sexta-feira, 23 de maio de 2025

As obras sem fé


“A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual é a obra de cada um.” I Cor 3;13

Aparentemente, as obras testificam da fé; atuarmos dessa ou daquela maneira, pressupõe o derivado de um modo de crer; de como vemos e aprendemos a vida.

Segundo Tiago, a fé sem obras é morta; nossa regeneração em Cristo, deverá, necessariamente, resultar num modo de agir, consoante; “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Entretanto, no verso inicial, encontramos as obras em xeque, não, a fé; “... o fogo provará qual é a obra de cada um...” então, a conclusão necessária é que, assim como a fé fica sem chão se não tiver o concurso das obras correspondentes, também as ações padecerão orfandade de sentido, se, não tiverem a fé como motivadora.

Quer dizer que fazer a coisa certa, não basta? Suprirmos a necessidade de alguém, pelo ponto de vista desse alguém, basta. Mas, nosso feito deve ser oriundo do propósito de glorificarmos a Deus.

A Lei resumida em dois mandamentos, coloca o amor ao próximo como sendo um deles; porém, antes e mais importante, o amor a Deus. Se esses dois motivos, nessa ordem, forem a razão de eventuais atitudes de nossa parte, então o necessário consórcio entre fé e obras estará estabelecido, em nossas almas.

Seria possível fazer o bem sem fé? O que são as muitas “penitências” as placas por “graças alcançadas” os despachos de esquinas, etc. senão, testemunhos da intenção de alguém, de “pagar” ao mundo espiritual por alguma bênção? “Fazer o bem” em circunstâncias assim, é negócio.

O Todo Poderoso não quer ser pago, nem poderia; “Se Eu tivesse fome, não te diria, pois Meu é o mundo e sua plenitude.” Sal 50;12 Mas, deseja e merece ser honrado; disso faz questão; requer que, antes de “colocarmos o peito n’agua” para alguma boa obra, coloquemos o coração Nele, para que o amor seja nosso motivo conjunto, o Dele e o nosso.

Os que fazem boas obras diante das câmeras, para serem vistos e admirados, têm o egoísmo como motivo, não o amor.

Até os filósofos que não tinham uma visão espiritual mais aguda, suspeitavam de algumas “bondades.” Platão disse mais ou menos o seguinte: “Quando um homem for considerado justo, lhe caberão por isso, encômios, louvores; assim, ficaremos sem saber se o tal é justo por amor à justiça, ou, aos louvores que recebe. Convém, pois, colocá-lo numa situação em que seja privado de tudo isso. Se ainda assim, prosseguir sendo justo, certamente o é, por amor à justiça.”

Mais ou menos dessa forma, O Senhor prova às nossas obras. A fé deve ser um valor íntimo, que nos liga ao Santo em tempo integral; não, um verniz oportunista que, brilha nalgumas circunstâncias, noutras some, opaco. “No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este, em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

Fácil nos alegrarmos “em Deus”, quando todos os ventos sopram a favor. Nessas ditosas situações, efusivas declarações de fé, de lealdade, saltitam quase que, naturalmente.

Porém, “... o fogo provará qual é a obra de cada um...” quando o fogo das provações nos toca, aí nossa fé é testada, em sua essência. Se, do outro lado da moeda, às vezes, sem moeda nenhuma, outras, sem saúde, sem honra, ainda seguirmos fiéis, essa honrosa atitude provará mais que nossa fé; deixará ver que nossas obras pretéritas eram frutos do amor a Deus; não, de interesses imediatistas.

Muitos fazem uma leitura errada da fé, como se ela fosse uma força em si, da qual, O Poderoso necessita para nos abençoar; NÃO!!

Deus faz questão da fé, porque a dúvida O desonra; é blasfema supondo que O Eterno seria mentiroso; diria algo e não o faria. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e É galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

Por isso, quando uma turma excitada por uma recente multiplicação de pães e peixes feita pelo Senhor, se “voluntariou ao ativismo” antes de obras, lhes foi requerida a fé. “Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondendo, disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;28 e 29

Melhor é que façamos o bem, invés do mal, em qualquer circunstância; mas, a excelência reside em fazermos a coisa certa, pelo motivo certo.

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