sábado, 15 de março de 2025

A certeza dos cegos


“Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém, com uma apostasia contínua? Persiste no engano, não quer voltar.” Jr 8;5

Apostasia, é “separação”. Nas questões de fé, separação da doutrina, obediência, comunhão, do relacionamento com Deus.

Normalmente, o método mais doloroso de aprendizado, segundo Confúcio, o da experiência, obtém melhor resultado que o mais nobre, a reflexão, e o mais fácil, a imitação.

A saga do filho pródigo ilustra bem. As dores, as privações o ensinaram, mais do que outra lição qualquer. Ao peso do aguilhão dessas, olhou para trás, e retornou à casa do pai.

As dores dos descaminhos, as privações espirituais que a alienação do Senhor traz consigo, deveriam ensejar uma segunda análise, quiçá, patrocinar o arrependimento, o retorno. No entanto, daquele povo foi dito: “Persiste no engano, não quer voltar.”

Desgraçadamente, estavam “certos” dos seus erros. Nada mais difícil, penoso de socorrer, que um cego convicto de que está vendo. Em geral, esses usam suas bocas como “guardiãs” contra eventuais “ameaças” que rondem seus ouvidos. Falam quando deveriam ouvir. Em seu instinto de preservação no erro, traem a si mesmos.

A resiliência no descaminho causava perplexidade nos Céus até. A pergunta pelo motivo daquilo, veio de lá; “Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia contínua?” Não que faltasse ciência para entender o que acontecia; faltava uma razão, mínima que fosse, que soasse como nexo, justificando uma escolha tão deletéria.

No início do livro, Jeremias já registrara a perplexidade celeste, de modo categórico, ao ver os tais, trocando ao Todo Poderoso por futilidades; “Espantai-vos disto, ó Céus, horrorizai-vos! ficai verdadeiramente desolados, diz O Senhor; porque o Meu povo fez duas maldades; a Mim deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas que não retêm as águas.” Jr 2;12 e 13

Dada a forma que o homem foi criado, “com um vazio interior com o formato de Deus” como disse alguém, não existe neutralidade possível. “Nem Deus, nem Diabo, eu faço minhas escolhas”, gabam-se os obtusos. Mal sabem eles, que isso é serviço ao inimigo, de primeira qualidade. Quem veio para roubar, matar e destruir, não tem necessidade de edificar a nada.

Deus Se revela, pelas Suas Obras, a criação; pela Sua Palavra; e ainda atua na consciência humana, seja aprovando, seja vetando escolhas, pois, deseja ser conhecido.

O Canhoto, não tem nenhuma obra sua para mostrar, pois é um usurpador, (exceto a mentira da qual é pai) tampouco, uma palavra que seja digna de algum crédito; sua filha tem seus traços.

Assim, invés de se revelar, atua buscando se esconder, disfarça-se; pois, se é privado de quase todas as virtudes, ao menos, tem autocrítica. Nem ele nem os seus se atrevem a aparecer como realmente são. “Não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz, não é muito, pois, que seus ministros, se transfigurem em ministros de justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.” II Cor 11;14 e 15 Se, a aparência dos tais pode ser maquiada, a essência acaba ficando patente nas ações.

Então, para que, os que se desviam do relacionamento com O Santo não voltem atrás, esse ser abjeto costuma “dar uma força” empurrando ainda mais em direção ao abismo. “Nos quais, o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Deus é grandioso em perdoar; Mas só pode receber perdão quem o deseja, mediante arrependimento e confissão; O Eterno Diz: “Irei e voltarei ao Meu lugar; até que se reconheçam culpados e busquem à Minha Face; estando eles angustiados, de madrugada Me buscarão.” Os 5;15

Uma é a sina da ovelha perdida; o próprio Pastor a busca; outra é a rebeldia do pródigo, que, carece aprender com seus erros e retornar pedindo perdão. Quem teve iniciativa para rebeldemente se afastar, que tenha também para admitir seu erro, tornar atrás.

Por isso, devemos receber À Palavra da Vida, em todo o tempo, como uma coisa urgente, que deve moldar nossas escolhas; se negligenciarmos uma oportunidade, nada garante que teremos outra. “... Hoje, se ouvirdes a Sua Voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação.” Heb 3;15

A longanimidade Divina acaba sendo um “vácuo” onde a nossa maldade cresce. “... não é porventura, porque Eu Me calei, e isso há muito tempo, que não me temes?” Is 57;11

O risco mais pernicioso na apostasia contínua, é que a recusa em voltar, nos prenda num tempo, no qual, o regresso seja impossível. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar; invocai-o enquanto está perto.” Is 55;6

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