sexta-feira, 16 de maio de 2025

Ligações perigosas


“... tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na Terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai...” Mat 18;18 e 19

Esse “tudo” é uma hipérbole; deve ser reduzido a, tudo o que uma pessoa, espiritualmente saudável, ligaria. Senão, como adverte Tiago, “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites.” Tg 4;3

O contexto alude a um litígio entre dois irmãos, onde o ofensor recusava a se arrepender; foram chamadas duas testemunhas e ele permaneceu irredutível; o caso foi apresentado à igreja e nem assim, mudou; “considera-o como gentio e publicano”. Foi a sentença. Era o desligamento daquele que se recusava a andar segundo os ensinos do Mestre.

Essa recusa, a rigor, ensejaria a exclusão; ela seria apenas formalizada pela igreja. O Caminho que nos liga aos Céus é Jesus Cristo; Jo 14;6 etc. Se alguém resiste a andar segundo Ele, tendo caminhado por determinado tempo, automaticamente se desliga, pela escolha obstinada que faz; assim, a igreja confirma, o que O Céu já fez, e deu a conhecer, pela Palavra revelada. Quem se recusa a subir pela “Escada de Jacó”, não poderá fazê-lo por outro lugar.

A suposição doentia, derivada de uma má interpretação, que seres mortais teriam prerrogativas de incluir ou excluir alguém do Reino dos Céus, é extremamente nociva.

Que o mundo pleiteie por “portas inclusivas”, vá lá; mas, à Igreja compete ensinar “o caminho estreito”, uma vereda exclusiva, por onde chegar a Deus. “... Ninguém vem ao Pai, senão, por Mim.” Jo 14;6 É Ele que inclui ou exclui, segundo a Palavra que ensinou. “... A Palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12;48

Nossas decisões espirituais só têm valia, se forem oriundas do Espírito Santo; Ele jamais age contra A Palavra de Cristo; qualquer passo nessa direção, pois, será mera formalização do que os Céus já colocaram em nós.

O catolicismo, mercê de uma má e tendenciosa “Interpretação” das “Chaves do Reino”, pretendeu, por muito tempo, (não poucos pretendem, ainda) ter o monopólio da salvação. O que se deu a Pedro foi a honra de ser o primeiro pregador da Igreja, que assim, abriu a Porta do Reino, (Cristo) à compreensão de todos. Nada a ver com papado, tampouco, poder político.

Porém, o que me desfiou a escrever, foi um vídeo de um pastor, numa reunião em sua igreja. Enfatizava a necessidade da observância de determinados usos e costumes, mormente para obreiros; numa advertência contra possíveis desobedientes lembrou que, “se dois de nós desligarmos na Terra, o tal será desligado nos Céus.” Deu uma vergonha alheia!

Quando Jezabel quis tomar a vinha de Nabote, para satisfazer a um capricho de Acabe, alugou duas testemunhas falsas que se comprometeram a acusar e sustentar o crime de blasfêmia por parte do infeliz vinhateiro. Certamente combinaram em dizer o mesmo, para que o “testemunho” tivesse verossimilhança.

Acaso isso foi ligado nos Céus? Pois, não estavam eles, de acordo? Ah, mas esses não eram crentes! Ananias e Safira eram; não se combinaram os dois em dizer a mesma mentira aos apóstolos? E daí? Acabaram ambos mortos.
Então, concluir que bastam dois em acordo para “invadir” aos Céus, além de blasfemo é estúpido.

Ter uma denominação, suas normas internas, e desejar que as mesmas sejam observadas é um direito. Mas, por saudáveis que elas sejam, não logram o status de doutrinas; pretender excluir dos Céus a quem não se enquadrar nas tais, é ir longe demais.

Outro dia ouvi, embasbacado, ao Pastor José Wellington Bezerra, apresentando numa reunião da sua convenção, versos bíblicos descontextualizados, como “prova” que servos de Deus precisam fazer a barba.

Ora, se ele lendo A Palavra de Deus, nada encontrou que vetasse a confecção de imagens, permitindo que forjassem um busto de si mesmo, não tenho certeza de que ele possa mesmo vislumbrar as coisas que estão reveladas. Talvez, careça de uma Bíblia em Braille.

Enquanto não encontra “O Livro de Eli”, poderia permanecer em silêncio. Acho que foi Cícero que disse: “Quando os deuses querem punir a alguém, começam tirando o seu juízo.” “Mutatis mutandis”, é isso.

Um líder deve constranger pelo exemplo, não, se impor; as ovelhas são do Senhor; apenas Ele pode dispor, como bem lhe aprouver.

“Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.” I Ped 5;2 e 3

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