“Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;5
O inferno, talvez seja uma das doutrinas sobre a qual, menos nos ocupamos. Nos acomodamos à ideia simplista que é um lugar de fogo, onde queimarão os ímpios para sempre, e vamos para o próximo capítulo, avessos ao retrovisor; para algo que seja mais atraente, promissor.
Fogo, na linguagem espiritual pode ter diversos significados; depende do contexto. As provações que são permitidas para testar nossa firmeza, são figuradas como “prova de fogo.” I Cor 3;13
O mover do espírito no íntimo dos que são iluminados por Ele, para entenderem à Palavra da Vida, foi também descrito pelos discípulos no caminho de Emaús, num ardor íntimo, como que, de um fogo; Luc 24;32
A rejeição dos que se recusam a frutificar para O Senhor foi figurada como lançar no fogo; “Também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.” Luc 3;9 etc.
Assim, encontrarmos a perdição eterna, como um fogo eternamente aceso, também é pelo uso recorrente da mesma forma de linguagem. Isaías falou nesses termos: “... seu verme nunca morrerá, nem seu fogo se apagará; serão um horror a toda carne.” Is 66;24
A mesma ideia foi reiterada no Novo Testamento, descrevendo ao inferno como um lugar, “Onde seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.” Mc 9;44 etc.
No entanto, de onde tirei que o inferno não é uma fornalha literal, antes, uma metáfora para a perdição eterna? Da Palavra de Deus.
“Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.” Mat 22;13
Essa descrição do banimento, é recorrente; Mat 8;12, 25;30...
Se, será um lugar de trevas, de choro, não, de queimaduras e gritos, natural a conclusão que o “fogo” que nunca se apaga, visto noutras passagens, é uma metáfora, para a saga dolorosa e eterna, dos perdidos.
Serão ainda reféns das suas ímpias escolhas, carnais desejos, sem meios para os suprir. Além da eterna abstinência, incidirá na dimensão do além, o pleno conhecimento das venturas desprezadas. Prefeririam à morte a tal remorso; mas, o bicho (a alma) nunca morre; e o fogo, (desejo) nunca se apaga, ou jamais cessa. Que inferno!!
Tal desgraça não deriva da Vontade de Deus; mas, de uma dolorosa necessidade da Sua Justiça, que respeita nossas escolhas. O referido e nefasto lugar, nem foi criado para seres humanos; “Então dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;” Mat 25;41 Quem escolhe aos conselhos do Diabo, desse lado, encomenda para si a companhia dele, no devir.
Por causa da natureza livre do amor, no qual, e para o qual, fomos criados, escolhas precisam ser respeitadas. O que é a pregação do Evangelho, em todo lugar, a todas as pessoas, senão, a tentativa do amor Divino, de persuadir à escolha pela vida?
O coração do Criador sofre, quando precisa abrir mão de alguém que Ele ama, porque esse alguém resolveu trilhar por outro caminho. Como o pai do pródigo, que triste viu seu filho rumando ao erro, O Todo Poderoso se vê impotente, ante os limites que Seu Amor estabeleceu.
O Senhor ensina, jurando pela própria vida, “... como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo.” Heb 6;13 que não se apraz quando alguém se perde; mas, que se alegra quando um pecador se arrepende; “Dize-lhes: Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” Ez 33;11 A mesma pergunta feita à casa de Israel, por certo, se aplica a cada um de nós.
Aquilo que aquilatamos como mera escolha por um prazer efêmero, alguns sem noção supõem, que seja um “direito”, ante a visão dos Céus, é como deixar de escolher pela vida, preferindo à morte. As nossas temeridades daqui, causam espanto lá; “Espantai-vos disto, ó céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2;12 e 13
Sim, O Senhor pode ser deixado de lado; Ele não é um ditador. E a ninguém mandará para o inferno; apenas fará com que, nossas escolhas sejam respeitada
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