quarta-feira, 27 de setembro de 2023

A angústia


“Se te mostrares fraco no dia da angústia, tua força será pequena.” Prov 24;10

Embora nunca desejemos o dia da angústia, ele é inevitável, dada a dualidade da vida; de luz e trevas, bênção e maldição, verdade e mentira, vida e morte, júbilo e angústia...

Podemos sofrer ataques externos, pelo que nossa vida representa no teatro social; onde, seremos detestados pelos que, se incomodam com eventual luz irradiando através de nós; “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por Minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos Céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5;10 a 12

Nesse caso, o preço a pagar por termos nos comprometido com Cristo. Tanto, quanto, mais intenso for nosso compromisso, mais acirrada será a manifestação da oposição. “... todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” II Tim 3;12

Também é comum alguém de índole justa se afligir, angustiar, ao ver a impiedade adjacente, estando impotente para mudar aquilo, como foi com Ló em Sodoma; “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias, sua alma justa, por isso via e ouvia sobre suas obras injustas;” II Ped 2;8

Podemos nos angustiar ainda, pelo instante anseio de que determinadas coisas aconteçam, as quais, supomos ser o melhor; em muitos casos, Deus as tolhe, e oportunamente, entendemos o motivo, no usufruto de bênçãos superiores.

Davi lutou com esses moveres íntimos, que, no seu dito, traziam abatimento de alma; disse: “Por que estás abatida, ó minha alma, por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois, ainda O louvarei pela salvação da Sua Face. Ó meu Deus, dentro de mim, minha alma está abatida; por isso lembro-me de Ti desde a terra do Jordão...” Sal 42;5 e 6

A Fidelidade Divina nos garante Sua Santa Presença, tanto, passando nós pela água, quanto, pelo fogo; Is 43;2 Entretanto, nem sempre nos apercebemos que “água e fogo” são metáforas, figuras de linguagem que tipificam os sofrimentos que nos trazem angústias.

Então, podemos fazer uma releitura, como fez Davi: “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.” Sal 46;1

Também acontece de nos angustiarmos sem um motivo definido que identifique o porquê; Saint-Exupery definiu à nostalgia como sendo “uma saudade, não sei de quê.”

Quem de nós jamais passou por situações assim, onde se afligiu, angustiou, sem saber direito o motivo? No caso de Davi, bem sabia a razão; “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a Face de Deus?” Sal 42;2

Porém, só pode sentir “saudade de Deus” aquele que, um dia O conheceu.

Há muitas almas infelizes, desejando o descanso que só Jesus Cristo pode dar, presas, numa mentalidade obtusa, numa religiosidade inútil, ou, num corpo viciado em pecados.

Se, naquele caso era saudade, nesse, é absoluta necessidade de Deus. “Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas. Porque Meu jugo é suave e Meu fardo é leve.” Mat 11;29 e 30

Diferente do que acreditam e ensinam alguns super crentes da praça, a fé em Cristo não nos dedetiza de modo a pairarmos acima dos problemas. Angústias fazem parte do pacote; “Tenho-vos dito isto, para que em Mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo.” Jo 16;33

O Eterno não tem prazer em nos afligir; “... não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens.” Lam 3;33

Todavia, não é o prazer, o motor de seu trato conosco, inicialmente; antes, o ensino; “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse Teus Estatutos.” Sal 119;71

Além do ensino pelas consequências das más escolhas, que Ele permite que soframos, aprendemos também a nos aproximar Dele, em busca de livramento; “Invoca-me no dia da angústia; Eu te livrarei, e tu Me glorificarás.” Sal 50;15

O inimigo costuma em seu sadismo assassino, içar suas velas conforme os ventos. Se, identificar alguém angustiado, tentará entrar nessa brecha sugerindo coisas abjetas; em muitos casos, até o suicídio, a sua “solução” mais radical.

Como disse John Kennedy, devemos reparar o telhado em dias de sol, não quando chove.

Assim a fé; sua valia maior é quando as coisas não vão bem; devemos buscar edificação nela, nas horas serenas, para que, nas provas, sejamos aprovados. 

Então, eventuais angústias que poderiam nos por a perder, nos aproximarão mais, Daquele que nos fará vencer. “... na angústia me deste largueza...” Sal 4;1

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

O que não pode mudar


“Porque nenhuma outra coisa vos escrevemos, senão as que já sabeis ou, também, reconheceis...” II Cor 1;13

Enquanto o mundo vive de novidades, escritos especulam o sentido disso, daquilo, inventos pipocam a cada dia superando aos antigos, novas “moralidades” se atrevem, tentando “desconstruir” a que foi sedimentada pela mão do tempo, a Palavra de Deus vive a “monotonia” do que é perene, eterno, inalterável. “Porque nenhuma outra coisa vos escrevemos, senão as que já sabeis...”

Pedro, igualmente: “Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais...” II Ped 1;12

No prisma da eficácia da Palavra, novidades devem brotar onde ela é semeada, “... como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6;4 Ainda: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram, e eis que, tudo se fez novo!” II Cor 5;17 etc.

No do conteúdo, nenhuma novidade deve se imiscuir, sob pena de incorrermos em juízo; Quando encerrou o Canon, O Senhor ressuscitado foi categórico: “... se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte do livro da vida, da Cidade Santa e das coisas que estão escritas neste livro.” Apoc 22;18 e 19

O resumo da ópera foi feito pelo Salvador: “... Por isso, todo escriba instruído acerca do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Mat 13;52

As que eram segundo os “... rudimentos do mundo, não segundo Cristo;” Col 2;8, a Própria Palavra se encarrega de ensinar como e quando foram superadas; os ritos da Antiga Aliança tiveram sua vigência, “Consistindo somente em comidas, bebidas, várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção. Mas, vindo Cristo, o Sumo Sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por Seu Próprio Sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.” Heb 9;10 a 12

Então, os melindrosos que, em seus escrúpulos seletivos se escandalizam com a pena de morte para certas coisas, no Antigo Testamento, enquanto defendem o aborto na atualidade, fingem não saber, que a Própria Palavra e os ensinos de Cristo mudaram o que Deus achou necessário; prorrogando o tempo, para que, os errados de espírito, encontrem lugar de arrependimento.

A Palavra do Eterno não carece de edição; muito menos, pelas mãos dos ímpios.

Se, pecados mais graves como prostituição, adultério, feitiçaria, blasfêmias... eram punidos com pena de morte, nada disso mudou; todo tipo de pecado, se, não remido pelos méritos de Cristo, conduz ao mesmo destino. “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Rom 6;23

Então, mudando o que deveria ser mudado, nada mudou. O esperável de um Ser Perfeito, como O Criador, é a perfeição, não a confecção de rascunhos, que devam ser finalizados por gente ímpia. “Jesus Cristo É O Mesmo; ontem, hoje e eternamente” Heb 13;8 “O céu e a Terra passarão, mas, minhas palavras não hão de passar.” Mat 24;35

Os defensores do “aperfeiçoamento”, da “atualização” da Palavra, apenas douram a pílula das perversões, como se, as coisas que já foram valoradas pela eternidade, pudessem ser revistas pela efemeridade. Farão isso; a Palavra valora suas atitudes também; “Os sábios são envergonhados, espantados e presos; rejeitaram a Palavra do Senhor; que sabedoria, pois, têm?” Jr 8;8

O que eles tentam pintar de aperfeiçoamento, A Palavra de Deus lê como, rejeição.
A eventuais sinceros que estejam confusos, a mesma Palavra aconselha: “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas...” Jr 6;16

Nos dias de Jeremias, as veredas antigas eram os ensinos conhecidos, então; Lei e profetas; hoje, os de Cristo superaram aqueles, facultando o eterno bem; “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de mim, que Sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;28 e 29

Embora irônico, todas as “novidades” nesse prisma, são velhas; são desdobramentos da mentira do canhoto, de que, o homem seria deus e decidiria as coisas por si mesmo. Pode soar agradável, mas, é letal. A mesmice da Palavra soa monótona, mas traz vida, e a renova, todos os dias.

domingo, 24 de setembro de 2023

O carro; os bois


“Não achando por onde o pudessem levar, por causa da multidão, subiram ao telhado, e por entre as telhas o baixaram com a cama, até ao meio, diante de Jesus. Vendo Ele a fé deles, disse-lhe: Homem, teus pecados te são perdoados.” Luc 5;19 e 20

Um paralítico levado de maca à presença de Jesus, para que fossem perdoados os pecados dele? O mal, visto pela perspectiva Divina é diferente do que vemos.

Nosso imediatismo, o desejo de ver as coisas acontecerem patrocina uma inversão, onde, a saúde do corpo, que é perecível, parece mais importante que a da alma, que é eterna.

Claro que O Salvador sabia o motivo pelo qual levaram o paralítico até Ele! Sem se negar a curar, começou pelo que era mais importante; a remoção dos pecados.

Alguém curado de um câncer, pode morrer de infarto, cirrose hepática, falência dos órgãos, acidente, etc. A cura de uma enfermidade, ainda que milagrosa, é um bem, pontual; enquanto, a salvação de uma alma, mediante remissão de pecados é um bem de valor eterno.

Apesar de ter feito o que é impossível ao homem, perdoar pecados, O Senhor não conseguira vencer o ceticismo dos religiosos que o rodeavam; invés de compreenderem diante que quem estavam, preferiram julgar a partir de suas medíocres possibilidades, supondo ser blasfema, fraudulenta, a pretensão do Salvador.

Ciente que a capacidade deles não ia além do pífio alcance dos olhos, O Salvador foi além: “Para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti, digo: Levanta-te, toma tua cama, e vai para tua casa. E, levantando-se logo diante deles, tomando a cama em que estava deitado, foi para sua casa, glorificando a Deus.” Vs 24 e 25

Não obstante a eloquência desse exemplo, e o clamor de tantos ensinos a respeito, sobre o que é mais importante, (Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.) a prioridade do latente, sobre o transcendente, da cura invés do da salvação, permanece. Não aprendemos nada.

Você duvida? Façamos um teste: Em determinada igreja estará um conceituado pregador para falar sobre a salvação; noutra, na mesma cidade, estará um famoso ministro com dons de curar toda sorte de enfermidade. Ambos os eventos devidamente anunciados, carros de som, apelos, “venha buscar sua bênção!” Onde a imensa maioria do povo irá?

Não creio que seja preciso responder. Correrão todos por um “anel” ignorando a perda dos dedos que se avizinha. Colocarão o peso no que é efêmero e desprezarão o que tem valor eterno.

O “abençoado” por um curandeiro desses pode sair por aí a plenos pulmões testificando o que “Jesus” fez. Um salvo, que, tendo nascido de novo adotou nova forma de viver, será uma testemunha viva do que Jesus Cristo fez e faz todos os dias em sua vida. Sua transformação terá a eloquência de uma mensagem; “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

Quer dizer que O Senhor não cura? Não! Significa apenas, que não é essa a prioridade Dele. Como nos ama, em atenção à fé dos que creem e lhe obedecem, O Senhor socorre, muitas vezes, sem necessidade de um “especialista”, que, em muitos casos, são fraudes.

A fé não deriva dos milagres; é o contrário. A pessoa crê e se submete, para a salvação; depois, do “perdoados estão os teus pecados”, pode receber outros milagres menores, do Senhor. “Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer será condenado. Estes sinais seguirão aos que crerem...” Mc 16;16 e 17

Curas, por grandiosas que sejam, são menores que salvação. Por qual delas O Senhor precisou morrer para poder efetuar? Não fez inúmeras sinais, ressuscitou mortos, até, estando Ele, vivo? Pois, para nos dar salvação, precisou morrer. Isso deveria bastar como explicação acerca do que é mais importante.

Ademais a cura nem sempre amolece ao coração endurecido pelo pecado. O Senhor curou a dez leprosos e apenas um voltou para adorá-lo agradecido.

Para receber uma basta estar doente; se, O Senhor quiser curará mesmo ao que não crê; porém, para receber salvação é preciso contrição, arrependimento, mudança de vida; embora ela esteja proposta a todos, não é para qualquer um. É para os que ousam tomar suas cruzes.

Nas filosofias de botecos se diz que não devemos colocar o carro adiante dos bois; contudo, nas coisas essenciais, a maioria faz assim.

sábado, 23 de setembro de 2023

Mistura inflamável


“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à Graça de Cristo para outro evangelho;” Gál 1;6

Por que somos tão rápidos em mudar rumo ao erro, e resilientes, tardios, quando a mudança proposta é atinente à virtude? Talvez, porque “morro abaixo, todo santo ajuda”, como se diz vulgarmente.

Rumo à perversão a carne encontra seu caminho livre, porque essa é sua natureza; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus...” Rom 8;7

Mudanças “para cima” demandam renúncias, submissão, cruz. O comodismo suicida patrocina rumo ao mais fácil; enquanto, a sobriedade, desafia a suportarmos o custo das coisas, em vista do que está em jogo. Por mirar nessa brecha, as mensagens dos falsos profetas soam mais palatáveis que a dos mensageiros idôneos.

A perplexidade de Paulo fora pela rapidez da mudança; “... tão depressa...” observou ele.

Não houvera uma troca de Evangelhos, estritamente; antes, uma ressignificação, que, desfigurara a mensagem original; “O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o Evangelho de Cristo.” V 7

Os judaizantes tentavam fundir Lei e Graça, amalgamar numa só, coisas distintas, e com funções diferentes. A Lei viera para manifestar os pecados; Cristo com Sua Graça, para removê-los.

A distinção ritual entre judeus e gentios já não fazia sentido; “Porque Ele (Cristo) é a nossa paz, o qual, de ambos os povos fez um; derrubando a parede de separação que estava no meio.” Ef 2;14

Não era necessário, tampouco, hoje é, judaizar aos que se convertem; judeus e gentios devem se santificar; se separar do mundo, em submissão ao Senhor.

O judaísmo fora rejeitado, não por surgir uma nova ideia no Divino pensar; antes, pelos frutos que produzira; “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel; os homens de Judá são a planta das Suas delícias; esperou que exercessem juízo, eis aqui opressão! justiça, eis aqui clamor!” Is 5;7

Para contraponto a essa vinha degenerada que O Salvador disse, de si mesmo: “Eu Sou a Videira Verdadeira, Meu Pai É O Lavrador. Toda a vara em Mim, que não dá fruto, a tira; limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais.” Jo 15;1 e 2

Se, injustiça e opressão foram motivos para rejeição do judaísmo, por parte do Senhor, igualmente o serão em relação a nós, se, nessas viermos a errar. O propósito do Eterno permanece o mesmo, no que tange aos Seus; “Não escolhestes a Mim, mas Eu vos escolhi e nomeei, para que vades e deis fruto, e vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu Nome pedirdes ao Pai Ele vos conceda.” Jo 15;16

Isso é a base de um relacionamento; não, os termos de um acordo comercial, tipo: Deem os frutos que Eu desejo, e em troca darei o que pedirdes.

A relação implica que, se dermos os frutos desejados pelo Eterno, o será porque entendemos Seu propósito; assim, não pediremos mais coisas com um viés egoísta, antes, segundo O Espírito que nos impulsiona na Obra Dele. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Quem ainda confunde a nova vida com as “coisas velhas” de certo modo perde-se como os gálatas; aqueles, numa mistura insana de Lei com Graça; esse, numa dubiedade de interesses, entre servir, e servir-se.

Não pretende, O Senhor, que demos uma guinada veloz em direção à virtude, à salvação. Deseja que entendamos o que está em jogo; nosso câmbio pode ser lento, mas deve ser decidido, contínuo; “A vereda dos justos é como a luz da aurora; vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Conversão é ruptura, não absorção. Ante a “Pérola de Grande valor”, as coisas pretéritas devem ser deixadas, não, anexadas. Nos dias de atos os convertidos tinham ideias bem estabelecidas sobre os caminhos pretéritos, nos quais tinham errado; “Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos; feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata.” Atos 19;19

Se, igualmente, não “queimarmos” nossa ímpia maneira de viver em prol de Cristo, como resistiremos durante as provas? “A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual seja a obra de cada um.” I Cor 3;13

Se alguém escolher coisas combustíveis para edificação, não espere pela promessa: “quando passares pelo fogo a chama não arderá em ti.”

Quem opta pela Água da Vida não precisa recear o fogo; quem prefere “outro Evangelho” com razão, deve temer.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Os amorreus


“... os filhos de Israel perguntaram ao Senhor, dizendo: Quem dentre nós primeiro subirá aos cananeus...” Jz 1;1 “Naqueles dias... cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos.” Jz 17;6

Duas situações distintas. Na primeira, logo após a morte de Josué, ainda havia resquícios da direção do Senhor. Antes de uma empresa militar, oraram ao Eterno pedindo Sua direção. Quem subirá?

Na segunda, quando a apostasia estava disseminada, a ideia de se consultar a Deus perdera força; cada um fazia o que lhe dava na telha. Viveram a sugestão do maligno, “Vós sereis como Deus e sabereis o bem e o mal.” Acabaram escravos dos amorreus, amalequitas, midianitas... Eis a consequência “libertária” da desobediência! Escravidão.

Quantos ditadores corruptos, ao longo da história, a pretexto de libertar um povo, construíram impérios, ditaduras opressoras, com pesos muito mais graves que os que prometeram aliviar?

Na igreja muitos “libertadores", também viçam. Pedro denunciou aos que agiam, “Prometendo liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção...” II Ped 2;19

A liberdade em Cristo livra cada um, da tirania do ego, esse régulo falido que, eventualmente, pode fazer bravuras enfrentando à força; mas, capitula servil, à sedução dos prazeres.

Liberdade é mais ir e vir, expressar-se como aprouver; requer a força de agir como convém, mesmo quando “ameaçado” pelo prazer. “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” Jo 8;36

As consequências de anexar povos ímpios e suas crendices invés de os eliminar, como fora ordenado, se faziam sentir. “... Nunca invalidarei Minha Aliança convosco... não fareis acordo com os moradores desta terra, antes, derrubareis seus altares; mas, não obedecestes Minha Voz. Por que fizestes isso? Assim também Eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes, estarão como espinhos nas vossas ilhargas; seus deuses vos serão por laço.” Jz 2;1 a 3

Aquilo que O Santo rejeita, e recusamos a banir com a ajuda Dele, se nos torna, juízo; Deus usa essas coisas para nos disciplinar.

O período dos juízes, quando cada um agia como bem entendia, foi, certamente, um dos mais nebulosos de Israel. O desejo do povo de amalgamar-se com a cultura e impiedade circunstantes, o afastava da comunhão com Deus, e, não raro, acabava em escravidão.

Livramentos pontuais vieram mediante Eúde, Jefté, Otoniel, Débora, Gideão; invés da punição trazer anexa uma lição que, aprendida, afastaria seus dormentes praticantes da apostasia, a coisa tornara-se cíclica; de tempo em tempo o povo voltava ao mesmo lugar; escravidão.

O Eterno reiterava seus avisos; “... Eu sou o Senhor vosso Deus; não temais aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; mas não destes ouvidos à Minha voz.” Jz 6;10

Nos dias de Moisés e Josué, em linhas gerais certo grau de obediência existia; ante eventuais desvios, através do líder espiritual e civil, Deus recolocava as coisas no lugar. Todavia, depois, quando cada um fazia o que bem entendia, inevitavelmente entendiam mal, o caminho que deveriam tomar para agradar ao Eterno.

A turma do, “só dê palpites em minha vida se pagares minhas contas,” “se conselhos fossem bons se venderia, invés de dar”, etc. são os que abominam à ideia de que Deus através de um filho Seu lhes possa falar. Preferem a deriva irresponsável das próprias escolhas errôneas, a um conselho que ilumine segundo Deus. “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19

Os que, tendo conhecido Deus pelas Sua Obras, preferiram adorar às criaturas, negando seu potencial intelectual e espiritual, foram “feridos” justo nisso; onde a luz foi rejeitada, a noção envileceu, a loucura acampou. “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” Rom 1;22

As consequências comportamentais, ensejaram, também, a perversão sexual; “Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. Semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.” Rom 1;26 e 27

Infelizmente, majoritariamente falando, voltamos aos dias ruins, onde cada um faz o que quer, rejeitando aos mensageiros de Deus.

Ora, os vícios que labutam em nossa carne são os “amorreus” que devemos banir de um todo, se queremos fruir, deveras, da “terra prometida” da Salvação, facultada por Jesus Cristo.
Não carecemos líderes da envergadura de Moisés, ou Josué; cada um pode consultar à Vontade de Deus, expressa em Sua Palavra.

Quem preferir endeusar suas preferências que o faça, sabendo disso: “O erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, quem Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

A luz que temos


“Até a criança se dará a conhecer pelas suas ações, se sua obra é pura e reta.” Prov 20;11

Muito se discutiu, se, nossas almas têm sua “forja” estritamente empírica, a partir das experiências, dos aprendizados da vida, ou, se trazemos valores inatos, “saberes” não aprendidos que nos inclinam nessa, ou naquela direção.

Para os empiristas, a experiência precede e fomenta o agir; para os racionalistas, podemos ter noções de valores sem os termos aprendido, estritamente; mediante reflexão podemos atingir o ser, das coisas; aquilatar certo e errado, derivando isso de impressões “gravadas” previamente, em nossas almas.

Na Palavra de Deus encontramos pistas de ambas as correntes, de modo que, Sophia deve ter relações com as duas; digo, tanto as experiências, o aprendizado, são importantes para nossa formação, quanto, trazemos noções de valores, inatas.

Do ensino, temos: “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22;6 às crianças espirituais: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

Por Jeremias, Deus ensinou que, a prática reiterada de algo, entranha na alma do seu praticante, como se fosse parte de seu ser; diz: “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

Há inúmeros textos que reiteram a importância do ensino; é desnecessário investigar o óbvio. (porém, o ensino de per si é amoral, quando não, imoral; não basta só; pois, como vimos acima, os ensinados a fazer o mal, será isso que aprenderão)

Paulo escrevendo aos romanos mencionou uns que, não tendo aprendido sobre A Lei de Deus, “naturalmente” a cumpriam; como se, tivessem em seus DNAs, informações não ensinadas, sobre valores que O Eterno preza.

Disse: “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei;” Rom 2;14 

Ser lei para si mesmo, é uma forma de responsabilizar alguém a agir segundo seus valores; não, abonar mediante atos, o que reprova moralmente; “... Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14;22 O que não transgrede à “própria” lei.

Isso está longe do dito do canhoto, “sereis como Deus”; é encontrar íntimos limites, aos quais não convém exceder. Como disse Samuel Bolton, “Se tua consciência não for um freio, será um chicote.”

Acaso precisa, o ser humano, de um mandamento escrito pelo “Dedo de Deus” para saber que coisas como, roubar, matar, mentir, adulterar... são erradas? Não temos em nossas consciências, posto que, embotadas pelo pecado, algo pendular que se move da rejeição para a aprovação?

Isso é um testemunho residual, da origem Divina do “programa”; pois, não fomos criados para o pecado. Por isso, a centelha original que restou no homem tenta vetar o que não lhe convém, fazendo com a alma o que os anticorpos fazem com o organismo.

Por ter uma função apenas cognitiva, não volitiva, a consciência é impotente para guiar na direção correta; apenas informa o homem como uma placa de trânsito faz; dirigir conforme, é escolha de cada um.

Na verdade, a mera valoração das possíveis escolhas só logra desconfortar ao escravo da carne, que, inevitavelmente escolherá segundo essa; e “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Paulo explicou o dilema de ter luz sem forças; “Porque o que faço não o aprovo; pois, o que quero não faço, mas o que aborreço, faço. Se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17 Por isso a necessidade da cruz.

O novo nascimento em Cristo Jesus, vivifica nossas consciências; o que antes era tênue, torna-se límpido, categórico.

O Espírito Santo dado aos renascidos, possibilita agir conforme a luz que recebemos; “Veio para o que era Seu, os seus não O receberam. Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;11 e 12

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Os vencedores


“Quem vencer, herdará todas as coisas; Eu serei seu Deus e ele será Meu filho.” Apoc 21;7

Propaga-se um conceito muito superficial do que seria vitória. Do jeito que é ensinado, ouvindo os testemunhos de gente que fez esse ou aquele ritual, e obteve “vitória”, somos forçados a acreditar que esses, ainda seguem sendo perdedores. Se, pretendem ter nascido de novo, por que, sua velha maneira de viver parece ainda resiliente? A conversão costuma mudar isso. “Assim se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Perdem, esses “vencedores”, a excelsa possibilidade de estabelecer um relacionamento com O Senhor, mediante Cristo, para fazer mero “negócio”; seu triunfo testemunhado, não raro, é a obtenção de algo decidido egoisticamente, que O Eterno deve conceder. O objetivo da cruz é maior que essas avidezes materiais, no varejo; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados e pôs em nós A Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Estávamos em inimizade com Deus; pela Cruz de Cristo, a separação é desfeita em favor daqueles que se arrependem e andam em obediência ao Salvador. “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

As verdadeiras vitórias têm a ver com o que “perdemos”, mais do que, com o que ganhamos nos domínios espirituais. Quanto mais deixamos o modo mundano de viver, no qual estávamos acostumados, mediante a mentalidade e as atitudes transformadas e nos aproximamos para conhecer à Vontade Divina, que nem sempre nos será aprazível, embora, Deus faça com que, tudo contribua para nosso bem; mesmo as coisas que nos decepcionam.

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;2 

Para experimentarmos a essa carecemos deixar a nossa antiga maneira de ser e agir.

Um aspecto que devemos assimilar, os que são de Cristo, pois, é que, vencer deixou de ser, ganhar um troféu para expor no teatro das aparências, na sala de troféus da carne; agora, carecemos manter uma postura inabalável, mesmo ante fatos desencorajadores, pois, não é mais o que vemos que patrocina nossas escolhas; “Porque andamos por fé, não por vista.” II Cor 5;7 “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; esta é a vitória que vence o mundo, nossa fé.” I Jo 5;4

Notemos que os vencedores não têm, necessariamente, medalhas, troféus, nada; apenas permanecem na fé.

Diferente da abordagem vulgar, a fé sadia não é um poder para fazer acontecer o que desejamos; antes, uma confiança inabalável em Deus, de modo tal, que, mesmo que tudo ocorra diverso do que queremos, seguiremos crendo, por causa da Integridade de Quem prometeu; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

O “tudo é possível ao que crê” não significa que esse poderá mudar o que quiser; antes, que tudo o que vier, lhe será possível suportar, sabendo que Deus está com ele. “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

Cada tentação resistida é uma vitória pontual em nossa caminhada; todavia, só quem chegar do outro lado, fiel ao Senhor, a despeito do que tiver enfrentado, será considerado um vencedor. Foi em face ao martírio, a perda da vida terrena sem negar ao Senhor, que Paulo falou como vencedor; “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” II Tim 4;7

Acaso um homem natural consideraria vitória, ser morto agarrado numa crença? Vencer no âmbito espiritual, tem suas peculiaridades.

“O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, nem pode entende-las; porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Portanto, quando algum pregador da moda ensinar essa ou aquela mandinga, com fito de “obter vitória”, possivelmente estamos diante de alguém que ainda não sabe, o que pretende ensinar.

A Vitória de Cristo, sobre Satanás, a carne, o mundo e a morte, está ao alcance dos que desejarem salvação. Porém, quem anelar facilidades numa guerra milenar como a que estamos envolvidos, confundiu joias valiosíssimas com bijuterias.

Carece urgentemente lograr triunfos sobre as trevas, para parar de andar no escuro. “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18