quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Os desdoutrinados


“Não poderás sacrificar a páscoa em nenhuma das tuas portas que te dá o Senhor teu Deus; senão no lugar que escolher o Senhor teu Deus, para fazer habitar o Seu Nome, ali sacrificarás a páscoa...” Deut 16:5 e 6

Instruções do Senhor a Moisés, que ele transmitia ao povo. Antes do êxodo, a cada um fora ordenado que sacrificasse a páscoa fechado, dentro de casa, tendo passado o sangue do cordeiro nas portas e janelas; nas ruas estaria passando o Anjo da morte.

Depois daquela situação prática, a mesma cerimônia deveria seguir anualmente, então, em memorial pela libertação que O Senhor operara.

Se, inicialmente todos o fizeram cada um em sua casa, quando se tornou memorial, o ritual passaria por uma mudança; “Não poderás sacrificar a páscoa em nenhuma das tuas portas que te dá o Senhor teu Deus; senão no lugar que escolher o Senhor teu Deus, para fazer habitar o Seu Nome...”

Deus mudou? Não. A situação mudou. A primeira celebração era uma emergência, uma necessidade para salvação; a segunda e as subsequentes, eram um memorial, uma festividade recordando didaticamente o livramento do Senhor.

Embora cada um tenha sido salvo em sua casa em particular, a comemoração disso seria coletiva, congregacional, comum.

Uma lição que os desigrejados e desigrejandos poderiam e deveriam aprender. Apegam-se pontualmente ao ensino que cada salvo é “Templo do Espírito Santo”, para derivarem daí, “conclusões” que não passam de confusões.

“Igrejas somos nós”, versam airosos de suas “descobertas”. Igreja é o aportuguesamento de “Ekklésia” palavra grega para assembleia. Poderia alguém ser uma assembleia em particular? Nesse caso, pode ser igreja. Como diz o humorista André Damasceno, “alguns têm um jeito singular de falar no plural.”

Embora a salvação seja individual, os salvos devem conviver, congregar, edificarem-se mutuamente; é a vontade do Senhor. “Não deixando nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” Heb 10:25

Como faria sentido a diversidade de ministérios buscando a edificação, sem uma congregação para o devido exercício dos mesmos? “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, evangelistas, pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé...” Ef 4:11 a 13

Unidade da fé, (maturidade) deve ser atingida por todos, dentro do “Corpo de Cristo”, a igreja. Todavia, se cada um é uma igreja como versam os tais, já não há mais unidade a ser atingida. Levando seus argumentos às consequências necessárias, pois, muitos aspectos dos ensinos de Cristo e dos apóstolos precisam ser descartados.

Uma fúria paralela desses, se volta contra o dízimo que seria uma coisa da Lei, e Cristo trouxe a Graça. Será? Abraão e Jacó pagaram dízimos. A Lei veio uns quatro séculos após.

Seria a Graça tão graciosa, que teria liberado geral? Vejamos: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo...” Mat 5:21,22 A Graça mais severa que a Lei; “... Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” Mat 5:27,28 De novo, severidade maior.

Quanto à punição pela desobediência diz: “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da Graça?” Heb 10:28 e 29

A Graça fez por nós o que nos era impossível, acrescentou tempo para arrependimento que a Lei não previa, entretanto, trouxe responsabilidades muito maiores.

Quanto aos dízimos, O Salvador disse: “Deveis fazer essas coisas...” Mat 23;23 “Aqui (na Lei) certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, (em Cristo) porém, Aquele de quem se testifica que vive.” Heb 7:8

Certo que há muitos mercenários, mercadores da fé. Porém, a falta de caráter dos hipócritas mudará a eternidade para eles, não a doutrina para nós.

Além do suprimento das congregações, o dízimo honra, reconhece a grandeza daquele a quem o damos. “Considerai quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu dízimos...” 7:4

O Salvador ensinou que temos que escolher entre servir a Deus ou, às riquezas. Penso que muitos “zelosos” contra os dízimos, o fazem por inveja, não por zelo.

Os ensinos do Senhor são diáfanos; quem banca o obtuso, deve ter algum motivo para tornar opaco, o que é transparente.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Ataque às bases


“Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” Sal 11:3

Os fundamentos são a base de um edifício, ponte, casa... figuradamente, as premissas que sustentam uma ideia; valores cognitivos, lógicos, de uma filosofia, ideologia; os signos primários de um código de comunicação; todas essas coisas e similares, são suportes que sustentam, cada uma, o “peso” para o qual foi fundada, no âmbito da sua existência.

Tanto que, se alguém se expressar de modo desconexo, sem concatenar ideias, argumentos, sobre esses “apoios” presto se dirá que, falou sem fundamento. Não disse coisa com coisa.

No caso da língua portuguesa, as palavras se dividem inicialmente em dez classes; substantivo, verbo, adjetivo, pronome, artigo, numeral, preposição, conjunção, interjeição e advérbio. Salvo eventual licença poética, cada uma deve ocupar estritamente a função para a qual foi criada.

Mesmo dentro de sua classe, pode uma palavra ser destruída em seu sentido, pervertendo-se o significado. A preservação da identidade funcional de cada uma é indispensável, para que a comunicação se dê, sem “ruídos”, mal-entendidos, distorções.

Uma palavra que a sociedade deturpou e já aceita como normal sua nova significação, é “preconceito.” Basta alguém se dizer contrário à prática homossexual, para sofrer a pecha de preconceituoso, sem se atentar direito, para o real sentido da palavra.

Uma aglutinação de duas palavras; “pré”, antes; e “conceito”, juízo, parecer; sempre foi entendida e usada como nome de um juízo prévio, antecipado, precipitado. Ocorre quando alguém “julga” a outrem por algum fator periférico; etnia, idade, cor, gentílico... sem antes conhecer as atitudes.

Todas as atitudes são passíveis de juízo; pois, existem leis, ética, códigos de conduta que demandam certa postura, sob pena de transgressão.

O homossexualismo é um tipo de atitude, não um tipo de pessoas. A rejeição a essa é derivada de um conceito que se tem sobre a prática. Além dos preceitos bíblicos, temos fatores biológicos, sociológicos, psicológicos que sempre viram isso como anômalo. Essa balela que cada um pode ser o que quiser será veraz, no dia que uma mulher puder engravidar outra; ou, um homem puder conceber outra vida. Até lá, seguirá a biologia dando as cartas.

Não existe “pré-homossexual”, alguém só se torna um, quando pratica isso; também não existe adjetivação prévia possível. Ninguém pode ser julgado pelo que não fez. Porém, se aprendeu assentar tijolos é pedreiro; se fabrica pães é padeiro; se rouba é ladrão; se relaciona-se com pessoas do mesmo sexo é homossexual. São as escolhas que cada um faz, que lhe emprestam um “segundo nome”.

Embora não se faculte a ninguém agredir, vilipendiar, ofender, pessoas que assim agem, discordar das escolhas é um direito pacífico; não é preconceito. A lacração e a militância é que tentam destruir à palavra.

Para a mesma situação, criaram ainda a tal de “homofobia”; outra bosta de verbete estragado. Fobia em grego é medo, aversão. Dessa raiz temos palavras como, “claustrofobia”, (medo de lugares apertados) “agorafobia” (medo de falar em público); “aracnofobia” (medo de aranhas); etc.

Qual o sentido de se usar “homofobia” para nominar aos que são divergentes do comportamento homossexual? Nenhum. Discordamos da escolha deles, não temos medo nem aversão.

Se, algum deles buscar nossa ajuda, terá, sem problema nenhum, como já aconteceu comigo. Rejeitar a um comportamento, não é sinônimo de rejeitar uma pessoa.

Quem não lembra da tal “cura gay”? Ridicularizavam aos ministros evangélicos dizendo que eram proponentes da mesma. À luz da Palavra de Deus, que nos norteia, isso nunca foi doença. A Palavra nomina como “paixões infames”, “erro”, pecado.

Da mesma estirpe, mentiras, adultérios, roubos, cobiças... todos precisam da mesma “cura”; arrependimento para perdão, e abandono para permanência na fé.

Claro que é mais fácil mudar uma palavra que um comportamento. Todavia, o azul seguirá sendo azul, mesmo que, alguém decida que doravante será amarelo.

As coisas não passam a ser, ante O Absoluto, segundo os paladares relativos; Deus adverte-os: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, e da luz, trevas; fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” Is 5:20

Gula, vem deixando de ser pecado para virar “transtorno alimentar”; roubo, agora é “cleptomania”; pedofilia e zoofilia são meras “doenças”, cujos agentes precisam de tratamento; e por aí segue a máquina de destruir fundamentos, tentando minar pelas bases, o restinho de decência que teima em habitar alguns recantos da humanidade.

Para efeitos de imposição social, basta que a mídia e a maioria gritem a favor, como tanto têm feito. Porém, onde estarão esses patrocinadores dos vícios, no dia do juízo? “Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Ml 3:18

Deus na plateia


“Rejeitamos as coisas que por vergonha se oculta, não andando com astúcia nem falsificando a Palavra de Deus; assim, nos recomendamos à consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.” II Cor 4:2

Pequena receita que deveria ser encontrável na vida de todos os cristãos.

“Rejeitando as coisas que por vergonha se oculta...” O simples precisar ocultar algo, é já um testemunho interior de que isso é mau; que não deve ser feito. Como disse alguém: “Quer saber se os conselhos da noite são bons? Pratique-os durante o dia.” Zeferino Rossa.

Se, o simples olhar humano, parcial, imperfeito já reprovaria eventuais obras, como eu as praticaria diante de Deus? “A noite é passada, o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.” Rom 13:12

Alguns dizem: “Nada tenho a esconder; minha vida é um livro aberto.” Na maioria dos casos, “transparências” assim são evocadas, após cobranças interiores, das próprias consciências, dos que, escondendo algo, são incomodados. Quem deveras é transparente não precisa de marketing; apenas, transparece.

“... não andando com astúcia...” um desdobramento daquele que esconde coisas réprobas. Precisa uma imagem idônea para figurar em determinados ambientes, não a tendo, forja mediante astúcia, uma “fachada” aceitável; encena abraçar à virtude diante das luzes, enquanto, por trás, vive de braços e abraços com o vício.

Perante os homens, um teatrinho assim pode ter lá sua eficácia; porém, ante Aquele que sonda os corações, a hipocrisia apenas acrescenta mais um pecado, aos outros que o cioso das aparências, relapso quanto à saúde da alma, visa esconder.

“... nem falsificando à Palavra de Deus...” Quando chega a esse nível, o hipócrita já foi descoberto; “ingressa no Supremo” para defender sua ímpia ação. Forja a “aprovação Divina” para coisas que O Eterno já deixou patente que desaprova; esse traidor de si mesmo, seletivo nas porções bíblicas que esposa, faz vistas grossas ou despreza outras tantas, que a sadia interpretação deveria considerar.

Pouco importa o que as Escrituras digam sobre seus pecados favoritos; esse pecador religioso, convicto, dará um jeito de fazer parecer que Deus está consigo, como se essa demonstração fosse fruto de um “achado” Bíblico, não de uma maneira de se portar: “... àquele que bem ordena seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus.” Sal 50:23

A aprovação dos Céus tem a ver com um caminhar bem ordenado, não, com uma hábil manipulação da Palavra.

“... assim, nos recomendamos à consciência de todo homem...” para alguém ser recomendável à consciência, já não há espaço para encenações, aparências; virtudes abraçadas meramente em discursos. Aquele que evoca a própria consciência como tribunal de apelação para suas escolhas e atitudes, verdadeiramente pode, como Adão, “estar nu e não se envergonhar”. Ser visto exatamente como é, sem nenhuma atitude que precise ser oculta por ter ficado aquém do probo, digno, espiritualmente sadio.

Tendo Deus como o primeiro “Expectador” do seu desempenho no teatro da vida, certamente preferirá consertar seus erros mediante arrependimento, que maquiá-los via disfarces. Afinal, “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4:13

“... na presença de Deus...”
uma reiteração do já visto nos tópicos anteriores. Quem tem O Criador na “primeira fila” da plateia, se importará mais, com a aprovação Dele, que com a humana. Não obstante, a aversão dos maus, agir segundo Deus, não será uma coisa “fora da casinha” que escandalize aos homens; pois, as transformações que Ele opera em quem O Recebe, se fazem didáticas, visíveis, desejáveis, edificantes; “... muitos o verão, temerão, e confiarão no Senhor.” Sal 40:3

Logo, embora sabedores que “atuamos” perante O Senhor, também o fazemos diante dos homens; “não se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5:15 e 16

“... pela manifestação da verdade.”
Mais um reforço do que já foi dito. Só a mentira, a falsidade, precisam de esconderijos, subterfúgios, sofismas; a verdade por ser quem é, não carece se esconder. Certo que, num mundo onde a mentira grassa, como o atual, em geral a verdade se torna uma desmancha-prazeres. Ela não nasceu para dar prazer; antes, para dar nome as coisas e às ações.
Num sistema como o atual, que combate à virtude e acalenta o vício, quem abraça incondicionalmente a verdade, segundo Deus, necessariamente será perseguido. Entretanto, quem preza pelo “aplauso de Deus”, não dá a mínima para as vaias do mundo.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

A dieta cristã


“... se não comerdes a Carne do Filho do homem, e não beberdes Seu Sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come Minha Carne e bebe Meu Sangue tem a vida eterna...” Jo 6:53 e 54

Finalmente entendi porque, “fora da Igreja Católica não existe salvação.” Escutei hoje, baseado nos versos acima, que apenas a referida igreja serve o corpo e o sangue de Cristo aos fiéis, na Eucaristia.

Só eles teriam poder de “transformar” os elementos da ceia, de modo a se tornarem corpo e sangue de Cristo; como diz acima, sem comer um, e beber outro, não se tem vida. Assim, só pode acontecer lá.

Esse discurso “canibal”, assim entendido pelos que ouviram, e acharam duro demais, agora foi resolvido por um toque “mágico”; uma oração do sacerdote católico muda a essência das coisas; o “Corpo de Cristo e o Sangue”, ficariam mais deglutíveis. Só que não.

Todo estudioso mediano de hermenêutica, no capítulo dos “Métodos Literários Especiais”, aprenderá o que é literatura histórica, sapiencial, poética, escatológica... o que é parábola, símile, alegoria, metáfora...

De posse do necessário discernimento, não colocará os pés pelas patas, na hora de interpretar um texto, escrito nos referidos métodos.

No contexto imediato, O Salvador explicou aos assustados discípulos, como deveriam entender aquelas palavras; “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que vos digo são espírito e vida.” V 63

Não levem ao pé da letra; antes, entendam espiritualmente, como também prescreveu Paulo: “As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” I Cor 2:13

Os elementos distribuídos na Santa Ceia, “Eucaristia” para os católicos, não se transformam em nada. São apenas um memorial, apontando para o que Jesus fez em nosso favor. “Fazei isso em memória de Mim.” Ordenou.

“Comer Sua carne e beber Seu Sangue” é uma metáfora para nos identificarmos com Ele, em obediência ao Pai, até à morte, se necessário; ideia que Paulo desenvolveu: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6:3 e 4

Se a vida dependesse de se comer a “Carne” beber o “Sangue” de Cristo, os católicos estariam perdidos; pois, o “Sangue” apenas o padre bebe.

Noutra parte, invés de carne e sangue figurou Sua Doutrina como Água Viva, tendo a mesma eficácia: Vida eterna. “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte, que salte para a vida eterna.” Jo 4:14

Se, a vida é impossível sem a “Carne e o Sangue”, como então seria facultada através da água?

Ora, todos os minimamente entendidos sobre a relação de Deus com o homem sabem que Jesus Cristo É A Palavra de Deus encarnada; “O Verbo se fez carne e habitou entre nós...” Assim, “Comer Sua Carne” é uma eloquente metáfora, para se alimentar do Verbo, ou seja: Da Palavra.

O sangue foi vetado que se comesse, nesses termos: “Qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles, que comer algum sangue, contra aquela alma porei Minha face, e a extirparei do seu povo. Porque a vida da carne está no sangue...” Lev 17:10 e 11

Tendo Sua Carne como metáfora para a Palavra, e Seu Sangue como a Vida, fica fácil entendermos o que Ele quis ensinar, quando prescreveu a “comida e bebida” necessárias.

Se a vida adviesse meramente por participarmos de um ritual, qualquer patife poderia ter; não!! A salvação requer que tomemos a cruz; essa significa renunciarmos a todas as práticas que a Doutrina do Senhor desaprova, e vivermos como Ele viveria, estando em nosso lugar. “... quem de Mim se alimenta, viverá por Mim.”

Os que não mostram apetite pela Palavra, atrofiam, não crescem; qualquer dogmazinho de fundo de quintal, os envolve; “... vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento.” Heb 5:11 e 12

Todas as denominações têm seus problemas; mas, a Católica está descendo a ladeira de modo tal, que o comunismo e a ecologia parecem mais importantes que a salvação. O problema de ficar por muito tempo se “comer de Cristo” é que se perde o paladar e a noção.

Assepsia espiritual


“Se aquele que me trouxe novas, dizendo: Eis que Saul é morto, parecendo, porém, aos seus olhos que era como quem trazia boas novas, eu logo lancei mão dele, e o matei em Ziclague, cuidando ele que eu, por isso lhe desse recompensa. Quanto mais, a ímpios homens, que mataram um homem justo em sua casa, sobre a sua cama; agora, pois, não requereria eu o seu sangue de vossas mãos, não vos exterminaria da terra?” II Sam 4:10 e 11

Davi sentenciando à morte, Recabe e Baaná; pois, tinham assassinado a Isbosete filho de Saul, e levaram sua cabeça a Davi, imaginando fazer grande coisa.

A outro que levara a notícia da morte de Saul, Davi sentenciara à morte também, (não porque levara uma má notícia, isso faz parte) mas, porque fizera aquilo manifestando a efusiva alegria de quem traz boas novas; essa imprudência lhe custara a vida; “... Quanto mais, aos ímpios homens, que mataram um homem justo em sua casa, sobre sua cama...”

Se, o simples se alegrar com a morte de Saul custara àquele, sua vida, como trataria diferente a esses dois assassinos que mataram em sua cama, o filho do rei?

Apesar de que, Saul se comportara como inimigo de Davi, tentando matá-lo mais de uma vez, por inveja, não fez o mesmo o filho de Jessé; por duas vezes tivera Saul nas mãos e poupara-lhe. Sabia que a unção real de Saul fora escolha do Eterno; isso bastava para que não intentasse nada contra o rei, por temor do Senhor. Seu filho escreveria: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria...” Prov 1;7

Ah, se todo o governante se “vacinasse” desse modo, contra o assédio dos bajuladores, que, se apressam ao que não lhes foi ordenado, acoroçoados pela índole lisonjeira, buscando com isso, angariar favores!

Quantos “obreiros” que, ao ficarem sabendo de um deslize mínimo de um irmão, coisa que poderiam resolver sozinhos com uma exortação e um conselho; invés disso, fermentam a coisa, correm ao pastor, que tem alvos maiores e mais relevantes com que se ocupar.

O pastor que tiver discernimento, há de entender que o deslize do obreiro é maior que aquele que, ele poderia ter resolvido sem muito barulho. Devemos aprender com Davi, a cortar o mal onde ele nasce. Quando um ímpio assim, aparecer com a cabeça alheia debaixo do braço, possivelmente seja a dele que “deva rolar”.

Se o reinado de Davi começasse assim, iniciaria manchado de sangue inocente, com o rei “endividado” ante dois ímpios.

A casa de Saul fora rejeitada, e Davi era o escolhido do Senhor para reinar. Entretanto, sabermos de coisas assim, não nos autoriza a cometermos temeridade, injustiças, como se, a Vontade final de Deus, “justificasse” meios espúrios para sua realização. Como disse Abraão: “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” Gn 18:25

Rebeca mãe dos gêmeos, Esaú e Jacó sabia que o menor seria maior, fora lhe revelado; contudo, permanece o fato de que ela e Jacó trapacearam para iludir ao cego Isaque, no momento de abençoar os filhos. O Eterno não precisava daquela “ajuda”. Jacó aprendeu nos últimos dias da vida dele, quando foi sua vez de abençoar aos filhos de José.

Também pelas mãos dele, Efraim, o mais jovem foi posto acima do primogênito Manassés; Deus não usou nenhum jeitinho espúrio para isso.

José tentou interferir e corrigir o “erro”; “Vendo, pois, José que seu pai punha sua mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi mau aos seus olhos; tomou a mão de seu pai, para a transpor de sobre a cabeça de Efraim à cabeça de Manassés. José disse a seu pai: Não assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe tua mão direita sobre sua cabeça. (era usual que a bênção maior fosse do mais velho) Mas seu pai recusou, e disse: Eu sei, meu filho, eu sei; também ele será um povo, também será grande; contudo, seu irmão menor será maior que ele...” Gn 48:17 a 19

A Obra de Deus não possui fins tão “nobres” que justifiquem meios escusos; o quê, fazer e como fazer, contam; como diz um adágio popular, “um erro não conserta outro.”

Assim, quem usa meios espúrios para realizá-la, desacredite da aprovação Divina; Deus não usa calvos para anúncios de shampoos. Quem for chamado para anunciar às coisas santas, que viva segundo as mesmas coisas.

Então, para os eventuais ministros do Senhor, a receita é a que segue: “... sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis.” I Tm 3:10

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Vinho falso


“... Todo o homem põe primeiro o vinho bom; quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.” Jo 2:10

Jesus contrariando à “lógica” que, precipitada em busca de aceitação, maquia ao ordinário, para que ele pareça superior.

Há um dito que versa: “A primeira impressão é a que fica.” Será? Assim, acertaria quem colocasse o vinho melhor primeiro, e adormecido o paladar dos que bebem, servisse o ordinário. Acontece que, O Senhor não tem dois tipos de “vinho”.

Quem esforça-se para parecer o que não é, ante as pessoas, além de falso no trato, tem autocrítica; sabe o que é; mas visa disfarçar. A luz intelectual mostra-o como é, e o que deveria ser; ao desafio de mudar para ser, ou aparentar, prefere isso. “... os homens amaram mais as trevas que a luz...”

A impressão, servida nas vitrines comportamentais reflete como a pessoa deseja ser vista; não será essa impressão que ficará, necessariamente. Uma hora a máscara do “bom vinho” cairá.

O que são as decepções que as pessoas em nós geram, senão, uma “segunda opinião” dos fatos, quando o teatro das aparências “esquece” de funcionar? Daí surgiu outro ditado: “Para conhecermos devidamente alguém, devemos primeiro comer um quilo de sal, juntos.” Isto é: Assentar-se à mesma mesa, por longo tempo.

As pessoas espiritualmente maduras têm valores, aos quais são fiéis. Mais que desejam fazer boa figura em ambientes frívolos, desejam ser verdadeiras. Não raro, são tidas como antipáticas, pouco sociáveis, sisudas até; por não fazerem nenhum esforço, sequer subirem no palco das bajulações ordinárias, onde se exibem os que amam aplausos e aceitação incondicional.

Porém, surja uma adversidade no horizonte de um de seu convívio, ou, de um estranho até. Tendem esses, a ser mais solidários, atuantes que os bobos da corte do reino da falsidade. Os religiosos profissionais, e o “Bom Samaritano” ilustram.

O homem pautado por valores, é mais difícil ser agradado; tem opiniões próprias, a despeito do “senso comum”; costuma ser verdadeiro mais que agradável; apenas valores semelhantes lograrão sua admiração, simpatia. Aos demais, terá que fazer esforço para suportar.

Deus nos serve “bebidas amargas”, inicialmente, por causa do nosso estado espiritual. Fomos errantes desde sempre, dando asas a toda sorte de vícios; de repente ouvimos o chamado do Bom Pastor. Quantas coisas precisaremos deixar! hábitos, ambientes, companhias, vícios... nossa regeneração parecerá muito intensa, invasiva, dolorosa. Nada disso O Senhor faria, se não fosse necessário.

Ao primeiro contato com O Salvador, grande fardo de pecados é tirado de sobre o que se arrepende, numa mistura de alívio com dor; descanso para a alma pelo perdão recebido, e dor pelas renúncias necessárias, durante o processo de santificação. “Quem suportará o dia da Sua vinda? Quem subsistirá, quando Ele aparecer? Porque será como o fogo do ourives, como o sabão dos lavandeiros.” Ml 3:2 Os que acenam com salvação sem renúncias, nem dor, falsificam o vinho segundo os ímpios paladares.

Os primeiros goles do “vinho novo” que O Senhor traz, chegam amargos ao “paladar” estragado pelas comidas do maligno. A carne não suporta nem a ideia de obediência, tal o estrago nela feito; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rm 8:7

Sabedor disso, O Eterno preparou o devido receptáculo onde colocar Seu sumo: “Ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte, o vinho novo rompe os odres e entorna-se o vinho, os odres estragam-se; vinho novo deve ser deitado em odres novos.” Mc 2:22

Como o velho homem não pode “beber à Sua mesa”, O Senhor o faz novo: “... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3:5

O novo nascimento facultado por Jesus Cristo, traz junto o paladar espiritual, capacitando aos renascidos, a agirem dali em diante, como filhos de Deus; “... a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1:12

O que podemos, entretanto, nem sempre é o que queremos. O crescimento espiritual deriva de querermos nos exercitar nos domínios do espírito. A uns que assim não fizeram foi dito: “... devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os rudimentos das palavras de Deus...” 5:12

O paladar para a Palavra de Deus se adquire “bebendo”; pouco a pouco, passa a ser prazerosa a obediência e ainda nos lega discernimento, além do logro das aparências; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto, o mal.” 5:14

O Reino de Deus


“... O tempo está cumprido, o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho.” Mc 1:15

“... o tempo está cumprido...”
Embora Deus seja eterno, opera em relação a nós, segundo um vínculo com o tempo que Ele mesmo estabeleceu.

Sobre, “Esse Evangelho de Reino será pregado em todo mundo, para testemunho a todas as gentes, e então virá o fim”, muito ouvi gente ensinando que essa era a condição para a volta de Jesus; quando isso fosse alcançado, o fim se daria. “apressemos a vinda do Senhor”; exortavam, para que missionários fossem enviados. Me permito discordar.

O fim não está atrelado a isso, embora, a pregação seja Vontade de Deus e deva ser executada. O Salvador previu o que aconteceria, ordenou que se fizesse; mas, não colocou isso como condicionante, como um “relógio”.

Assim como, a primeira vinda tinha um tempo estabelecido: “... desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas;” Dn 9:25 sessenta e nove semanas de anos, ou seja: 483 anos desde aquele ponto assinalado. Paulo interpretou: “... vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho...” Gál 4:4 Ou seja: Deus “obedeceu” ao tempo que Ele mesmo determinara.

Também a segunda vinda tem seu tempo, segundo o propósito Soberano do Eterno. Quando os discípulos curiosos tentaram saber O Senhor respondeu: “... Não vos pertence saber os tempos ou estações que o Pai estabeleceu pelo Seu próprio poder.” Atos 1:7

“... o Reino de Deus está próximo...”
Sempre que um reino se estabelecia, havia guerras, conquistas sobre nações que se faziam tributárias da que impusera seu domínio. Foram assim, os babilônios, gregos, romanos... a simples ideia que um rei nascera, causou pavor em Herodes; mandou matar todos os possíveis candidatos, uma vez que ignorava a identidade dele. Então o estabelecimento de um novo reino, em geral, não era algo pacífico.

Diferente dos reinos humanos, o de Deus não veio destronar exércitos adversários, destruir, se impor. Os adversários a serem derrotados estavam dentro de cada um; “... O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque o Reino de Deus está entre vós.” Luc 17:20 e 21

“... Arrependei-vos...”
Chegamos, enfim, ao objetivo da conquista de Deus. O governo entregue ao homem por Satanás, “Vós sereis como Deus...” precisa ser renunciado; o homem deve abdicar da pretensão autônoma, em submissa obediência a Deus, caso queira fazer parte do Reino. “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me.” Luc 9:23 O ego impostor sai do trono, para que Jesus Cristo, O Rei dos Reis, se assente.

Os “soldados do reino” que vigiam minha obediência, não são visíveis; antes, atuam na consciência valorando escolhas.

Malgrado toda encenação, minhas respostas aí, é que definem se pertenço ao Reino, ou, não. “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Rom 6:16

A “farda” dos que pertencem a Reino de Deus, prioriza as “cores” da justiça; “... buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça...” Mat 6:33

“... crede no Evangelho.”
Como o primeiro homem creu na “notícia” do canhoto, que a desobediência não teria consequências, antes, traria um upgrade espiritual; desfeito o engodo, somos desafiados a crer em notícias melhores.

Agora que vimos pela cruz, o que a rebelião causou, e a que nível O Criador leva a obediência, se permanecermos na incredulidade, tendemos a piorar nossa situação.

Ofereceremos “matéria-prima” ao traidor mor, ele tolherá nosso entendimento, para que evitemos entrar na vida, como um vivo evitaria à morte. “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4:4

Embora, Evangelho signifique “boa notícia”, nas letras miúdas do contrato traz uma série de más, de consequências que a oposição trará contra os que creem. Aflições, calúnias, perseguições...

A boa notícia é que Cristo fez por nós o que não podíamos, nem merecíamos. Todavia, a Graça não é tão graciosa assim, que faça o que devemos, e fomos capacitados a fazer. “Vigiai, estai firmes na fé; portai-vos varonilmente, fortalecei-vos.” I Cor 16:13 “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor, na força do Seu poder.” Ef 6:10

O Reino permanece “invisível”; “Porque o Reino de Deus não é comida, nem bebida; mas, justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” Rom 14:17 Breve, o Rei voltará e situará devidamente a cada um.