terça-feira, 30 de julho de 2019

Os Piores Cegos

“Será que a vara do homem que Eu tiver escolhido florescerá; assim farei cessar as murmurações dos filhos de Israel contra mim, com que murmuram contra vós.” Nm 17;5

Moisés acusado de nepotismo; de escolher aos seus para o sacerdócio e atribuir a escolha a Deus. O próprio Senhor que ordenara todos os feitos do Seu escolhido estava prestes a “assinar” que a opção fora Sua. Doze varas mortas seriam colocadas perante Ele; uma floresceria.

Vergonhoso que, depois dos sinais operados no Egito para livrá-los da servidão, da abertura do Mar Vermelho, de sanar às águas de Mara, etc. tudo usando Moisés como Seu instrumento, ainda restassem dúvidas que Deus falava e agia mediante ele.

Muitos devaneiam com fartura prometendo que, de posse dela serão fiéis; terão todo tempo para servir a Deus. Mentem para si mesmos traídos pela estupidez que envergam. Fidelidade é mais encontrável na carência do que na fartura.

Séculos de escravidão no Egito, onde, tinham apenas a ração diária e trabalho duro sob o chicote dos feitores de Faraó. Muitos deles certamente oravam por libertação fiados no relacionamento pretérito do Eterno com Abraão, Isaque e Jacó.

Não tendo tempo nem espaço para nada mais além de trabalhar e orar, de certa forma eram fiéis. Então, “alforriados” miraculosamente, com tempo, liberdade e espaço, amplos, isso já lhes não bastava. Precisavam devanear com poder também.

Invés de olharem para trás para ver como era boa a nova posição, olhavam para um porvir imaginário que fazia o bom parecer ruim.

A imensa maioria dos “problemas” humanos deriva de um olhar indevido, foco deslocado da realidade que, invés do sólido alicerce dos fatos pisa nas areias movediças da cobiça. “Melhor é a vista dos olhos que o vaguear da cobiça; também isto é vaidade e aflição de espírito.” Ecl 6;9

Se, esses fruíssem sozinhos, às aflições oriundas das suas concupiscências, “vá bene”! Mas, desgraçadamente projetam-nas sobre terceiros que não têm nada a ver com seus desarranjos de alma; no caso em apreço, sobre Aarão e Moisés. A “boa” e velha inveja que costuma ter olhos sagazes para ver frutos, posição, privilégios, sempre é míope para ver o preço, as dores, o trabalho de quem é seu alvo.

Não sem razão, pois, sua origem latina, “invídia” significa não querer ver. O dito que o pior cego é o que não quer ver, num sentido mais amplo significa que o pior cego é o invejoso.

Desses O Salvador também falou: “Se, porém, teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Portanto, se, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;23

Aos romanos que estavam em luta com suas carnalidades resilientes, ao que parece pela exortação de Paulo, ele desafiou que olhassem para trás, para a esbórnia suicida em que viveram e a comparassem com o dom recebido em Cristo. “Porque, quando éreis servos do pecado estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;20 e 21 Se, o passado era motivo de vergonha e o presente os tinha no dom da vida, estavam muito melhor.

Se, é pra frente que se anda como falam, há uma bagagem pretérita de experiências, dores, aprendizado que deve andar conosco para que as lições dos passos idos não sejam desperdiçadas.

Por Jeremias o Próprio Deus aconselhou o povo a olhar um tiquinho para trás; “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos.” Jr 6;16 Nesse caso, gente que andara bem, e se desviara.

O que muitos chamam de seguir em frente não passa se fuga da sombra de correr sem alvo, foco. Onde querem chegar? Daniel anteviu o progresso da ciência nos últimos dias, e a corrida insana também; “... muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará.” Dn 12;4

Lembrei uma antiga canção que dizia: “A vida é de quem corre menos em busca de mais...”

Quando O Salvador acenou com “vida com abundância” estava falando de vida eterna, não de fartura terrena, facilidades. Advertiu das aflições.

Nele (como a de Aarão) somos varas mortas que recebem o dom da vida.

O agricultor não planta para o deleite das plantas, mas, para obter frutos; assim espera que frutifiquemos invés de devanearmos com coisas que não nos pertencem. “Eu sou a videira verdadeira; meu Pai é o lavrador. Toda vara em mim, que não dá fruto tira; e limpa aquela que dá fruto, para que dê ainda mais.” Jo 15;1 e 2

Um comentário:

  1. Se num espaço tão pequeno, nos limites de tempos em que cada dia erramos, tropeçamos e, se nos levantamos, logo somos atraídos e enganados por renovados desejos... Por que não discernir o ensino dos humildes que aprenderam andar na simplicidade? Como estaremos preparados para vida eterna em gozo com a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, se nem sequer conhecemos a distinção entre o que queremos, do que precisamos, pelo menos durante um dia de 24 horas?

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