencionar um verso sequer, da Palavra de Deus.

Eis uma forma de abafar à Palavra aos gritos! Pois, o sujeito gritava e de vez em quando autorizava que “aplaudissem a Jesus”.

Se invés do vistoso pavão com toda pompa e circunstância o microfone tivesse sido dado ao mais simples dos irmãos, ao “Bastiãozinho da Guajuvira” que estava no último banco, seria melhor.

Talvez, tivesse dificuldade de ler no Salmo 23; “O senhô é o meu pastô, e nada me fartará.” Depois comentasse: “temo um grande pastô; mais é perciso que nóis seje oveia, pra que Ele cuide de nóis. Porque Ele disse: Minhas oveia ouve minha vóiz e me segue.” Pronto. Já teria pregado mais bíblia que o laureado apóstolo pavão fez, em meia hora, sem gerar um por cento do barulhão daquele.

A Palavra é categórica: “A fé vem pelo ouvir, e ouvir da Palavra de Deus.” Essa montanha de platitudes, artifícios falazes, enganosos, não desafia à mudança, não compunge, exorta, nem confronta, como faz o verdadeiro Evangelho.

Na verdade, esse “grito” abafa à Palavra de Deus; é uma forma oblíqua de “tapar os ouvidos” de quem carece ser desperto pela Genuína Palavra da Vida.

Espanta, o parco discernimento das pessoas, que consomem essas “drogas sintéticas” psíquicas, e saem garbosas como se tivessem sido alimentadas.

A maneira mais perniciosa de “tapar os ouvidos” é deixá-los abertos, impedindo que a Palavra da reconciliação chegue até suas portas.

“Quem tem ouvidos ouça, o que O Espírito diz às igrejas” é uma sentença recorrente no Apocalipse; mas, de que vale as pessoas terem ouvidos, se o “espírito” da fraude usurpa ao espaço do Espírito Santo? As que caem nessa cilada, querendo ou não, têm tapados os seus ouvidos.

No caso de Estevão, nada a fazer; era um povo rebelde que nada queria com a mensagem de vida que ele tinha; mas, os que frequentam esses ambientes, é de se supor que desejem a salvação, que só a genuína Palavra pode oferecer.

Como a vontade dos mesmos não é respeitada, sendo oferecido um simulacro barato em vez do alimento veraz, acabam sendo também, vítimas de violência verbal; tudo aquilo que desconsidera nossa vontade e impõe outra coisa no lugar, é uma forma de violência. Assim, esses charlatães conseguem abafar no grito, tapar os ouvidos, e fazer violência, tudo ao mesmo tempo; enquanto encenam pregar o Evangelho, e deleitam-se com os aplausos que demandam, fingindo ser para O Senhor.

Desgraçadamente, na pior fase espiritual de todos os tempos, porque grassa toda sorte de heresias, falsos profetas e mestres, vivemos o mais alarmante nanismo espiritual; onde incautos sonolentos engolem qualquer porcaria, convencidos que estão comendo verdes pastos.

Porque o vero Evangelho exige renúncias, traz uma cruz, e essa geração mimizenta tem ojeriza ao mínimo sinal disso, os farsantes deitam e rolam, enquanto os probos são deixados de lado. “Os profetas profetizam falsamente; os sacerdotes dominam pelas mãos deles; e Meu povo assim o deseja; o que fareis no fim disto?” Jr 5;31

Até quando, ó sonolentos buscareis pelo engano, apegados ao comodismo? O tapa na mesa que Paulo deu um dia, estou repetindo, com as duas mãos: “... Desperta tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá!” Ef 5;14

Dá gosto vencer!!


“Quem tem ouvidos ouça, o que O Espírito diz às igrejas; ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da Árvore da Vida, que está no meio do Paraíso de Deus.” Apoc 2;7

Há pouco deparei com o GP de fórmula 1 do Japão. Assisti duas voltas e perdi o interesse. Como posso ter deixado de gostar, tão cabalmente, de algo que tanto gostava? Na época do Senna e do Piquet, assistia até treinos desejando que eles obtivessem boa colocação.

Mesmo nos tempos menos vistosos, do Barrichello e do Massa, assistia desejado ver alguma vitória. Pensando um pouco sobre isso, cheguei a uma conclusão de algo que, acredito, ocorre com a maioria das pessoas.
Não gostamos de determinado esporte, estritamente; gostamos de vencer. Quando havia possibilidades reais, como nos primeiros pilotos citados, ou mesmo remotas, como no segundo caso, havia sentido em “gostar” de Fórmula 1.

Tanto é vero que esse fenômeno é mais ou menos, geral, que, nos dias em que o Guga Kuerten era vencedor no tênis, grande parte do país se interessava pelo esporte; talvez se repita com o João Fonseca; nos dias em que Éder Jofre e Maguila foram campeões, muitos passaram a “gostar” de boxe; nos dias áureos da seleção de vôlei, quantos também assistiam eles jogarem. Atualmente nem a seleção de futebol interessa.

Assim, parece necessária a conclusão que gostamos mais da ideia de vencer, que, de determinado esporte. Futebol é uma exceção, talvez, porque nele todos possam vencer, mesmo os mais fracos. Alguns levam a necessidade de vencer a extremos tais, que validam erros a favor e os desejam contra adversários. Para “eles” nunca é pênalti; para “nós”, sempre. Desgraçadamente, os árbitros sempre “erram contra” os fanáticos.

Normal gostarmos de ser vencedores. O que pode ser danoso às nossas almas, é quando nosso “time” defende valores deturpados.

Por exemplo, em nossa política dual, do tempo presente, os que defendem o esquerdismo gritam a torto e a direito: “Sem anistia!” Fazem isso deixando patente sua aversão ao Jair Bolsonaro; ignoram que, há centenas de inocentes, muitos idosos, presos há mais de dois anos, sem crime nenhum. Que importa? É preciso que eles vençam o “bolsonarismo”, como adjetivam num reducionismo doentio, aos patriotas, conservadores.

Se eu estivesse do outro lado, não gostaria de ter uma “vitória” assim; ou, quiçá, seja exatamente por isso, por não gostar desse tipo de coisas que eu não esteja mais; afinal, já votei na esquerda um dia. Isso quando as unhas retráteis dos gatos estavam ocultas; agora que se fizeram quais as garras do Wolverine, defendê-los é obsceno, apoiá-los é cumplicidade.

Vista nesse prisma, acredito que a vitória também precise ser passada por um pente fino; ser “derrotado” nas circunstâncias e seguir fiel nos princípios, valores, é uma vitória de maior envergadura; pois, requer a resiliência das nossas almas, coesa com os valores que acredita, mesmo que esses estejam em descrédito, enlameados, caluniados.

Lembro um incidente que aconteceu no final dos anos 90, quando eu estava em Belo Horizonte. Um menino que torcia para o Atlético Mineiro, que naquela época não ganhava nada, disse-me: “Acho que vou mudar; vou torcer para o Cruzeiro”, que acabara de ser campeão nacional. Ao que respondi: “Deixa de ser bundão, rapaz! Daqui apouco o vento vira e teu time começa a vencer e o Cruzeiro a perder, daí vais mudar de novo?” De fato, isso aconteceu, o “Galo” se fez muito mais vencedor nos últimos tempos, que seu rival.

Então, há vitórias que consistem nas conquistas que logramos nos embates, nas escolhas da vida; outras, que se fazem ver, na convicção das escolhas mesmo em tempos adversos, pela resiliência de não ser conquistado.

A vitória que Cristo requer dos Seus é dessa estirpe. Habitar num mundo que canoniza vícios e prezar pela virtude; contemplar a opulência dos maus, e não abdicar da escolha de ser bom; olhar a mentira acumulando lautos frutos indignos, e seguir amando à verdade; sofrer a reiterada incidência de escândalos dos que profanam ao Nome do Santo, sem negá-lo em hipótese alguma...

Não são essas, escolhas naturais; mas, fomos capacitados de maneira sobrenatural, para as opções segundo padrões celestes, não segundo os amontoados fúteis e efêmeros da terra.

Nossas vitórias, eventualmente, estão em “stand by”, e a maioria acha que somos perdedores, por isso; não padecermos dessa cegueira, também é um aspecto da vitória de Cristo, na qual, estamos inseridos, da qual, fomos feitos participantes.

Uma das prerrogativas de ter recebido vida eterna, é não apostar nossas fichas nas circunstâncias, como se tudo o que há fosse o que podemos ver; “Se esperarmos em Cristo, só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

A purificação


“Tira da prata as escórias e sairá vaso para o fundidor.” Prov 25;4

O verso seguinte, embora, num provérbio em separado, parece interpretar a esse, como se devesse figurar na mesma sentença, dado, seu paralelismo; diz: “Tira o ímpio da presença do rei, e o seu trono se firmará na justiça”. Assim, escórias seriam a impiedade, enquanto, o metal nobre, a justiça.

Como essas qualidades só podem ser encontradas em seres arbitrários, anjos e homens, no prisma que nos interessa por ora, poderíamos parafrasear assim: “Tira da alma ímpia suas inclinações perversas, e teremos uma vida justa, útil, a serviço do Rei.”

Trocando em miúdos é precisamente esse processo que incide sobre aqueles que se submetem a Jesus Cristo, mediante a conversão.

Diferente da ideia da depravação total do homem caído, como ensinam os calvinistas, o que acontece é escravidão total. Resta um quê, de “prata” nas almas dos perversos, porém, submissa às inclinações das escórias. O simples desejar a coisa certa, por meio do escravo impotente para praticá-la, já evidencia a presença desse nobre metal ainda existente, na “mina”; Paulo diz: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizá-lo.” Rom 7;18

O que levaria um pecador contumaz, a desejar praticar o bem, senão, algum resquício do homem perfeito, ansiando atuar conforme o projeto original?

Essa é a “prata” que restou que carece ser fundida e purificada das escórias do pecado. “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus” Rom 7;22 O “novo nascimento” é precisamente a regeneração desse impotente, colocando-o de novo no comando dos que desejarem ouvir a Deus; “A todos que O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

Pois, aquele que foi criado para ser cabeça, fonte das diretrizes da alma, para as entradas e saídas da vida, o homem espiritual, foi degredado para o “interior” e preso; enquanto, o ego, esse bastardo que nasceu da relação do primeiro casal com a serpente, assumiu indignamente o governo da casa, (sentença pela desobediência) e submete sua alma à escravidão, na qual também jaz.

As almas ímpias que ainda não se renderam ao Salvador que as regenera, estão mais ou menos como o nosso país; governadas por alguém indigno cujos méritos o colocariam preso, e tentando aprisionar a outrem, probo, pois, perante a alcateia, o pastor é visto como uma ameaça.

Quando alguém grita aos quatro ventos suas palavras de ordem, pois, antes de valorarmos os predicados, precisamos conhecer os sujeitos. A coisa certa nos lábios errados, deixa de ser lídimo clamor; se faz pretexto fajuto para fins perversos. “A moral do lobo é comer ovelhas, assim como, a moral das ovelhas é comer grama.” Anatole France

Desse modo, quando vemos uma quadrilha de ditadores “defendendo à democracia”, a rigor, temos um ajuntamento de predadores desejando possuir na marra, rebanhos alheios. A fumaça que fazem para diluir isso, só é eficaz sobre os que possuem miopia ideológica, ou fisiologismo prostituído, como grande parte da “imprensa”.

Nossa nação rica, com seu vasto potencial, ainda não logrou descobrir o fogo necessário para derreter a deletéria mistura e separar-se das escórias; agoniza, mercê de uma minoria de lobos vorazes. Mas O Todo Poderoso mostrará quem manda, em última análise.

Porém, voltando às nossas almas, o processo de purificação é demorado, repetitivo. A cada vez que o fogo das provações nos “derrete” o Divino ourives recolhe algumas impurezas.

Os gregos chamavam de catarse, a purificação que se dá numa alma que padece grandes tristezas; ela deixa de ser pueril, superficial, e encara melhor as dores necessárias. Por isso preferiam suas “tragédias” invés das sonolentas comédias. Aqui, onde a arte tem consórcio com o vício, não, com a virtude, tudo é calculado para entorpecer; nas novelas até cães e macacos encontram seu “par perfeito” e terminam “felizes para sempre”.

O refino das almas vai se acentuando, tantas vezes quantas for necessário. A santificação não é uma possibilidade; antes, uma necessidade, para quem deseja ser salvo; “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual, ninguém verá O Senhor.” Heb 12;14

Para ilustrar a pureza da Palavra de Deus em seu estado original, o salmista usou uma figura: “As Palavras do Senhor são palavras puras; como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.” Sal 12;6

Caso reste alguma dúvida sobre o manual de purificação que nos convém usar, para sermos feitos vasos na casa do Rei, encontramos a receita real: “Com o que purificará o jovem, o seu caminho? Observando-o conforme a Tua Palavra” Sal 109;09

sábado, 29 de março de 2025

Os pecados crônicas


“Aquele, pois, que pensa estar em pé, olhe, não caia.” I Cor 10;12

Advertência para que, o cristão que acredita estar andando corretamente, continue vigilante, para se manter assim.

Não basta que nós avaliemos que nosso andar é bom. Quem perde o temor, em geral perde também a noção. É preciso que nosso testemunho ao apreço de outros, em nada escandalize. “Convém também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia e afronta e laço do Diabo.” I Tim 3;7 “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;7

Porém, temos o outro lado da moeda, que convém apreciar. Aquele que sabe que está caído, deite-se. Como assim? É possível estar caído, espiritualmente, divorciado da comunhão com O Senhor, e criar um “holograma” espiritual, encenando uma pose vertical nos púlpitos, levando uma vida réptil, fora deles.

Que todos somos pecadores, inclinados a pecar, propensos a cair, isso é lugar comum. Mesmo alguém famoso com ministério relevante, carece se cuidar para se manter firme. Porém, se acontecer, lide com a queda, invés de tentar camuflar.

A medicina divide enfermidades em duas categorias: As crônicas e as agudas. Quando acontece determinado mal, pontual, que o paciente não tem histórico, dizem que foi uma crise aguda; agora, as encrencas que, de tempo em tempo aparecem no organismo, classificam como, males crônicos. Pois, na “medicina” espiritual também há alguma semelhança, posto que, os males são os pecados.

Não me refiro aos pecados comuns, que todos cometemos a cada dia; pequenas maledicências, parcialidades, imprudências; essas são dores de barriga que, com alguns chás caseiros, ervas do quintal, se resolve; ao “lavarmos os pés” para dormir, somos perdoados; digo, quando oramos, confessando. Aludo aos pecados de maior peso, desses que comprometem o ministério de alguém, e colocam em xeque, a própria salvação.

O risco de incorrer neles e “esconder”, é que essa “solução” se faça uma prisão; o mal que assomou agudo, venha a se tornar crônico.

No auge da queda, o mal estar pela “novidade” costuma ser maior, o que torna o momento propício para lidarmos de frente com a questão. Porém, se o vexame for “assimilado” o coração endurecido, depois, pouco a pouco a arte de esconder sob o tapete vai moldando a vida; o antes, expoente da verdade se tornará um ator; isso tem tudo para acabar mal. O temor do Senhor a palpitar vívido numa consciência vivificada pelo Espírito Santo, é uma luz no painel clamando por reparo, antes que tudo venha a se perder.

Cada mensagem sobre obediência, santificação, pecado, que sujeito ouve, até pelos próprios lábios, é uma exortação Divina ao arrependimento; “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído, sem que haja remédio.” Prov 29;1

Não olhamos o pecado como quem aprecia um aquário estando de fora. Nadamos nas mesmas águas que todos; a vigilância quanto a este risco, deve fazer parte diuturna da nossa caminhada; “Aquele que pensa estra em pé, olhe, não caia.”

Outro dia assomou a situação de um “pastor” que estava numa relação extraconjugal havia dezoito anos. Seu mal não tratado no início se tornara crônico; pelo visto, nem lhe soava mal, mais; se fizera seu novo “normal.”

O risco de lermos o Silêncio de Deus como aquiescência Divina é mui perigoso. Na Palavra Ele menciona gente que sequer deveria citar às Escrituras, pelo indigno modo de agir, mas seguia, escudado no silêncio celeste; “... Que fazes tu em recitar Meus Estatutos, e tomar Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção e lanças Minhas Palavras para detrás de ti; quando vês o ladrão, consentes com ele, tens tua parte com adúlteros; soltas a tua boca para o mal, e a tua língua compõe o engano, assentas-te a falar mal contra o teu irmão; falas mal contra o filho de tua mão; estas coisas tens feito e Eu Me calei; pensavas que Eu era assim como tu, mas Eu te arguirei, as porei por ordem, diante dos teus olhos.” Sal 50;16 a 21

E quando assumirmos nossas culpas, nada de confissões genéricas indulgentes, evasivas, tipo pequei, sou pecador; Isaías disse: “Sou homem de lábios impuros...” Jeremias: “Nós transgredimos e fomos rebeldes...” Lam 3;42 etc.

Salomão orou na consagração do templo, rogando por perdão, com uma condição: Deviam orar, “... conhecendo, cada um a chaga do seu coração...” I Rs 8;38

Conhecendo e reconhecendo, acrescento. Do ponto-de-vista intelectual as coisas são mui simples; os caídos sabem do remédio. O problema é quando capitulamos a uma vontade rebelde. “O que encobre suas transgressões, nunca prosperará; mas o que confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

sexta-feira, 28 de março de 2025

Loucos no front


“O que justifica ao ímpio, e o que condena ao justo, abomináveis são, ao Senhor, tanto um, quanto outro.” Prov 17;15

Ouvi várias citações desse texto, mediante pessoas não ligadas ao ministério da Palavra; Caio Copolla, Rodrigo Constantino, etc. jornalistas, analistas políticos, por ocasião do “julgamento” contra Bolsonaro e mais sete vítimas, cujo crime é, serem de direita. Se fossem canhotos teriam as “punições” do Geddel ou, do Cabral.

Nossa Suprema Corte justificou um ladrão descodenando-o e guindando-o à presidência, sem votos; agora, com uma sanha similar a um linchamento, se apressa a condenar um líder e seus assessores, sem crimes.

Toda a bosta que for jogada nesses sujeitos, de “Reputação ilibada e notório saber jurídico" será válida, dado que, nada mais que isso, podemos. Fiquemos tranquilos; a bosta suportará estoicamente, o mau cheiro.

Todavia, a sentença de não justificar ao ímpio, nem condenar ao justo é mais abrangente do que a exumação do corpo de um finado tribunal, cuja perícia, encontraria indícios de envenenamento ideológico mesclado a iguarias várias, no banquete da corrupção.

No nosso dia a dia como cristãos, corremos risco de ter sintomas da mesma doença que matou o referido tribunal. 

Deparei com um vídeo de um cristão, que mostrou uma série de aberrações que acontecem no nosso meio, coisas deploráveis, de fato; porém, o sujeito aproveitou o roldão das denúncias, e acoplou na mesma nave, algumas coisas injustas.

Colocou ímpios e justos todos numa generalização barata; não sei se é fruto de preguiça mental, desonestidade intelectual, preconceito, ou, é patifaria mesmo.

Passou do ataque aos grandes escândalos, dos mercenários que se criam nos lapsos da ingenuidade e omissão dos incautos, para o ataque à doutrina bíblica do dízimo, como sendo fajuta, desnecessária, fomentadora da maldade.

Usou argumentos falaciosos, tipo, “você não precisa pagar pela salvação, nem há nada que você possa fazer, para merecer o Amor de Deus. Deus É Amor.” São três coisas verdadeiras, mas usadas de maneira cretina, com uma desonestidade intelectual crassa, e uma motivação torpe.

Combater farsantes, mercenários, charlatães, e hereges da praça é uma coisa boa; não justificamos aos ímpios, estamos juntos nessa. Agora, jogar uma doutrina bíblica na mesma lixeira, da qual, muito trabalho honesto depende para sobreviver, aí é condenar ao justo. Para tanto, não serve a Bíblia como “tribunal de apelação”, deve o sujeito se basear em “provas” tipo o Xandão usa, tentando prender o Jair.

Coibir um ensino suficientemente claro, relativo à mordomia cristã, só porque existem salafrários e ladrões infiltrados, soa lógico como proibir a todos de dirigir, porque acontecem muitos acidentes de trânsito.

Insinuar que os dizimistas fiéis, o são para pagar pela salvação, ou, para “merecer” o Amor Divino, é uma patifaria no superlativo. Caso alguém ensine algo assim, confesso que desconheço gente séria que o faça, o mesmo pé na bunda que Pedro deu em Simão Mágico precisa ser reiterado; “... O teu dinheiro seja contigo para a perdição; pois, pensaste que o Dom de Deus se alcança por dinheiro.” Atos 8;20

Há três coisas envolvidas nas disposições dos dizimistas que recebem ensino sadio; obediência, gratidão e amor. Primeiro, fazem isto porque Jesus mandou. “Ai de vós escribas e fariseus hipócritas, pois dizimais, a hortelã, endro e cominho, e desprezais o mais importante da Lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas, e não omitir àquelas.” Mat 23;23

Gratidão; porque O Eterno nos deu trabalho e saúde, como meios de obtermos nosso ganho; por fim, o amor; como desejamos que outras pessoas também recebam o que recebemos, e sabemos que há custos envolvidos no trabalho para que sejam alcançadas, esse sentimento também nos motiva à fidelidade.

Há muitos refratários ao dízimo pelo apego desenfreado ao dinheiro, não, por algum zelo doutrinário como tentam fazer parecer. Igrejas sérias prestam contas de cada centavo; onde não for assim, cuidado!

Nessas “riquezas” de valor secundário, somos exercitados, para quiçá, recebermos as de valor eterno. “Pois se, nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?” Luc 16;11

Escrevendo a Timóteo, Paulo advertiu: “Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e transpassaram a si mesmos, com muitas dores.” I Tim 6;10

Em geral, os exércitos usam uniformes para serem identificados por eles, e num eventual combate, não acontecer o dito “fogo amigo”.

Esses inconsequentes que atiram para todo lado em tudo o que se move, não estão aptos para combater nas fileiras de Cristo. Se alguém pensa que o açoite da língua e a Espada do Espírito são a mesma arma, que fique na cozinha descascando batatas, e deixe o combate para quem está preparado.

Os verdadeiros ricos


“Para que faça herdar bens permanentes aos que me amam, e eu encha seus tesouros.” Prov 8;21 dito da Sabedoria.

A ideia de “bens permanentes” deveria nos fazer pensar; as posses ordinárias não são assim. “Caixão não tem gavetas; há coisas que o dinheiro não compra; do mundo nada se leva;” esses e outros ditos, manifestam a visão vulgar sobre a duração e eficácia, dos bens terrenos.

A “sombra” das mesmas perde seu sentido, findos os dias do seu possuidor.

O Salvador mencionou um que era próspero no âmbito material, e indigente no espiritual; quando pensava se jogar na rede e usufruir por largos dias seus bens, foi lhe dito: “... Louco! Esta noite pedirão tua alma, e o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20 Os bens que teriam potencial para suprir por muitos dias, carecem o consórcio de um bem maior, a vida. Senão, possivelmente ficarão para outros que nem tiveram “culpa” pela aquisição deles.

Um provérbio japonês sobre quais bens devemos legar; diz: “Se o teu filho for bom, ele não precisa da tua herança; se for mau, não a merece.” Logo, forjar sua alma intentando fazê-lo bom, seria o legado mais excelente.

Cotejando o dinheiro com a sabedoria, Salomão encontrou o seguinte: “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento, é que a sabedoria dá vida, ao seu possuidor.” Ecl 7;12

Quanta riqueza poluída adquirida de modo desonesto, que serve para decorar o esconderijo dos maus, como se fosse um carro alegórico! A rigor, é só a miséria desses, disfarçada.

A opulência material até pode camuflar a indigência no que tange aos bens que contam, deveras; os que muito consomem em tempo e energias acumulando apenas isso, seu “ouro de tolos” fará grosseiro papel, onde, até o engano estará desnudo.

Agur escreveu que, por um momento chegara a invejar uns “prósperos” assim; “Não se acham em trabalhos como os outros homens, nem são afligidos como eles; por isso, a soberba os cerca como um colar, vestem-se de violência como de adorno... eis que estes são ímpios e prosperam no mundo, aumentam suas riquezas.” Sal 73;5, 6, 12

Por um momento, chegou a duvidar do proveito da honestidade; “Na verdade que em vão tenho purificado meu coração; lavado minhas mãos na inocência. Pois, todo dia tenho sido afligido e castigado toda manhã;” vs 13 e 14

Depois, pensando melhor, refez: “Se eu dissesse: Falarei assim, ofenderia a geração dos Teus filhos; quando pensava entender isso, foi para mim, muito doloroso. Até que entrei no santuário de Deus e entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios, Tu os lanças em destruição; como caem em desolação num momento, ficam totalmente consumidos de terrores; como um sonho, quando se acorda, assim, Ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.” Vs 15 a 20

Então, entrar na eternidade sem os necessários bens de valor eterno, desses que só a Sabedoria faculta adquirir, é fadar-se à eterna indigência, à perdição.

O discurso da Sabedoria é bem didático: “Eu amo aos que me amam, os que cedo me buscam, me acharão; riquezas e honra estão comigo, assim como bens duráveis e justiça; melhor é o meu fruto do que o ouro refinado, e meus ganhos, que a prata escolhida.” Prov 8;17 a 19

A Sabedoria encarnada, Jesus Cristo, falou as mesmas coisas, com palavras ligeiramente diferentes; “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, onde os ladrões minam e roubam; antes, ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, nem ladrões minam ou roubam; porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” Mat 6;19 a 21

São esses, os ricos que não entram no Reino dos Céus; os que põem seus corações nas posses. Os que, mesmo possuindo-as, não se fazem adoradores delas, tampouco, nelas colocam sua confiança, antes em Deus, esses mostram suas carências espirituais, e pela Divina bondade serão supridos. “Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é O Reino dos Céus.” Mat 5;3

O melhor, das verdadeiras riquezas, é que, para possuirmos a elas, não carecemos que ninguém seja privado. Quanto mais dividirmos, mais somaremos.

Claro que, posses materiais têm seu valor e utilidade, enquanto estamos aqui. Abrem portas, compram o pão, facultam conforto, propiciam socorro; porém os casulos têm sua utilidade e propósito até a gestação das asas, depois, não serão mais necessários.

As devidas recompensas pelas escolhas daqui, serão dadas no além; “Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Mal 3;18

quinta-feira, 27 de março de 2025

O "preço" da Graça


“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da Lei.” Rom 3;28

O fato de que a salvação é pela fé, sem o concurso das obras é pacífico entre os intérpretes esclarecidos, da Palavra de Deus. “Porque pela graça sois salvos por meio da fé; isso não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Cap 2;8 e 9

Esses versos colocam a Graça como fator da salvação, e a fé, como meio.

Dois erros que o calvinismo comete, ao meu ver; um, respeita ao conceito deles acerca da salvação; outro, sua análise da forma dos Arminianos verem-na. “Uma vez salvo sempre salvo”, acreditam, argumentando que Jesus não faz as coisas pela metade; e, porque afirmamos que cremos na necessidade de determinada maneira de agir como testemunho da nossa salvação, dizem que acreditamos na salvação pelas obras. Duas inverdades.

Que O Senhor não faz as coisas pela metade, de acordo; aos que salva, salva por inteiro. Agora, esposar que não é possível apostatar da fé, perder a salvação, por negligência na perseverança, aí é ir de encontro a dezenas de textos que ensinam isso. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis? Ou, do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Rom 6;16 Se, podemos nos apresentar a um e outro, necessitamos ter escolha.

A árvore da ciência foi posta no Jardim, justamente porque O Eterno queria preservar o direito ao arbítrio humano. Para que, eventual obediência fosse voluntária; e, o homem pudesse se afastar do Criador, se assim desejasse. No calvinismo, os “eleitos” não teriam mais essa liberdade; estariam “condenados” a ser salvos, mesmo contra suas vontades. Isso não combina com Deus.

O fato que O Eterno escolheu algo antes da fundação do mundo, refere-se ao propósito, (salvar) e ao método, (em Cristo); os que se enquadram em ambas as coisas, propósito e método, são os “eleitos”; não houve uma pré-escolha a despeito do humano querer.

A objeção de Romanos capítulo 9, refere-se ao direito Divino de operar Seu querer mediante judeus, como na Antiga Aliança, ou incluir os gentios, como na Nova; sem dever nenhuma explicação; o que exceder a isso é mera “eisegese” condicionada por uma inclinação “à priori.” Deus “... compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer.” Rom 9;18 Usa judeus e gentios a despeito da aprovação de um e outro.

Não é verdade que os Arminianos acreditam nas obras como meio de salvação; a fonte é a Graça, o meio, a fé. Mas como ensina Tiago, fé sem as obras que testificam da sua existência, até os demônios a têm; creem e estremecem; nenhum deles será salvo, contudo. A crença dos que foram vivificados em Cristo carece ser também, viva.

Pois, uma fé que não regenera acaba estéril; uma regeneração que não transforma segundo o modelo original, é fraude; uma transformação que não muda o modo de agir, é mero simulacro; e um novo modo de agir, sem o testemunho das obras, é só teoria. “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Não significa que tenhamos mérito algum; sem Cristo estávamos mortos em delitos e pecados. Mas, fomos vivificados para agir segundo Ele, não, para uma inércia como se fôssemos aperfeiçoados de uma vez, sem o moroso, voluntário, e necessário processo, de santificação. “Segui a paz com todos, e a santificação sem a qual, ninguém verá O Senhor.” Heb 12;14 Os eleitos em Cristo carecem se santificar.

Assim, não defendemos a salvação pelas obras; antes a necessidade de atuarmos como salvos, num testemunho visível do que a graça fez, afinal, “... Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.” Mat 5;14

Em geral, quando se fala em obras com presumível mérito para salvação, o vulgo pensa em fazer caridade, socorrer enfermos, ajudar aos fracos, etc. Tudo coisas boas, mas o texto não se refere a isso.

Os judeus acreditavam que seriam salvos cumprindo a Lei de Moisés. E é em oposição a essa ideia, (o fim da Lei era conduzir ao Salvador) que a fé é apresentada; “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da Lei.” Rom 3;28

Nenhum Arminiano acredita nas obras da Lei, como meios de salvação; essa era uma peleja contra os judaizantes. Os cristãos sabem, todos eles, que foram salvos por Jesus Cristo.

E que carecem permanecer Nele, em meio às tentações e aflições deste mundo, para que a graça de Cristo, no tocante a eles, não se faça vã.