quinta-feira, 27 de março de 2025

O "preço" da Graça


“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da Lei.” Rom 3;28

O fato de que a salvação é pela fé, sem o concurso das obras é pacífico entre os intérpretes esclarecidos, da Palavra de Deus. “Porque pela graça sois salvos por meio da fé; isso não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Cap 2;8 e 9

Esses versos colocam a Graça como fator da salvação, e a fé, como meio.

Dois erros que o calvinismo comete, ao meu ver; um, respeita ao conceito deles acerca da salvação; outro, sua análise da forma dos Arminianos verem-na. “Uma vez salvo sempre salvo”, acreditam, argumentando que Jesus não faz as coisas pela metade; e, porque afirmamos que cremos na necessidade de determinada maneira de agir como testemunho da nossa salvação, dizem que acreditamos na salvação pelas obras. Duas inverdades.

Que O Senhor não faz as coisas pela metade, de acordo; aos que salva, salva por inteiro. Agora, esposar que não é possível apostatar da fé, perder a salvação, por negligência na perseverança, aí é ir de encontro a dezenas de textos que ensinam isso. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis? Ou, do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Rom 6;16 Se, podemos nos apresentar a um e outro, necessitamos ter escolha.

A árvore da ciência foi posta no Jardim, justamente porque O Eterno queria preservar o direito ao arbítrio humano. Para que, eventual obediência fosse voluntária; e, o homem pudesse se afastar do Criador, se assim desejasse. No calvinismo, os “eleitos” não teriam mais essa liberdade; estariam “condenados” a ser salvos, mesmo contra suas vontades. Isso não combina com Deus.

O fato que O Eterno escolheu algo antes da fundação do mundo, refere-se ao propósito, (salvar) e ao método, (em Cristo); os que se enquadram em ambas as coisas, propósito e método, são os “eleitos”; não houve uma pré-escolha a despeito do humano querer.

A objeção de Romanos capítulo 9, refere-se ao direito Divino de operar Seu querer mediante judeus, como na Antiga Aliança, ou incluir os gentios, como na Nova; sem dever nenhuma explicação; o que exceder a isso é mera “eisegese” condicionada por uma inclinação “à priori.” Deus “... compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer.” Rom 9;18 Usa judeus e gentios a despeito da aprovação de um e outro.

Não é verdade que os Arminianos acreditam nas obras como meio de salvação; a fonte é a Graça, o meio, a fé. Mas como ensina Tiago, fé sem as obras que testificam da sua existência, até os demônios a têm; creem e estremecem; nenhum deles será salvo, contudo. A crença dos que foram vivificados em Cristo carece ser também, viva.

Pois, uma fé que não regenera acaba estéril; uma regeneração que não transforma segundo o modelo original, é fraude; uma transformação que não muda o modo de agir, é mero simulacro; e um novo modo de agir, sem o testemunho das obras, é só teoria. “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Não significa que tenhamos mérito algum; sem Cristo estávamos mortos em delitos e pecados. Mas, fomos vivificados para agir segundo Ele, não, para uma inércia como se fôssemos aperfeiçoados de uma vez, sem o moroso, voluntário, e necessário processo, de santificação. “Segui a paz com todos, e a santificação sem a qual, ninguém verá O Senhor.” Heb 12;14 Os eleitos em Cristo carecem se santificar.

Assim, não defendemos a salvação pelas obras; antes a necessidade de atuarmos como salvos, num testemunho visível do que a graça fez, afinal, “... Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.” Mat 5;14

Em geral, quando se fala em obras com presumível mérito para salvação, o vulgo pensa em fazer caridade, socorrer enfermos, ajudar aos fracos, etc. Tudo coisas boas, mas o texto não se refere a isso.

Os judeus acreditavam que seriam salvos cumprindo a Lei de Moisés. E é em oposição a essa ideia, (o fim da Lei era conduzir ao Salvador) que a fé é apresentada; “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da Lei.” Rom 3;28

Nenhum Arminiano acredita nas obras da Lei, como meios de salvação; essa era uma peleja contra os judaizantes. Os cristãos sabem, todos eles, que foram salvos por Jesus Cristo.

E que carecem permanecer Nele, em meio às tentações e aflições deste mundo, para que a graça de Cristo, no tocante a eles, não se faça vã.

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