quinta-feira, 27 de março de 2025

Os escolhidos


“Foi o número dos dias que Davi habitou na terra dos filisteus, um ano e quatro meses.” I Sam 27;7

Davi, desde jovem fora ungido para ser rei, escolhido pelo Senhor para isso. Todavia, habitou dezesseis meses em terra estranha, entre os filisteus, inimigos de Israel. Embora ele mesmo tivesse sido usado para derrotar ao filisteu, Golias, ainda assim, pela sua condição de fugitivo do rei, proscrito em Israel, foi recebido pelos inimigos e conviveu entre eles, dada a inimizade comum com Saul.

Por que, escolhidos de Deus passam por situações assim? Conforme o nicho que cada um ocupará no templo do Divino propósito, será a formatação pela qual passará, na desconstrução e reconstrução, da parte do Eterno.

Embora seja Ele que capacita aos Seus escolhidos, boa parte dessa capacitação se dá na “academia militar” das provações; na sisuda forja das privações. Com Davi não foi diferente. Invejado e perseguido por Saul, eventualmente traído pelos “amigos”, errou entre fugitivos, albergou-se entre os proscritos, fazendo-se líder de um grande contingente desses. Jônatas filho do rei era por ele, numa feliz providência do Eterno; no demais, eram só adversários.

Se as pessoas atentassem para o processo, não para o privilégio da Divina escolha, nenhum dos escolhidos a desejaria. Acaso José ansiaria pelos anos de prisão, servidão, humilhação que sofreu no Egito? Jó, para ter eternizado seu nome, difundida sua saga, desejaria passar pelo que passou?

Malgrado, no plano eterno sejam vistosas as recompensas dos selecionados, no prisma do trabalho para o qual são chamados, o sofrimento, não a honra, faz parte do pacote. Sobre a escolha de Paulo O Senhor disse: “... Vai, porque este é para Mim um vaso escolhido, para levar O Meu Nome diante dos gentios, dos reis, e dos filhos de Israel; Eu lhe mostrarei o quanto deve padecer pelo Meu Nome.” Atos, 9;15 e 16

Num tempo como o atual, onde as pessoas carecem ser chamadas para prosperidade e sucesso, senão, fogem, quantos se fariam voluntários, numa convocação para sofrer por amor? O verdadeiro Evangelho é isso. “Porque a vós foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer Nele, como também padecer por Ele.” Fp 1;29

Eventualmente um fiel pode carecer se refugiar entre os “filisteus” como Davi, vítima da rejeição e inveja procedentes dos seus. Ele deveria ser tratado como herói; fora instrumento Divino para o livramento da ameaça inimiga, quando da afronta de Golias; no entanto, era um fugitivo; o Xandão da época ansiava por “justiça”. Em geral, temos memória curta para nossas dívidas, e aguçada no que tange aos desejos.

Todavia, quando chega o tempo aprazado pelo Eterno, conchavos perdem força, perseguições empalidecem, e muitos dos próprios que laboravam como perseguidores, se fazem serviçais daquele que, na cegueira pretérita odiavam. “Então, todo o Israel se ajuntou a Davi em Hebrom, dizendo: Eis que somos teus ossos e tua carne; também outrora, sendo Saul ainda rei, eras tu que fazias sair e entrar a Israel; também, O Senhor teu Deus te disse: Tu apascentarás o Meu Povo, Israel; tu serás chefe, sobre o Meu Povo, Israel.” I Cr 11;1 e 2

Removida a sombra tirana de Saul, até a memória de alguns foi curada e lembraram que Davi fora escolhido por Deus para reinar. Órfãos de um líder como estavam, enfim, buscaram ao filho de Jessé, colocando-o no lugar para o qual O Eterno o preparara.

Quando alguém íntegro está padecendo injustiças de toda sorte, há fortes indícios que seja um escolhido, errando entre inimigos, numa privação necessária de conforto, planejada na Divina escola; para que, no devido tempo esse seja guindado a um lugar de honra, para o qual O Eterno o preparou.

O escárnio dos que não servem para nada mais do que isso, também faz parte do processo. Jó, malgrado sua integridade foi alvo de zombaria de gente fútil. No auge da sua prova, disse: “Agora, porém, riem de mim os de menos idade que eu; cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.” Jó 30;1 

Cheio está o mundo do escárnio de sub-gentalha. Esse é o termo. Gentalha são os pais deles; eles precisam crescer para serem iguais aos tais.

O “trabalho” dessas hienas é zombar de gente de honra quando, eventualmente está sofrendo. Como no caso de Jó, O Eterno muda as coisas colocando cada uma no devido lugar; quando isso acontece, onde ficam esses? Quando certa espécie de formigas ganha asas, os pássaros ganham um lanche especial, a domicílio. Assim, o voo desses é seu fim, sua perdição.

Quem tem olhos espirituais, em pleno baquete da injustiça, antevê, o “rei” que cairá na peleja, e d’onde virá o digno sucessor.

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