sábado, 24 de maio de 2025

O lugar dos ricos


“A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo.” Ecl 10;6

Deve existir alguma razão compreensível para a estupidez desejar lugares altos, enquanto, a riqueza se ajeita em ambientes baixos. A conjunção adversativa, “mas”, separando as duas partes, formata um paralelismo antitético; onde, situações opostas são cotejadas.

Como não temos estupidez versus sabedoria, nem riqueza versus pobreza, forçosa a conclusão que a “riqueza”, não tem a ver com posses, estritamente.

No mesmo livro, um pouco antes, encontramos o dinheiro e a sabedoria, cada um, apreciado: “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12 Haveria algum bem mais precioso que a vida?

Elementar que a sabedoria é riqueza maior que o dinheiro. Deve ser ela, que está na antítese à estultícia na sentença que vimos no início.
Assim, teremos: “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os sábios estão assentados em lugar baixo.”

Por quê a estupidez busca o cume do Everest, desejando ser vista a todo custo, mesmo privada de predicados que ensejem admiração? Porque é próprio dessa “nonsense”, acreditar que o mundo deve vê-la, como ela mesma se vê.

Se não recebe aplausos e louvores que acredita merecer, facilmente se ressentirá, contra a “ingratidão e ignorância” alheias; contudo, seguirá airosa, na “segurança” do “eu sou mais eu.” “O caminho do insensato é reto aos próprios olhos, mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio.” Prov 12;15 Quem jamais viu estúpidos assim, nos píncaros do poder?

O que A Palavra de Deus adjetiva como sabedoria, não verte da mesma fonte que esse mundo bebe. Tiago fez distinção entre a sabedoria do alto, e a “terrena animal e diabólica.” Tg 3;15 Paulo andou nas mesmas pisadas: “Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I cor 2;7 e 8

Pois, os reputados sábios nesse sistema ímpio, invés dos lugares baixos, aos quais se amoldam os espirituais, estão, nas luxuosas cátedras de grandes universidades; não poucos, entram em filas para aquisição de ingressos, onde assistirão aos honoráveis oradores, defendendo o ateísmo, o evolucionismo, hedonismo, e outras aberrações afins.

O simples buscar por lugares altos, como esses fazem, desprovidos de uma visão que, o mirante ocupado sugeriria existir, já os transforma em estultos; pois, ineptos para conhecer a si mesmos, se arvoram em guias de multidões. Há “filósofos” incapazes de reger dignamente o próprio ânus, que posam de regentes de mentes alheias.

Ante uma geração mentecapta como a atual, onde, invés de uma dose saudável de ceticismo, basta se ouvir as proposições mais ousadas, para se inclinar e aplaudir a ousadia, como se fosse ela uma virtude em si mesma, Sophia agoniza.

Plateias sonolentas agem como se, as tolices embaladas em papéis vistosos se fizessem algo caro, apenas pelo brilho artificial; muitos mestres encantadores de serpentes deitam e rolam, posando de sumidades científicas, filosóficas, espirituais, acenando ciscos por sementes, em suas peneiras customizadas em neon, fiados na ausência dos ventos do senso crítico.

A sabedoria espiritual prescinde desse “mise en scene” todo, pois não pretende comunicar com os olhos; antes, com os corações.

Seu valor não está no desfile, mas no fim ao qual conduz. Para tanto, O Eterno, Sua Fonte, usa coisas simples, quando assim o quer, sem nenhum prejuízo à essência do que nos dá. Enriquece pessoas desprovidas de posses, de cultura; mediante essas, pode abençoar a outros que lhe deem ouvidos. Deve significar alguma coisa, o fato de que, aquele em quem estão, “todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” Col 2;3 Tenha vindo o mundo numa reles manjedoura. “... os ricos estão assentados em lugar baixo.”

Assim, os seguidores Dele, geralmente são conhecidos pela essência, não pela aparência. “Porque, vede, irmãos, vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, ou nobres, que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir às fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar às que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;26 a 29

Desde sempre escutamos “filosofias de botecos” esposando a superioridade das coisas que o dinheiro não compra. Frases alugadas, por profundas que sejam, destoando do nosso agir, não passam de estultícia também. Os lugares baixos dos sábios, são como montes, que, evidenciam A Cristo de longe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário