sábado, 20 de novembro de 2021

Gilberto Gil e o far dom

 

Gerando vasta cobertura de mídia, Gilberto Gil foi eleito para ser “Imortal” da Academia Brasileira de Letras, concorrendo com dois escritores que foram preteridos.

Outro dia, Fernanda Montenegro também foi escolhida para um assento na ABL.

Os méritos da Fernanda como atriz, e do Gil como músico dispensam comentários. Mas, na produção literária ambos padecem o lapso de feitos minimamente relevantes, de modo que, preterir escritores verazes e produtivos para honrar esses, deve ser oriundo de outro viés, que não a relevância literária.

Pensar que a mesma academia recusou ao poeta Mário Quintana por três vezes; à quarta ele mesmo recusou a “concorrer”, então, sozinho.

Algumas apreciações:
“Só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridades. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro.” Mário Quintana

“Se Mário Quintana estivesse na ABL, não mudaria sua vida ou sua obra. Mas não estando lá, é um prejuízo para a própria Academia.” Luís Fernando Veríssimo

“Não ter sido um dos imortais da Academia Brasileira de Letras é algo que até mesmo revolta a maioria dos fãs do grande escritor, a meu ver, títulos são apenas títulos, e acredito que o maior de todos os reconhecimentos ele recebeu: o carinho e o amor do povo brasileiro por sua poesia e pelo grande poeta e ser humano que ele foi...” Cícero Sandroni

A conclusão necessária é que o ser humano não lida bem com o mérito; a destreza que falta nessa arena sobeja na da manipulação política, das bajulações e fisiologismos vários. Imortais? Eu diria mais, infinitos; citando Einstein: “Duas coisas são infinitas: O Universo e a estupidez humana; não estou muito certo quanto ao Universo.”

É o suprassumo da estupidez, criar uma adega nobilíssima para nela expor os melhores vinhos do país; de repente, em suas prateleiras áureas, depararmos com garrafas de vinagre. Machado de Assis implodiria aquilo se pudesse. Nada contra os artistas citados, pois, são meritórios em suas áreas, que não é a literatura.

Tendo certo molusco analfabeto algumas dezenas de prêmios “Doutor Honoris Causa”, quem duvida que, em breve, o sujeito também se tornará “Imorrível”, afinal as letras que contam na ABL nem são tão letradas assim. São doentiamente ideológicas.

Há “lugares altos” que não combinam com homens sábios, como versou Bertrand Russel: “A estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; a inteligência coloca-se na retaguarda para ver.”

Ou Salomão: “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi os servos a cavalo, e os príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

Por fim, sobre as honrarias humanas e seu valor, O Próprio Deus encarnado, Jesus Cristo, ensinou: “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Lc 16;15

A vera grandeza não se ocupa com estatura, nem moldar letras sob neon; se faz sem perceber, ou evitando até, como diz no Talmude, “A grandeza foge de quem a persegue, e persegue a quem foge dela.” Mais ou menos isso falou O Senhor, sobre se tornar como criança, para ingressar nos Reino dos Céus.

Mas, num mundo “non sense” como esse, onde, Pablo Vittar é mulher, Thammy Miranda é homem, Arafat foi Nobel da Paz, Lula é inocente, Filipe Neto é intelectual, Anitta é cantora, Alexandre de Moraes é jurista, não apenas na prática sexual cada um pode ser o que quiser. Esforçai-vos escritores preteridos pela ABL; o Grammy e o Oscar podem estar mais perto do que pensais.

“Tudo o que é falso é ruim. Até mesmo a roupa emprestada; se seu espírito não combina com a roupa, você está sujeito à infelicidade, porque é desta maneira que as pessoas se tornam hipócritas, perdendo o medo de agir mal e de dizer mentiras.” Ramakrishna

Talvez o maluco sou eu, por ter levado as “Letras” ao pé-da-letra. Quiçá, letras de música também contam; que importa se bons escritores ficaram “Esperando na Janela“, diferente do esperado; afinal, “Ser diferente é normal”; aos descontentes o “Esotérico” escritor envia “Aquele abraço”; que encolha-se “A mão da limpeza” e caminho aberto à “Novidade”; caso, pela vereda da frustração, alguma escritora descontente prantear, aconselha o “imortal”: “No woman, no cry”.

Se nem numa instituição meio festiva como essa podemos nadar em águas salubres, o que dizer das demais?

Se diz, que o hábito não faz o monge; invés de Fardão aquilo seria um “Far dom”; a “roupa de um milhão de dólares” imaginada por Jackie Chan; quiçá ao vesti-la, o “Caneta azul” se tornaria Dostoiewski?

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