sábado, 15 de março de 2025

vencer ou renunciar


“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pois percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno, duas vezes mais do que vós.” Mat 23;15

Triunfar num debate, numa peleja qualquer, não vai um milímetro além disso; embora evidencie quem prosperou numa disputa, é totalmente inócuo, para efeito de aferição da verdade.

Antes de considerarmos uma “vitória” assim, pois, como prova de que determinado postulado é verdadeiro, precisamos lembrar duas coisas: Uma; a habilidade em debater, é uma veia neutra; tanto pode estar a serviço da verdade, quanto, da mentira. Duas; há múltiplas variações possíveis, no escopo de uma escolha errada. Se essas forem alvo de disputa, e o prisma maior ficar inerte como se fosse algo estabelecido, a mera erística, resultará inútil, como dar golpes no ar. Embora se use fazer, é de parco valor a maquiagem de um defunto.

O Salvador denunciou Escribas e Fariseus, que, ao fazerem um seguidor, o que lhes poderia soar como uma vitória, a rigor, o Reino de Deus sofria uma derrota; pois, a adesão do insipiente a uma escolha errada, fechava um possível acesso a outra que fosse certa, e tendia a recrudescer o incauto no erro, mais que os seus mestres. “O fazeis filho do inferno, duas vezes mais do que vós.”

Por exemplo, o catolicismo com sua relativização da Palavra de Deus, e equiparação da tradição e do magistério com a Divina Revelação, é um erro milenar, grotesco, suicida; porém, agora está dividido; de um lado os ditos conservadores, com seu exclusivismo institucional, pelejando pela tradição; de outro, os liberais, com sua fusão marxista/cristã, e o ecumenismo, validando a todo tipo de credo. Lutar de um lado ou de outro, tanto faz; todos estão no mesmo barco, o da heresia.

Os adventistas, se esforçam para provar que o sábado foi o dia de guarda ordenado pelo Eterno, como se fosse necessário fazer isso. Basta ler os dez mandamentos. A questão que os separa dos demais protestantes não é essa.
A Lei de Cristo que devem cumprir os que nasceram de novo, não a de Moisés, foi dada em nossos espíritos, não num código legal. “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um Novo Testamento, não da letra, mas do espírito, porque a letra mata, e o espírito vivifica.” II Cor 3;6

Assim, ficar pelejando pelo sábado contra o domingo, ou vice-versa, não leva a lugar nenhum, exceto, eventual satisfação carnal daquele a presumir que, saiu vencedor. “De maneira que a Lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados; mas depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio” (da Lei) Gál 3;24 e 25

Pegam textos que dizem que o “Remanescente fiel” são os que “... guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo.” Apoc 12;17 Que seriam apenas eles, naturalmente.

Ora, o mandamento de Deus em relação a Cristo foi: “... Este É O Meu Filho Amado em quem Me comprazo; escutai-o.” Mat 17;5 e sobre os Mandamentos, depois de resumir tudo no amor a Deus e ao próximo, ensinou: “destes dois mandamentos, dependem toda a Lei e os profetas.” Mat 22;40

Qualquer pecador que se sentir o preferido, o favorito de Deus, evidencia pelo seu amor próprio doentio, que ainda não negou a si mesmo, passo indispensável para pertencer a Cristo.

Não se conclua, contudo, que eu esteja dizendo que católicos ou adventistas são filhos do inferno; não me cabe julgar pessoas. Estou analisando posturas, no prisma filosófico apenas. Há muitos tipos de pelejas inúteis por aí, mesmo, entre os que pretendem ser ortodoxos em relação à doutrina de Cristo, fiéis à Sua Palavra; dons espirituais, mordomia, eleição...

Fomos chamados para ser luz; essa é algo que irradia, não que aprisiona. Triunfar num debate pode mostrar quem tem “Razão”. O triunfo de Cristo em nós, considera os limites e necessidades do outro, tendo a vontade Divina como objetivo, a renúncia das paixões naturais como meio. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Rom 12;1

Se, a “razão” no prisma espiritual, nos convida ao sacrifício, é quando assim atuamos que a deixamos evidente. Invés de fazermos prosélitos pela persuasão, sejamos indutores das pessoas a Cristo, pela imitação.

Dominar sobre outrem pode ser inequívoca demonstração de força; exercitar-se em domínio próprio, é fazer Cristo evidente em nós. “Melhor é o que tarda em irar-se que o poderoso; o que controla seu ânimo, que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32

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