“Tira da prata as escórias e sairá vaso para o fundidor.” Prov 25;4
O verso seguinte, embora, num provérbio em separado, parece interpretar a esse, como se devesse figurar na mesma sentença, dado, seu paralelismo; diz: “Tira o ímpio da presença do rei, e o seu trono se firmará na justiça”. Assim, escórias seriam a impiedade, enquanto, o metal nobre, a justiça.
Como essas qualidades só podem ser encontradas em seres arbitrários, anjos e homens, no prisma que nos interessa por ora, poderíamos parafrasear assim: “Tira da alma ímpia suas inclinações perversas, e teremos uma vida justa, útil, a serviço do Rei.”
Trocando em miúdos é precisamente esse processo que incide sobre aqueles que se submetem a Jesus Cristo, mediante a conversão.
Diferente da ideia da depravação total do homem caído, como ensinam os calvinistas, o que acontece é escravidão total. Resta um quê, de “prata” nas almas dos perversos, porém, submissa às inclinações das escórias. O simples desejar a coisa certa, por meio do escravo impotente para praticá-la, já evidencia a presença desse nobre metal ainda existente, na “mina”; Paulo diz: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizá-lo.” Rom 7;18
O que levaria um pecador contumaz, a desejar praticar o bem, senão, algum resquício do homem perfeito, ansiando atuar conforme o projeto original?
Essa é a “prata” que restou que carece ser fundida e purificada das escórias do pecado. “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus” Rom 7;22 O “novo nascimento” é precisamente a regeneração desse impotente, colocando-o de novo no comando dos que desejarem ouvir a Deus; “A todos que O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12
Pois, aquele que foi criado para ser cabeça, fonte das diretrizes da alma, para as entradas e saídas da vida, o homem espiritual, foi degredado para o “interior” e preso; enquanto, o ego, esse bastardo que nasceu da relação do primeiro casal com a serpente, assumiu indignamente o governo da casa, (sentença pela desobediência) e submete sua alma à escravidão, na qual também jaz.
As almas ímpias que ainda não se renderam ao Salvador que as regenera, estão mais ou menos como o nosso país; governadas por alguém indigno cujos méritos o colocariam preso, e tentando aprisionar a outrem, probo, pois, perante a alcateia, o pastor é visto como uma ameaça.
Quando alguém grita aos quatro ventos suas palavras de ordem, pois, antes de valorarmos os predicados, precisamos conhecer os sujeitos. A coisa certa nos lábios errados, deixa de ser lídimo clamor; se faz pretexto fajuto para fins perversos. “A moral do lobo é comer ovelhas, assim como, a moral das ovelhas é comer grama.” Anatole France
Desse modo, quando vemos uma quadrilha de ditadores “defendendo à democracia”, a rigor, temos um ajuntamento de predadores desejando possuir na marra, rebanhos alheios. A fumaça que fazem para diluir isso, só é eficaz sobre os que possuem miopia ideológica, ou fisiologismo prostituído, como grande parte da “imprensa”.
Nossa nação rica, com seu vasto potencial, ainda não logrou descobrir o fogo necessário para derreter a deletéria mistura e separar-se das escórias; agoniza, mercê de uma minoria de lobos vorazes. Mas O Todo Poderoso mostrará quem manda, em última análise.
Porém, voltando às nossas almas, o processo de purificação é demorado, repetitivo. A cada vez que o fogo das provações nos “derrete” o Divino ourives recolhe algumas impurezas.
Os gregos chamavam de catarse, a purificação que se dá numa alma que padece grandes tristezas; ela deixa de ser pueril, superficial, e encara melhor as dores necessárias. Por isso preferiam suas “tragédias” invés das sonolentas comédias. Aqui, onde a arte tem consórcio com o vício, não, com a virtude, tudo é calculado para entorpecer; nas novelas até cães e macacos encontram seu “par perfeito” e terminam “felizes para sempre”.
O refino das almas vai se acentuando, tantas vezes quantas for necessário. A santificação não é uma possibilidade; antes, uma necessidade, para quem deseja ser salvo; “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual, ninguém verá O Senhor.” Heb 12;14
Para ilustrar a pureza da Palavra de Deus em seu estado original, o salmista usou uma figura: “As Palavras do Senhor são palavras puras; como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.” Sal 12;6
Caso reste alguma dúvida sobre o manual de purificação que nos convém usar, para sermos feitos vasos na casa do Rei, encontramos a receita real: “Com o que purificará o jovem, o seu caminho? Observando-o conforme a Tua Palavra” Sal 109;09
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