sábado, 1 de março de 2025

Os negligentes

 

“O que é negligente na sua obra é também irmão do desperdiçador.” Prov 18;9

Vemos na negligência uma face do desperdício; pois, sendo o negligente um “irmão” do desperdiçador, é esse traço, o comportamental que os aproxima.

Se, outra coisa estraga, o negligente, por certo, é relapso para com as oportunidades que a vida oferece.

Perde à chance de crescer, sendo bom ouvinte da Palavra de Deus; assim uns foram apreciados: “... vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais que se vos torne a ensinar, os primeiros rudimentos das Palavras de Deus, vos haveis feito tais, que necessitais de leite, não de sólido mantimento.” Heb 5;11 e 12 Desperdiçaram tempo, pela preguiça de ouvir; seguiam crianças espirituais, quando, já poderiam ser professores. Davam trabalho, quando, deveriam dar frutos.

Tende o homem, a dar ouvidos para as coisas com as quais se identifica; às outras, ouve de má vontade; “O ímpio atenta para o lábio iníquo; o mentiroso inclina os ouvidos à língua maligna.” Prov 17;4

Daí, se diz que a mentira dá duas voltas na Terra, antes que a verdade tenha tempo de calçar suas botas. Más notícias voam, enquanto, os bons exemplos nem chamam a atenção. Porque, majoritariamente somos maus; ouvir da maldade alheia, como que “justifica” à nossa.

O que faz desafiadora a mensagem do Evangelho é que, invés de acarinhar nossos egos adoecidos, ou acoroçoar nossas maldades reiteradas, nos desafia a mudar, confronta segundo Deus. Conversão não é coisa para covardes; apenas para os que se atrevem contra si mesmos.

Quando estamos dispostos a dar ouvidos apenas às coisas para com as quais concordamos de antemão, não estamos ouvindo a ninguém; antes, às nossas próprias inclinações, ainda que, desfilem pelos lábios alheios. Sócrates dizia que, quando alguém aplaude algo com o qual se identifica, no fundo, aplaude a si mesmo.

O Evangelho como nos é proposto, é de um confronto tal, que não pode conformar com nosso modo de pensar; nem pretende reformá-lo; antes, anela nos transformar radicalmente, de modo a deixarmos nossa rasa percepção das coisas; “negue a si mesmo”, e adotarmos como diretriz, doravante, os pensamentos Divinos.

“Deixe o ímpio seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque, Grandioso É, em perdoar; porque Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos, os Meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8

Por isso a Divina mensagem traz consigo uma cruz; para que nela, mortifiquemos nossas ímpias maneiras às quais estávamos acostumados, nos identificando com Cristo, pela obediência ao Pai, às últimas consequências; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo, o fomos na Sua morte?” Rom 6;3

Antes Dele, poderíamos ser negligentes, porque nada tínhamos a perder. “Porque, quando éreis servos do pecado estáveis livres da justiça.” Rom 6;20 Nada tínhamos a perder, uma vez que estávamos mortos. “Porque o salário do pecado é a morte...” v 23

Logo, tendo sido redimidos, regenerados em Cristo, não nos cabe mais sermos negligentes, desperdiçando a magnífica graça, com a qual Ele nos buscou. “... o pecado não terá domínio sobre vós, porque não estais debaixo da Lei, mas debaixo da Graça; pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da Graça? De modo nenhum.” Rom 6;14 e 15

A negligência para com a edificação segundo A Palavra de Deus, nos deixa à mercê de qualquer salafrário da praça; até desses pirralhos da moda, que “veem anjos, varões de branco, revelam macumbas, adivinham nomes, CPFs” invés de serem mensageiros da Palavra da Vida. Quem aprendeu dos Pensamentos de Deus, não se faz presa de babaquices ao rés do chão, como essas.

Àqueles mesmos, que foram acusados de negligentes ao ouvir a Santa Mensagem, foi apresentado como resultado da devida diligência, a maturidade espiritual, e com ela, o discernimento. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume têm os sentidos exercitados, para discernir tanto o bem, quanto, o mal.” Heb 5;14 Perfeitos aqui, significa aptos, espiritualmente maduros, não, sem pecados.

Escrevendo aos Efésios, Paulo esposou a edificação como necessária, para não sermos ludibriados pelos enganadores. “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens, que com astúcia agem fraudulosamente.” Ef 4;14

Toda sorte de negligência é perdulária; mas, nenhuma tem potencial para ensejar maiores danos, que a espiritual, pelo valor que está em jogo nesse âmbito; a vida eterna.

Corramos por mais, pois, sem sermos descuidados com o que já recebemos; “Mas, o que tendes, retende-o até que Eu venha.” Apoc 2;25

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