“Mas eles gritaram com grande voz, taparam seus ouvidos e arremeteram unânimes contra ele.” Atos 7;57
Reação ao discurso de Estevão, que fizera um brilhante resumo das Escrituras, então existentes, encaixando nelas, Jesus Cristo e Sua Obra. A plateia não estava nenhum pouco interessada em conhecer à verdade; silenciar à voz do diácono, bastava.
Quando alguém abdica das possibilidades cognitivas, cegado pelo fanatismo apaixonado, nem o mais eloquente dos pregadores logrará algum êxito. Como disse Spurgeon: “Basta um homem para levar um cavalo até às águas; cem homens não são suficientes para forçá-lo a beber.”
Assim, um mensageiro capacitado é suficiente para oferecer a Água da Vida; todos os pregadores juntos, mesmo os mais eloquentes, não bastam pra quem não quer.
Naquele caso, como em todos os que o fanatismo patrocina, não importava o teor do que estava sendo dito; eles tinham decidido que não desejavam ouvir nada sobre Jesus; assim, usaram três meios para esse fim; “... gritaram com grande voz, taparam seus ouvidos e arremeteram unânimes contra ele...” Fizeram barulho, taparam os ouvidos e praticaram violência.
Há pouco escutava trechos de uma “pregação” que me inspirou a escrever sobre isso. O Sujeito se diz apóstolo, falou uma meia hora alistando grandezas que supostamente Deus está fazendo, “levantando uma geração, capacitando os pequenos, desafiando o Israel de Deus, porque afinal somos um Reino, não uma religião... blá, blá, blá...” Cansou a paciência da sua plateia por meia hora, sem mencionar um verso sequer, da Palavra de Deus.
Eis uma forma de abafar à Palavra aos gritos! Pois, o sujeito gritava e de vez em quando autorizava que “aplaudissem a Jesus”.
Se invés do vistoso pavão com toda pompa e circunstância o microfone tivesse sido dado ao mais simples dos irmãos, ao “Bastiãozinho da Guajuvira” que estava no último banco, seria melhor.
Talvez, tivesse dificuldade de ler no Salmo 23; “O senhô é o meu pastô, e nada me fartará.” Depois comentasse: “temo um grande pastô; mais é perciso que nóis seje oveia, pra que Ele cuide de nóis. Porque Ele disse: Minhas oveia ouve minha vóiz e me segue.” Pronto. Já teria pregado mais bíblia que o laureado apóstolo pavão fez, em meia hora, sem gerar um por cento do barulhão daquele.
A Palavra é categórica: “A fé vem pelo ouvir, e ouvir da Palavra de Deus.” Essa montanha de platitudes, artifícios falazes, enganosos, não desafia à mudança, não compunge, exorta, nem confronta, como faz o verdadeiro Evangelho.
Na verdade, esse “grito” abafa à Palavra de Deus; é uma forma oblíqua de “tapar os ouvidos” de quem carece ser desperto pela Genuína Palavra da Vida.
Espanta, o parco discernimento das pessoas, que consomem essas “drogas sintéticas” psíquicas, e saem garbosas como se tivessem sido alimentadas.
A maneira mais perniciosa de “tapar os ouvidos” é deixá-los abertos, impedindo que a Palavra da reconciliação chegue até suas portas.
“Quem tem ouvidos ouça, o que O Espírito diz às igrejas” é uma sentença recorrente no Apocalipse; mas, de que vale as pessoas terem ouvidos, se o “espírito” da fraude usurpa ao espaço do Espírito Santo? As que caem nessa cilada, querendo ou não, têm tapados os seus ouvidos.
No caso de Estevão, nada a fazer; era um povo rebelde que nada queria com a mensagem de vida que ele tinha; mas, os que frequentam esses ambientes, é de se supor que desejem a salvação, que só a genuína Palavra pode oferecer.
Como a vontade dos mesmos não é respeitada, sendo oferecido um simulacro barato em vez do alimento veraz, acabam sendo também, vítimas de violência verbal; tudo aquilo que desconsidera nossa vontade e impõe outra coisa no lugar, é uma forma de violência. Assim, esses charlatães conseguem abafar no grito, tapar os ouvidos, e fazer violência, tudo ao mesmo tempo; enquanto encenam pregar o Evangelho, e deleitam-se com os aplausos que demandam, fingindo ser para O Senhor.
Desgraçadamente, na pior fase espiritual de todos os tempos, porque grassa toda sorte de heresias, falsos profetas e mestres, vivemos o mais alarmante nanismo espiritual; onde incautos sonolentos engolem qualquer porcaria, convencidos que estão comendo verdes pastos.
Porque o vero Evangelho exige renúncias, traz uma cruz, e essa geração mimizenta tem ojeriza ao mínimo sinal disso, os farsantes deitam e rolam, enquanto os probos são deixados de lado. “Os profetas profetizam falsamente; os sacerdotes dominam pelas mãos deles; e Meu povo assim o deseja; o que fareis no fim disto?” Jr 5;31
Até quando, ó sonolentos buscareis pelo engano, apegados ao comodismo? O tapa na mesa que Paulo deu um dia, estou repetindo, com as duas mãos: “... Desperta tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá!” Ef 5;14
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