“Os Olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando maus e bons.” Prov 15;3
Sempre que O Eterno supervisionava o andamento da Sua obra, O texto diz: “... Viu Deus que era bom.” Gn 1;10 Até que, completando-a, com o homem criado também, acrescentou: “Viu Deus tudo quanto tinha feito, eis que era muito bom; foi a tarde e a manhã, do dia sexto.” Gn 1;31
A variação foi do “bom”, ao “muito bom”. Não havia nada de mau, para entristecer à Divina contemplação.
Se, os Olhos do Eterno, precisam contemplar mal e bem, isso se dá, porque o homem ouviu um “profeta alternativo”, o qual, defendeu que as definições de maldade e bondade eram estreitas, limitadas, preconceituosas. Então, sugeriu ao primeiro casal, que rompessem a cerca; bastaria desobedecer; os horizontes humanos seriam ilimitados.
Tal “profeta” foi ouvido, como são até hoje, os que semeiam facilidades, na terra que foi preparada para a verdade.
Invés da advertência de morte, o Capiroto prometeu que havia grande crescimento espiritual, autonomia, por detrás da desobediência. “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão vossos olhos; sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Gn 3;5 Haveria um aprofundamento espiritual, além de autonomia, no pacote; só que não.
Aceita a sugestão, males como, mentira, blasfêmia, perversão, coação, saíram do ovo da serpente; consequências como, medo, vergonha, dissimulação, pesaram nos ombros humanos.
O homem, que era “muito bom”, acolhendo sugestão espúria, não apenas buscou maldição para si, como todo o seu domínio se fez maldito; novas “criações” surgiram na superfície da terra, como testemunhos da presença do mal, dali em diante.
“A Adão disse: Porquanto deste ouvidos, à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo.” Gn 3;17 e 18
Espinhos e cardos não eram parte da criação “muito boa”; vieram como um testemunho da invasão consentida, do mal.
Por isso, a mistura de espinhos nas escolhas humanas, é sempre uma figura dessa mescla indesejável de mal com bem.
Na Parábola do Semeador, O Salvador aludiu a sementes que caíram entre espinhos; depois, interpretou: “O que foi semeado entre espinhos é o que ouve a Palavra, mas os cuidados deste mundo, a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera;” Mat 13;22
Acaso não foi com uma sedução “enriquecedora”, que o criador de espinhos corrompeu ao primeiro casal?
Assim, a mescla de mal com bem, acaba sendo um testemunho da duplicidade do homem. Algo no seu íntimo diz que deve escolher e praticar o bem; mas, como juízo pela desobediência, resultou a queda, e com ela, a escravidão ao pecado. Da tentativa de agradar a essas duas nuances, a que deseja a virtude, e a refém do vício nascem os hipócritas. “Agradam” à virtude nos discursos, nas encenações; onde apenas Deus vê, praticam o vício.
Sim, “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons”. Essa mistura, não coloca, necessariamente, ambos na mesma foto. O Criador vê o mal, quando olha para um hipócrita.
Nos seus dias, Jeremias já denunciava a mistura indevida, dos que acreditam que trigo e espinhos sejam igualmente necessários: “Porque assim diz o Senhor aos homens de Judá e a Jerusalém: Preparai para vós o campo de lavoura, não semeeis entre espinhos.” Jr 4;3
A duplicidade, é o tema central da epístola de Tiago. O que crê e o que duvida; o que apenas ouve a Palavra e o que a pratica; o que tem apenas fé, e o que faz as obras correspondentes; o que deseja amar a Deus e ao mundo, ao mesmo tempo; o que amaldiçoa e o que abençoa com os mesmos lábios; enfim, todo o tratado do Apóstolo, é um conselho para que separemos as boas plantas dos espinhos; uma diatribe contra a duplicidade.
Por fim, ele mesmo usa essa definição, como um obstáculo, e aconselha que nos aproximemos do Senhor, com inteireza de coração; “Chegai-vos a Deus, e Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4;8
Enfim, escolher o bem, não é mera vitrine, para que possamos fazer boa figura num concurso de estética social.
Antes, é escolher à justiça que Deus ama, e fazê-lo por amor a Ele; quando O Senhor julgar, isso fará diferença fundamental; “Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Ml 3;18
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