domingo, 21 de novembro de 2021

Risco de vida, em Cristo


" Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gn 2;16 e 17

Duas coisas sobre o pecado, nesse breve tomo: Ele não é uma necessidade, é uma extravagância; pois, antes de vetar determinada árvore O Senhor franqueou todas as demais. O homem não peca por necessidade; mas, por desobediência deliberada.

Não foi requerida digna postura ao homem por mero capricho; mas, por zelo protetor, dadas as consequências; “certamente morrerás”. O Reino dos Céus se estrutura sobre hierarquia, sem a observância desta não pode subsistir.

Sintetizando o Mandado Divino, pois, seria: Seja sóbrio, ocupe-se do necessário sem devanear com extravagâncias supérfluas, para que preserves tua vida e sigas abençoado.

Se o pecado fosse sempre visto desta perspectiva, possivelmente muitas vidas que se perdem teriam melhor fim. No entanto, os desejos doentios da “Serpente” são projetados sobre os humanos que a ouvem, d’onde são levados a ver as coisas da perspectiva daquela.

“... Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Cap 3;4 e 5

Satã insinuou que O Criador É Mentiroso, ao negar o risco de morte; egoísta, ao não querer filhos semelhantes a Ele; e que seria possível burlar isso desobedecendo-O.

Ora, no que é possível uma criatura ser semelhante ao Criador, nos Seus atributos comunicáveis, racionalidade, espírito, inteligência, emoções, valores éticos, morais, apreço estético, etc. eles já eram, Imagem e Semelhança.

Nos atributos Exclusivos, Onisciência, Onipresença e Onipotência, ninguém pode ser como Deus.

Assim, o traíra perverteu as coisas, para projetar sobre o descuidado casal, um desejo que era exclusivamente dele; “Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens e serei semelhante ao Altíssimo.” Is 14;13 e 14

Esses males de negar o risco de perdição, atribuir a Deus injustiças e a pretensão de burlar a vigilância do Santo cresceram exponencialmente.

As pessoas não veem o pecado como um feitor mortal; seu veto, invés de uma cerca protetora como é, acaba reinterpretado pelo Pai da Mentira, em consórcio com os desejos doentios da carne, como sendo a castração de um “direito”.

Deriva daí a “moral” do “é proibido proibir”, como se, de repente, a humanidade ascendesse a um patamar ético superior de liberdade. Deus não proibiu de pecar. Teria que castrar o arbítrio para isso; advertiu das consequências apenas, deixando a escolha por conta do homem; ainda é assim.

“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gl 6;7 e 8

No paraíso o risco era desobedecer e morrer; no mundo caído, após a Vitória Potencialmente Regeneradora de Cristo, é facultado novo nascimento do Espírito; vivendo Nele, obedecendo-o, “corremos o risco” de ceifar vida eterna.

A obediência irrestrita, o “Jugo de Jesus” longe de ser um ascetismo masoquista, como pode parecer aos míopes desinformados, é o pulsar imanente do mais íntimo e legítimo desejo de vida.

Somos reduzidos à miséria aparente, porque os “olhos da fé” que nos foram dados conseguem vislumbrar as grandezas porvir. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam; a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Então, malgrado eventuais privações aqui, seguimos resolutos pela esperança que habita lá; “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Além das ocupações necessárias à vida aqui, fazemos “depósitos” espirituais; como os sarcófagos dos faraós eram cheios de tesouros para o porvir; nos fazemos de mortos, para que riquezas espirituais se depositem em nossa conta, o “tesouro nos Céus”. “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;8

Nossa renúncia aos prazeres indevidos aqui, não deriva dum doentio prazer de perder; antes, da possibilidade de ver a Cristo como Ele É; “Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” Col 2;3

Outrora tudo foi franco, exceto um veto para preservação da hierarquia, agora, tudo está perdido, exceto Cristo, para regeneração. “... Eu Sou o caminho a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6

sábado, 20 de novembro de 2021

Gilberto Gil e o far dom

 

Gerando vasta cobertura de mídia, Gilberto Gil foi eleito para ser “Imortal” da Academia Brasileira de Letras, concorrendo com dois escritores que foram preteridos.

Outro dia, Fernanda Montenegro também foi escolhida para um assento na ABL.

Os méritos da Fernanda como atriz, e do Gil como músico dispensam comentários. Mas, na produção literária ambos padecem o lapso de feitos minimamente relevantes, de modo que, preterir escritores verazes e produtivos para honrar esses, deve ser oriundo de outro viés, que não a relevância literária.

Pensar que a mesma academia recusou ao poeta Mário Quintana por três vezes; à quarta ele mesmo recusou a “concorrer”, então, sozinho.

Algumas apreciações:
“Só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridades. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro.” Mário Quintana

“Se Mário Quintana estivesse na ABL, não mudaria sua vida ou sua obra. Mas não estando lá, é um prejuízo para a própria Academia.” Luís Fernando Veríssimo

“Não ter sido um dos imortais da Academia Brasileira de Letras é algo que até mesmo revolta a maioria dos fãs do grande escritor, a meu ver, títulos são apenas títulos, e acredito que o maior de todos os reconhecimentos ele recebeu: o carinho e o amor do povo brasileiro por sua poesia e pelo grande poeta e ser humano que ele foi...” Cícero Sandroni

A conclusão necessária é que o ser humano não lida bem com o mérito; a destreza que falta nessa arena sobeja na da manipulação política, das bajulações e fisiologismos vários. Imortais? Eu diria mais, infinitos; citando Einstein: “Duas coisas são infinitas: O Universo e a estupidez humana; não estou muito certo quanto ao Universo.”

É o suprassumo da estupidez, criar uma adega nobilíssima para nela expor os melhores vinhos do país; de repente, em suas prateleiras áureas, depararmos com garrafas de vinagre. Machado de Assis implodiria aquilo se pudesse. Nada contra os artistas citados, pois, são meritórios em suas áreas, que não é a literatura.

Tendo certo molusco analfabeto algumas dezenas de prêmios “Doutor Honoris Causa”, quem duvida que, em breve, o sujeito também se tornará “Imorrível”, afinal as letras que contam na ABL nem são tão letradas assim. São doentiamente ideológicas.

Há “lugares altos” que não combinam com homens sábios, como versou Bertrand Russel: “A estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; a inteligência coloca-se na retaguarda para ver.”

Ou Salomão: “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi os servos a cavalo, e os príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

Por fim, sobre as honrarias humanas e seu valor, O Próprio Deus encarnado, Jesus Cristo, ensinou: “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Lc 16;15

A vera grandeza não se ocupa com estatura, nem moldar letras sob neon; se faz sem perceber, ou evitando até, como diz no Talmude, “A grandeza foge de quem a persegue, e persegue a quem foge dela.” Mais ou menos isso falou O Senhor, sobre se tornar como criança, para ingressar nos Reino dos Céus.

Mas, num mundo “non sense” como esse, onde, Pablo Vittar é mulher, Thammy Miranda é homem, Arafat foi Nobel da Paz, Lula é inocente, Filipe Neto é intelectual, Anitta é cantora, Alexandre de Moraes é jurista, não apenas na prática sexual cada um pode ser o que quiser. Esforçai-vos escritores preteridos pela ABL; o Grammy e o Oscar podem estar mais perto do que pensais.

“Tudo o que é falso é ruim. Até mesmo a roupa emprestada; se seu espírito não combina com a roupa, você está sujeito à infelicidade, porque é desta maneira que as pessoas se tornam hipócritas, perdendo o medo de agir mal e de dizer mentiras.” Ramakrishna

Talvez o maluco sou eu, por ter levado as “Letras” ao pé-da-letra. Quiçá, letras de música também contam; que importa se bons escritores ficaram “Esperando na Janela“, diferente do esperado; afinal, “Ser diferente é normal”; aos descontentes o “Esotérico” escritor envia “Aquele abraço”; que encolha-se “A mão da limpeza” e caminho aberto à “Novidade”; caso, pela vereda da frustração, alguma escritora descontente prantear, aconselha o “imortal”: “No woman, no cry”.

Se nem numa instituição meio festiva como essa podemos nadar em águas salubres, o que dizer das demais?

Se diz, que o hábito não faz o monge; invés de Fardão aquilo seria um “Far dom”; a “roupa de um milhão de dólares” imaginada por Jackie Chan; quiçá ao vesti-la, o “Caneta azul” se tornaria Dostoiewski?

Deus e a segunda pessoa


“O batismo de João era do céu ou dos homens? respondei-me. Eles arrazoavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do Céu, Ele nos dirá: Então por que o não crestes? Se, porém, dissermos: Dos homens, tememos o povo. Porque todos sustentavam que João verdadeiramente era profeta. E, respondendo, disseram: Não sabemos.” Mc 11;30 a 33

O assunto era de onde vinha a Autoridade de Jesus; Ele propôs a questão sobre a origem do batismo de João.

Sabidos os desdobramentos de ambas as respostas possíveis, nenhum lhes era favorável; ou, denunciaria a incredulidade, ou, indisporia com o povo; refugiaram-se no hipócrita e conveniente, “Não sabemos.”

Lidar mal com os fatos fingindo não saber por conveniências rasteiras é desonestidade intelectual.

O sujeito trai a si mesmo para, pasmem! “proteger-se”. Sabendo-se maculado pela verdade, tem a luz como ameaça e prefere ficar no escuro; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

É o amor próprio adoecido, que mantém seu paciente no escuro, aprisionado, avesso à Luz que o libertaria.

De outro modo; o sujeito sacrifica à verdade, para preservar a “legitimidade” de um pleito que sabe, vencido. Para quem se refugia em esconderijos assim, O Senhor paga na mesma moeda; se recusam a saber o que já sabem, por quê receberiam inda mais luz? “... Jesus lhes replicou: Também Eu vos não direi com que autoridade faço estas coisas.” V 33

Assim fica patente o porquê, da necessidade do “negue a si mesmo” para salvação. Esse impostor, o ego, toma o lugar de Deus, da luz, da verdade, faz o diabo para que o filho de Deus não seja regenerado.

Usa o falso conhecimento para justificar-se na incredulidade e recusa-se a receber, o Ensino que o libertaria. Ainda não conheci um ateu analfabeto. Pode existir; mas, os que sei que existem são sempre homens letrados, cheios de “argumentos lógicos, filosóficos” e tal.

Diferente de um filósofo que sacrificaria eventuais predileções, por amor à verdade, esses, como aranhas caçando insetos urdem suas “teias” de argumentos sofísticos, na ilusão de que a verdade se deixaria enredar por seus ardis.

Ocorre-me uma frase citada por Dave Hunt: “Você não põe o verdadeiro Evangelho fora de combate com duas ou três perguntas desajeitadas; antes, suas ilusões irão ruir, destacando inda mais claramente, a verdade.”

Quando O Salvador, ao dar Sua Paz assegurou que essa era diferente da do mundo aludia a isso; a paz do mundo deriva de acordos vários, explícitos e implícitos; evidencia-se na ausência de atritos com o semelhante; a de Cristo vem da nossa reconciliação com Deus, Nele; e descansa numa consciência quieta diante de Deus, e honesta diante de si mesmo.

Se, a paz do mundo espraia-se pela ausência de animosidade com o próximo, a paz de Deus nos indispõe com o pecado, a impiedade; “Ah! se tivesses dado ouvidos aos Meus Mandamentos, então seria a tua paz como o rio, e tua justiça como as ondas do mar... Mas os ímpios não têm paz, diz o Senhor” Is 48;18 e 22

A retidão não comporta alternativas; qualquer desvio mínimo entorta e desvirtua; “... Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias.” Ecl 7;29

A rejeição à Luz não é por falta de olhos; antes, de ouvidos ensináveis, adestráveis à verdade.

“No caminho da sabedoria te ensinei, por veredas de retidão te fiz andar.” Prov 4;11

Estamos acostumados a ver problemas alhures; A Palavra de Deus, A Verdade, os identifica dentro de cada um de nós e ali, visa tratá-los; “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda ‘teu’ coração, porque dele procedem as fontes da vida. Desvia de ‘ti’ a falsidade da boca; afasta de ‘ti’ a perversidade dos lábios. Os ‘teus’ olhos olhem para a frente, e ‘tuas’ pálpebras olhem direto diante de ‘ti’. Pondera a vereda de ‘teus’ pés; todos os ‘teus’ caminhos sejam bem ordenados! Não declines nem para direita nem para esquerda; retira ‘teu’ pé do mal.” Prov 4;23 a 27

Alguém disse que reconhecemos um louco quando vemos, nunca, quando somos. Entretanto, O Senhor “enlouqueceu” por amor, para curar nossa demência. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve Ele salvar os crentes pela loucura da pregação... Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens.” I Cor 1;21 e 25

Enfim, mesmo a Autoridade de Jesus sendo dos Céus, Seu Amor o colocou ao nível humano. Podemos trair a nós mesmos fingindo não saber; O Todo Poderoso não pode negar a Si Mesmo.
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domingo, 14 de novembro de 2021

Flores e frutos


“Sucedeu, pois, que no dia seguinte Moisés entrou na tenda do testemunho, e a vara de Arão, pela casa de Levi, florescia; porque produzira flores, brotara renovos e dera amêndoas.” Nm 17;8

O sacerdócio de Arão e a separação dos Levitas para o serviço santo fora contestado por alguns “excluídos” que também se sentiam aptos para a função; invés de o reconhecerem como escolha Divina, diziam ser de Moisés.

O Senhor ordenou que uma vara de cada tribo se pusesse perante Ele; prometeu que floresceria, à noite, aquela de quem Ele escolhera, para deixar claro que Moisés não tinha nada com aquilo.

Como vimos, mais que flores, a vara de Arão deu frutos; amêndoas.

Aos olhos humanos, as flores, o milagre do desabrochar, bastaria. Porém, O Eterno Quis dar um passo além.

A vaidade humana contenta-se com aparências como um fim; a beleza na Seara Divina excede a isso.

Quando ensinou a diferir o veraz do falso, O Salvador não fez menção às flores, antes, disse: “... pelos seus frutos os conhecereis.” Mat 7;20

O Jardim da Perfeição Divina tinha mais que pétalas multicores e aromas; “O Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista e boa para comida...” Gn 2;9
Criou a beleza; as árvores eram agradáveis à vista; mas, fez melhor; também eram boas para comida.

Quem olha para o ministério com prisma meramente estético, digo, busca uma posição pela posição, não pelo anelo de frutificar para Deus, joga o bebê fora e “cria” a placenta. Deixa o que é vital pelo secundário.

Ocupar uma posição na “Vinha do Senhor” sem produzir os devidos frutos é perigoso; como alegorizou O Senhor. “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; foi procurar nela fruto, não o achando, disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? Respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; se der fruto, ficará; se não, depois a mandarás cortar.” Luc 13;6 a 9

Aqueles que farão diferença no ministério, geralmente não o buscam; antes, são buscados pelo Senhor. Na verdade, temem; como Moisés que disse não saber falar; Isaías que confessou ser de lábios impuros, ou Jeremias que se disse, ainda criança.

A esse, aliás, O Eterno mostrou uma visão e questionou: “Que é que vês, Jeremias? Eu disse: Vejo uma vara de amendoeira. Disse-me o Senhor: Viste bem; porque Eu velo sobre Minha Palavra para cumpri-la.” Jr 1;11 e 12

Nas entrelinhas O Altíssimo dizia a Jeremias: Lembra que escolhi a Arão e confirmei Minha Escolha fazendo uma vara morta florescer e frutificar, dando amêndoas? Como Cumpri Minha Palavra dada a ele, também cumprirei a que Eu der por ti.

Entretanto, o milagre da confirmação Divina ocorreu durante a noite. Assim como a travessia da escravidão para Canaã tinha um deserto no meio, um ministério probo também não deve esperar facilidades. Quanto mais perto de Deus o ministro estiver, menos tende a agradar os homens. Maior oposição sofrerá.

A “noite” de Jeremias foi terrível. Espancamento, calabouço, poço, perseguições, oposição dos falsos profetas, solidão... Chegou a “pedir demissão” no auge da dor. “Então disse eu: Não me lembrarei Dele, não falarei mais no Seu Nome; mas isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; estou fatigado de sofrer e não posso mais.” Cap 20;9

Para os amantes das flores, em horas assim o ministério perde o apelo; antes disso se evadem, aliás.

Há “noites” onde nenhuma circunstância ajuda; nessas a vera fé se mostra como frutos inesperados numa frágil vara; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor; firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Frutificar não é opção, é necessidade; nesse fito, nossas orações são atendidas; “Não escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu Nome pedirdes ao Pai, Ele vos conceda.” Jo 15;16

Quem entra ao ministério pelo conforto, busca novos ares ante o perigo; “O mercenário foge, porque é mercenário, não tem cuidado das ovelhas.” Jo 10;13

Os que O Senhor Estabelece Ele confirma; faz com que produzam até quando não parece possível; “Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que o Senhor é reto. Ele é Minha Rocha; Nele não há injustiça.” Sal 92;13 a 15

sábado, 13 de novembro de 2021

A Porta aberta


“A porta do átrio interior que dá para o oriente, estará fechada durante os seis dias que são de trabalho; mas, no dia de sábado se abrirá...” Ez 46;1

Um dia por semana era reservado ao descanso e adoração ao Senhor; nesse dia a porta do átrio interior deveria estar aberta.

A porta aberta não é uma necessidade de por ela se entrar; tampouco, outra fechada a impossibilidade de se abrir. Mas, no caso em apreço, eram indicativos dos caminhos devidos; trabalhar por seis dias, descansar e cultuar no sétimo.

O Salvador se disse A Porta das ovelhas; desafiou-nos a bater; “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; o que busca, encontra; ao que bate, se abre.” Mat 7;7 e 8

Se, no antigo Pacto, um dia era reservado à adoração, tipificado pela porta aberta, na Nova Aliança, somos desafiados a buscar a Deus, mesmo com a porta “fechada”.

Dado que os “templos” do Espírito são os Salvos, (o que não exclui a necessidade de congregações) cabe a cada um, mediante oração, fé e comunhão, abrir a porta do átrio interior, sempre que desejar se aproximar do Senhor.

Em vista de nossa dupla natureza, uma que é carnal, caída, inimiga de Deus; outra, espiritual, renascida, em processo de santificação, sempre teremos o concurso de duas possibilidades antagônicas à porta. Tentações e livramento.

A primeira porta, a natural, é movida por inveja, egoísmo, ciúme, contendas, se abre ao pecado; “... o pecado jaz à porta, para ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” Gen 4;7

A outra, sobrenatural, espiritual; é contrita, arrependida, maleável, obediente, se abre para Aquele que perdoa e ensina; “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, com ele Cearei, e ele comigo.” Apoc 3;20

Pode parecer que temos uma contradição bíblica aqui; O Senhor desafiou-nos a bater na porta até que se abra; agora se apresenta Ele mesmo batendo a espera que essa venha a ser aberta; como?

No primeiro caso falava com os crentes para buscarem socorro em oração, o que figurou como bater à porta até se abrir; ou, orar até obter uma resposta.

No segundo alude aos que ainda não creem, em cujas portas dos corações “bate”, mediante Sua Palavra e concomitante ação do Espírito Santo para que venham a ouvir Sua Palavra, e ouvindo, creiam.

Pois, a morte espiritual não é inexistência; antes, separação do Criador, O Dono da Vida; por isso, O Salvador pode bater à porta dos mortos, desejando ser ouvido; “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25

Se, na Antiga Aliança a porta do templo estaria aberta apenas no dia do descanso, em Cristo, só entrando pela Bendita Porta, o descanso será possível; “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;28 e 29

Para os salvos Em Cristo, o “sétimo dia” o descanso é desde que se renderam a Ele; porém, o repouso cabal se reserva no além; “Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das Suas.” Heb 4;10

Se diz alhures de alguém que morreu: “Descansou”. Será? Ingressou no “Descanso” quando teve oportunidade? Permaneceu Nele?

Sem Cristo as almas estão mortas, pouco importa a eventual religiosidade, mesmo uma profissão de fé ortodoxa, nada vale, divorciada da necessária obediência para transformação que O Salvador Opera.

Alienadas apenas jazem, não obstantes as obras que façam; agregadas a Ele encontram descanso, mediante a fé; obras serão consequências. Então, necessária a conclusão que a morte espiritual enseja um cansaço psíquico, cujo perdão de Cristo remove para colocar em seu lugar o “jugo suave” da comunhão em obediência.

O peso da obediência atenua cada dia, para quem nela se exercita; “... os Seus mandamentos não são pesados.” I Jo 5;3

Até mesmo a “porta estreita” (renúncia) aos exercitados em Cristo, de repente se mostra ampla; “Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no Reino Eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” II Ped 1;11

Se, para o ecumenismo, todas as “portas” soam válidas, perante O Único que abre a porta do Reino, as alternativas derivam de ladrões; “... aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte é ladrão e salteador.” Jo 10;1

Como está a porta de teu “átrio interior”?

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

A necessária vergonha alheia


“Saiamos, pois, a ele (a Cristo) fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13;13

Vitupério= ofensa, injúria, difamação, desonra, afronta...

Levar o “vitupério de Cristo” equivale a nos dispormos a sofrer por, e com, Ele. Ter como nossas, as injúrias dirigidas a Ele, ou Sua Igreja. “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por Minha causa.” Mat 5;11

Entretanto, a presente geração mimimi, codinome criado para, melindrosa ao extremo, ao menor sinal de desconforto, discórdia, joga a toalha e parte para outra.

Sempre temos um “desigrejado” enfileirando “razões” pelas quais saiu; havia panelinhas, discriminações, maus testemunhos, o pastor não o entendia, etc.

Então, o sujeito decide que é melhor lidar com seus problemas fora, que, conviver diariamente numa igreja que também tem problemas.

Questionado sobre sua decisão, sempre dirá que “A igreja somos nós”, “Deus não habita em templos de humana feitura, me afastei da igreja; de Deus, jamais”.

Deparei com trechos de uma entrevista da recente e tragicamente falecida cantora, Marília Mendonça, concedida para Tatá Werneck.

Disse que começou a cantar na igreja, mas, que em dado momento a “religião não muito foi legal comigo”, por isso ela saiu. Disse que perdera seu padrasto e precisara trabalhar com 15 anos; foi cantar num bar, mas a igreja não aceitou. “Me afastei da religião, - disse – de Deus jamais; Ele está sempre comigo”, assegurou, para aplauso da plateia.

Não me cabe entrar no mérito da sua crença, seu relacionamento com Deus; tampouco, se partiu salva ou não. Meu foco é outro. Cotejar o que ela disse, reflexo de tantos ditos mais, por aí, com a doutrina das Escrituras.

Voltaire aconselhou: “Age de tal forma que teus atos possam se tornar regras universais.” Releitura do que O Salvador dissera; “Tudo o que vós quereis que os outros vos façam, fazei-lhes também; essa é a Lei...“

Ao se espraiar esse comportamento, onde cada descontente “pica a mula” e se faz “pastor” de si mesmo, a Igreja deixaria de existir. Mas, como ficaria a Divina missão de, além de pregar a toda a criatura, ainda ser exemplo para principados e potestades que desobedeceram? “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos Céus...” Ef 3;10

Embora, a Igreja de Cristo seja o cômputo dos salvos entre todas as denominações, não os templos onde congregam, a palavra “Igreja” é um aportuguesamento de “Ekklesia”, uma assembleia; portanto, um coletivo.

O humorista André Damasceno dizia que “Lula tem um jeito singular de usar o plural.” Pois, os “desigrejados” mas, chegados de Deus, também têm um jeito particular de pertencer ao todo.

Paulo, além de nos figurar como membros de um corpo, com total interdependência, ainda tomava como problemas seus, os escândalos da Igreja insipiente; “Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?” II Cor 11;28 e 29

Há denominações inteiras, cujos ensinos estão eivados de heresias; quem puder, por uma graça celeste ou um rasgo de discernimento qualquer, sair delas em busca de ambientes mais salubres agirá bem; 

também há crises de inveja, perseguição gratuita de falsos irmãos, que eventualmente nos veem como uma ameaça a se evitar, não um irmão para congregar. Em casos assim, por que não, respirar ares mais puros?

Entretanto, essas coisas, nem similares nos autorizam a criarmos uma carapaça que “protege” contra relacionamentos espirituais; isso se dá quando nosso amor próprio ainda é muito maior que o amor por Cristo; cambiamos o “Negue-se, tome sua cruz e siga-me”; por um alternativo ‘ressinta-se, tome seu boné e isole-se’.

Ter a falecida Marília ficado desamparada aos quinze anos foi um duro problema, sem dúvida; quiçá, a igreja poderia ter ajudado nisso.

É nobre ganhar o pão mediante trabalho. Contudo, dos salvos se demanda uma separação que exclui certas posturas e ambientes;

“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem justiça com injustiça? Que comunhão tem luz com trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles andarei; Serei o seu Deus, eles serão meu povo. Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; Serei para vós Pai, vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.” II Cor 6;14 a 18

Seja A Palavra nossa luz, não, os duvidosos aplausos de quem barulha do escuro.

domingo, 7 de novembro de 2021

Demora da justiça


“Tens por direito dizeres: Maior é minha justiça que a de Deus?” Jó 35;2

Ter por direito ninguém tem; mas, toda pessoa honesta há de confessar que diversas vezes se indignou com as injustiças da vida, estupefato perguntando: Como Deus permite isso?

Assim, a pergunta supra, feita por Eliú a Jó, também se aplica a nós.

Desde sempre ouvimos que “A justiça tarda, mas não falha”. Sendo Deus seu agente, nossa discrepância em relação aos Justos Atos do Eterno seria, quanto ao tempo. Pedro ensina: “O Senhor não retarda Sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia...” II Ped 3;9

A Palavra prega que “os que semeiam com lágrimas, ceifarão com alegria;” e “Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do sol.”

Desse modo, em nossas precipitações míopes, derivadas da limitação temporal, amiúde, questionamos o tempo de Deus, mais que, a Justiça. De outro modo; não duvidamos que Ele punirá aos maus, ou recompensará aos justos; apenas, desejamos que Ele faça isso agora. Queremos semeadura e ceifa concomitantes. Mas, as coisas não são assim.

Sendo a reconciliação com o homem caído Seu Alvo, o arrependimento para perdão, mediante Cristo, o meio, Ele usa de longanimidade como acessório; a persuasão dos pecadores é um processo lento, nem sempre, bem sucedido.

Pelos poucos em que isso acontece, Os Céus jubilam; “Há alegria nos Céus por um pecador que se arrepende.”

Logo, as “injustiças” dos Céus são derivadas do Amor Divino; “Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não Tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva.” Ez 33;11

Contudo, mesmo a longanimidade possui seu termo; O Silêncio de Deus diante de atos maus reiterados não significa cumplicidade, Ele julga; “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas Te arguirei, e as Porei por ordem diante dos teus olhos: Ouvi pois isto, vós que vos esqueceis de Deus; para que Eu vos não faça em pedaços, sem haver quem vos livre.” Sal 50;21 e 22

Nos provérbios também encontramos uma alusão ao que abusa de desobedecer, até cansar mesmo, à Santa Paciência; “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1

Em alguns casos, o Julgamento Divino aplica a mesma moeda. Rejeitado Seu amor, só resta Sua Justiça. Como Ele foi desprezado quando chamou, também desprezará aos indiferentes, quando, finalmente, eles lhe pedirem socorro; “Porque Clamei e recusastes; Estendi minha mão e não houve quem desse atenção, antes, rejeitastes todo Meu conselho, não quisestes Minha repreensão, também de Minha parte Me rirei na vossa perdição e zombarei, vindo vosso temor.” Prov 1;24 a 26

Então, quando somos exortados a nos apossarmos da vida eterna, isso traz no pacote, vermos o tempo de outra perspectiva também; Paulo exorta: “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para qual também foste chamado...” I Tim 6;12

Porque, da perspectiva meramente terrena, facilmente teremos motivos para acusar as “injustiças” Divinas; muitos justos padecem à morte sem recompensa nenhuma, e outros, ímpios morrem fartos de bens e de dias.

Entretanto, quem vê o tempo da eterna perspectiva sabe que há uma colheita madura do outro lado, o juízo; onde, cada feito haurirá a devida recompensa. Daí, “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

O incidente dos ladrões na cruz, ao lado do Salvador, ensina algo sobre a Justiça de Deus; ali já não havia espaço para nenhum ato mais, exceto, arrependimento e confissão, como um fez; ou, perseverar na incredulidade, como, o outro. Se, no âmbito do galardão as obras contam, no da salvação a justiça é pela fé.

“A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;29 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus.” Ef 2;8

Em Cristo e Seu Feito Majestoso, o Alvo Divino foi muito além de mera justiça; “Misericórdia e verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram. A verdade brotará da Terra, e a justiça olhará desde os Céus.” Sal 85;10 e 11

Enfim, quando acontecer conosco, ou, em nossas circunstâncias, algo que parece injusto, não cometamos nova injustiça duvidando da Sapiência Divina; se vivemos pela fé, devemos seguir as pisadas de Abraão; invés de posar de mais justo que Deus, ele observou confiante; “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25