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domingo, 28 de julho de 2019

A Falsidade Contamina

“... dos profetas de Jerusalém saiu a contaminação sobre toda a terra.” Jr 23;15

Sempre que a palavra profeta nos soa, a ideia primeira é de algo respeitável, ofício nobre; alguém que falaria da parte do Senhor. Entretanto, nesse fragmento de Jeremias os vemos como uma espécie de epidemia, uma peste a contaminar a terra; por quê?

Ao mesmo Jeremias se explica: "Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não da Boca do Senhor." V 16

E “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor; esquadrinho o coração e provo os rins...” Cap 17;9 e 10

Quantas vezes já ouvimos “orações” bem intencionadas tipo: “Eu profetizo mudanças, eu profetizo vitória, bênçãos sem medida.” “Eu profetizo” já identifica a fonte doentia, o que é mui diferente de, "Assim diz O Senhor.”
Não que alguém não possa usar a fórmula para enganar; mas, a diferença reside em algo que O Eterno manda dizer, invés de algo “bom” que, outrem nos deseja. Um servo de Deus idôneo, profeta ou não, pode dizer como o salmista: “... todas as minhas fontes estão em ti.” Sal 87;7

Uma vez que a voz profética tenciona balizar ações de quem a ouve, tanto pode haver poder criativo quanto destrutivo nela. Jeremias lutou por mais de duas décadas contra um povo resiliente que preferia os falsos profetas contaminadores, à pura Palavra de Deus.

Quando o juízo predito finalmente se cumpriu, a cidade foi arrasada e o povo levado ao cativeiro em Babilônia; ele caminhava chorando entre as ruínas e denunciando a causa daquilo; “Por estas coisas eu ando chorando; meus olhos, os meus olhos se desfazem em águas; porque se afastou de mim o consolador que devia restaurar minha alma; os meus filhos estão assolados, porque prevaleceu o inimigo... Os teus profetas viram para ti, vaidade e loucura; não manifestaram tua maldade, para impedirem teu cativeiro; mas, viram para ti cargas vãs e motivos de expulsão.” Lam 1;16 e 2;14

“... não manifestaram tua maldade...” Eis uma coisa que falsos profetas resistem em fazer. Quem é comissionado por Deus entrega o que Ele mandou e sai da frente; quem “envia” a si mesmo carece o selo da aceitação humana já que padece do lapso da aceitação Divina.

Em busca disso tende a ser leniente com a maldade explícita e propagador de facilidades falsas que jamais se cumprirão.

Quem avalia profecias pelo sabor, como Acabe, tende a cercar-se dos falsos e deixar a verdade presa a pão e água, como fez aquele com Micaías. Essa sua escolha doentia resultou na sua morte. Sempre resulta.

No início da história da igreja tivemos já auto-comissionados, que, cheios de inveja dos escolhidos saíram emporcalhando o trabalho alheio.

“Ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a Lei, não lhes tendo nós dado mandamento.” Atos 15;24

Suas “credenciais”; “saíram dentre nós”; seus frutos; perturbadores ensinado o que não convinha. Contudo, vejamos as credenciais dos enviados: “Pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados, Barnabé e Paulo, homens que já expuseram suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.” VS 25 e 26

Há uma grande diferença entre homens que já expuseram suas vidas por amor à obra, e outros que, só conseguem expor alguns palpites infelizes.

Quem sabe o real peso do ministério profético não o busca, nem deseja. Os que correm por isso não passam de bobos alegres que, devaneiam com prerrogativas, privilégios rasteiros, onde existe apenas pesada e impopular responsabilidade.

Se, é vero que não existem mais profetas nos moldes antigos, também é que, os pregadores da Palavra são, em certo sentido, profetas; “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?” Am 3;8

Tanto se pode ser falso criando algo novo, espúrio, quanto, deturpando a sadia interpretação da Palavra.

Se, por uma lado é “grande o exército dos que anunciam Boas Novas”, por outro, é inda maior o dos que saem por iniciativas próprias, embalando em nuances da Palavra, pacotes da velha mentira de Satanás que coloca o homem num patamar indevido. Acenando com facilidades onde deveriam denunciar maldades.

Os preguiçosos inclinados a “comer na mão dos outros” invés, de investigarem por si mesmos a Palavra, são presas fáceis à contaminação da falsidade que grassa.

Não há profilaxia possível, vacina preventiva que desincumba a cada um de buscar conhecer a Palavra. “Desvia de mim o caminho da falsidade; concede-me piedosamente a Tua Lei.” Sal 119;29

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Facilidades Mortais

“Dizem continuamente aos que me desprezam: O Senhor disse: Paz tereis; a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração, dizem: Não virá mal sobre vós.” Jr 23;17

Labor dos falsos profetas: Paz e bem aos desprezadores de Deus, duros de coração. A enfermidade das almas caídas. Todos desejam ouvir promessas de bens, mesmo sendo maus e seguindo na maldade.

A dureza do coração não apenas macula o relacionamento com O Santo; atinge a inteligência de modo a fazer que se espere por frutos do que não se plantou.

Se, um profeta idôneo fala da parte de Deus, aos maus, necessariamente há de começar por aí, uma vez que, O Bom Deus abomina à maldade; “... se tivessem estado no Meu conselho teriam feito meu povo ouvir minhas palavras e o teriam feito voltar do seu mau caminho; da maldade das suas ações.” V 22

A maldade de um profeta é ser “bom”, quando, O Senhor deseja apenas que seja verdadeiro. Pois, sua “bondade” aparente se revelará fatal quando chegarem consequências. Jeremias o “mau”, “contencioso” pelejou com aquele povo por 23 anos; sempre resistido por falsos profetas que tinham uma mensagem “melhor”.

Na hora das consequências coube-lhe a impotência de chorar passeando entre ruínas de uma cidade arrasada compondo suas lamentações.

Mesmo nelas não omitiu as causas; “Por estas coisas eu ando chorando; os meus olhos se desfazem em águas; porque se afastou de mim o consolador que devia restaurar minha alma; os meus filhos estão assolados, porque prevaleceu o inimigo... Os teus profetas viram para ti, vaidade e loucura, não manifestaram tua maldade, para impedirem teu cativeiro; mas, viram para ti cargas vãs e motivos de expulsão.” Lam 1;16 e 2;14

Numa geração como a atual, onde, tudo é culpa de terceiros; sociedade, pais, Governo, do outro; mais do que nunca, a idoneidade profética requer que sejamos do contra. Quem desejar aplausos vire artista, mas, se empunhar a “Espada do Espírito” dê uma banana para os neons do mundo; seja fiel.

Falando em ser do contra, aliás, observemos essa palavra, “contra” quando O Senhor comissionava Jeremias: “Eis que hoje te ponho por cidade forte; por coluna de ferro e muros de bronze, contra toda terra; contra os reis de Judá, contra seus príncipes, contra seus sacerdotes e contra o povo da terra.” Cap 1;18

Parece que, invés de ser escolhido para agradar, como fazem os falsos, Jeremias o foi só pra contrariar.

Deparo seguido com “profetas” que, não querem saber como estou; se, honro ou desprezo a Deus; se, pauto meu viver pela Sua Palavra ou, ando segundo a dureza do meu coração; nada disso parece importar a esses “representantes do Santo”. Basta que eu “creia”, “compartilhe”, “digite amém”, “tome posse” para que eu seja destinatário da “chave da vitória”, da “bênção da prosperidade”, ou que Deus pagará minhas dívidas irresponsáveis... Que cambada de patifes!! Que gente sem noção!!

Agur descreveu-os nos seus dias já; “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas que nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12 Como aos amigos de Jó; “Quem dera que vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Jó 13;5

Qual a diferença entre esses e os daqueles dias? Nenhuma. Prometem profusão de bens a quem vive mal; a quem despreza Deus. Diante Dele que as coisas contam; e as condições para viver, as metas a atingir estão bem patentes: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; que é o que o Senhor pede de ti, senão, que pratiques justiça, ames a benignidade e andes humildemente com teu Deus?” Miq 6;8

Não tem chave de nada aqui; mas, um modo de viver que agrada ao Eterno.

Queres ganhar dinheiro? Aproveite oportunidades de trabalho, capacite-se; vá à luta; faça por merecer.

Se queres ser abençoado por Deus, antes de tudo precisas dar crédito à Sua Palavra para que, por Ela e pelo Espírito possas nascer de novo; pois, “Deus não é Deus de mortos”.

Nos domínios do Espírito as riquezas são de outra estirpe; demandam diligência também, mas o front é distinto: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, não nas que são da terra; porque já estais mortos e vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” Col 3;1 a 3

Percebeu a “contradição”? “Ressuscitastes... estais mortos...” Pra vida espiritual ressuscitamos; estávamos mortos e fomos renascidos; ao homem natural que tomou sua cruz convém outra sentença: “estais mortos...”

Enfim, um profeta veraz, portador da Palavra da Vida é instrumento que Deus usa para ressuscitar; não, para maquiar mortos.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Ouro no Lixo

“Como se escureceu o ouro! Como se mudou o ouro puro e bom! Como estão espalhadas as pedras do santuário sobre cada rua! Os preciosos filhos de Sião, avaliados a puro ouro são agora reputados por vasos de barro, obra das mãos do oleiro!” Lam 4;1 e 2

A boa hermenêutica esposa que a Bíblia interpreta a si mesma. Estamos diante de um exemplo clássico. O ouro desvalorizado, escurecido, do primeiro verso, no segundo mostra tratar-se de uma metáfora para o caráter dos homens de então, não, do metal em si.

Assim o envilecimento do ouro é uma figura para a decadência do valor, do caráter humano. De passagem temos menção da ruína do Santuário, o que permite inferir licitamente que a decadência era derivada do abandono, ou, negligência para com as coisas santas.

Isaías mencionou um cenário global, (o de Jeremias era local) de decadência humana evidenciada de cima para baixo; isto é, desde os governantes. “A Terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha; enfraquecem os mais altos do povo da Terra.” Is 24;4

De novo, negligência, quando não, oposição às Leis Divinas são a causa da maldição, do enfraquecimento; “Na verdade a Terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado estatutos, quebrado a Aliança Eterna. Por isso a maldição consome a Terra...” Vs 5 e 6

Natural que, os que temem ao Senhor sejam avessos às leis humanas que afrontam às Divinas. O Salmista fez uma pergunta retórica que encerra a questão: “Porventura se associa contigo o trono da iniquidade que forja o mal a pretexto de lei? Sal 94;20

Assim, muitas coisas “legais” ao escopo do mundo, se, são imorais perante os Estatutos Divinos devem receber nossa aversão, não, aquiescência. Pois, como A Palavra ensina, “importa mais obedecer a Deus, que, aos homens.”

Quando consequências da maldição incidem sobre o planeta em grandes catástrofes, os ímpios são os primeiros a culpar Deus pelo feito, pois, poderia impedi-las e não o fez. Ora, suponhamos que você tenha plantado algo; acaso desejarias que outrem interferisse com seu plantio tolhendo à colheita?

Pois, perante O Santo, seja na seara da virtude, seja, na do vício, nossas escolhas são sementes que Ele deixa frutificar. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas, o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;7 e 8

Semear na carne é dar vazão plena às paixões naturais, humanas; torná-las lícitas até, como muito se vê; Semear no Espírito é ter como norma de vida os valores da Lei Divina.

Então, no mesmo escrito em que denunciou o “escurecimento do ouro”, Jeremias sentenciou: “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3;39

Quando catástrofes “naturais” filhas da maldição nos visitam, pode até que inocentes padeçam junto, mas, certamente é a messe madura do plantio da maioria que está tremulando ao vento. Se, desse lado da vida Deus permite injustiças onde inocentes morrem por culpas alheias, no além, cada um receberá segundo suas escolhas; ninguém mais ceifará passivamente culpas de outrem.

Jeremias, aliás, o profeta das lágrimas é um exemplo de inocente atingido pelo juízo contra terceiros, os culpados; líderes civis e espirituais do povo que fomentaram a apostasia. “Os teus profetas viram para ti vaidade e loucura; não manifestaram tua maldade para impedirem o teu cativeiro; mas, viram para ti cargas vãs e motivos de expulsão.” Lam 2;14

Nítido é que, o dever dos homens espirituais é manifestar o que está errado aos Olhos Divinos. “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento; da sua boca devem os homens buscar a Lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Mal 2;7

Desse modo, enquanto os governos humanos ímpios se esforçam para forjar leis ao sabor das paixões, nós, servos de Deus temos dever de por em realce as prescrições da Lei Divina, tão somente, pois, “... havendo os teus juízos na Terra, os moradores do mundo aprendem justiça.” Is 26;9

Vemos A Palavra de Deus jogada no lixo como algo sem valor; tais atores de igual modo serão jogados no monturo. Deus É Inocente; Justos Seus Juízos; a escolha é nossa.

“... em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas. Os sábios são envergonhados, espantados, presos; rejeitaram a Palavra do Senhor; que sabedoria têm?” Jr 8;8 e 9

Enfim, muitos escondem seus corações da Palavra de Deus e endeusam a si mesmos; Nós, cristãos, andamos por trilho inverso: “Escondi Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Sal 119;11