quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Cristianismo de plástico


“Amarás O Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todas tuas forças.” Deut 6;5

Deparei pela enésima vez, com um bilhetinho manuscrito dizendo o seguinte: “Se não estiveres muito ocupado, escreva: Deus, eu preciso de Ti”.

Pode parecer inocente, bem intencionado, motivador; porém, visto com olhos espirituais e devido discernimento, o breve texto traz dois testemunhos eloquentes do descaminho do homem atual; pois, até quando menciona Deus, o faz de modo desrespeitoso, ordinário, sem noção, egoísta.

Quem conhece A Palavra sabe que Ele Requer prioridade; ser amado de toda nossa alma, pensamento, forças... então, essa postura de “lembrar” Dele apenas não estando muito ocupado, coloca O Todo Poderoso ao nível das coisas irrelevantes, nas quais pensamos, apenas quando não temos nada melhor para fazer. Francamente! Nem um humano falho, pecador, aceitaria ser tratado com tanto descaso.

Esse “Cristianismo” lembra certo “culto” do Antigo Testamento, onde os “servos” ofereciam coisas desprezíveis; Ele disse: “... Ora apresenta-o ao teu governador; porventura terá ele agrado em ti? ou aceitará ele tua pessoa?” Mal 1;8

Mais adiante sentenciou: “... maldito o enganador que, tendo macho no seu rebanho, promete e oferece ao Senhor o que tem mácula; porque Eu Sou O Grande Rei, diz O Senhor dos Exércitos, Meu Nome é temível entre os gentios.” V 14

Pois essa “lembrança” eventual, quando não tivermos nada melhor a fazer assemelha-se em tudo, aos sacrifícios defeituosos que acabamos de ver.

Se, a premissa básica para salvação é a renúncia do ego, “negue a si mesmo”, esse tipo de postura deixa patente quem está no comando. O velho eu, sem noção, que deveria ter se identificado com a cruz de Cristo.

Isso testificado também, no segundo momento em que os sintomas da doença aparecem; pois, chegada essa migalha de tempo em que o “servo” se voltaria a Deus, qual seria a motivação? “Eu preciso de ti.” Outra vez, a porcaria do, eu, na frente.

Relembremos a oração modelo ensinada pelo Salvador: “Pai nosso, que Estás nos Céus, santificado seja Teu Nome; venha Teu Reino, seja feita Tua Vontade, assim na Terra como no Céu;” Mat 6;9 e 10

A abordagem é de filho, “Pai Nosso;” Ele pontuou, no contexto do culto defeituoso aquele: “O filho honra o pai, e o servo o seu senhor; se Sou Pai, onde está minha honra?” Ml 1;6

Depois, o lugar excelso que Ele ocupa, “Estás nos Céus”; a seguir, três menções às coisas Divinas, antes das minhas; Teu Nome; Teu Reino, Tua Vontade. Só depois dessa justa e necessária prioridade, eu me ocuparei em mencionar minhas carências. Meu pão cotidiano, perdão, o compromisso com a isonomia, pois, peço que Ele Perdoe minhas falhas, do modo como perdoo meus desafetos. É prudente atentarmos a isso.

Após rogar livramento das tentações e do mal, encerro de volta ao entendimento da Majestade Divina; “... porque Teu é o Reino, o Poder e a Glória, para sempre. Amém.” Mat 6;13

Parece que essa amostragem não combina com a “busca” egoísta, quando restar algum tempo.

O abençoado mencionado no Salmo primeiro é um que, além de todo tempo, tem deleite nas coisas Divinas; “tem seu prazer na Lei do Senhor, e na Sua Lei medita dia e noite.” v 2

A exceção de alguns trabalhos que demandem a fala, como professores, palestrantes, parlamentares... é possível falarmos com Deus enquanto trabalhamos. Mesmo nas funções aquelas, há espaços onde isso é possível.

Como seria se, O Eterno Resolvesse lembrar de nossas necessidades apenas quando lhe sobrasse algum tempo? Ele tem mais de sete bilhões de pessoas em Seus Domínios; quando Ele Chamaria nossa senha?

Por fim, além da forma insana e alienada sugerida, o local também está errado. Quem “ora” nas redes sociais fala com seus “amigos virtuais”, não com Deus. A oração que se pavoneia em público, nada reserva para o relacionamento privado; “... quando orares, entra no teu aposento e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que Está em secreto; teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.” Mat 6;6

É inevitável que transitemos pelo mundo virtual, dada a abrangência do mesmo; entretanto, nosso relacionamento com O Pai deve ser vivo, submisso, respeitoso, nos termos Dele, não na velocidade sem noção das mini postagens, que somem no nada, como ciscos ao vento.

O apocalipse menciona uma imagem bestial que fala e exige adoração. Sejamos cuidadosos com o excesso de vida virtual, se descuidarmos, o canhoto projetará diante de nós as nossas doenças e nos convencerá que é nossa saúde.

“O maior engano do espírito é acreditarmos nas coisas porque queremos que elas aconteçam, e não porque tenhamos visto que elas existem de fato.” Jacques Bossuet

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