domingo, 22 de janeiro de 2023

Inabalável


“... Acharíamos um homem como este em quem haja o Espírito de Deus? Depois disse Faraó a José: Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu.” Gn 41;38 e 39

Faraó a José, após esse ter interpretado seus sonhos. O prisioneiro dissera ao soberano, que a capacidade para interpretar não estava nele; não era própria dele, antes, vinha do alto; “Deus dará resposta de paz a Faraó.”

Ainda não tinha ouvido o sonho, o que demonstrava absoluta confiança no Altíssimo, de que Nele, não seria envergonhado.

Fora injustiçado; quando vendido pelos irmãos; caluniado pela esposa infiel de Potifar; finalmente, desprezado pelo copeiro do rei, que, após ser ajudado por José, o esquecera.

Para uma pessoa superficial, imediatista, José teria várias razões para duvidar da Bondade Divina. Afinal, toda aquela sequência de infortúnios.

Entretanto, sua fé seguira inabalável. Sofrer tamanhos revezes e persistir confiante é algo raramente encontrável; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a Voz do Seu Servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Até alguém alienado do Eterno conseguiu “ver” em José o Espírito de Deus; porque ele mantinha estreita intimidade e confiança no Santo, malgrado, o que sofrera.

Muito ouvi, pregadores realçando a saga de José como sendo ele uma espécie de conquistador, como se ele tivesse sonhado grandes coisas, e por elas perseverado até as fruir.

Aquele tipo de sonho, homem nenhum pode produzir; depois, se a perseverança dele fosse mercenária, interesseira, Deus que sonda os corações teria visto; invés de premiar à esperteza, teria denunciado como falsa uma “fé” que até Satanás aprovaria. “Porventura Tu não Cercaste de sebe, ele e sua casa, e tudo quanto tem? A obra de suas mãos Abençoaste, e seu gado se tem aumentado na terra.” Jó 1;10
Uma “fé” que fosse um “bom negócio” como insinuou o acusador sobre a de Jó, até ele entenderia.

Todavia, a verdadeira fidelidade não precisa um segundo motivo; o primeiro, agradar Àquele em Quem crê, já basta. “Sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e é galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

A índole do fiel eleva seus motivos para além de si; isso honra ao Eterno que Se agrada em “pagar na mesma moeda”; “... porque aos que Me honram Honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

José, mesmo padecendo diversas adversidades, em momento nenhum duvidou da Bondade Divina, tampouco, deixou de crer. As coisas me estão dando erradas? Tudo bem; Deus sempre Está certo; Deve Ter Seus Motivos.

Muitos equacionam a fé com uma força, poder que faria as coisas acontecerem aos nossos anseios; não. É uma confiança inabalável, que permanece assim, mesmo que tudo nos aconteça ao reverso do que desejamos.

Quando Paulo disse que podia todas as coisas em Cristo, referia-se a isso: Invés do vulgar, posso fazer acontecer as coisas que desejo estando em Cristo, o que ele tencionou dizer, foi: Posso permanecer fiel a Ele, mesmo que todas as coisas ruins me aconteçam. Vejamos: “... aprendi contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e também ter abundância; em toda maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto, ter fome; tanto ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;11 a 13

Pois José viveu “antes de Cristo”, da manifestação Dele em carne; no entanto, não consigo imaginar melhor exemplo de fé, de confiança inabalável, que o vivido por ele.

Não importa qual lugar O Senhor nos tem reservado; estar em Cristo já é uma honraria bastante, como disse Spurgeon: “Não trocamos de lugar com reis em seus tronos, a menos que esses também conheçam a Jesus Cristo.”

Paulo, homem extremamente culto jogou tudo no lixo, pela “Pérola de Grande Valor”; “Na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas; as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo.” Fp 3;8

Depois que conhecemos a Ele mais de perto, as demais coisas empalidecem, perdem seu apelo, seu brilho. “Para que os seus corações sejam consolados, estejam unidos em amor e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus Pai e de Cristo, em Quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” Com 2;2 e 3

O que aconteceu a José, depois, foi um trabalho honroso; mas sua glória foi mostrar a Luz de Deus em meio às trevas.

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