“Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.” Ef 5;6
Nem todo o engano deriva da mesma origem. Em geral, pensamos que ele seja fruto da manipulação de gente má, que, a fim de dominar incautos, usa de fraude, no lapso da ignorância das suas vítimas. Em muitos casos é assim, mas nem sempre.
Pois, há um tipo de engano cujo acesso é moral, não, intelectual. Nesse caso, o enganado não é vítima. Antes, é coautor do próprio engano, como ensina Tiago sobre a gênese do pecado. “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tg 1;14 e 15
Figura como um processo, como se fosse uma gestação, onde, a vontade do enganado arbitra, invés de ser simplesmente, ludibriada; levada ao bel prazer do enganador.
Desse modo, o erro não anda sobre o lastro da escuridão espiritual; antes, sobre nossa imprudente temeridade, que, mesmo sabendo onde determinadas escolhas levam, prosseguimos nelas. Agimos como um candidato a drogado, o qual, vendo os veros zumbis em que se transformam os que erram aprofundando-se nisso, mesmo estando fora, decide entrar, acreditando que, com ele, será diferente. Fatalmente acabará no mesmo lugar.
Esse que trai a si mesmo, sofre a influência maligna, dum conselheiro invisível que, potencializa a curiosidade e minimiza os riscos, as consequências. “Certamente não morrereis!” Esse logro conta com a cumplicidade da carne, cuja inclinação se opõe à obediência, ver Rom 8;7 Se, tal engano não fosse resultado de nossa culpa, tampouco, ensejaria o juízo; “... porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência...”
Por isso, a justa punição; porque, mais que engano, a rigor, é desobediência. Trata-se, em última análise, de uma escolha moral, entre a Divina direção, e as sugestões do traíra, erro similar ao do primeiro casal. Deus não os deixara no escuro; antes, advertira contra o risco de se comer determinado fruto, das consequências disso.
Surgiu o “profeta alternativo” com uma segunda mensagem que se opunha ao dito do Criador. Mesmo sendo enganosa, a proposta, não forçou suas “vítimas”; careceu da escolha arbitrária dos enganados, que, deixaram a sóbria Palavra de Deus, pelo risco da nova e “atraente” possibilidade. O resultado, bem sabemos; o sentimos até hoje.
O engano do qual somos “inocentes” pela nossa ignorância, esse invés de chocar-se contra a ira Divina, conta com Sua leniência; pois, está dito que Deus “Não toma em conta os tempos da ignorância.” Atos 17;30 Não que erro não seja erro, porque ignoramos algo; mas não somos punidos pelas coisas feitas sem nosso conhecimento delas. Como um crime culposo é diferente de outro, doloso; também a insipiênsia é diferente da desobediência deliberada.
Embora seja cantada em prosa e verso a purificação que O Sangue de Jesus opera, mediante a conversão, onde somos salvos sem mérito nenhum, levados ao novo nascimento, ela requer uma contrapartida nossa, em obediência; “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10
Malgrado, a salvação não seja pelas obras, são essas que testificam da remissão de Cristo. Primeiro somos iluminados acerca do querer Divino; depois, capacitados a andar nele; “A todos que O receberam deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12
Por fim, a obra é sintetizada condicionando nossa purificação, a andarmos na luz; ou, segundo a vontade de Deus que, em Cristo nos foi revelada. “Mas se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” I Jo 1;7
Sempre a mensagem dos falsos profetas nos soará mais agradável que a sã Doutrina. Por isso, o “negue a si mesmo”, prescrito pelo Salvador, não deriva do desejo do Santo de “eliminar à concorrência”, como poderia parecer ao mais desavisado. Trata-se de uma necessidade; sem isso, e consequente andar em espírito, seremos presas fáceis do engano, que tem no Capiroto seu astuto mentor, e na nossa carne perversa, o mais ávido consumidor.
Quando agimos segundo nossas respostas sensoriais, sempre tendemos ao engano; assim, o andar em espírito não é uma proposta da predileção Divina; é a única possibilidade de agradar a Deus.
Suas restrições não são castrações aos nossos direitos, antes, são cercas inibindo que demos vazão as más inclinações e caiamos na rede do enganador. “Mas o que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;33
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