“Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, até o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” Ecl 12;14
Se, o “Eclesiastes” parece um tratado mui pessimista, onde, nem prazeres, posses, ou mesmo, sabedoria têm muito valor, “tudo é vaidade e aflição de espírito”; no epílogo, o autor deixa uma porta aberta para que a justiça, enfim, se estabeleça. “... Deus há de trazer a juízo, toda obra...”
Abraão dissera: “Longe de Ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de Ti; não faria justiça, o Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25
A essência das coisas escapa aos olhos da carne; não conseguimos ir além das aparências; só nesse prisma é possível que haja ações encobertas. Os anjos fiéis e os caídos veem tudo.
Na nossa atuação, dos que são fiéis a Cristo, mesmo reduzidos às fraquezas de corpos carnais, há um ensino para aqueles que não estão presos aos mesmos limites; tanto denunciando como injustificável as escolhas dos que caíram, quanto, emulando aos fiéis, para que assim permaneçam.
Soa meio pretencioso, seres pífios, falhos, como nós, serem instrumentos didáticos ante aos anjos nos Céus; porém, é A Palavra de Deus expõe: “Para que agora, pela Igreja, a multiforme Sabedoria de Deus seja conhecida, dos principados e potestades nos Céus.” Ef 3;10 Afinal, “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo, para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo, para confundir as fortes.” Isso vale tanto no escopo terreno, quanto, universal. É a Sabedoria Dele, que se evidencia mediante isso, não, nossa.
Acaso, quando escolhemos obedecer, malgrado nossas fraquezas e más inclinações, nossa escolha não está sendo um “juízo” contra os anjos que preferiram a desobediência? Nossa atuação nos faz “juízes” dos anjos, tanto condenando os que preferiram a corrupção, quanto, justificando os que escolheram a fidelidade. “Não sabeis que havemos de julgar os anjos? Quanto mais, as coisas pertencentes a esta vida?” I Cor 6;3
Se, nosso agir está visível ante as criaturas espirituais, o que dizer, do Criador? “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes, aos Olhos Daquele, com quem temos de tratar.” Heb 4;13 Diante Dele, não apenas nossos atos, mas, até desejos, pensamentos; pois, “vê” nossos corações.
Passarmos por momentos de descrença, ao vermos as coisas fora do lugar, indignos sendo honrados, e probos perseguidos, vilipendiados, é inevitável nesse mundo; mesmo o mais sábio dentre os homens, passou. Ele escreveu: “Tudo sucede igualmente a todos, o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim, ao que sacrifica, como ao que não sacrifica; tanto ao bom, quanto ao pecador, ao que jura, quanto, ao que teme o juramento.” Ecl 9;2
Isso deve ser entendido como um derivado da longanimidade Divina que dá tempo a todos, esperando pelo arrependimento, e da Sua Graça abrangente, que envia sol e chuva, sobre justos e injustos. Nada a ver com juízo, que está reservado para os dias porvir.
Se, as coisas não podem suceder despercebidas no aspecto espiritual, no prisma imanente não é assim; porque a visão plena das ações, no tocante a nós e nossa relação com o mundo invisível, depende dos “olhos da fé”, e se restringe ao existenciário de cada um; quanto mais incrédulo alguém for, menos verá. “A fé é o firme fundamento das coisas que se espera, e a prova das que não se vê.” Heb 11;1
Onde vislumbra nuances de incredulidade, o traíra investe suas fichas, transformando essa miopia incipiente, em cegueira cabal. “Nos quais, o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4
Então, se, como Salomão, observando as vicissitudes da vida, as coisas nos parecerem fora do lugar, (elas insistem nisso) saibamos que, ainda não foi pronunciado o juízo do Eterno, quanto o devido mérito de cada uma.
A Palavra de Deus é categórica: “Não vos enganeis, Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará; porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no espírito, do espírito ceifará a vida eterna.” Gál 6;7 e 8
O mesmo Juiz aponta as duas escolhas possíveis e suas consequências: “Portanto, comerão do fruto dos seus caminhos, e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos; porque o erro dos simples os matará, e o desvio dos insensatos os destruirá; mas o que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do poder do mal.” Prov 1;31 a 33
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