“Atenta para a Obra de Deus; porque quem poderá endireitar ao que Ele fez torto?” Ecl 7;13
O curso dos rios, as montanhas, frondosas árvores, o ondulante bailado das aves de arribação, o curso dos ventos contornando a obstáculos, o arco celeste multicor... enfim, há tantas “torturas” que desfilam retinhas, no prisma da beleza e funcionalidade.
Quem poderá endireitar ao que Deus fez torto? É uma pergunta retórica, cuja resposta negativa, se impõe.
Todavia, nem todas as coisas seguiram estritamente como criadas. O homem, feito à Imagem e Semelhança do Eterno, foi capacitado à retidão; porém, por ter sido criado livre, a lisura desejada Pelo Eterno não poderia ser compulsória; antes, deveria ser um derivado da vontade submissa.
Por isso, tendo feito um jardim de delícias, farto em todas as coisas desejáveis, O Eterno colocou nele também a possiblidade da desobediência, para que a preservação do filho na retidão fosse uma escolha dele, não, uma necessidade automática. Há diferença entre um ser livre, e um autômato.
O mau uso da liberdade, encorajado por um “profeta” que apareceu no jardim, estragou todo o projeto original, desfazendo a retidão, na qual, e para a qual, homem fora gerado.
Como ensina A Palavra, somos servos de quem obedecemos, Rom 6;16. Assim, aquele que fora servo de Deus, tornou-se pela sua ímpia e rebelde escolha, um peão da oposição; um simulacro do projeto original, impotente para escolher à virtude, plenamente inclinado aos vícios. “Imagem e semelhança” de quem o enganou.
Portanto, todos os humanos que, reféns das más inclinações, incapazes de alinhar suas vidas ao Divino querer se escudam num conveniente, “Deus me fez assim”, querendo parecer que suas escolhas não são livres, mas necessárias, que O Eterno seria o culpado, mentem para si mesmos e fingem acreditar.
“Deus me ama como sou” acrescentam. O Amor do Eterno não faz acepção de pessoas, é certo. Mas estabelece limites aos amados, fora dos quais, eles estarão por seus meios. Mais ou menos como a saga do filho pródigo. Na obediência, sob a bênção e proteção do pai; na vida ímpia à sua maneira, ainda amado, mas por sua conta; voltando arrependido, readmitido, perdoado.
Carecemos entender que, o homem depois da queda, não é mais aquele que O Criador fez. “... Deus fez o homem reto; mas eles buscaram muitas invenções.” Ecl 7;29
Ao cair da diretriz espiritual pela obediência, para a escravidão carnal segundo as más inclinações do ego “independente”, o homem migrou para mui distante do projeto original. A obediência a Deus em comunhão, que era algo natural e fácil, tornou-se um desafio impossível, dadas as ganas da “madrasta” que usurpou o lugar do espírito; a carne. “Porquanto, a inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser.” Rom 8;7
Por isso, o “negue a si mesmo”, é o contraponto, o caminho de volta daquele que negou a Deus, pela desobediência. Desse modo, um Evangelho sem cruz, embora pareça mais fácil, palatável, é um assassino.
Pois, independente dos vícios da nossa predileção, todos nascemos assim; reféns da carne. Daí, a sentença: “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;3 e 5
Se a colocação da árvore proibida, a possibilidade da desobediência deixada pelo Criador foi por respeito à vontade do homem, que deve ser livre, o canhoto não tem esses escrúpulos. Escraviza mesmo, e dane-se o humano querer! Paulo pontua nuances da escravidão no pecado; O cumprimento da Lei só seria possível ao homem espiritual, sem a queda; depois, não mais; “Porque bem sabemos que a Lei é espiritual, mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.” Rom 7;14
Assim, mesmo o espírito querendo coisas segundo Deus, fraqueja à escravidão do feitor. Sua queda (morte) significou impotência, não, inexistência; “De maneira que, agora, já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;17
Por isso, a primeira dádiva que recebemos ao sermos regenerados pelo novo nascimento, é a capacitação espiritual, para agir conforme o espírito deseja, malgrado, as inclinações doentias e pecaminosas da carne; “A todo quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12
Enfim, fomos feitos retos, mas entortamos; podemos ser regenerados em Cristo, via novo nascimento; seguir em retidão, capacitados pelo Espírito Santo.
A queda baniu; a regeneração insta O Eterno a buscar para si aos que ama. “Meus Olhos procurarão aos fiéis da terra para que estejam comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6
Nenhum comentário:
Postar um comentário