quarta-feira, 10 de novembro de 2021

A necessária vergonha alheia


“Saiamos, pois, a ele (a Cristo) fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13;13

Vitupério= ofensa, injúria, difamação, desonra, afronta...

Levar o “vitupério de Cristo” equivale a nos dispormos a sofrer por, e com, Ele. Ter como nossas, as injúrias dirigidas a Ele, ou Sua Igreja. “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por Minha causa.” Mat 5;11

Entretanto, a presente geração mimimi, codinome criado para, melindrosa ao extremo, ao menor sinal de desconforto, discórdia, joga a toalha e parte para outra.

Sempre temos um “desigrejado” enfileirando “razões” pelas quais saiu; havia panelinhas, discriminações, maus testemunhos, o pastor não o entendia, etc.

Então, o sujeito decide que é melhor lidar com seus problemas fora, que, conviver diariamente numa igreja que também tem problemas.

Questionado sobre sua decisão, sempre dirá que “A igreja somos nós”, “Deus não habita em templos de humana feitura, me afastei da igreja; de Deus, jamais”.

Deparei com trechos de uma entrevista da recente e tragicamente falecida cantora, Marília Mendonça, concedida para Tatá Werneck.

Disse que começou a cantar na igreja, mas, que em dado momento a “religião não muito foi legal comigo”, por isso ela saiu. Disse que perdera seu padrasto e precisara trabalhar com 15 anos; foi cantar num bar, mas a igreja não aceitou. “Me afastei da religião, - disse – de Deus jamais; Ele está sempre comigo”, assegurou, para aplauso da plateia.

Não me cabe entrar no mérito da sua crença, seu relacionamento com Deus; tampouco, se partiu salva ou não. Meu foco é outro. Cotejar o que ela disse, reflexo de tantos ditos mais, por aí, com a doutrina das Escrituras.

Voltaire aconselhou: “Age de tal forma que teus atos possam se tornar regras universais.” Releitura do que O Salvador dissera; “Tudo o que vós quereis que os outros vos façam, fazei-lhes também; essa é a Lei...“

Ao se espraiar esse comportamento, onde cada descontente “pica a mula” e se faz “pastor” de si mesmo, a Igreja deixaria de existir. Mas, como ficaria a Divina missão de, além de pregar a toda a criatura, ainda ser exemplo para principados e potestades que desobedeceram? “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos Céus...” Ef 3;10

Embora, a Igreja de Cristo seja o cômputo dos salvos entre todas as denominações, não os templos onde congregam, a palavra “Igreja” é um aportuguesamento de “Ekklesia”, uma assembleia; portanto, um coletivo.

O humorista André Damasceno dizia que “Lula tem um jeito singular de usar o plural.” Pois, os “desigrejados” mas, chegados de Deus, também têm um jeito particular de pertencer ao todo.

Paulo, além de nos figurar como membros de um corpo, com total interdependência, ainda tomava como problemas seus, os escândalos da Igreja insipiente; “Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?” II Cor 11;28 e 29

Há denominações inteiras, cujos ensinos estão eivados de heresias; quem puder, por uma graça celeste ou um rasgo de discernimento qualquer, sair delas em busca de ambientes mais salubres agirá bem; 

também há crises de inveja, perseguição gratuita de falsos irmãos, que eventualmente nos veem como uma ameaça a se evitar, não um irmão para congregar. Em casos assim, por que não, respirar ares mais puros?

Entretanto, essas coisas, nem similares nos autorizam a criarmos uma carapaça que “protege” contra relacionamentos espirituais; isso se dá quando nosso amor próprio ainda é muito maior que o amor por Cristo; cambiamos o “Negue-se, tome sua cruz e siga-me”; por um alternativo ‘ressinta-se, tome seu boné e isole-se’.

Ter a falecida Marília ficado desamparada aos quinze anos foi um duro problema, sem dúvida; quiçá, a igreja poderia ter ajudado nisso.

É nobre ganhar o pão mediante trabalho. Contudo, dos salvos se demanda uma separação que exclui certas posturas e ambientes;

“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem justiça com injustiça? Que comunhão tem luz com trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles andarei; Serei o seu Deus, eles serão meu povo. Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; Serei para vós Pai, vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.” II Cor 6;14 a 18

Seja A Palavra nossa luz, não, os duvidosos aplausos de quem barulha do escuro.

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