“Para que faça herdar bens permanentes aos que me amam, e eu encha seus tesouros.” Prov 8;21 dito da Sabedoria.
A ideia de “bens permanentes” deveria nos fazer pensar; as posses ordinárias não são assim. “Caixão não tem gavetas; há coisas que o dinheiro não compra; do mundo nada se leva;” esses e outros ditos, manifestam a visão vulgar sobre a duração e eficácia, dos bens terrenos.
A “sombra” das mesmas perde seu sentido, findos os dias do seu possuidor.
O Salvador mencionou um que era próspero no âmbito material, e indigente no espiritual; quando pensava se jogar na rede e usufruir por largos dias seus bens, foi lhe dito: “... Louco! Esta noite pedirão tua alma, e o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20 Os bens que teriam potencial para suprir por muitos dias, carecem o consórcio de um bem maior, a vida. Senão, possivelmente ficarão para outros que nem tiveram “culpa” pela aquisição deles.
Um provérbio japonês sobre quais bens devemos legar; diz: “Se o teu filho for bom, ele não precisa da tua herança; se for mau, não a merece.” Logo, forjar sua alma intentando fazê-lo bom, seria o legado mais excelente.
Cotejando o dinheiro com a sabedoria, Salomão encontrou o seguinte: “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento, é que a sabedoria dá vida, ao seu possuidor.” Ecl 7;12
Quanta riqueza poluída adquirida de modo desonesto, que serve para decorar o esconderijo dos maus, como se fosse um carro alegórico! A rigor, é só a miséria desses, disfarçada.
A opulência material até pode camuflar a indigência no que tange aos bens que contam, deveras; os que muito consomem em tempo e energias acumulando apenas isso, seu “ouro de tolos” fará grosseiro papel, onde, até o engano estará desnudo.
Agur escreveu que, por um momento chegara a invejar uns “prósperos” assim; “Não se acham em trabalhos como os outros homens, nem são afligidos como eles; por isso, a soberba os cerca como um colar, vestem-se de violência como de adorno... eis que estes são ímpios e prosperam no mundo, aumentam suas riquezas.” Sal 73;5, 6, 12
Por um momento, chegou a duvidar do proveito da honestidade; “Na verdade que em vão tenho purificado meu coração; lavado minhas mãos na inocência. Pois, todo dia tenho sido afligido e castigado toda manhã;” vs 13 e 14
Depois, pensando melhor, refez: “Se eu dissesse: Falarei assim, ofenderia a geração dos Teus filhos; quando pensava entender isso, foi para mim, muito doloroso. Até que entrei no santuário de Deus e entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios, Tu os lanças em destruição; como caem em desolação num momento, ficam totalmente consumidos de terrores; como um sonho, quando se acorda, assim, Ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.” Vs 15 a 20
Então, entrar na eternidade sem os necessários bens de valor eterno, desses que só a Sabedoria faculta adquirir, é fadar-se à eterna indigência, à perdição.
O discurso da Sabedoria é bem didático: “Eu amo aos que me amam, os que cedo me buscam, me acharão; riquezas e honra estão comigo, assim como bens duráveis e justiça; melhor é o meu fruto do que o ouro refinado, e meus ganhos, que a prata escolhida.” Prov 8;17 a 19
A Sabedoria encarnada, Jesus Cristo, falou as mesmas coisas, com palavras ligeiramente diferentes; “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, onde os ladrões minam e roubam; antes, ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, nem ladrões minam ou roubam; porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” Mat 6;19 a 21
São esses, os ricos que não entram no Reino dos Céus; os que põem seus corações nas posses. Os que, mesmo possuindo-as, não se fazem adoradores delas, tampouco, nelas colocam sua confiança, antes em Deus, esses mostram suas carências espirituais, e pela Divina bondade serão supridos. “Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é O Reino dos Céus.” Mat 5;3
O melhor, das verdadeiras riquezas, é que, para possuirmos a elas, não carecemos que ninguém seja privado. Quanto mais dividirmos, mais somaremos.
Claro que, posses materiais têm seu valor e utilidade, enquanto estamos aqui. Abrem portas, compram o pão, facultam conforto, propiciam socorro; porém os casulos têm sua utilidade e propósito até a gestação das asas, depois, não serão mais necessários.
As devidas recompensas pelas escolhas daqui, serão dadas no além; “Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Mal 3;18
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