“Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade...” Gál 3;1
Tendo deixado uma igreja estabelecida, alicerçada na Sã Doutrina, Paulo seguiu em busca de novos espaços para difusão do Evangelho; em dias posteriores, na ausência do apóstolo, ministros de vertentes judaizantes se infiltraram, e conseguirem perverter à fé que os cristãos gálatas tinham aprendido. Fazendo confusão entre Lei e graça.
Escrevendo-lhes para recolocar os pingos nos is; depois de algumas exortações e correções, o apóstolo manifestou sua perplexidade, e colocou a questão: Quem os havia fascinado, de modo a desobedecer à verdade?
O que é fascínio? Encanto, atração, deslumbramento, admiração, embevecimento, sedução, charme, carisma, glamour, etc. Alguém o algo, com essas qualidades, certamente havia se insinuado ante eles.
O fascínio está mais nos olhos que veem, que nas coisas que o produzem. Basta ver tanta porcaria faz sucesso por aí, para entender que o mesmo pode ser uma febre ordinária, sem nenhum valor veraz.
Pois, se aquele afastava aos gálatas da obediência à verdade, necessariamente, era algo mentiroso, deletério, ruim; assim, mais uma vez, o apreço supra, assoma como necessário: que o fascínio é amoral; tanto pode verter de coisas virtuosas, quanto, de outras, viciosas; tanto de fontes especiais, quanto, vulgares. Assim, o fato de algo soar fascinante, no prisma dos valores, não quer dizer nada.
Em se tratando da mentira, o que ela tem, que parece fascinante ante os incautos? Independente de algo ser veraz ou mentiroso, se soar novo, perante quem o escuta, já estará ensejando a velha curiosidade; abrindo a porta para um fascínio que permeia o gênero humano; o de saber de coisas novas. Mesmo em Atenas, o berço da filosofia era assim, segundo relata Lucas: “Pois todos os atenienses, estrangeiros e residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão, de dizer e ouvir, alguma novidade.” Atos 17;21
Embora “Evangelho” signifique “Boa Nova” em grego, não é algo vulgar como a novidades saltitantes, e efêmeras, que prendem por um instante depois se evaporam fugazes, substituídas por outras do mesmo calibre. É a difusão da boa notícia que Deus propiciou um meio de reconciliação com Ele, para quem a desejar, em Cristo. “Isto é; Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19
A mensagem é nova para quem a ouve pela primeira vez; depois, porque está firmada em preceitos perenes, se torna um tanto monótona, enquanto nos desfia a andarmos segundo novos valores e objetivos. “... fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim, andemos também em novidade de vida.” Rom 6;4
Nesse aspecto, não há fascínio no viver O Evangelho; nosso desafio é à perseverança, não às novidades. Cada fato novo que o dia a dia nos apresenta, encontrará alguma coisa “velha” que ensina como lidar com o mesmo, segundo a vontade de Deus. “... por isso, todo escriba instruído acerca do Reino dos Céus, é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro, coisas novas e velhas.” Mat 13;52
Contudo, não é o aspecto de posar como algo novo que faz a mentira soar fascinante. Antes, o atrevimento de pretender oferecer as mesmas coisas que a verdade, com suas renúncias necessárias, sem o concurso das mesmas.
A ideia de que somos os favoritos de Deus, não importa o que façamos seremos aceitos, que a coisa não é tão séria assim, e podemos gozar do Divino favor, sem renunciar cabalmente nossas más inclinações; essas e outras baboseiras do mesmo gênero, presentes no desgraçadamente bem disseminado, “Evangelho coach”, soam fascinantes, quase irresistíveis, ante os que têm paladar apurado para o comodismo, e desconhecem o sabor da verdade.
Como naquele contexto, os fascinados atuais, também abraçam pelo sabor, às coisas que os colocarão à perder, pois, mesmo usando rótulos de coisas santas, eventualmente, acabam sendo, a rigor, promotoras da desobediência à verdade. Assim, a pergunta de Paulo aos daqueles dias, ainda é atual: “Quem vos fascinou, para que não obedeçais à verdade?”
A seriedade na preservação da verdade deve ser tal, que o apóstolo chegou a cogitar ver a si mesmo, sob maldição, caso abdicasse dela: “Mas ainda que nós mesmos, ou, um anjo do céu, vos anuncie outro Evangelho, além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” Gál 1;8
O fascínio, mesmo verdadeiro, pode estar num pôr-do-sol, numa flor, numa ave, numa canção etc. Porém, os ministros de Cristo, não foram chamados para ser fascinantes, são “... despenseiros dos mistérios de Deus... requer-se dos despenseiros, que cada um se ache fiel.” I Cor 4;1 e 2
Nenhum comentário:
Postar um comentário