quarta-feira, 7 de maio de 2025

O sistema


“Vi mais debaixo do sol que no lugar do juízo havia impiedade...” Ecl 3;16

O pensador constatou anomalias, as coisas fora dos seus lugares. Mera desordem, uma breve ajeitada resolve, mas nem sempre é assim. “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar”. Spurgeon. Então se esse deslocamento altera a essência, não pode ser tratado como, de pequena monta.

Profetas falsos, falavam de paz quando não havia paz; foram denunciado por Jeremias e Ezequiel; Jr 6;14 e Ez 13;10 Iludiam ao povo quanto ao relacionamento com Deus, e sonegavam exortações por mudanças de rumo, que ensejariam o necessário conserto, e a paz. Levar alguém a afrouxar a vigilância em situações de risco era algo mui grave, não mero, como seria, uma tralha fora do lugar.

Dar a cada coisa seu assento, além de sanidade mental, em muitos casos requer idoneidade moral também. Aristóteles dizia: “A pior forma de desigualdade é considerar iguais, às coisas que são diferentes.” Muito antes do filósofo grego, Abraão dissera: “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25

Tratar de modo igual, aos moralmente diferentes, seria injustiça, o que não requer grande sapiência para se entender.

Não devemos fazer acepção de pessoas; porém, ter a capacidade mínima de aferir caracteres, coisa que os comportamentos ordinários se encarregam de exibir. Convém aquilatar escolhas como O Senhor o faz; o “cidadão dos Céus é aquele, “A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra os que temem ao Senhor...” Sal 15;4 Invés de colocar todos no mesmo balaio, faz a devida distinção entre um e outro.

Acontece que, atualmente surgiram novos “pecados” que, em nome da aversão aos tais, muitos se sentem justificados, se mantendo distantes da obediência preceituada na Palavra de Deus. A “religiosidade, o legalismo, o sistema”... basta alguém discordar dum ponto específico para rejeitar tudo, afinal, “o sistema é corrupto”.

Com o mesmo reducionismo que políticos safados usam em suas platitudes, “elites, burguesia, senhores feudais” etc. quando não são aptos a dizer nada de relevante e pretendem produzir “fumaça branca” ante incautos, esses “new paladinos da higidez cristã”, saem enchendo o ar de barulho, deixando os cérebros que os seguem tão vazios quanto os deles.

Estamos sob a Lei de Cristo, como ensina Paulo; e a religião não é em si, algo mau; Tiago versa sobre a necessária religião. Fanatismo é mau sempre; atinente ao tema que for. Mas, deve ser tratado como tal, não, diluído noutro recipiente, virando derivado da preguiça mental ou, desonestidade intelectual dos avessos à verdade.

Quem disse que sistema é algo mau? Quem já usou GPS? Sabe o que o “S” faz ali? Acaso uma loja de departamentos, um supermercado não é sistematicamente organizado, para facilitar nossas vidas? “Hortifruti, higiene e limpeza, bebidas, cereais...” sinalizam as placas para que encontremos o que desejamos.

Nada mais é, que a organização de algo complexo, para que a complexidade que for eliminável via ordem, o seja, facilitando as coisas. Se, num supermercado, um funcionário inepto ou desonesto, colocar um produto de higiene e limpeza, entre bebidas, ou vice-versa, o problema não está no sistema; mas na atuação pontual do referido funcionário.

Assim, as igrejas, sistematizam os parâmetros das suas crenças em suas “confissões de fé”, organizam sua funcionalidade, escolas bíblicas, cursos teológicos formação de obreiros dentro de certos parâmetros. Que mal há nisso?

O que são os “desigrejados”, críticos do “sistema”, senão, uma espécie de sistema bastardo, que se formou espontâneo, pelo discurso semelhante, dos que, frustrados com algum incidente enquanto congregavam, resolveram afundar ao navio para apagar o incêndio?

Não ignoramos que existe nepotismo, corrupção e toda sorte de vícios infiltrados na igreja. Mas, O Dono dela ordenou que deixemos o trigo e joio crescerem juntos, até que Ele faça a necessária separação. Quando Ele quer, do nada sopra um vento e muitos ciscos são levados; “... os ímpios são como a moinha que o vento espalha. Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.” Sal 1;4 e 5

A ideia que a culpa é de outrem sempre desce “redonda” ao ímpio paladar. Não raro, nossas frustrações vertem de algum anseio sonegado, um espaço que julgávamos nosso, ter sido dado a outrem; aí, os frustrados se afastam apedrejando ao “sistema”.

Muitas vezes é O Próprio Senhor que fecha a porta diante de nós, para purgar motivações mesquinhas. O único “sistema” que nos faz pecar, colocando a salvação em risco é nossa má inclinação, herdada pela queda. Mortificada essa, às demais coisas, se administra.

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