sábado, 24 de agosto de 2024

O Processo


“Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais dos sacerdotes para lhe entregar. Eles, ouvindo-o, folgaram, e prometeram dar-lhe dinheiro; buscava como O entregaria em ocasião oportuna.” Mc 14;10 e 11

Os religiosos a o pérfido Judas, confabulando para atentar contra a Vida do Senhor.

Estando acordados sobre o preço do “trabalho”; esperavam por um momento propício. Que tipo de situação era essa? “... os principais dos sacerdotes e os escribas buscavam como O prenderiam com dolo, e O matariam. Mas eles diziam: Não na festa, para que porventura não se faça alvoroço entre o povo.” Vs 1 e 2

Seria preciso que Ele fosse pego em flagrante delito; como? Estava decidida a sentença Dele já; pretendiam matá-lo. Faltava-lhes um pretexto que “justificasse.” A profecia que atinava a isso previra o “problema” deles. “Eles Me cercaram com palavras odiosas, pelejaram contra Mim sem causa.” Sal 109;3

A “ocasião oportuna” que poderiam esperar, pois, seria encontrar O Salvador apenas com os discípulos; assim o fizeram, quando Ele orava no Getsêmani. Quanto às acusações, o STF da época daria um jeito. “Discursos de ódio, Sinedriofobia, sedição contra César...” Qualquer coisa serviria. Achada a “falha” do Senhor, açodariam o povo contra Ele, requerendo a sentença. “Crucifica-o!”

Tiranias agem assim. Quando a casamata da hipocrisia sob a qual se abrigam, ameaça ruir, alguém lhes diz verdades incômodas, presto atacam o “problema”. A “solução”, nunca lhes é uma mudança de rumo, deixando a falsidade, se adequando às demandas justas; antes, a remoção do denunciante, aquele “perturbador” que atenta contra as liberdades, contra a “democracia”.

Tomam por debaixo dos panos, suas resoluções iníquas e escusas; se o fizessem à luz, poderiam sofrer objeções. Disfarçam a formação de quadrilha sob a névoa de benfeitores sociais. Superado esse risco de insurreição da plebe contra a injustiça que obram, então, convocam as multidões, devidamente manipuladas, para que vociferem por princípios retos, como se esses estivessem ameaçados, num emaranhado de barulho e efervescência emocional, sob o qual camuflam seus intentos assassinos.

Hoje, vemos os mesmos métodos safados de sempre. Meia dúzia de pilantras se amontoam aqui, acolá, e decidem entre eles, qual será a “vontade do povo”. Acaso, nossos representantes, depois de eleitos respeitam-nos? Basta ver o pífio Congresso que temos, com uma minúscula leva de exceções, para constatarmos que esse viés cretino, de diluir no todo, vícios de poucos, continua com a pujança de sempre.

Segundo especialistas em ritos processuais, mais de uma dezena de ilícitos foram cometidos no “julgamento” de Jesus. Isso não importava para os “defensores da justiça”; eles careciam se livrar do problema.

Esse era o mais incisivo “defeito” do Senhor. Por não comprar enlatadas as pretensões sistêmicas, as “justiças” derivadas do marketing, nem validar os louvores superficiais dos que se rendem às aparências, Ele desafiava cada um a olhar para si, encarar os fatos, a verdade. “... Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” Jo 8;7 disse certa vez, quando pretendiam apedrejar uma adúltera.

Tá certo que a verdade nos coloca em “saias justas”, quando falhamos. Mas, olhar para dentro de si, escutar a própria consciência, pareceu “justa” demais, àqueles. Invés de “matarmos” nossos descaminhos pelo arrependimento, por que não, matar quem os denuncia? Escolheram assim.

Urge que compreendamos isso, pra que O Inefável Sacrifício de Cristo seja eficaz para nossa salvação. Não basta que externamente pareçamos probos, sejamos “gente boa”; carecemos escutar o testemunho fiel, de quem não mente, nossas consciências, e à luz dessa, não vermos mancha.

Aquela “purificação” exterior, feita pelos sacrifícios que se oferecia na Antiga Aliança, era um tipo profético que apontava para outra, mais profunda, do íntimo da alma humana. “Porque, se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o Sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus Vivo?” Heb 9;13 e 14

Atualmente, Judas vende O Senhor a outros compradores; falsifica Sua Doutrina, emporcalha a verdade que Ele ensinou; dirige pesadas diatribes contra Jesus. Digo, os ministros probos, que, fiéis à verdade, O representam.

As falas de Judas são mais palatáveis. Muitos comem-nas para a própria perdição. “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

Cada um traz em si, um “Xandão” que arranja motivos para ser injusto. Cabe um pé na bunda desse ditador, para que nossas consciências flutuem, invés de rastejar.

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Necessária ousadia


“Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, O Altíssimo, tem feito para comigo.” Dn 4;2

Temos aqui, um “enclave” escriturístico. Os escritos eram arranjos de cronistas que reportavam as incidências mais relevantes do povo eleito; dessa estirpe, os livros históricos dos Juízes, Crônicas, Reis, Ester, Neemias; antes, a Lei, como eram chamados os livros iniciais dados mediante Moisés; parte, talvez, por Josué, ou algum escriba da vez. Os livros sapienciais, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares, compêndios de conselhos para vida, dos sábios; ou, os profetas. Fossem os chamados maiores, ou menores, em alusão ao volume dos seus escritos, eram sempre hebreus, os autores humanos, usados por Deus.

Entretanto, no capítulo 4 de Daniel, temos o escrito pelo rei babilônio, Nabucodonosor. Não obstantes todos os deuses caldeus, os relatos para a história que ele escreveu, respeitam ao “Deus Altíssimo”, do qual, teve conhecimento através de Daniel.

“Profetas” atuais, não raro, se lambuzam em lisonjas, antes autoridades ímpias, das quais esperam obter alguma vantagem; deveriam aprender, com Daniel. Embora cativo, agia com a independência espiritual que convém. Independência no que tange aos poderes terrenos; por se manter absolutamente dependente de Deus, e Sua vontade.

O Eterno dera um sonho ao orgulhoso monarca, cuja interpretação era dura. Seria humilhado por sete anos, comendo pasto no campo, com os animais, para que baixasse sua arrogante crista e entendesse quem governa.

Todos os “sábios” foram convocados; “não puderam” interpretar. Ou, bancaram os desentendidos, por mais afeitos às conveniências, que à verdade.

Óbvio que Daniel se perturbou, quando chamado a interpretar o sonho! Pegasse o rei de mau humor, poderia ser morto. Afinal, o megalomaníaco sentia-se um deus e estava na iminência de ser “promovido” a bovino. “Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por uma hora, seus pensamentos o turbavam; falou, pois, o rei, dizendo: Beltessazar, não te espante o sonho, nem sua interpretação. Respondeu Beltessazar, dizendo: Senhor meu, seja o sonho contra os que te têm ódio, sua interpretação aos teus inimigos.” V 19

Não podia evitar seus abalos emocionais; também não, pela sua fidelidade ao Santo, falsear com a verdade, usando subterfúgios, tentando dourar uma pílula que era verde, cor de pasto. 

Todos somos diuturnamente desafiados a escolher entre as rasas conveniências humanas, e a verdade; qualquer coisa diferente da verdade, malgrado, se adorne de eufemismos, a rigor, é mentira. E “ficarão de fora os mentirosos...”

Então, ousado, entregou a interpretação fiel; ainda exortou ao soberano para que se arrependesse em tempo de evitar o juízo. “Portanto, ó rei, aceita meu conselho; põe fim aos teus pecados, praticando a justiça, e às tuas iniquidades, usando de misericórdia com os pobres, pois, talvez se prolongue tua tranquilidade.” V 27

Que belo exemplo de idoneidade! Arriscar a vida, pelo amor à verdade. Que vergonha alheia dos que a falseiam temendo às críticas dos devassos. Muitos pastores, ditos “inclusivos”, não passam de covardes fugitivos, temendo mais aos homens, que a Deus. A Palavra ensina: “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Eu vos mostrarei a Quem deveis temer; temei Àquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; a Esse temei.” Luc 12;4 e 5

Ao rei descuidado, parecia mais importante a interpretação, como quem “mata uma charada” Divina, que, o teor do que estava sendo interpretado. Portou-se indiferente, como se, Deus O Altíssimo, não o pudesse confundir mais com enigmas, dado que “ele” tinha, em “seu reino” um homem da envergadura de Daniel. Ah, descuidado sonolento!

Infelizmente, muitos frequentam igrejas com a mesma indiferença de Nabucodonosor; onde, o desempenho do pregador é apreciado, como se ele fosse um artista em busca de performance, enquanto, o teor de sua pregação, acaba esquecido, desprezado. Natural, nesses casos, que invés dos verdes pastos e as águas tranquilas que O Sumo Pastor tenciona, acabem ruminado ervas ordinárias, na exclusão dos lugares santos.

Por escolherem a impiedade, alheios à Palavra do Senhor, por Ele, acabam banidos das congregações. Muitos se dizem “desigrejados” porque o sistema é ruim; quando são desgarrados do rebanho, porque seus corações são ruins, negligentes quanto ao que ouvem. “Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos. Porque O Senhor conhece o caminho dos justos; porém, o caminho dos ímpios perecerá.” Sal 1;5 e 6

A fidelidade encerra riscos. Contudo, pode garimpar testemunhos virtuosos, como fez Daniel, emulando o ímpio rei, a testemunhar, depois de passar pelo juízo previsto.

O Eterno não nos chamou para que fôssemos felizes na terra; antes, íntegros, ousados, verdadeiros. A ventura dos fiéis os espera no além, onde “... Deus limpará de seus olhos toda lágrima.” Apoc 7;17

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Os amigos de Deus


“Não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho feito conhecer.” Jo 15;15

A relação do Salvador com os discípulos era bastante estreita, sem segredos; foram tratados como amigos Dele.

Embora aquele que não nutre aversão nem deseja nosso mal, num sentido amplo possa ser considerado amigo, a amizade verdadeira é algo mais. Intimidade, companheirismo, confluência de valores, ausência de segredos.

Quem se atreve a uma relação assim, com Deus, certamente recebe contrapartida; O Eterno se apraz naqueles que O temem; “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes mostrará Sua Aliança.” Sal 25;14

O primeiro passo é a conversão, na qual, a inimizade que a vida pecaminosa demonstrava é apaziguada pela remissão e mediação de Cristo; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Não se trata de uma amizade entre iguais. Ele É O Criador; somos criaturas, que recebem a adoção de filhos, através dos Méritos de Cristo. Por essa distância abissal, natural que a amizade requeira um quê de serviço, de obediência ao que É Perfeito, como ensinou O Senhor: “Vós sereis Meus amigos, se fizerdes o que vos mando.” Jo 15;14

Mandou que não atuássemos segundo o mundo, que se lhe opõe; Tiago exorta: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;4

Seria insano supor que, teríamos intimidade com O Todo Poderoso, vivendo às nossas maneiras. Paulo diz: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Amizade verdadeira se preocupa com as necessidades daquele que estima. Isso está numa prateleira muito superior ao utilitarismo interesseiro que muitos presumem ser, o cristianismo. Não se trata de reclamar bens, posses, porque agora, somos amigos Dele; antes, de sermos gratos, porque Ele existe e nos é leal; malgrado, permita, quando lhe aprouver, que passemos por situações delicadas.

Ele não prometeu que nos livraria; antes, que sofreria conosco; pois aos Seus Olhos, é preferível que suportemos dores, privações, para infundir em nossas almas, a necessária têmpera, talhando-nos para a resiliência, na batalha pela preservação da vida espiritual. Então, diz: “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

Essa “prova de fogo”, visa expor aos nossos próprios olhos, nossa realidade espiritual; (Ele É Onisciente) quando nos prova, colateralmente, nos ilumina, deixando ver de quê, somos feitos no aspecto que conta para a vida; “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.” I Cor 3;11 a 14

Importemo-nos com o que agrada ao nosso Amigo; comecemos por confiar integralmente Nele e Sua Palavra; “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e é galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

Por essa qualidade, Abraão, o “Pai da fé” foi chamado de amigo do Altíssimo; “... creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, foi chamado, amigo de Deus.” Tg 2;23

Malgrado, o troante barulho dos ritos, a espetaculosa exposição nas vitrines da religiosidade, a maioria dos homens dos últimos dias, vive próxima a outras preferências afetivas; eles são, “Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que amigos de Deus.” II Tm 3;4

A amizade do Criador com o primeiro homem era notável; todos os dias o visitava no jardim para falar com ele. Mas, “... o intrigante separa os maiores amigos.” Prov 16;28 Dando crédito ao intrigante, o homem rompeu a relação.

A inimizade durou até a vinda de Cristo. Nele, quem quiser pode reconciliar. Ainda passeia pela terra, buscando fazer amizades; “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, com ele cearei, e ele Comigo.” Apoc 3;20

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Os zumbis


“Falamos sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.” I Cor 2;7 e 8

Há uma oposição diametral, entre “sabedoria” mundana, e Divina. Do ponto-de-vista de uma, a outra é loucura. Pois, está dito: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Os que se entregam sem reservas ao Senhor, também são reputados, loucos. “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem...” I Cor 1;18

Vestindo a carapuça, Paulo nos ensina: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação.” V 21

A Sabedoria do alto, por não carecer se preocupar em como fazer, (Deus É Onisciente) ocupa-se com o que, e por quê, fazer. Atrela-se mais a objetivos, que a métodos. Por isso o apóstolo disse que, se os religiosos de então, a tivessem conhecido, jamais teriam patrocinado a vergonha do Calvário.

Tiago descreve ambas as sapiências e seus contingentes: “Se tendes amarga inveja, sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja, espírito faccioso, aí há perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e bons frutos, sem parcialidade, nem hipocrisia.” Tg 3;14 a 17

Havia duas árvores no jardim; uma para a vida, se mantida a comunhão; outra, que patrocinava a autonomia, tendo a morte como efeito colateral, e a necessidade de aprender, mediante a ciência, o que seria desnecessário, mantida a relação.

Quando do juízo, O Criador, entre outras coisas disse: “Com o suor do teu rosto comerás o teu pão.” Não estava “amaldiçoando com o trabalho”, como concluem alguns mentecaptos preguiçosos; antes, entregando a responsabilidade de provisão do pão, ao homem.

Enquanto estavas submisso, Eu era responsável pela tua manutenção, e te faria saber o que necessitasses; como optastes pela independência, autonomia, terás que aprender o que receberias por revelação; de lambuja buscares teu pão. Mete o peito n’água e faz por ti. Usufrua tua independência, era o significado. Anexo a isso, a escolha do novo “Senhor”, emporcalhou a toda a criação. “... maldita é a terra por tua causa.”

Infelizmente o uso da ciência para fins amorais e imorais, está destruindo a centelha que restava, da origem do que fora criado à Imagem e Semelhança Divina. Se, no prisma moral e espiritual o pecado nos tinha distanciado do Criador, restava um potencial humano a ser desperto pelo ensino e emulação rumo à virtude, que ainda era útil para regeneração.

Agora que a ciência nas mãos malignas se ocupa de nos desumanizar, nos fazendo robotizados, pilotados pelas máquinas, estamos cada vez menos “salváveis”; digo, acessíveis ao Amor de Cristo, mediante O Evangelho.

Japoneses fabricam bonecas “humanas”, para fins íntimos; Elon Musk desenvolveu outra pela “Inteligência Artificial” capaz de ser companhia agradável com diálogos educados e inteligentes; Zukerberg trabalha nos óculos capazes de projetar hologramas, paras que tenhamos nossos amigos “conosco” quando quisermos. Cada vez mais coisificados, menos gente, nos tornamos.

Pior é que a “luz no fim desse túnel” é o nefasto trem na contramão. O Reino global do Anticristo, tecnológico, invasivo, tirano. Um holograma do Canhoto, ou similar, exigirá adoração global, e matará quem se negar a isso. Eis o clímax, da Árvore da Ciência! “Foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem falasse, e fizesse que fossem mortos todos que não adorassem a imagem da besta.” Apoc 13;15

Embora a “Besta” será um império global, um reino, terá diante dele uma pessoa, um líder que exigirá para si, coisas que pertencem a Deus.

No aspecto moral, com os rígidos gêneros biológicos, xx ou xy, a ciência não serve; cada um pode ser o que quiser. No prisma tecnológico com a anulação do humano em favor da máquina, viva a ciência! Quem precisa de Deus?

As máquinas nos estão matando; como o processo é indolor, e traz algum prazer aos zumbis, esses as buscam, como um viciado busca, à droga.

Em Babel Deus confundiu as línguas visando dispersar; em Pentecostes disponibilizou, para congregar os salvos em Cristo. Pela ciência, o canhoto isolou cada um em seu mundinho virtual, evitando possíveis contágios humanizantes. Paulo aconselhou a nos portarmos, “... tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência...” I Tim 6;20

terça-feira, 20 de agosto de 2024

"Profetas" Solitários


“Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te trarei, estarás diante de mim; se apartares o precioso do vil, serás como Minha Boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles.” Jr 15;19

Jeremias estava cansado da dura missão; mesmo agindo com integridade, era visto como um maldito, por uma sociedade avessa a Deus e Suas Leis. Parece que já existia então, a narrativa fajuta do “discurso de ódio.” “... Nunca lhes emprestei com usura, nem eles a mim; todavia, cada um deles me amaldiçoa.” V 10

Então, estava olhando meio de longe pra apostasia que denunciara sem resultados. Chegou a pensar que fizera sua pregação no lugar errado falando com pessoas sem influência, sem poder de decisão; então, foi aos lugares “altos” com o mesmo resultado; “Eu, porém, disse: Deveras estes são pobres; são loucos, pois não sabem o caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes e falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus; mas estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” Cap 5;4 e 5

Não sofria por meros anseios de ser aceito como profeta idôneo, que era; o que o entristecia era o fato de que ele sabia onde a rebelião levaria seu povo. Vidas e riquezas seriam perdidas; por fim, acabariam em cativeiro. “Tuas riquezas e teus tesouros entregarei sem preço ao saque; isso por todos os teus pecados, mesmo em todos os teus limites. Te farei passar aos teus inimigos numa terra que não conheces; porque o fogo se acendeu em Minha ira e sobre vós arderá;” vs 13 e 14

“Nunca me assentei na assembleia dos zombadores, nem me regozijei; por causa da Tua mão, me assentei solitário; pois me encheste de indignação. Por que dura a minha dor continuamente, e minha ferida me dói e não admite cura? Serias Tu para mim como coisa mentirosa e como águas inconstantes?” vs 17 e 18
 

Ver a mão de Deus cumprindo às duras coisas que anunciei, não me foi motivo de alegria, como se eu precisasse de afirmação, defendeu-se; “... não me regozijei; por causa da Tua Mão, me assentei solitário.”

Se encontrava assim, como quem “joga a toalha”; havia desistido de acreditar que veria alguma mudança, por parte do seu povo. Nesse contexto O Eterno lhe disse: “... Se tu voltares, então te trarei, e estarás diante de mim...”. Magnífica liberdade de escolha, que O Eterno faculta! “Se tu voltares...” a decisão sobre isso, cabe a ti; “então te trarei” caso escolhas fazer Minha vontade, estarei junto contigo te capacitando, e tu “estarás diante de Mim.”

A decisão sobre ser ainda profeta ou não, Deus fez arbitrária, porém, o conteúdo da mensagem deveria vir Dele; “... se apartares o precioso do vil, serás como Minha Boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles.” Deus decide o que é precioso e o que é vil; ao profeta cabe a honrosa e dura missão de ser seu porta-voz. Em caso de conflito, lhe é vedado que "negocie” com a impiedade, como se, sua aceitação pessoal fosse tão, ou mais importante que a vontade Divina. “... tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles.”

Quanto, os adivinhadores precisam aprender como age um profeta de verdade! Esses que vaticinam, quedas de aviões, morte de famosos, coisas corriqueiras que, nenhum proveito trazem, a quem escuta, ainda precisam saber o mais elementar sobre profecia; sua origem é nobre, não, vulgar; “... aquele que tem Minha Palavra, fale-a com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor. Porventura Minha Palavra não é como o fogo, diz o Senhor, como um martelo que esmiúça a pedra?” Jr 23;28 e 29

Esses que saem de um vídeo ao outro em busca de eventos para “encaixar” suas profecias, deixam evidente que buscam seus interesses, não, os Divinos.

Se, como disse Salomão, “Não havendo profecia, o povo perece...” Prov 29;18 Isso por si só evidencia que a profecia veraz, é antes, uma correção de rumos de quem se desencaminha, que uma tentativa de adivinhação, antecipando coisas que presumivelmente acontecerão.

Muitos profetas que começaram bem, hoje estão alienados de Deus, assentados solitários; não, como Jeremias, com indignação pela dureza do povo; antes, solitários porque vertem suas mensagens de si mesmos, fizeram do “profetizar” um ministério. Então, se Deus não os usa, eles usam Deus, empurrando em Nome Dele, coisas que O Santo não ordenou.

Quem sabe, para alguns, ainda haja concerto; “Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te trarei, estarás diante de mim; se apartares o precioso do vil, serás como a Minha Boca...”

domingo, 18 de agosto de 2024

Inadimplentes mentais


“Não te preocupes com as minhas escolhas; afinal, meus boletos vêm todos em meu nome.”

Deparei com essa versão mais rebuscada do, “Não fales de mim, já que não pagas as minhas contas.”

Sempre tive uma ideia mais rasa, acerca da dura rotina de pagar pelos serviços de água, energia, Internet, e parcelas várias das compras no crediário. Para mim, além de ser natural que fosse eu a pagá-las, uma vez que, fui quem usufruiu dos serviços; sempre me soou mecânico, isso, como ir ao banheiro, pelo 1 ou pelo 2; quiçá permitir a “fuga” de uma flatulência, em rigoroso cumprimento da “Lei do ventre livre”. Nada de extraordinário, pois.

Mas, em vista dessas abordagens “filosóficas” do sentido, ou do “status quo” de quem tem em dia, as devidas contas, preciso reconsiderar.

Parece que quem não fica inadimplente nessas coisas elementares, se coloca num patamar acima da crítica, no qual, lhe assistem os direitos de ser e agir como lhe aprouver, mesmo sob o risco de ferir essa ou aquela suscetibilidade. Silêncio! O sujeito paga as suas contas! Já, quem estiver inadimplente...

Desculpem os que esposam esses argumentos tão rasos, mas, não somos tão obtusos assim. O que é uma atitude obscena, senão, uma violação contra o pudor de alguém? Uma injúria, senão uma ofensa contra a dignidade de um semelhante? Uma calúnia, senão, uma difamação em desfavor do próximo? Uma crítica, senão, uma apreciação criteriosa, da opinião, ou postura de outrem? Todas essas coisas e similares, fazem parte do dia a dia, e não envolvem, necessariamente, dinheiro, pagamento de contas ou coisas que os valham.

Seria, cada ser humano, um micro planeta que orbita em redor de moedas? Não existiriam outros valores a se considerar? A nossa inserção nas redes sociais, traz anexa a admissão de que nossas vidas sejam, ao menos em parte, públicas. Eventualmente alguém discordar de nossas escolhas, ideias, se essas forem expostas, parece-me a coisa mais natural do mundo. Atribuir-me coisas que não fiz, se alguém se atrever, estará dando um tiro no pé.

Também me assiste o direito de discordar de quem discorda de mim, desde que eu pense ter motivos para tanto, sem que, em nada, esse gládio na arena das ideias envolva dinheiro, nem careça de malcriações como “argumentos.”

Muitos se fazem ácidos críticos dos Alexandres de Morais e similares, com sua sanha ditatorial atentando contra a liberdade de expressão, sem perceberem suas “carecas” luzindo no mesmo espelho.

A única coisa que espero, acerca das ideias que posto é que, quem discordar, que o faça com certo respeito, no âmbito dos argumentos, não, dos ataques pessoais.

Certa vez convivi com uma pessoa “rebelde sem causa” que fazia da arte de me provocar, seu esporte favorito. Sempre que eu evocava a necessidade de disciplina, fosse para as coisas do cotidiano, fosse para as de âmbito espiritual, ela cantarolava um trecho de antiga música do Raul Seixas: “Faça o que quiseres, pois, é tudo da lei.” Aquilo me irritava, mas eu tinha que engolir o choro.

Um belo dia um sujeito que era doente mental, andejava pelas ruas em farrapos, às vezes seminu, se deu ao direito que “escrever” um volumoso número 2, bem na “pedra-capacho” de nossa porta. Ela ao abrir pela manhã deu de cara com aquilo recente, e o “benfeitor” andando a uma centena de metros já; irada esbravejou, xingando até à terceira geração do cagão.

Quando me convidou a participar da sua indignação, sarcástico respondi: Tudo certo. Ele agiu segundo a tua filosofia. – Como? – Faça o que quiseres, pois é tudo da lei! Ela quase desviou a ira contra mim, enquanto eu ria da situação abostada.

Em geral o ser humano é assim; quando as palavras estão na ponta da língua e podem ser usadas como chicotes, cada um “doma seu leão”. Quando alguma consequência retorna ao próprio seio, se irritam e despejam impropérios.

As “Wokepíadas” de Paris mostraram esse viés. Era proibida qualquer manifestação de cunho religioso; exceto, as oficiais, dos organizadores. Jesus Cristo foi bem didático sobre a necessária isonomia: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Há uma sala de espera das palavras, chamada consciência; lá, muitos males podem ser evitados, se fizermos uma honesta triagem íntima antes de falar.

Samuel Bolton, pregador puritano dizia: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.”

Assim, porque sou eu que pago as minhas contas, mesmo as dívidas verbais, serei prudente para não me endividar acima das minhas posses. Como diz um ditado hindu, “Quando falares, cuida, para que as tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio.”

A reconciliação


“O Senhor está longe dos ímpios, mas a oração dos justos escutará.” Prov 15;29

Deus ama a todas as Suas criaturas. Manda entregar a cada uma, um convite do Seu amor, para que venham a ser salvas mediante Cristo. Todavia, o fato do Seu amor ser inclusivo, universal, não torna o relacionamento, banal, comum; do tipo que possa ser regido à nossa escolha, “Deus como você o concebe”, dizem. Parece inocente, mas é um desdobramento da antiga sugestão do Capeta; vocês decidirão sobre o bem e mal, certo e errado.

Dessa “visão” errônea, miopia de espúria fonte, se originam monstrengos espirituais, como o ecumenismo, por exemplo. Todos os credos, por discrepantes da Palavra de Deus que sejam, antagônicos, até, estariam certos; ou, seriam aceitáveis. Afinal, todos estariam buscando a Deus, cada um à sua maneira. O Salvador É Categórico: “... Eu Sou O Caminho, A Verdade e A Vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6

Pela Sua Exclusividade e demandas santas, que as pessoas são avessas À Palavra de Deus; não poucos, chegam a adjetivar aos Santos Ensinos, como “discursos de ódio”; assim, quando se abrigam sob a casamata de crenças periféricas, não estão buscando Deus; antes, fugindo Dele. Camuflando isso com artifícios religiosos. Quem deu o primeiro passo para a reconciliação, foi O Eterno, malgrado, a culpa pela inimizade fosse humana.

Os profetas avisaram: “Porque eis que O Senhor está para sair do Seu lugar; descerá, e andará sobre as alturas da terra.” Miq 1;3 “Vendo que ninguém havia, maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; por isso Seu próprio braço lhe trouxe a salvação, Sua própria justiça O susteve.” Is 59;16

O Salvador, no pleno cumprimento do que fora prometido assegurou: “... Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” Jo 10;10

“Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19
Quando diz “o mundo” alude ao alvo do Seu objetivo; quando pontua, “A Palavra da reconciliação”, refere-se ao método. Não há espaço para termos alternativos. Ou voltamos à comunhão com Deus nos Seus termos, ou jamais retornaremos.

Assim, se Deus fez a Sua parte, cabe ao homem, agora, responder à altura, ao Divino chamado, para que a amizade seja refeita. O Salvador convidou: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;28 e 29

O descanso da alma, Nele, enseja uma paz tal, que já não carecemos sair por aí maquiando a rebeldia sob o disfarce da religiosidade; a Justiça de Cristo é atribuída aos injustos que se arrependem e submetem a Ele. Por Ele, apenas por Ele, o acesso ao Eterno é possível outra vez. Daí voltamos ao verso inicial: “O Senhor está longe dos ímpios, mas a oração dos justos escutará.”

Tendo deixado a impiedade autônoma, na qual vivíamos, sido abrigados sob a Justiça de Jesus Cristo, agora, seremos íntimos do Santo. Ele ouvirá nossas orações.

Pois, se O Altíssimo é inclusivo no que tange à difusão do Seu Amor, colocando-o alcance de todos, é seletivo quanto ao relacionamento. Sua mensagem amorosa é disponibilizada a quem quiser; “Pregai O Evangelho a toda criatura.” Porém, a aprovação não é tão abrangente assim: “Meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

Portanto, essa balela que tenta fundir coisas que não são fusíveis, equacionando o fato que Deus aceita e ama a todos, com a ímpia ideia que Ele aceita a tudo, é uma perversão maligna da Doutrina de Cristo.

Desde a Antiga Aliança, O Eterno pontua a barreira que atrapalha o relacionamento com Ele, e o fruir das Suas bênçãos: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado Seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; os vossos pecados encobrem Seu rosto de vós, para que não vos ouça. Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, vossos dedos de iniquidade; vossos lábios falam falsidade, a vossa língua pronuncia perversidade.” Is 59;1 a 3

As pessoas que recusam ao Divino chamado, não o fazem por aversão ao suposto “discurso de ódio”; antes, porque amam pecar, viver às suas ímpias maneiras. Ademais, o ódio nem é tão ruim assim; basta que esteja na prateleira certa. Nela, até Deus o tem; “Tu amas a justiça e odeias a impiedade...” Sal 45;7