“A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta sua voz.” Prov 1;20
Interessante essa descrição de Sophia! Desfila como se fosse um vendedor ambulante a “kombi dos ovos”, anunciando alto e bom som, seu produto, a promoção da vez.
Busca ambientes povoados; não é próprio dela, anunciar suas preciosidades em lugares ermos. “Nas esquinas movimentadas ela brada; nas entradas das portas, nas cidades, profere suas palavras.” v 21
Seu público-alvo, óbvio, os que precisam mais dela. “Até quando, ó símplices, amareis à simplicidade? Vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? Vós insensatos, odiareis o conhecimento?” v 22
Sabe que os símplices, escarnecedores e insensatos são assim, precisamente por falta dela; e os busca, tentando supri-los. (simplicidade, no contexto, não é ausência de artifícios, complexidade; o que seria algo bom; antes, ausência de luz, de conhecimento, tolice)
Seu método de ensino toca o dedo na ferida, invés de anestesiar ao enfermo deixando-o doente; diz: “Atentai para minha repreensão...” v 23
Agora começamos a ter problemas. Em geral, os símplices, escarnecedores e insensatos o são, justamente, pela sua aversão ao ensino, mormente, quando esse vem voando no tapete mágico da correção.
A fronteira tênue, que tem de um lado, aceitar que está errado e carece ser corrigido; do outro, a arrogância, a presumir-se dono de si e das escolhas, rechaçando a tudo o que tentar se “intrometer”; costuma bater a porta na cara da Sabedoria, pelas mãos dos que mais carecem dela.
Por isso, no mesmo tratado, mais adiante, diz: “Dá instrução ao sábio, ele se fará mais sábio; ensina ao justo, ele aumentará em entendimento.” Prov 9;9 Aquele que tem sabedoria suficiente para entender às próprias carências, admiti-las, esse é o aluno predileto da doutora Sophia. Os demais, costumam evitá-la. “Se não paga minhas contas, não dê palpites”, defendem-se.
Nos dias da infância dela, havia disputa entre os filósofos e os sofistas; aqueles desejando com todas as forças, conhecê-la; esses, contentando-se em pintar um simulacro, fingindo saber o que ignoravam. Essa doença persiste até hoje, mais perniciosa que nunca. Os que bebem uma gota dela desejam mais; os que nada sabem, desfilam airosos fingindo saber tudo.
Os avessos ao saber não se preocupam em melhorar, antes, em defender-se. A Sabedoria traz consigo um necessário câmbio de espírito, por isso; para que, enfim, possa ser entendida onde é temida; desejada, onde é rejeitada. “... vos derramarei abundantemente do Meu espírito, e vos farei saber minhas palavras.” V 23
Ontem deparei com uma “pérola” provavelmente derivada dos pregadores da “hipergraça”, onde Deus faz tudo, aceita, tolera tudo e nós somos o centro dos Seus afetos e Sua Obra; dizia: “O Evangelho não é um tijolo para lançares na cabeça das pessoas; antes, uma bacia com água, para lavar seus pés.” Pareceu mui belo num primeiro momento; mas, tinha o segundo.
Depois de refletir a respeito, comentei: Jesus lavou os pés aos Seus discípulos, porque lhe seguiam obedientes se deixando ensinar; mas, lançou em rosto a maldade dos maus, chamando-os de hipócritas, raça de víboras! Certas situações não têm a ver com o que O Evangelho é; mas, com o que as pessoas são.
Esse tipo de “defesa” é uma pérola de sofisma, para ser usada por aqueles que são resilientes à correção, avessos à repreensão. O Evangelho traz amor, perdão, justiça, verdade, denúncia, correção... tudo no mesmo pacote. Em Cristo, “A Misericórdia e a Verdade se encontraram; a Justiça e a Paz se beijaram. A verdade brotará da terra, a Justiça olhará dos Céus.” Sal 85;10 e 11
Dependendo do diagnóstico do paciente, será prescrito o remédio que ele necessita. O fraco carece ser erguido, o arrogante, abatido; para ambos, o tratamento requer o arrependimento como parte do processo; há insumos em Cristo para todos os males.
Não é próprio da Sabedoria trata câncer com Aspirina, nem, hemorragia com muletas.
Assim, sempre que alguém anuncia de modo probo, à mensagem de Cristo, A Sabedoria está desfilando, clamando em demanda de quem a deseje ouvir.
Sabedor que nossa inclinação natural é avessa a Ele, O Senhor faz, nos que lhe dão ouvidos, a necessário transplante de órgão; “Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne; porei dentro de vós o Meu Espírito, farei que andeis nos Meus Estatutos, guardeis os Meus Juízos e os observeis.” Ez 36;26 e 27
Se, os sábios carecem guardar, observar a Lei de Cristo, Sophia nos capacita para servir, invés de promover nossa independência. Ou isso, ou nos atrevermos contra O Eterno, porém sem o auxílio dela, pois, “Não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho, contra O Senhor.” Priv 21;30
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