terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Disfarce da morte


“A vida má, sem moderação, desprovida de entendimento e de respeito pelo sagrado não é uma vida má, mas um morrer lentamente.” Demócrito

Diria um incauto: Tanto faz, como nos portamos no prisma moral, pois, todos rumamos à morte na mesma velocidade. À luz estrita do tempo, sim.

Contudo, não era o tempo o escopo do pensador; antes, o sentido. Sem a revelação bíblica que considera “mortos” os inimigos de Deus, a despeito de, por quanto tempo respirem, ele tateou muto bem. Considerou a vida, alienada da virtude, do sagrado, refém dos vícios, mera morte lenta.

Suas considerações não miravam uma vida eterna, no porvir, como prometida por Cristo; atinavam às vantagens presentes na existência terrena; “A moderação aumenta o gozo e acresce o prazer. Sábio é quem não se aflige com o que lhe falta e se alegra com o que possui.” disse ainda.

A Palavra apresenta dois tipos, que, com os mesmos meios, caminham a fins diferentes; “Um homem a quem Deus deu riquezas, bens e honra, nada lhe falta de tudo quanto sua alma deseja; e Deus não lhe dá poder para daí comer, antes o estranho come...” Ecl 6;2 Possui tudo e vive infeliz, como tendo pouco, ou nada.

A vida requer algumas “posses” de outra natureza, não apenas materiais; “Todo homem, a quem Deus deu riquezas, bens, e lhe deu poder para delas comer e tomar sua porção, gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus.” Ecl 5;19 Assim, o que é abençoado material e espiritualmente usufrui da vida, a preserva para o além.

Entretanto, a fartura de bens não é sinônimo de um viver aceitável. O ouro que muitos abastados humanos ostentam verte das minas do lixo moral. Quando estiverem às portas da morte comprarão o quê, com ele?

Tampouco, privações materiais são, necessariamente, denúncias de um mau viver. Paulo andou nos dois lados; “... aprendi contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e também ter abundância; em toda maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto, ter fome; tanto a ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;11 a 13

Mencionar O Nome Santo como nosso Senhor, requer um compromisso de lealdade, independente das circunstâncias. “O fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor Conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Ele mesmo disse que “não conhecerá” os que O profanam sem compromisso; “Então lhes Direi abertamente: Nunca vos Conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;23

Devemos nos apartar da iniquidade para pertencer a Cristo; senão, ele nos dirá: “Apartai-vos de mim.” Simples é grave assim.

O que qualifica nossa vida, como pensava corretamente Demócrito, é seu sentido, não os meios que, nela usufruímos. Esse, trazido pela morte redentora de Cristo, inicialmente é a reconciliação com Deus; “Isto é, Deus estava em Cristo Reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

A isto figurou como, deixar de “morrer lentamente” e começar a viver; “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5;24

Alcançada a mesma, somos desafiados à edificação; ao conhecimento de Deus através do revelado em Sua Palavra; “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam Nele: Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Esse conhecimento não se fará simples “bagagem” mera posse; antes, nos desafiará a deixarmos nossa vã maneira de viver para adotarmos doravante, o que aprendemos Dele; mais que um acréscimo, uma mudança. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se Compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

A nova ética aprendida depois de Cristo, fatalmente nos indisporá conosco mesmo, nossa natureza perversa que deverá ser sacrificada, e com o mundo ao redor, que respira morto, avesso ao Criador; “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Nada mudará nossa velocidade; seguiremos lentamente, “no passo do gado”, porém, agora vivos.

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