quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Os zumbis


“Falamos sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.” I Cor 2;7 e 8

Há uma oposição diametral, entre “sabedoria” mundana, e Divina. Do ponto-de-vista de uma, a outra é loucura. Pois, está dito: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Os que se entregam sem reservas ao Senhor, também são reputados, loucos. “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem...” I Cor 1;18

Vestindo a carapuça, Paulo nos ensina: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação.” V 21

A Sabedoria do alto, por não carecer se preocupar em como fazer, (Deus É Onisciente) ocupa-se com o que, e por quê, fazer. Atrela-se mais a objetivos, que a métodos. Por isso o apóstolo disse que, se os religiosos de então, a tivessem conhecido, jamais teriam patrocinado a vergonha do Calvário.

Tiago descreve ambas as sapiências e seus contingentes: “Se tendes amarga inveja, sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja, espírito faccioso, aí há perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e bons frutos, sem parcialidade, nem hipocrisia.” Tg 3;14 a 17

Havia duas árvores no jardim; uma para a vida, se mantida a comunhão; outra, que patrocinava a autonomia, tendo a morte como efeito colateral, e a necessidade de aprender, mediante a ciência, o que seria desnecessário, mantida a relação.

Quando do juízo, O Criador, entre outras coisas disse: “Com o suor do teu rosto comerás o teu pão.” Não estava “amaldiçoando com o trabalho”, como concluem alguns mentecaptos preguiçosos; antes, entregando a responsabilidade de provisão do pão, ao homem.

Enquanto estavas submisso, Eu era responsável pela tua manutenção, e te faria saber o que necessitasses; como optastes pela independência, autonomia, terás que aprender o que receberias por revelação; de lambuja buscares teu pão. Mete o peito n’água e faz por ti. Usufrua tua independência, era o significado. Anexo a isso, a escolha do novo “Senhor”, emporcalhou a toda a criação. “... maldita é a terra por tua causa.”

Infelizmente o uso da ciência para fins amorais e imorais, está destruindo a centelha que restava, da origem do que fora criado à Imagem e Semelhança Divina. Se, no prisma moral e espiritual o pecado nos tinha distanciado do Criador, restava um potencial humano a ser desperto pelo ensino e emulação rumo à virtude, que ainda era útil para regeneração.

Agora que a ciência nas mãos malignas se ocupa de nos desumanizar, nos fazendo robotizados, pilotados pelas máquinas, estamos cada vez menos “salváveis”; digo, acessíveis ao Amor de Cristo, mediante O Evangelho.

Japoneses fabricam bonecas “humanas”, para fins íntimos; Elon Musk desenvolveu outra pela “Inteligência Artificial” capaz de ser companhia agradável com diálogos educados e inteligentes; Zukerberg trabalha nos óculos capazes de projetar hologramas, paras que tenhamos nossos amigos “conosco” quando quisermos. Cada vez mais coisificados, menos gente, nos tornamos.

Pior é que a “luz no fim desse túnel” é o nefasto trem na contramão. O Reino global do Anticristo, tecnológico, invasivo, tirano. Um holograma do Canhoto, ou similar, exigirá adoração global, e matará quem se negar a isso. Eis o clímax, da Árvore da Ciência! “Foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem falasse, e fizesse que fossem mortos todos que não adorassem a imagem da besta.” Apoc 13;15

Embora a “Besta” será um império global, um reino, terá diante dele uma pessoa, um líder que exigirá para si, coisas que pertencem a Deus.

No aspecto moral, com os rígidos gêneros biológicos, xx ou xy, a ciência não serve; cada um pode ser o que quiser. No prisma tecnológico com a anulação do humano em favor da máquina, viva a ciência! Quem precisa de Deus?

As máquinas nos estão matando; como o processo é indolor, e traz algum prazer aos zumbis, esses as buscam, como um viciado busca, à droga.

Em Babel Deus confundiu as línguas visando dispersar; em Pentecostes disponibilizou, para congregar os salvos em Cristo. Pela ciência, o canhoto isolou cada um em seu mundinho virtual, evitando possíveis contágios humanizantes. Paulo aconselhou a nos portarmos, “... tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência...” I Tim 6;20

terça-feira, 20 de agosto de 2024

"Profetas" Solitários


“Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te trarei, estarás diante de mim; se apartares o precioso do vil, serás como Minha Boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles.” Jr 15;19

Jeremias estava cansado da dura missão; mesmo agindo com integridade, era visto como um maldito, por uma sociedade avessa a Deus e Suas Leis. Parece que já existia então, a narrativa fajuta do “discurso de ódio.” “... Nunca lhes emprestei com usura, nem eles a mim; todavia, cada um deles me amaldiçoa.” V 10

Então, estava olhando meio de longe pra apostasia que denunciara sem resultados. Chegou a pensar que fizera sua pregação no lugar errado falando com pessoas sem influência, sem poder de decisão; então, foi aos lugares “altos” com o mesmo resultado; “Eu, porém, disse: Deveras estes são pobres; são loucos, pois não sabem o caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes e falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus; mas estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” Cap 5;4 e 5

Não sofria por meros anseios de ser aceito como profeta idôneo, que era; o que o entristecia era o fato de que ele sabia onde a rebelião levaria seu povo. Vidas e riquezas seriam perdidas; por fim, acabariam em cativeiro. “Tuas riquezas e teus tesouros entregarei sem preço ao saque; isso por todos os teus pecados, mesmo em todos os teus limites. Te farei passar aos teus inimigos numa terra que não conheces; porque o fogo se acendeu em Minha ira e sobre vós arderá;” vs 13 e 14

“Nunca me assentei na assembleia dos zombadores, nem me regozijei; por causa da Tua mão, me assentei solitário; pois me encheste de indignação. Por que dura a minha dor continuamente, e minha ferida me dói e não admite cura? Serias Tu para mim como coisa mentirosa e como águas inconstantes?” vs 17 e 18
 

Ver a mão de Deus cumprindo às duras coisas que anunciei, não me foi motivo de alegria, como se eu precisasse de afirmação, defendeu-se; “... não me regozijei; por causa da Tua Mão, me assentei solitário.”

Se encontrava assim, como quem “joga a toalha”; havia desistido de acreditar que veria alguma mudança, por parte do seu povo. Nesse contexto O Eterno lhe disse: “... Se tu voltares, então te trarei, e estarás diante de mim...”. Magnífica liberdade de escolha, que O Eterno faculta! “Se tu voltares...” a decisão sobre isso, cabe a ti; “então te trarei” caso escolhas fazer Minha vontade, estarei junto contigo te capacitando, e tu “estarás diante de Mim.”

A decisão sobre ser ainda profeta ou não, Deus fez arbitrária, porém, o conteúdo da mensagem deveria vir Dele; “... se apartares o precioso do vil, serás como Minha Boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles.” Deus decide o que é precioso e o que é vil; ao profeta cabe a honrosa e dura missão de ser seu porta-voz. Em caso de conflito, lhe é vedado que "negocie” com a impiedade, como se, sua aceitação pessoal fosse tão, ou mais importante que a vontade Divina. “... tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles.”

Quanto, os adivinhadores precisam aprender como age um profeta de verdade! Esses que vaticinam, quedas de aviões, morte de famosos, coisas corriqueiras que, nenhum proveito trazem, a quem escuta, ainda precisam saber o mais elementar sobre profecia; sua origem é nobre, não, vulgar; “... aquele que tem Minha Palavra, fale-a com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor. Porventura Minha Palavra não é como o fogo, diz o Senhor, como um martelo que esmiúça a pedra?” Jr 23;28 e 29

Esses que saem de um vídeo ao outro em busca de eventos para “encaixar” suas profecias, deixam evidente que buscam seus interesses, não, os Divinos.

Se, como disse Salomão, “Não havendo profecia, o povo perece...” Prov 29;18 Isso por si só evidencia que a profecia veraz, é antes, uma correção de rumos de quem se desencaminha, que uma tentativa de adivinhação, antecipando coisas que presumivelmente acontecerão.

Muitos profetas que começaram bem, hoje estão alienados de Deus, assentados solitários; não, como Jeremias, com indignação pela dureza do povo; antes, solitários porque vertem suas mensagens de si mesmos, fizeram do “profetizar” um ministério. Então, se Deus não os usa, eles usam Deus, empurrando em Nome Dele, coisas que O Santo não ordenou.

Quem sabe, para alguns, ainda haja concerto; “Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te trarei, estarás diante de mim; se apartares o precioso do vil, serás como a Minha Boca...”

domingo, 18 de agosto de 2024

Inadimplentes mentais


“Não te preocupes com as minhas escolhas; afinal, meus boletos vêm todos em meu nome.”

Deparei com essa versão mais rebuscada do, “Não fales de mim, já que não pagas as minhas contas.”

Sempre tive uma ideia mais rasa, acerca da dura rotina de pagar pelos serviços de água, energia, Internet, e parcelas várias das compras no crediário. Para mim, além de ser natural que fosse eu a pagá-las, uma vez que, fui quem usufruiu dos serviços; sempre me soou mecânico, isso, como ir ao banheiro, pelo 1 ou pelo 2; quiçá permitir a “fuga” de uma flatulência, em rigoroso cumprimento da “Lei do ventre livre”. Nada de extraordinário, pois.

Mas, em vista dessas abordagens “filosóficas” do sentido, ou do “status quo” de quem tem em dia, as devidas contas, preciso reconsiderar.

Parece que quem não fica inadimplente nessas coisas elementares, se coloca num patamar acima da crítica, no qual, lhe assistem os direitos de ser e agir como lhe aprouver, mesmo sob o risco de ferir essa ou aquela suscetibilidade. Silêncio! O sujeito paga as suas contas! Já, quem estiver inadimplente...

Desculpem os que esposam esses argumentos tão rasos, mas, não somos tão obtusos assim. O que é uma atitude obscena, senão, uma violação contra o pudor de alguém? Uma injúria, senão uma ofensa contra a dignidade de um semelhante? Uma calúnia, senão, uma difamação em desfavor do próximo? Uma crítica, senão, uma apreciação criteriosa, da opinião, ou postura de outrem? Todas essas coisas e similares, fazem parte do dia a dia, e não envolvem, necessariamente, dinheiro, pagamento de contas ou coisas que os valham.

Seria, cada ser humano, um micro planeta que orbita em redor de moedas? Não existiriam outros valores a se considerar? A nossa inserção nas redes sociais, traz anexa a admissão de que nossas vidas sejam, ao menos em parte, públicas. Eventualmente alguém discordar de nossas escolhas, ideias, se essas forem expostas, parece-me a coisa mais natural do mundo. Atribuir-me coisas que não fiz, se alguém se atrever, estará dando um tiro no pé.

Também me assiste o direito de discordar de quem discorda de mim, desde que eu pense ter motivos para tanto, sem que, em nada, esse gládio na arena das ideias envolva dinheiro, nem careça de malcriações como “argumentos.”

Muitos se fazem ácidos críticos dos Alexandres de Morais e similares, com sua sanha ditatorial atentando contra a liberdade de expressão, sem perceberem suas “carecas” luzindo no mesmo espelho.

A única coisa que espero, acerca das ideias que posto é que, quem discordar, que o faça com certo respeito, no âmbito dos argumentos, não, dos ataques pessoais.

Certa vez convivi com uma pessoa “rebelde sem causa” que fazia da arte de me provocar, seu esporte favorito. Sempre que eu evocava a necessidade de disciplina, fosse para as coisas do cotidiano, fosse para as de âmbito espiritual, ela cantarolava um trecho de antiga música do Raul Seixas: “Faça o que quiseres, pois, é tudo da lei.” Aquilo me irritava, mas eu tinha que engolir o choro.

Um belo dia um sujeito que era doente mental, andejava pelas ruas em farrapos, às vezes seminu, se deu ao direito que “escrever” um volumoso número 2, bem na “pedra-capacho” de nossa porta. Ela ao abrir pela manhã deu de cara com aquilo recente, e o “benfeitor” andando a uma centena de metros já; irada esbravejou, xingando até à terceira geração do cagão.

Quando me convidou a participar da sua indignação, sarcástico respondi: Tudo certo. Ele agiu segundo a tua filosofia. – Como? – Faça o que quiseres, pois é tudo da lei! Ela quase desviou a ira contra mim, enquanto eu ria da situação abostada.

Em geral o ser humano é assim; quando as palavras estão na ponta da língua e podem ser usadas como chicotes, cada um “doma seu leão”. Quando alguma consequência retorna ao próprio seio, se irritam e despejam impropérios.

As “Wokepíadas” de Paris mostraram esse viés. Era proibida qualquer manifestação de cunho religioso; exceto, as oficiais, dos organizadores. Jesus Cristo foi bem didático sobre a necessária isonomia: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Há uma sala de espera das palavras, chamada consciência; lá, muitos males podem ser evitados, se fizermos uma honesta triagem íntima antes de falar.

Samuel Bolton, pregador puritano dizia: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.”

Assim, porque sou eu que pago as minhas contas, mesmo as dívidas verbais, serei prudente para não me endividar acima das minhas posses. Como diz um ditado hindu, “Quando falares, cuida, para que as tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio.”

A reconciliação


“O Senhor está longe dos ímpios, mas a oração dos justos escutará.” Prov 15;29

Deus ama a todas as Suas criaturas. Manda entregar a cada uma, um convite do Seu amor, para que venham a ser salvas mediante Cristo. Todavia, o fato do Seu amor ser inclusivo, universal, não torna o relacionamento, banal, comum; do tipo que possa ser regido à nossa escolha, “Deus como você o concebe”, dizem. Parece inocente, mas é um desdobramento da antiga sugestão do Capeta; vocês decidirão sobre o bem e mal, certo e errado.

Dessa “visão” errônea, miopia de espúria fonte, se originam monstrengos espirituais, como o ecumenismo, por exemplo. Todos os credos, por discrepantes da Palavra de Deus que sejam, antagônicos, até, estariam certos; ou, seriam aceitáveis. Afinal, todos estariam buscando a Deus, cada um à sua maneira. O Salvador É Categórico: “... Eu Sou O Caminho, A Verdade e A Vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6

Pela Sua Exclusividade e demandas santas, que as pessoas são avessas À Palavra de Deus; não poucos, chegam a adjetivar aos Santos Ensinos, como “discursos de ódio”; assim, quando se abrigam sob a casamata de crenças periféricas, não estão buscando Deus; antes, fugindo Dele. Camuflando isso com artifícios religiosos. Quem deu o primeiro passo para a reconciliação, foi O Eterno, malgrado, a culpa pela inimizade fosse humana.

Os profetas avisaram: “Porque eis que O Senhor está para sair do Seu lugar; descerá, e andará sobre as alturas da terra.” Miq 1;3 “Vendo que ninguém havia, maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; por isso Seu próprio braço lhe trouxe a salvação, Sua própria justiça O susteve.” Is 59;16

O Salvador, no pleno cumprimento do que fora prometido assegurou: “... Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” Jo 10;10

“Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19
Quando diz “o mundo” alude ao alvo do Seu objetivo; quando pontua, “A Palavra da reconciliação”, refere-se ao método. Não há espaço para termos alternativos. Ou voltamos à comunhão com Deus nos Seus termos, ou jamais retornaremos.

Assim, se Deus fez a Sua parte, cabe ao homem, agora, responder à altura, ao Divino chamado, para que a amizade seja refeita. O Salvador convidou: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;28 e 29

O descanso da alma, Nele, enseja uma paz tal, que já não carecemos sair por aí maquiando a rebeldia sob o disfarce da religiosidade; a Justiça de Cristo é atribuída aos injustos que se arrependem e submetem a Ele. Por Ele, apenas por Ele, o acesso ao Eterno é possível outra vez. Daí voltamos ao verso inicial: “O Senhor está longe dos ímpios, mas a oração dos justos escutará.”

Tendo deixado a impiedade autônoma, na qual vivíamos, sido abrigados sob a Justiça de Jesus Cristo, agora, seremos íntimos do Santo. Ele ouvirá nossas orações.

Pois, se O Altíssimo é inclusivo no que tange à difusão do Seu Amor, colocando-o alcance de todos, é seletivo quanto ao relacionamento. Sua mensagem amorosa é disponibilizada a quem quiser; “Pregai O Evangelho a toda criatura.” Porém, a aprovação não é tão abrangente assim: “Meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

Portanto, essa balela que tenta fundir coisas que não são fusíveis, equacionando o fato que Deus aceita e ama a todos, com a ímpia ideia que Ele aceita a tudo, é uma perversão maligna da Doutrina de Cristo.

Desde a Antiga Aliança, O Eterno pontua a barreira que atrapalha o relacionamento com Ele, e o fruir das Suas bênçãos: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado Seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; os vossos pecados encobrem Seu rosto de vós, para que não vos ouça. Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, vossos dedos de iniquidade; vossos lábios falam falsidade, a vossa língua pronuncia perversidade.” Is 59;1 a 3

As pessoas que recusam ao Divino chamado, não o fazem por aversão ao suposto “discurso de ódio”; antes, porque amam pecar, viver às suas ímpias maneiras. Ademais, o ódio nem é tão ruim assim; basta que esteja na prateleira certa. Nela, até Deus o tem; “Tu amas a justiça e odeias a impiedade...” Sal 45;7

sábado, 17 de agosto de 2024

Além do ex


“Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;20 e 21

Estarem “livres da justiça”, não significa que, vivendo no pecado, não seriam julgados por isso; não é essa a ideia. Antes, nada tinham a perder, sendo injustos; pois, estavam já, espiritualmente mortos. Assim, suas vidas pecaminosas por absolutamente descompromissadas com a obediência, eram “livres”. Quem encontra a “Pérola de grande valor”, abdica de ser livre, daquele modo, pela ventura de ser servo de Cristo.

A simples demanda pelos frutos, na óbvia ausência deles, é já um argumento capaz de despertar os ouvintes, de modo a entenderem a retórica do apóstolo.

“...agora, (convertidos) vos envergonhais.” Não é próprio que nos envergonhemos de frutos, antes de dissoluções, erros, descaminhos.

São normais, motivos para vergonha, tendo vivido às nossas maneiras se, num venturoso dia tivermos um encontro com O Salvador. O contraste diametral, entre o aprendido Dele, e o antes vivido, será inevitável. Não por coincidência, a abordagem primeira do Evangelho é, “arrependei-vos!”

Tenho um pé atrás com as “conversões” de gente que se apresenta com ex isso, aquilo; faz da sua “nova vida”, um eterno recordar das coisas que fazia como satanista, traficante, assaltante, assassino, enfim, na impiedade pretérita.

Cada fala do “convertido”, traz algum feito de quando servia à oposição; o canhoto continua sendo o protagonista na vida do “nascido de novo”; O Senhor, eventual coadjuvante. Onde foi parar o necessário pejo?

No futebol se usa a expressão, a “lei do ex”; quando um jogador que atuou por determinada equipe, agora servindo a outra faz um gol contra seu antigo time. Pois, para esses saudosos do lixo, parece vigorar uma infinda lei do ex, onde deveria vigorar a novidade de vida.

Nosso passado de erros e serviço à oposição, deveria nos envergonhar; ser mencionado apenas, quando estritamente necessário, afinal, agora estamos em Cristo; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo.” II Cor 5;17 

Paulo ensina mais: “Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; vos renoveis no espírito da vossa mente e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” Ef 4;22 a 24

Mesmo eventuais frutos de quem, deveras, nasceu de novo, não devem ser motivos para “testemunhos” se, esses envolverem os lábios do próprio agente. A Palavra ensina: “Que um outro te louve, não, tua própria boca; o estranho, não os teus lábios.” Prov 27;2

Nosso testemunho de vida em Cristo, no tocante à nossa participação, deve ser visto, não, ouvido; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Se, mesmo as coisas meritórias, não devem ser motivos de muito barulho, por que o seriam, as vergonhosas? Verteriam essas de um masoquismo espiritual?

Quem muito excursiona aos dias do pecado, em repetidas menções ao que deveria ter sido deixado para lá, evidencia saudade, do que deveria sentir vergonha. Mesmo a vergonha é uma coisa boa, quando a causa requer. Como dizia o Batoré: “Pensa que é bonito ser feio?”

O Senhor denunciou Seu povo em determinado contexto, como incapaz, de, ao menos demonstrar essa “qualidade”, em face aos seus descaminhos: “... tu tens fronte de uma prostituta, não queres ter vergonha.” Jr 3;3

Paulo se dizia o principal dos pecadores, quando, para evidenciar a grandeza da Divina misericórdia, sem entrar em detalhes sobre as atrocidades que cometeu ao perseguir à Igreja. Falou oportunamente, o estritamente necessário.

A saudade dos pepinos do Egito levou muitos ingratos a chamarem o Maná de “alimento vil”, nos dias do Êxodo. O Salvador ensinou: “Porque, onde estiver vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.” Luc 12;34

Por que colocaríamos sobre a mesa, coisas que ficam melhor na gaveta da vergonha? Evitemos que isso contamine nossa caminhada; em Cristo convém buscarmos o devido crescimento em santificação, pela escolha da novidade de vida, com obras correspondentes; “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Não sei se, depressão é excesso de passado, ansiedade, excesso de futuro, como definiu alguém; mas, que essas coisas interferem no viver, para bem ou para mal, é inegável. Devemos andar, “... esquecendo-me das coisas que, atrás ficam, avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo...” Fp 3;13 e 14 Se evocarmos algo antigo, que seja por uma boa causa; para ter esperança.

A pérola do conhecimento


“Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus, e de Jesus nosso Senhor; visto como Seu Divino Poder nos deu tudo que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento Daquele que nos chamou pela Sua Glória e Virtude;” II Ped 1;2 e 3

O “inculto” Pedro; tanto quando desejou graça e paz aos destinatários da sua carta, quanto, quando afirmou que recebemos tudo o que respeita à vida e piedade, disse que isso se deu, pelo conhecimento de Deus e de Jesus Cristo.

Ele não era um homem letrado como Paulo e Lucas, por exemplo, mas, mero pescador; nem por isso esposou uma fé cega, sem entendimento acerca de Deus e Sua Palavra.

Admitiu sua dificuldade com textos mais profundos; “Falando disto, como em todas suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, igualmente, as outras Escrituras, para sua própria perdição.” Cap 3;16 Aludindo aos escritos de Paulo.

Malgrado, suas limitações, não pretendeu que a fé fosse algo tosco, a ser abraçada sem o devido entendimento, sobre o que ela abarca. O Próprio Salvador ensinara assim; “A vida eterna é esta: que conheçam, a Ti só, por Único Deus Verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” Jo 17;3

Entretanto, conhecer a Deus e a Jesus Cristo, não é termos na ponta da língua, as sentenças da Sua Palavra. Podemos saber capítulos de cor, e ainda sermos obtusos, nas coisas espirituais; pois, conhecer requer relacionamento, não, mero acúmulo de informações. Assim como, muitos partilham nas redes sociais, sentenças profundas, filosóficas ou espirituais, sem o mínimo contacto com elas, também se pode papagaiar sobre salvação.

Jesus especificou em quê, consiste, o conhecimento de Deus; “... Minha doutrina não é Minha, mas Daquele que Me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se falo de Mim mesmo.” Jo 7;16 e 17

O conhecimento aconselhado é experimental, não, intelectual. Quem fizer a vontade Dele, conhecerá. Claro que para isso, precisamos antes, saber qual é essa vontade. Todavia o mero saber não significa conhecimento; não o que esse texto, alinhado à Palavra de Deus, esposa.

Por isso, o que sabemos e professamos, deve estar de acordo com o que fazemos, sob pena de incorrermos no mesmo erro de certos “cristãos” citados por Paulo: “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda boa obra.” Tt 1;16

Cristo ensinou nossa necessária ruptura com o sistema mundano, para pertencer a Ele; “Dei-lhes Tua Palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não Sou do mundo.” Jo 17;14

O motivo pelo qual o mundo nos odeia, é porque recebemos à Palavra de Deus. Isso, necessariamente, nos indispõe com um sistema que vive alheio, quando não, refratário a ela.

Assim, para conhecermos experimentalmente, à vontade Divina, carecemos, “desconhecer” muito do que as pessoas fazem ao nosso lado; “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

A renovação do nosso entendimento não requer que pensemos melhor sobre determinadas coisas; antes, que deixemos nosso modo rasteiro de pensar, e sejamos imbuídos dos pensamentos Divinos, revelados em Sua Palavra; "Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8

Mediante Jeremias foi ensinado: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23

Interessante como essa sentença parece com o “tudo o que sei, é que nada sei”, do filósofo Sócrates.

Em suma, o preceito Divino traz: “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; Sua saída, como a alva, é certa; Ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” Os 6;3

Dos avessos que se recusaram, não foi pequeno o prejuízo; “Meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento...” Os 4;6

O Eterno deseja ser conhecido. Entretanto, será inútil pleitearmos por entendimento acerca da vereda da vida, se nela nos recusarmos andar. Saber das diretrizes necessárias é o primeiro passo; andar conforme elas, o venturoso caminho. “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” Jo 13;17

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Eleições

 

“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados pelos que gostam.” Platão

Sempre ouvi que religião, futebol e política, não se discute. Um parêntese necessário: Discutir equivale a debater, cotejar ideias, propostas; diferente do uso vulgar da palavra, como se, a discussão fosse uma briga ainda em fase de aquecimento.

Dito isso, voltemos à frase. Que futebol seja uma paixão superficial, pela qual, não vale a pena altercar, de acordo. Mesmo assim, muitos se engalfinham, apostam alto, fiados apenas em suas opiniões. Ora acertam, ora erram; sempre será assim.

Em questão de fé, essa envolve minha vida e a eternidade, segundo creio. Embora não tenha direito de impor minha visão a ninguém, tenho o dever de defender o que creio, com argumentos fundamentados, sempre que alguém, a ela opuser publicamente, ou mesmo em particular, coisas discrepantes.

Tolerar ao que crê de modo diverso, equivale a entender que ele tem o direito a isso; não a desfazer do que creio; tampouco, perverter à fé, acrescentando o suprimindo coisas, espúrias. O que é a apologética, senão, a defesa da fé, contra a intromissão de erros doutrinários? O que fez O Salvador com os religiosos da época, senão, debater, discutir com eles, pontuando seus erros?

Se, discrepâncias de opiniões no tocante ao futebol, posso deixar de lado, por irrelevantes, as atinentes à fé, respeitam à minha vida agora e no porvir; seria um estúpido se não discutisse em defesa dela, quando oportuno.

Nas questões políticas, a coisa é mais pertinente ainda. Está em jogo meu dinheiro, meu município, estado, país. Delas deriva o código de leis que estrutura a nossa sociedade; por ela, são geridos os municípios; a base da nação. 

Cada partido está inserido em determinado arcabouço ideológico, com o qual, nos identificamos, ou não. Não se trata de discutir preferências pessoais. Mais que as pessoas, as ideias que elas representam contam na hora da nossa escolha por representantes.

Infelizmente, muitos “servidores” porque foram guindados a determinado cargo, se sentem donos do município. Pretendem fazer dele um “gueto” particular, onde quem pensar diverso será preterido na assistência e em todas as vicissitudes que, cada cidadão ordeiro tem direito.

Um prefeito não é dono de nada; antes é empregado de todos. Embora beirando a uma ditadura, ainda somos uma república. Assim, qualquer um, do público, pode acusar à administração, quando ela falhar; essa, deverá recolher-se à condição de ré, no tribunal público e prestar os esclarecimentos devidos.

Esse negócio de ter que falar de política a boca miúda, temendo represálias é próprio de ditaduras. Ninguém precisa abrir seu voto, se não quiser; porém, se o fizer, merece ser respeitado da mesma maneira; ganhe quem ganhar, será um empregado do município, não um proprietário.

Tanto quem compra votos com fisiologismos, quanto, quem ameaça, tentando coagir o eleitor pelo medo, não é um democrata, e não merece respeito, nem cargo púbico. O voto de um cidadão esclarecido se conquista, não se compra, nem se coopta.

Na esfera municipal, a política respeita a coisas mais abrangentes ainda, que na estadual e federal. Por isso, a eleição que se avizinha é tão importante. Ela contratará gestores para os próximos quatro anos, para o nosso município. Precisamos, pois, ao escolher os representantes, estar certos que nossos escolhidos nos representam, deveras.

Pode acontecer que, nossas opções não sejam as vencedoras; mas um cidadão não deve tratar escolhas políticas como se fosse um jogo de futebol, do qual se diz, que, é mais importante vencer, do que jogar bem. Nesse caso, vencendo ou perdendo, o mais importante é votar bem. Segundo nossa consciência, e nosso alinhamento ideológico. 

As pessoas que se abrigam sob a mesma bandeira que nós, podem nos decepcionar, uma vez eleitas? Podem; são humanas e falhas, como nós. Todavia, sou responsável pelas minhas escolhas; pessoas falhas existem em todos os lados.

Gosto da alternância de poder; se o novo não trouxer melhorias, uma vez testado, a gente pode mudar na próxima. Não se trata de desmerecer o que já feito; mas, de tentar saber se, por outras mãos se pode fazer mais.

Carecemos da utopia de um município próspero, ousado. Isso requer que ele seja mais importante que as carreiras e as pretensões particulares de um e outro.

Para que nossa cidade se faça melhor, é necessário que nós, os munícipes melhoremos também; nos atrevamos para além do “mais do mesmo”. Me ocorre uma frase de Bernard Shaw: “Gosto de ver um homem se orgulhar do lugar onde vive; gosto de ver um homem viver, de modo que o lugar se orgulhe dele.”

Dirão que, abri o meu voto. Isso é um direito meu; não se discute.