O infeliz Jó no auge do sofrimento suspirando pelo direito de defesa. O Mesmo Senhor testificara que ele era reto, temente, que se desviava do mal. Entretanto, pela inveja de Satanás que propôs um desafio ao Santo, Deus permitiu que aquele pusesse à prova a fidelidade dele.
Os amigos que foram inicialmente solidarizar-se, em dado momento se tornaram um peso, pois, não entendendo a razão daquilo cogitavam que derivava de pecados, e mesmo no escuro, sem ter do que o acusar estritamente exortavam-no ao arrependimento.
Cansado da clara de ovo sem sal, como definiu as palavras dos seus molestos amigos, desejava expor suas razões ante Deus, onde “encheria a boca de argumentos”.
Pois bem, em dado momento, O Juiz dos Vivos e dos Mortos concedeu-lhe audiência.
Antes de lhe dar direito a defesa leu o “Processo”; “Onde estavas quando eu fundava a Terra? Deve saber, já tens idade. Quem colocou limites ao mar, onde deveriam quebrar suas ondas? Quem lhe deu nuvens por vestes, e entesoura o gelo como arma para ocasiões oportunas? Quer saber? Pega a terra pelos quatro cantos e sacode dela os ímpios, aí reconhecerei que tua mão pode te livrar. Fostes tu que destes velocidade e privastes de inteligência ao avestruz? Destes ousadia ao cavalo que galopa excitado contra a batalha? Podes lavrar com boi selvagem, pescar o crocodilo e fazer de brinquedo para tuas crianças? Ninguém há tão corajoso que se atreva a despertá-lo, quem se atreveria a levantar diante de mim? (paráfrase livre de fragmentos dos capítulos 38 a 41)
Há muito mais basta ler; mas, invés de encher a boca de argumentos como pensava encheu de dedos; “Eis que sou vil; que te responderia? Minha mão ponho à boca.” Cap 40;4 “Com meus ouvidos ouvi, mas agora te veem meus olhos.” 42;5
Não há registro que Jó tenha visto Deus estritamente; apenas ouviu-O desde um redemoinho. Quando ele diz: Agora te veem meus olhos, significa: Agora entendo melhor.
“Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis... Escuta-me, pois, e falarei; te perguntarei, e tu me ensinarás.” 40;3 e 4
Eis algo que todo servo de Deus deveria saber! Invés de argumentar às escuras sobre o que não entende, deveria perguntar humildemente a Ele e Dele aprender. Traduzindo: Meditar na Sua Palavra.
Nem era estritamente contra Jó o embate; era um duelo milenar entre O Todo Poderoso e Satanás. Ele estava no meio o infeliz; Deus o permitiu, depois repôs em dobro o que ele perdera numa luta que entrou sem querer.
Muitos confundem, pregadores inclusive, que pelo fato de Deus poder nos livrar das dores Ele nos deve isso. Tomem para si as perguntas que Ele fez a Jó. Ele promete passar conosco pela água e pelo fogo, não, secar àquela ou apagar a esse, segundo nossos devaneios doentios.
Não estamos num lugar de felicidade; esse será no além quando Deus enxugará toda a lágrima; aqui é uma “competição” onde os “classificados” ganharão ingressos para lá. Quem devaneia com as soluções de Deus imediatas, aqui e agora como deseja a carne, e como ouvi de certo ateu, ainda precisa conhecer Deus.
Como nos apresentamos a alguém que nos não conhece? Sou fulano de tal, tenho tantos anos, nasci em... e sou especializado em... Mais ou menos isso. Nome, origem, idade, profissão. Como Deus se apresentou a Jó??
O Criador. As Suas Obras deveriam falar por Ele. Paulo desenvolve: “... suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o Seu Eterno Poder, quanto a Sua Divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas...” Rom 1;20
Enfim, precisamos de menos ufanismos, “vitórias” de plástico para agregar adulados por meros números, e apresentarmos a gravidade bíblica como ela é, por mais almas salvas.
Pregadores que se atrevam a dizer que as coisas não vão melhorar necessariamente porque queremos apenas; antes, que Deus estará conosco e nos fará conhecer os dois lados da moeda para nos temperar. “No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14
Aos fiéis em Cristo, após aprovados Deus dará infinitamente mais que o dobro. Tínhamos setenta ou oitenta anos de vida; ganharemos vida eterna. O que passar disso é graça sobre graça; não um direito nosso; é gorjeta aos convidados pra festa.