sábado, 17 de agosto de 2024

Além do ex


“Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;20 e 21

Estarem “livres da justiça”, não significa que, vivendo no pecado, não seriam julgados por isso; não é essa a ideia. Antes, nada tinham a perder, sendo injustos; pois, estavam já, espiritualmente mortos. Assim, suas vidas pecaminosas por absolutamente descompromissadas com a obediência, eram “livres”. Quem encontra a “Pérola de grande valor”, abdica de ser livre, daquele modo, pela ventura de ser servo de Cristo.

A simples demanda pelos frutos, na óbvia ausência deles, é já um argumento capaz de despertar os ouvintes, de modo a entenderem a retórica do apóstolo.

“...agora, (convertidos) vos envergonhais.” Não é próprio que nos envergonhemos de frutos, antes de dissoluções, erros, descaminhos.

São normais, motivos para vergonha, tendo vivido às nossas maneiras se, num venturoso dia tivermos um encontro com O Salvador. O contraste diametral, entre o aprendido Dele, e o antes vivido, será inevitável. Não por coincidência, a abordagem primeira do Evangelho é, “arrependei-vos!”

Tenho um pé atrás com as “conversões” de gente que se apresenta com ex isso, aquilo; faz da sua “nova vida”, um eterno recordar das coisas que fazia como satanista, traficante, assaltante, assassino, enfim, na impiedade pretérita.

Cada fala do “convertido”, traz algum feito de quando servia à oposição; o canhoto continua sendo o protagonista na vida do “nascido de novo”; O Senhor, eventual coadjuvante. Onde foi parar o necessário pejo?

No futebol se usa a expressão, a “lei do ex”; quando um jogador que atuou por determinada equipe, agora servindo a outra faz um gol contra seu antigo time. Pois, para esses saudosos do lixo, parece vigorar uma infinda lei do ex, onde deveria vigorar a novidade de vida.

Nosso passado de erros e serviço à oposição, deveria nos envergonhar; ser mencionado apenas, quando estritamente necessário, afinal, agora estamos em Cristo; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo.” II Cor 5;17 

Paulo ensina mais: “Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; vos renoveis no espírito da vossa mente e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” Ef 4;22 a 24

Mesmo eventuais frutos de quem, deveras, nasceu de novo, não devem ser motivos para “testemunhos” se, esses envolverem os lábios do próprio agente. A Palavra ensina: “Que um outro te louve, não, tua própria boca; o estranho, não os teus lábios.” Prov 27;2

Nosso testemunho de vida em Cristo, no tocante à nossa participação, deve ser visto, não, ouvido; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Se, mesmo as coisas meritórias, não devem ser motivos de muito barulho, por que o seriam, as vergonhosas? Verteriam essas de um masoquismo espiritual?

Quem muito excursiona aos dias do pecado, em repetidas menções ao que deveria ter sido deixado para lá, evidencia saudade, do que deveria sentir vergonha. Mesmo a vergonha é uma coisa boa, quando a causa requer. Como dizia o Batoré: “Pensa que é bonito ser feio?”

O Senhor denunciou Seu povo em determinado contexto, como incapaz, de, ao menos demonstrar essa “qualidade”, em face aos seus descaminhos: “... tu tens fronte de uma prostituta, não queres ter vergonha.” Jr 3;3

Paulo se dizia o principal dos pecadores, quando, para evidenciar a grandeza da Divina misericórdia, sem entrar em detalhes sobre as atrocidades que cometeu ao perseguir à Igreja. Falou oportunamente, o estritamente necessário.

A saudade dos pepinos do Egito levou muitos ingratos a chamarem o Maná de “alimento vil”, nos dias do Êxodo. O Salvador ensinou: “Porque, onde estiver vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.” Luc 12;34

Por que colocaríamos sobre a mesa, coisas que ficam melhor na gaveta da vergonha? Evitemos que isso contamine nossa caminhada; em Cristo convém buscarmos o devido crescimento em santificação, pela escolha da novidade de vida, com obras correspondentes; “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Não sei se, depressão é excesso de passado, ansiedade, excesso de futuro, como definiu alguém; mas, que essas coisas interferem no viver, para bem ou para mal, é inegável. Devemos andar, “... esquecendo-me das coisas que, atrás ficam, avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo...” Fp 3;13 e 14 Se evocarmos algo antigo, que seja por uma boa causa; para ter esperança.

A pérola do conhecimento


“Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus, e de Jesus nosso Senhor; visto como Seu Divino Poder nos deu tudo que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento Daquele que nos chamou pela Sua Glória e Virtude;” II Ped 1;2 e 3

O “inculto” Pedro; tanto quando desejou graça e paz aos destinatários da sua carta, quanto, quando afirmou que recebemos tudo o que respeita à vida e piedade, disse que isso se deu, pelo conhecimento de Deus e de Jesus Cristo.

Ele não era um homem letrado como Paulo e Lucas, por exemplo, mas, mero pescador; nem por isso esposou uma fé cega, sem entendimento acerca de Deus e Sua Palavra.

Admitiu sua dificuldade com textos mais profundos; “Falando disto, como em todas suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, igualmente, as outras Escrituras, para sua própria perdição.” Cap 3;16 Aludindo aos escritos de Paulo.

Malgrado, suas limitações, não pretendeu que a fé fosse algo tosco, a ser abraçada sem o devido entendimento, sobre o que ela abarca. O Próprio Salvador ensinara assim; “A vida eterna é esta: que conheçam, a Ti só, por Único Deus Verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” Jo 17;3

Entretanto, conhecer a Deus e a Jesus Cristo, não é termos na ponta da língua, as sentenças da Sua Palavra. Podemos saber capítulos de cor, e ainda sermos obtusos, nas coisas espirituais; pois, conhecer requer relacionamento, não, mero acúmulo de informações. Assim como, muitos partilham nas redes sociais, sentenças profundas, filosóficas ou espirituais, sem o mínimo contacto com elas, também se pode papagaiar sobre salvação.

Jesus especificou em quê, consiste, o conhecimento de Deus; “... Minha doutrina não é Minha, mas Daquele que Me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se falo de Mim mesmo.” Jo 7;16 e 17

O conhecimento aconselhado é experimental, não, intelectual. Quem fizer a vontade Dele, conhecerá. Claro que para isso, precisamos antes, saber qual é essa vontade. Todavia o mero saber não significa conhecimento; não o que esse texto, alinhado à Palavra de Deus, esposa.

Por isso, o que sabemos e professamos, deve estar de acordo com o que fazemos, sob pena de incorrermos no mesmo erro de certos “cristãos” citados por Paulo: “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda boa obra.” Tt 1;16

Cristo ensinou nossa necessária ruptura com o sistema mundano, para pertencer a Ele; “Dei-lhes Tua Palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não Sou do mundo.” Jo 17;14

O motivo pelo qual o mundo nos odeia, é porque recebemos à Palavra de Deus. Isso, necessariamente, nos indispõe com um sistema que vive alheio, quando não, refratário a ela.

Assim, para conhecermos experimentalmente, à vontade Divina, carecemos, “desconhecer” muito do que as pessoas fazem ao nosso lado; “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

A renovação do nosso entendimento não requer que pensemos melhor sobre determinadas coisas; antes, que deixemos nosso modo rasteiro de pensar, e sejamos imbuídos dos pensamentos Divinos, revelados em Sua Palavra; "Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8

Mediante Jeremias foi ensinado: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23

Interessante como essa sentença parece com o “tudo o que sei, é que nada sei”, do filósofo Sócrates.

Em suma, o preceito Divino traz: “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; Sua saída, como a alva, é certa; Ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” Os 6;3

Dos avessos que se recusaram, não foi pequeno o prejuízo; “Meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento...” Os 4;6

O Eterno deseja ser conhecido. Entretanto, será inútil pleitearmos por entendimento acerca da vereda da vida, se nela nos recusarmos andar. Saber das diretrizes necessárias é o primeiro passo; andar conforme elas, o venturoso caminho. “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” Jo 13;17

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Eleições

 

“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados pelos que gostam.” Platão

Sempre ouvi que religião, futebol e política, não se discute. Um parêntese necessário: Discutir equivale a debater, cotejar ideias, propostas; diferente do uso vulgar da palavra, como se, a discussão fosse uma briga ainda em fase de aquecimento.

Dito isso, voltemos à frase. Que futebol seja uma paixão superficial, pela qual, não vale a pena altercar, de acordo. Mesmo assim, muitos se engalfinham, apostam alto, fiados apenas em suas opiniões. Ora acertam, ora erram; sempre será assim.

Em questão de fé, essa envolve minha vida e a eternidade, segundo creio. Embora não tenha direito de impor minha visão a ninguém, tenho o dever de defender o que creio, com argumentos fundamentados, sempre que alguém, a ela opuser publicamente, ou mesmo em particular, coisas discrepantes.

Tolerar ao que crê de modo diverso, equivale a entender que ele tem o direito a isso; não a desfazer do que creio; tampouco, perverter à fé, acrescentando o suprimindo coisas, espúrias. O que é a apologética, senão, a defesa da fé, contra a intromissão de erros doutrinários? O que fez O Salvador com os religiosos da época, senão, debater, discutir com eles, pontuando seus erros?

Se, discrepâncias de opiniões no tocante ao futebol, posso deixar de lado, por irrelevantes, as atinentes à fé, respeitam à minha vida agora e no porvir; seria um estúpido se não discutisse em defesa dela, quando oportuno.

Nas questões políticas, a coisa é mais pertinente ainda. Está em jogo meu dinheiro, meu município, estado, país. Delas deriva o código de leis que estrutura a nossa sociedade; por ela, são geridos os municípios; a base da nação. 

Cada partido está inserido em determinado arcabouço ideológico, com o qual, nos identificamos, ou não. Não se trata de discutir preferências pessoais. Mais que as pessoas, as ideias que elas representam contam na hora da nossa escolha por representantes.

Infelizmente, muitos “servidores” porque foram guindados a determinado cargo, se sentem donos do município. Pretendem fazer dele um “gueto” particular, onde quem pensar diverso será preterido na assistência e em todas as vicissitudes que, cada cidadão ordeiro tem direito.

Um prefeito não é dono de nada; antes é empregado de todos. Embora beirando a uma ditadura, ainda somos uma república. Assim, qualquer um, do público, pode acusar à administração, quando ela falhar; essa, deverá recolher-se à condição de ré, no tribunal público e prestar os esclarecimentos devidos.

Esse negócio de ter que falar de política a boca miúda, temendo represálias é próprio de ditaduras. Ninguém precisa abrir seu voto, se não quiser; porém, se o fizer, merece ser respeitado da mesma maneira; ganhe quem ganhar, será um empregado do município, não um proprietário.

Tanto quem compra votos com fisiologismos, quanto, quem ameaça, tentando coagir o eleitor pelo medo, não é um democrata, e não merece respeito, nem cargo púbico. O voto de um cidadão esclarecido se conquista, não se compra, nem se coopta.

Na esfera municipal, a política respeita a coisas mais abrangentes ainda, que na estadual e federal. Por isso, a eleição que se avizinha é tão importante. Ela contratará gestores para os próximos quatro anos, para o nosso município. Precisamos, pois, ao escolher os representantes, estar certos que nossos escolhidos nos representam, deveras.

Pode acontecer que, nossas opções não sejam as vencedoras; mas um cidadão não deve tratar escolhas políticas como se fosse um jogo de futebol, do qual se diz, que, é mais importante vencer, do que jogar bem. Nesse caso, vencendo ou perdendo, o mais importante é votar bem. Segundo nossa consciência, e nosso alinhamento ideológico. 

As pessoas que se abrigam sob a mesma bandeira que nós, podem nos decepcionar, uma vez eleitas? Podem; são humanas e falhas, como nós. Todavia, sou responsável pelas minhas escolhas; pessoas falhas existem em todos os lados.

Gosto da alternância de poder; se o novo não trouxer melhorias, uma vez testado, a gente pode mudar na próxima. Não se trata de desmerecer o que já feito; mas, de tentar saber se, por outras mãos se pode fazer mais.

Carecemos da utopia de um município próspero, ousado. Isso requer que ele seja mais importante que as carreiras e as pretensões particulares de um e outro.

Para que nossa cidade se faça melhor, é necessário que nós, os munícipes melhoremos também; nos atrevamos para além do “mais do mesmo”. Me ocorre uma frase de Bernard Shaw: “Gosto de ver um homem se orgulhar do lugar onde vive; gosto de ver um homem viver, de modo que o lugar se orgulhe dele.”

Dirão que, abri o meu voto. Isso é um direito meu; não se discute.

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Benditos frutos


“Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...” Mat 3;8 

Pensando na Parábola do Semeador, com seus quatro tipos de solo, onde apenas um frutifica com perfeição, em geral não nos detemos nos frutos que O Senhor espera.

Podemos crescer em conhecimento, e ministrar conforme os dons da Graça Divina em nós; anunciarmos a Palavra a muitos, quiçá, atrair a Cristo. Tudo isso é importante, mas, não supre ao primeiro fruto de devem produzir os que se pretendem, de Cristo. Arrependimento.

Grosso modo, nos entristecemos, eventualmente, porque falhamos, e só. Essa postura é a semente do arrependimento, não, o fruto. Se, apenas nos entristecermos a cada falha, isso se tornará rotina; sem a ousadia de uma ruptura com o pecado, nosso arrependimento será estéril; iremos de uma semente a outra, como as que caíram à beira do caminho e foram consumidas antes de frutificar.

O arrependimento requer algo mais que reconhecer: “Foi mal!” Demanda mudança de mentalidade, tristeza profunda por ter ofendido a Deus. A mera repetição de um “mea culpa” é como nos sacrifícios da Antiga Aliança, trazer nova oferenda a cada nova falha. A Palavra ensina: “Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados.” Heb 10;3

Mera rotina sem mudança de atitude, não passará de “comemoração” dos pecados. A Vontade de Deus para nós, não é uma coisa que, se O obedecermos será revelada; antes, está revelada para que obedeçamos. 

É um modo de vida segundo o Divino querer; pois, anela Ele, que sejamos santos; “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

O vero arrependimento muda nosso viver, numa ruptura com a rasteira maneira mundana, e nos alinha com Deus, pela obediência.

Tiago apresenta a “arte” de pecar, como se fosse uma gravidez, que vai da concepção, à gestação, até dar à luz; “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tg 1;14 e 15

O primeiro contacto, ver, sentir o desejo por pecar, gera a concepção do pecado em nós; a sofreguidão por ele derivada do desejo é a gestação; por fim, a consumação do pecado, invés de fazer nascer um pecadinho, traz à luz, a morte espiritual. Foi assim com Adão; “Quem te mostrou que estavas nu?”

Por isso, devemos evitar o primeiro contacto, para tolher que a sequência mortal se repita; pois, já pecamos em determinada área, e depois nos arrependemos; conhecemos o processo; devemos “abortar” esse assassino, o pecado, antes que nos leve ao mesmo lugar de sempre.

O Salvador ensinou a cortarmos o mal pela raiz: “Se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no Reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, ser lançado no fogo do inferno.” Mc 9;47

Enfim, nosso arrependimento frutifica quando, mais que nos entristecer no momento da falha, logra gerar em nós escrúpulos, quanto a tropeçar na mesma pedra, de modo a mortificarmos as más inclinações, por amor à saúde do relacionamento com Deus.

O risco é tratarmos o pecado como alguns viciados que, expostos em suas práticas viciosas, se defendem: “Paro a hora que eu quiser.” Como se tivessem total controle sobre aquilo. A suposta hora de parar nunca chega.

O pecado não é um anexo às nossas vidas. Se não tratarmos com a devida seriedade, se tornará senhor, subjugando seus servos à sua vontade. Pedro ensina: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se o último estado pior que o primeiro.” II Ped 2;20

Àqueles que vence, força a fazer o que não querem, como adverte Paulo: “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;17 a 20

Como o pecado vindo à luz, não traz um pecadinho, mas morte, o arrependimento frutificando, não traz mais, arrependimentos; ensina viver, de modo a não precisar se arrepender; em santidade.

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Segundo casamento


“Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a Lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.” Rm 7;4

Interessante alegoria usada por Paulo. Comparou a relação do homem com Deus a um casamento, ensinando que, o cônjuge, se tiver relação com outro enquanto casado será adúltero. Porém, morrendo aquele, estará livre para contrair novo matrimônio, sem impedimento ou culpa.

Assim, os que “Casaram com Deus” mediante a Lei dos dez mandamentos, tendo Cristo morrido a morte deles, foi como se eles também morressem; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

Se morreram para a Lei, pela morte de Cristo, ficaram livres da Lei, podendo “casar de novo”, agora com Cristo. “... estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos...” 

Por isso, quando alguém se pretendendo cristão, ainda ensina segundo a Lei, não segundo Cristo, não é obediência que esse está evidenciando, antes, ignorância.

Paulo foi categórico e incisivo sobre isso: “Todos aqueles, pois, que são das obras da Lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da Lei, para fazê-las. É evidente que pela Lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.” Gl 3;10 e 11

Portanto, os que se dizem cristãos, mas esposam coisas da Lei, como a alimentação “santa” e a guarda do Sábado, estão “coxeando entre dois pensamentos”, extraviados entre Cristo e Moisés.

Um sabatista me esfregaria na cara uma dezena de versos onde se preceitua a observância do sábado, como se isso fosse necessário. Qualquer estudante mediano da Palavra sabe o que está escrito nela; porém, a interpretação sadia, do que ainda vige e do que foi superado, é mais uma questão de honestidade intelectual, que, de capacidade de entender o que está expresso com todas as letras.

“Dizendo Nova Aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, se envelhece, perto está de acabar.” Heb 8;13 “Mas agora temos sido libertados da Lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, não na velhice da letra.” Rom 7;6 “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; e tudo se fez novo.” II Cor 5;17 “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” Col 2;16 e 17 etc.

A doutrina da necessidade de guarda do sábado, para os cristãos, vem dos escritos de Ellen White, não da Bíblia. Os adventistas levaram isso tão a sério, que tratam o sábado como sendo o “selo de Deus”, e a observância do domingo, como a “marca da besta”. Colocaram todos os ovos num balaio só; quando ele cair, breve cairá, ficarão sem nenhum. 

A marca será uma senha obrigatória aos, “world citizens”, em tempo de governo global, e dinheiro digital. Sem ela não se acessará ao sistema, não se comprará nem se venderá. Quando for implantada, breve será, os adventistas ficarão sem discurso nenhum.

Muitos deles se ofendem porque alguém os definiu como uma seita. Ora, a melhor maneira de evidenciar que não são, seria agirem como não sendo. Mas eles não conseguem.

Para eles, os salvos são apenas os adventistas; alguns eventuais sinceros que perambulam por “Babilônia”, como chamam aos não adventistas, no devido tempo se tornarão um deles também. Assim, embora não expresso, fica implícito que, fora do adventismo, não existe salvação. Felizmente, será O Senhor que escolherá quem serve, e quem não.

Embora, ensinos como não ter outros deuses, honrar pai e mãe, não fazer imagens para adoração, não matar, furtar, adulterar, dar falso testemunho, continuem válidos, devemos fazer essas coisas como evidências do que Cristo fez por nós, não como substitutos à Sua remissão, como se, pudéssemos ser salvos pelas obras. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Nem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;8 a 10

Em Cristo estamos num “segundo casamento”, dentro do qual, as preferências do falecido, não importam mais. Pior, se voltarmos a elas, perderemos nosso cônjuge; “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela Lei; da graça tendes caído.” Gál 5;4

domingo, 11 de agosto de 2024

A Imagem de Lúcifer

“Aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém? Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.” Luc 13;4 e 5

Tendemos a julgar como se tivéssemos um “pecadômetro” que mensurasse quais erros são graves, mortais, e quais, não. O Catolicismo faz distinção entre pecados “capitais” e “venais”. A única distinção bíblica é a Blasfêmia contra O Espírito Santo, para o qual, não haverá perdão. Aos demais, sem arrependimento e mudança, a sentença é igual; “O salário do pecado é a morte.” Rom 6;23

Os erros diferem entre si em gravidade, mas para todos, o “remédio” é o mesmo: “... se não vos arrependerdes, perecereis.”

O Salvador encontrou uma sociedade ímpia, porém, parte dela religiosa, zelosa com o verniz, a aparência. Ele não fez distinção, entre os que precisavam se arrepender e os que não. Antes, nivelou a todos, na morte; os desafiou a ouvirem Sua Voz, para receber vida; “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus, os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25

Esse nivelamento por baixo, feriu aos brios dos “santos” de então. Afinal, havia meretrizes, publicanos, pecadores públicos, aqueles sim, precisariam se arrepender de seus pecados, os religiosos, não. Ledo engano. Para agravar a “injustiça” em dado momento Jesus lhes disse: “... publicanos e meretrizes entram adiante de vós no Reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não crestes; mas publicanos e meretrizes creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crer.” Mat 21;31 e 32

Qual era o “mérito” dos que entrariam no Reino? Se arrependeram, enquanto os religiosos sem noção, recrudesciam nas suas pretensões. A parábola do Fariseu e do publicano foi dada, justo para desfazer a ilusão, derivada dos “méritos” humanos. Que entendeu se arrepende, invés de se justificar.

Entre o religioso cheio de si, e o publicano cheio de culpas, mas contrito, esse foi perdoado; aquele, não. “Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;28 e 29

Agora muitos “profetas” estão alarmados, porque, em Gravataí, RS, está sendo exposta uma estátua de Lúcifer, tendo cinco metros de altura, para a “Igreja” do referido caído. Recém tivemos uma grande catástrofe e não aprendemos nada, vociferam alguns.

Ora, antes das enchentes foi feito o “Cristo Protetor” maior que aquele do Rio de Janeiro, em Encantado; qual a diferença entre um e outro?? Ah, mas um representa Cristo, outro, o Capeta. Não, ambos representam o Capeta. Um de modo mais explícito.

O veto a fazer imagens para culto, não faz distinção entre as que seriam boas, e as más. Todas são abomináveis aos Olhos do Santo. “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás...” Ex 20;4 e 5

Já ouvi padres dizendo: “Mas Deus mandou fazer dois querubins sobre a Arca, e uma serpente de metal.” E daí? Quando O Senhor ordena, para o propósito que ordenou, deve ser obedecido; nada além.

Alguns supõem que sofismas e A Palavra de Deus cabem na mesma sentença; ou, que ler cartas é igual a ler a Bíblia. Quem não aprendeu a distinção entre santo e profano, no âmbito espiritual, não sabe de nada.

Na pretendo, como gaúcho, amenizar nossas culpas; imensa maioria no nosso estado tem sido resiliente no mal, avessos a Deus e Seus ensinos. Porém, temo que nos demais rincões do país, não seja diferente. Em suma, estamos no mesmo barco, onde uns poucos se atrevem honrar a Deus, enquanto os demais, segundo o conselho do querubim caído, andam às suas errôneas e doentias maneiras.

Assim, parafraseando ao Senhor, ouso: Pensais que os cidadãos de Gravataí são mais pecadores que a média, porque na cidade deles se está erigindo um local de culto ao Capeta? Não vos digo; antes, senão vos arrependerdes, todos, de igual modo, morrereis.

Toda imagem cultuada, pequena, “santa” que seja, é uma desobediência coletiva, solene. “... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” Is 45;20 “Eu sou O Senhor; este é Meu Nome; Minha glória, pois, a outrem não darei, nem Meu louvor às imagens de escultura.” Is 42;8

“Reconhecemos um louco quando o vemos; não, quando o somos.”

sábado, 10 de agosto de 2024

Cavalos alados


Dado o trágico acidente da “Voepass”, ontem, no qual 62 pessoas perderam a vida num voo entre Cascavel e Guarulhos, que caiu na cidade de Vinhedos em SP, alguns, nas redes ressuscitaram o dito que, “avião só vira notícia quando cai”; para ilustrar que, quando fazemos as coisas certas passamos despercebidos; mas, se cairmos nalgum escândalo, também nos tornaremos visíveis.

Primeiro, meu sentimento de pesar a todos os enlutados por essa tragédia, e o desejo que Deus conforte e amenize, tanto quanto possível, a tristeza deles.

Há um quê de verdade nessa abordagem; porém, tem muito de lógica também. Pois, o que é normal, ordinário, não é preciso noticiar; a “omissão” nisso subentende que tudo está correndo bem. Assim, a não informação, de certo modo também informa. Até o silêncio tem lá sua eloquência.

Depois, a queda de um avião, não é de um avião, estritamente. Muitas vidas acabam se perdendo, e esse fato é que faz o acidente da aeronave, ser tão retumbante. Um avião, por moderno e tecnológico que seja, é só um bem material que pode ser reposto; vidas são bens eternos, cuja interrupção brusca não estava nos planos de ninguém, tais perdas precisam ser informadas.

De igual modo, nós; nosso andamento normal é o esperável. Eventual queda, o fato novo que fará as pessoas mencionarem nosso nome. Também nesse caso, a não informação sossega a quem nos conhece, sabendo que, seguimos mais ou menos segundo certa rotina.

A natureza humana, pela sua ímpia inclinação, tem melhor paladar para o vício que para a virtude; para acontecimentos trágicos, que para os venturosos. Basta ver o que a mídia noticia.

Talvez, sejamos comedidos nos apreços aos bons caracteres que conhecemos, e às boas ações, pela “certeza” que o reconhecimento que não tributamos agora, poderemos fazer em momentos futuros. Em muitos casos, o futuro nunca chega, uma vez que a fatalidade ceifa a vida que admirávamos e recusávamos a admitir, de público. Daí, chegado o “agora ou nunca” as pessoas despejam os méritos de quem partiu, todos de uma vez; como que, oprimidos por uma carga, precisam descansar um pouco. Desse hábito, o dito que, as pessoas ficam boas quando morrem.

Ou, onde a admiração é permeada por certa emulação, rivalidade, melindre, inveja até, silenciamos ante a voz de prisão dos nossos escrúpulos que lembram: “Tens direito de ficar calado; tudo o que disseres pode e vai ser usado, contra você”, pelo seu rival. Desse temor inconfesso, o dito de Machado de Assis: “Podemos elogiar à vontade, está morto.”

Na verdade, estamos full time no teatro da vida. Gostando ou não, em algum momento seremos “notícia” nos lábios alheios. O que podemos e se recomenda aos cristãos, é que vivam com correção tal, que, para se falar mal dos tais, seja necessário mentir.

Se lograrmos viver segundo essa estatura moral, ainda assim, nada garante que não falarão poucas e boas ao nosso respeito. No meu caso, quando falam mal de mim, adoto a seguinte filosofia: Se o falado for verdadeiro, eu estou mal, e careço mudar; porém, se for derivado de uma visão enferma, quem fala é que precisa tratar da própria miopia; deveria eu sofrer, pelas enfermidades alheias?

Não significa que a maledicência não incomode; a primeira reação sempre acende uma centelha de ira; por isso A Palavra de Deus ensina: “Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira repousa no íntimo dos tolos.” Ecl 7;9

Se, quando conhecemos algo, ou alguém, a primeira impressão costuma ser a mais marcante, quando avaliamos aos atos alheios, a segunda impressão tende a ser a mais sábia.

Infelizmente, muito do que se nomeia, “cristianismo” no ocidente, é uma espécie de cavalo alado. O discurso enverga as alvas e longas asas da transcendência, e a prática ainda é refém dos instintos animais básicos.

Eventualmente, gastamos nosso latim tentando dividir uma migalha espiritual; nossos ouvintes recusam o crescimento, por ainda demasiado presos, à esfera natural. Alguém disse: “Quando você aponta uma estrela para um imbecil, ele olha para a ponta do seu dedo.”

O afã doentio por ser notícia, ainda é o olhar mirando um dedo ao rés do chão, de quem deveria já ter se libertado dos aplausos e das vaias, porque esses não significam nada, além da febre de quem os produz.

Todo o tempo que desperdiçamos buscando aprovação alheia, poderia ter sido usado com excelência, se o empregássemos nos melhoramentos íntimos, que nos trariam aprovação de Deus. A alguns rasteiros O Salvador disse: “... Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15