domingo, 7 de novembro de 2021

Demora da justiça


“Tens por direito dizeres: Maior é minha justiça que a de Deus?” Jó 35;2

Ter por direito ninguém tem; mas, toda pessoa honesta há de confessar que diversas vezes se indignou com as injustiças da vida, estupefato perguntando: Como Deus permite isso?

Assim, a pergunta supra, feita por Eliú a Jó, também se aplica a nós.

Desde sempre ouvimos que “A justiça tarda, mas não falha”. Sendo Deus seu agente, nossa discrepância em relação aos Justos Atos do Eterno seria, quanto ao tempo. Pedro ensina: “O Senhor não retarda Sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia...” II Ped 3;9

A Palavra prega que “os que semeiam com lágrimas, ceifarão com alegria;” e “Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do sol.”

Desse modo, em nossas precipitações míopes, derivadas da limitação temporal, amiúde, questionamos o tempo de Deus, mais que, a Justiça. De outro modo; não duvidamos que Ele punirá aos maus, ou recompensará aos justos; apenas, desejamos que Ele faça isso agora. Queremos semeadura e ceifa concomitantes. Mas, as coisas não são assim.

Sendo a reconciliação com o homem caído Seu Alvo, o arrependimento para perdão, mediante Cristo, o meio, Ele usa de longanimidade como acessório; a persuasão dos pecadores é um processo lento, nem sempre, bem sucedido.

Pelos poucos em que isso acontece, Os Céus jubilam; “Há alegria nos Céus por um pecador que se arrepende.”

Logo, as “injustiças” dos Céus são derivadas do Amor Divino; “Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não Tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva.” Ez 33;11

Contudo, mesmo a longanimidade possui seu termo; O Silêncio de Deus diante de atos maus reiterados não significa cumplicidade, Ele julga; “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas Te arguirei, e as Porei por ordem diante dos teus olhos: Ouvi pois isto, vós que vos esqueceis de Deus; para que Eu vos não faça em pedaços, sem haver quem vos livre.” Sal 50;21 e 22

Nos provérbios também encontramos uma alusão ao que abusa de desobedecer, até cansar mesmo, à Santa Paciência; “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1

Em alguns casos, o Julgamento Divino aplica a mesma moeda. Rejeitado Seu amor, só resta Sua Justiça. Como Ele foi desprezado quando chamou, também desprezará aos indiferentes, quando, finalmente, eles lhe pedirem socorro; “Porque Clamei e recusastes; Estendi minha mão e não houve quem desse atenção, antes, rejeitastes todo Meu conselho, não quisestes Minha repreensão, também de Minha parte Me rirei na vossa perdição e zombarei, vindo vosso temor.” Prov 1;24 a 26

Então, quando somos exortados a nos apossarmos da vida eterna, isso traz no pacote, vermos o tempo de outra perspectiva também; Paulo exorta: “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para qual também foste chamado...” I Tim 6;12

Porque, da perspectiva meramente terrena, facilmente teremos motivos para acusar as “injustiças” Divinas; muitos justos padecem à morte sem recompensa nenhuma, e outros, ímpios morrem fartos de bens e de dias.

Entretanto, quem vê o tempo da eterna perspectiva sabe que há uma colheita madura do outro lado, o juízo; onde, cada feito haurirá a devida recompensa. Daí, “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

O incidente dos ladrões na cruz, ao lado do Salvador, ensina algo sobre a Justiça de Deus; ali já não havia espaço para nenhum ato mais, exceto, arrependimento e confissão, como um fez; ou, perseverar na incredulidade, como, o outro. Se, no âmbito do galardão as obras contam, no da salvação a justiça é pela fé.

“A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;29 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus.” Ef 2;8

Em Cristo e Seu Feito Majestoso, o Alvo Divino foi muito além de mera justiça; “Misericórdia e verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram. A verdade brotará da Terra, e a justiça olhará desde os Céus.” Sal 85;10 e 11

Enfim, quando acontecer conosco, ou, em nossas circunstâncias, algo que parece injusto, não cometamos nova injustiça duvidando da Sapiência Divina; se vivemos pela fé, devemos seguir as pisadas de Abraão; invés de posar de mais justo que Deus, ele observou confiante; “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25

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