“Melhor é ir à casa onde há luto, que ir à casa onde há banquete; porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos o aplicam ao seu coração.” Ecl 7;2
Quem já pregou num culto fúnebre sabe por experiência, que os ambientes de tristeza, consternação, são muito mais permeáveis às coisas espirituais, que os festivos. Essa é a ideia esposada no verso acima.
Quando, o mundo comemora o carnaval, muitas igrejas fazem seus “blocos” a pretexto de evangelizar nesses festejos que a maioria das pessoas se envolve. Seria essa atitude, sábia, prudente, oportuna, ou um erro?
Quando Paulo prescreve pregar a tempo e fora de tempo, ou diz: “Fiz-me de tudo para com todos”, não devemos levar a extremos, que “embasem” situações que ele não tencionava. A tempo e fora de tempo, significa, quer seja oportuno, quer não; como ele e Silas cantando louvores no cárcere; ou escrevendo suas cartas em prisões. Mesmo não parecendo situações oportunas, usou-as.
O fiz-me de tudo para com todos, o contexto imediato explica: “Fiz-me como judeu, para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da Lei, como se estivesse debaixo da Lei, para ganhar os que estão debaixo da Lei. Para os que estão sem Lei, como se estivesse sem Lei... fiz-me de fraco para com os fracos, para que pudesse ganhar os fracos...” I Cor 9;20 a 22 Portanto, o “tudo” deve ser entendido nesse contexto, nada além disso.
Se, o Carnaval fosse um Estado, dentro do qual, para ingressar fosse necessário contextualizar, adotando o idioma e alguma faceta cultural, poderia ser uma boa iniciativa, os cristãos se disfarçarem de “Carnavalenses”, para circular entre eles, difundindo sua mensagem.
Entretanto, o Carnaval é um estado de espírito, onde os espíritos das crenças afros, os orixás, são cultuados, e concomitantemente, embriaguez, drogas e promiscuidade ocorrem para quem quiser ver. Não bastasse isso, zombarias com símbolos cristãos, e escárnios contra O Senhor, até, também desfilam nesses ambientes.
Salvaguardada, eventual boa intenção de alguém sincero, se, vista a coisa pelo prisma da prudência, do zelo e da sabedoria, ela não se firma.
Uma coisa é contextualizar, adotando linguagem semelhante a determinado grupo, suportando ambientes inóspitos, até; outra seria “lançar pérolas aos porcos, ou dar aos cães as coisas santas”, coisas que O Salvador disse que não devemos fazer.
Sabem as pessoas esclarecidas que, para certas “questões” o silêncio acaba sendo a melhor resposta; de igual modo, para determinados ambientes e manifestações, não compactuar nem se misturar acaba sendo a mensagem mais eloquente.
Não fomos chamados para parecer “legais” aos ímpios; antes devemos ser como sal e luz; eloquentes ao paladar e aos olhos, invés de camuflarmos Cristo de diabinho, para parecermos inofensivos.
Outra coisa: Seriam esse “bloqueiros góspeis” tão ciosos da necessidade de pregação do Evangelho em todos os dias, que não aceitariam ficar nenhum, sem o fazer? Ou, estariam se misturando à festa profana, com um pretexto evangelístico para matar a saudade? Se o zelo evangelístico dos tais também acaba na quarta-feira de cinzas, eles próprios sabem que são fraudulentos.
Se, no prisma da interação social, devemos ser acessíveis a todos, independente das nossas diferenças filosóficas e espirituais, quando nosso relacionamento com O Pai está em escopo, uma escolha radical se faz necessária;
Paulo é categórico: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão tem a luz com as trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Ele disse: Neles habitarei, entre eles andarei, Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo; por isso, saí do meio deles e apartai-vos, diz O Senhor, não toqueis nada imundo e Eu vos receberei; Eu serei para vós, Pai, e sereis para Mim, filhos e filhas, diz O Senhor, Todo Poderoso.” II Cor 6;14 a 18
Pois, o fiz-me de tudo para com todos, certamente não abarca a ideia de me fazer como o drogado, o promíscuo, o profano, ou o ébrio, para “ganhar” aos tais.
Não foi quando na esbórnia que o Filho Pródigo recobrou a luz e o siso que precisava; mas, depois, quando o calor dela arrefeceu, e as consequências das escolhas pretéritas assomaram. O carnaval é um culto, e não é dedicado a Deus.
Se, circunstâncias alheias à sua vontade levarem alguém que teme ao Senhor e peregrinar por lá, sentir-se-á estrangeiro, sem motivos para cânticos, como os judeus no cativeiro. “Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?” Sal 137;4
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