quarta-feira, 17 de abril de 2024

Os conselhos


“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Conselheiros são uma coisa boa. Uma dádiva ter alguém que enxergue mais longe, para nos ajudar a encontrar o caminho. Os reis na antiguidade tinham os seus para as decisões importantes. Muitos inda têm.

Assuero, Rei da Pérsia, tinha sete conselheiros, príncipes que o ajudavam nas horas difíceis. “Os mais chegados a ele eram: Carsena, Setar, Admata, Társis, Meres, Marsena, e Memucã, os sete príncipes dos persas e dos medos, que viam a face do rei, e se assentavam como principais no reino.” Et 1;14

Tanto era comum tal assessoria, que, Salomão escreveu: “Com conselhos prudentes tu farás a guerra; há vitória na multidão dos conselheiros.” Prov 24;6

Ter que usar nossas armas contra conselhos, pode parecer meio contraditório. Todavia, o traidor mor costuma tentar a cada um naquilo que sabe ser sua inclinação; conforme a direção dos ventos, direciona suas velas.

Ao homem descuidado que pode derrubar com um seixo, por que usaria munição melhor? Porém, ao que se debruça sobre A Palavra de Deus, para nela meditar e aprender, contra esse, tentações grosseiras, não teriam eficácia. Então, o “Pai da mentira” posa de conselheiro espiritual; alguém que “sabe o caminho das pedras”, para ver se nos seduz.

Paulo se encarrega de qualificar a quais conselhos devemos resistir, melhor; destruir. “... destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus...”

Noutra parte foi mais específico: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia, sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3

Falas adocicadas por presumidas boas intenções, embaladas com requintes de cultura, envernizadas por uma retórica sofisticada, podem obrar em direção à sonolência dos que a ouvem, ou leem; a riqueza da forma rebuscada, pode virar um truque para cobrir com artifícios, ao conteúdo raso, herético, que atua contra o conhecimento do Eterno.

Paulo era um homem culto; porém, deixou claro que essas coisas tinham utilidade periférica; que o objetivo de sua mensagem era anunciar O Salvador; “Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã.” I Cor 1;17

Noutra parte foi mais enfático no valor das coisas meramente culturais, em face às espirituais; “Na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo.” Fp 3;8

Todas as coisas, cultura, renome, relevância social... tudo aquilo, embora tivesse seu valor e utilidade, empalidecia, perdia o sentido se, cotejado com a Excelência de Cristo. Assim ainda é.

Portanto, quando um conselho nos buscar, por bem vestido que esteja, analisemos antes, a que rumo nos encaminha. Mesmo certos sinais, Deus permitia ser operados por falsos profetas, cuja consequência seria afastar o povo, Dele.

Por essa consequência, aqueles, os portentosos sinais deveriam ser rejeitados. “Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal coisa, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo vosso coração, e com toda vossa alma.” Deut 13;1 a 3

Portanto, mais que conselhos enganosos podem nos testar, também, milagres oriundos de servos do maligno por atuarem para nos desviar da verdade. 

Por isso, impossível exagerar a importância do Espírito Santo em nós, abrindo nossos olhos. “O que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;15

As sutilezas do canhoto podem burlar nossas defesas naturais; mas, quem habituou-se a escutar o parecer do Espírito na consciência, não será ludibriado. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21

Por isso a exortação para não confiarmos no potencial humano, sob pena de maldição; “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Reconhecida essa dependência, seremos socorridos sempre que necessário; “Em Deus faremos proezas, pois Ele calcará aos pés os nossos inimigos.” Sal 108;13

Palavras que matam


“Foi por causa dos pecados dos profetas, das maldades dos seus sacerdotes, que derramaram o sangue dos justos no meio dela.” Lm 4;13

Jeremias lamentando entre as ruínas de uma cidade arrasada, e investigando as causas; evocando memórias do que se dera naqueles dias tão nefastos.

Fora rejeitado em todos os níveis sociais; quando achou pouco difundir sua mensagem entre os mais pobres, e decidiu ir aos grandes, encontrou a mesma rejeição; “... Deveras estes são pobres; são loucos; não sabem o caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes, falarei com eles; porque eles sabem... mas estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” Jr 5;4 e 5

A resposta à Palavra de Deus não depende da condição social, mas da inclinação espiritual. Essa balela que Deus prefere aos pobres é derivada de misturas de comunismo com cristianismo. Cristo mandou sermos misericordiosos, socorrermos aos pobres, mas, não fez da pobreza uma virtude, uma entrada franca ao Reino de Deus. Sem arrependimento e cruz, ninguém; seja rico, seja pobre.

Deus busca aos fiéis; “Meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6 

Prefere a justiça, independentemente das posses de cada um; “Não seguirás a multidão para fazeres o mal; numa demanda não falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda.” Ex 23;2 e 3

A justiça, não, a condição social; nem mesmo o desejo da maioria, deve ser a régua para aprovação ou reprovação de alguém.

Jeremias não sofrera uma rejeição pontual, num momento de crise, ou, motivado por alguma fala mais dura. Foi ignorado por muito tempo. “Desde o ano treze de Josias, filho de Amom, rei de Judá, até o dia de hoje, período de vinte e três anos, tem vindo a mim A Palavra do Senhor e vos tenho anunciado, madrugando e falando; mas, não escutastes.” Cap 25;3

Quem rejeita à Palavra de Deus não fica numa simples neutralidade, como se, não precisando ouvir nada. Em geral, a substitui, com suas implicações transformadoras, suas demandas confrontadoras, por outra, "similar", que também se presuma de Deus, porém, com sabor mais “agradável.”

Essa doença do homem insensato que prefere trair a si mesmo a ser curado, faz a fortuna dos farsantes; pois, usam seus “talentos” para saciar a mútua fome de enganos; como disse o filósofo dinamarquês, Soren Kirkegaard: “Para dominar as multidões, basta conhecer as paixões humanas, certo talento e boa dose de mentiras.”

Dominar a outrem, pode parecer desejável ao orgulho humano, todavia, como nenhum de nós está apto, no final, na colheita dos frutos desse domínio, a coisa redundará em desgraça, como vaticinara Salomão; “... há tempo em que um homem tem domínio sobre outro homem, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Pois, durante o tempo em que Jeremias fora rejeitado, falsos profetas e sacerdotes dominaram ao povo, com suas bajulações, e mentiras; “A quem falarei e testemunharei, para que ouça? Eis que os seus ouvidos estão incircuncisos, não podem ouvir; A Palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa e não gostam dela.” Cap 6;10

Dado que só tinham paladar para mentiras, enganos, eram esses os “profetas” que escolhiam; “Curam superficialmente a ferida da filha do Meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” V 14

Desgraçadamente, passados mais de 2500 anos daquele tempo, a sina de não gostar da Palavra de Deus, preferir os bajuladores a serviço do engano, ainda grassa, cada vez mais pujante. Entre um que ensina retamente a Palavra, e outro que cobre aos rebanhos incautos de promessas que “O Senhor lhe mostra”, adivinhe quem é o preferido?

Óbvio que é mais agradável escutar promessas, que, correções. Entretanto, a sensação imediata não é aferidora de nada no prisma espiritual. O que define o valor das coisas é aonde elas nos conduzem; “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Pois, aqueles caminhos “agradáveis” apontados pelos mentirosos estavam frutificando; Jeremias bem sabia de quem era o mérito pelo plantio. “Foi por causa dos pecados dos profetas, das maldades dos seus sacerdotes...”

O vero mensageiro teme ao Senhor; sabe que está lidando com vidas, não com aceitação eventual. Suas palavras podem derramar sangue; não se atreve a falar de si mesmo, senão, de Deus.

O perigo de não gostarmos da Palavra de Deus, é ouvirmos a oposição, isso como juízo já; “... porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira;” II Tess 2;10 e 11

terça-feira, 16 de abril de 2024

Não apaguem a luz


“O hipócrita com a boca destrói seu próximo, mas os justos se libertam pelo conhecimento.” Prov 11;9

Várias coisas podem ser contrapostas diferenciando o hipócrita dos justos; mas, a primeira que chama atenção, é o alvo que cada um, mira. Enquanto os justos buscam conhecimento para se verem livres da ignorância, o hipócrita ataca ao próximo, visando destruí-lo.

O primeiro passo para a cura da enfermidade é o diagnóstico; através do qual, pelos sintomas do enfermo o especialista entende o problema.

Se, eu estiver com lapsos de conhecimento ético, moral, espiritual, e invés de tentar supri-los pelos devidos meios, resolver ignorar isso e achar que os problemas da vida residem todos nos semelhantes, cometerei dois erros; não verei minhas faltas, e darei às alheias, uma incidência que elas não possuem.

Quem, invés de uma autoanálise honesta, em busca de suas fraquezas, prefere “analisar” ao semelhante, partindo para ofensas destrutivas, deixa evidentes seus “reflexos condicionados” a fugir de si mesmo, e colar em outros, certos rótulos; deveria administrar na própria alma, os lenitivos que necessita. Primeiro, o cisco do meu olho; depois, quiçá, o do semelhante.

A Bíblia denuncia essa falta de noção; “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12 Um porco na lama, pelo conforto, talvez se sinta limpo.

Dessa estirpe, a tentativa de censura, tão acarinhada pela esquerda mundial. Implementada essa, eles poderiam dizer o que quisessem, onde, quando e sobre quem desejassem. Aos oponentes, mordaça, restrição às críticas; tudo, claro, para “prevenir desinformações, preservar à democracia”.

“Liberdade de expressão não é liberdade de agressão!” vociferava o ex todo poderoso, Xandão. 

Três problemas com essa afirmação:

a) seria aceitável se, ambos os lados recebessem o mesmo tratamento, a despeito das suas identificações políticas; sendo pretexto para perseguir uma parte, não passa de canalhice hipócrita;

b) agressão, no campo verbal carece contextualização; não pode ser medida com uma régua genérica como seria a censura. Por exemplo: Chamar a um canalha pelo que é, ou um ladrão de ladrão, não comporta nenhuma agressão. É apenas a verdade nua, cuja obscenidade, reside no sujeito, não na exposição dos predicados;

c) a lei existente já prevê punição por calúnias, injúrias, difamações, de modo que, quem se sentir ofendido nesses quesitos pode acionar a justiça, demandando reparos, sem necessidade de nenhuma lei, mais.

O que o outro pode dizer a meu respeito tem duas possibilidades. Será verdade, ou mentira. No primeiro caso, seja o que for, não deve me ofender. Aceitaria passivamente eu, ser punido por falar a verdade? Não! Igualmente não desejo pena nenhuma contra o que assim faz.

No caso de ser mentira, depende da gravidade. Posso acionar a lei, em casos mais sérios, ou ignorar ao mentiroso, descansando na minha paz de consciência, sem sofrer pela doença alheia.

Quem teme o que o outro poderia falar, ao ponto de se arriscar para amordaçá-lo, no fundo, admite que vive de modo réprobo, desonesto, corrupto, e não suportaria que a verdade viesse à tona. O que a censura busca, diferente de tolher à desinformação ou proteger à democracia, é calar à verdade.

Como, num campo de nudismo, quem não estiver “trajado a rigor” não poderá entrar por violar às regras daquele, assim, onde vige a corrupção, fisiologia, hipocrisia, o roubo. A verdade soa como uma séria ameaça que precisa ser mantida longe. Fora, roupista, trajista, pudicista! Diria o zeloso porteiro dos pelados.

Acaso não foi precisamente por esse motivo que os religiosos dos dias de Cristo concluíram que Ele deveria morrer? “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Se, eles tiverem o poder para “apagar a luz,” o que os hipócritas farão?

Certamente muitos desses, quando ainda não eram reféns de interesses mesquinhos, citaram Voltaire: “Não concordo com uma palavra do que dizes; mas, defenderei até à morte teu direito de dizeres o que pensas.”

Agora, como disse o poeta, que estão em suas casas “abençoados por Deus contando seus metais”, os idealismos pretéritos se perderam, no lixão da incoerência, na subserviência aos interesses rasos. Como disse Joelmir Betting, “Na prática, a teoria é outra.”

"Um homem de valor,
- dizia Marco Aurélio – mede seus direitos com a régua dos seus deveres." Assim, abaixo à censura! Que cada um fale como quiser, e seja responsável pelo que falar.

Que os hipócritas atuem sobre si mesmos, em busca da cura, antes de tentarem ingerir sobre os justos.

Prova de fogo


“Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;20 e 21

Paulo falava aos cristãos romanos. Evocou como argumento retórico o passado deles, antes da conversão, para que olhassem um pouco. Naquele tempo, ponderou, vocês estavam livres da justiça; isto é: Não precisavam ser justos, não tinham um Senhor Santo a obedecer, nem uma vida regenerada a preservar; podíeis fazer o que quisésseis porque estáveis mortos.

“Que fruto tínheis então, das coisas que agora vos envergonhais?” A questão já trazia embutida a resposta, por constatar que aquele passado envergonhava. Então, concluiu: “Porque o fim delas, (das ações injustas) é a morte."

Assim, embora a ilusão fizesse parecer que, olhar para trás saudoso, fosse ansiar prazeres, a rigor, seria buscar a perdição.

Quando tentados a voltar atrás, o que acontece com todos, tendemos a ver apenas as “vantagens” de um viver irresponsável, sem limites; decidindo as coisas ao alvitre da própria vontade. Como em toda empresa é prudente considerar custos e benefícios. Supostos “benefícios” seria um caminho largo para se espraiar no mesmo dando vazão aos desejos pecaminosos; o custo, apartar-se de Jesus Cristo.

Automaticamente, fazendo isso descemos da bênção para a maldição; “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor! “Bendito o homem que confia no Senhor, cuja confiança é o Senhor.” Jr 17;5 e 7

Retroceder soa atraente aos olhos carnais; dado o concurso da natureza ainda latente, desejando de novo seu espaço que perdeu desde a cruz.

Todavia, um “cristianismo” que se ancora nas coisas tácteis, invés de se firmar na Divina Palavra e suas promessas, perde as duas vidas; a natural, por não se entregar inteiro a ela; e a eterna, por não ter perseverado em fidelidade a Cristo. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Paulo ilustra os necessários testes que virão, chamando-os de provas de fogo. “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual é a obra de cada um.” I Cor 3;11 a 13

Quando fazemos essas excursões à “terra do nunca conheci a Deus”; olhamos o passado com anseios impuros, como muitos durante o Êxodo olhavam o Egito, eventualmente, O Santo permite que possamos sentir a diferença entre uma firme obediência em consórcio com a esperança e paz, que tínhamos em comunhão com O Salvador, e “estar livre da justiça” numa existência enganosa, cujos frutos produzem apenas vergonha, e nenhuma esperança.

Nessas “provas de fogo”, as ilusões plantadas em nós pelo inimigo em consórcio com a carne são queimadas; O Eterno passa conosco nelas, por causa do Seu infinito amor; “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem chama arderá em ti.” Is 43;2

Assim como, a natureza ainda latente atrapalha nossa vida espiritual, desejando coisas contrárias ao porte de um servo de Deus, o espírito regenerado, ainda pulsa no que fraqueja, e também “atrapalha” quando esse peca; o concurso do açoite na consciência anula eventuais prazeres enganosos que a carne possa fruir em seus descaminhos. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim, são caminhos da morte.” Prov 14;12

O prazer do pecado se converte em vergonha; esse “fogo” uma vez arrefecido, deixa o sujo carvão das consequências; marcas indeléveis nas almas que se entregaram por um pouco a ele.

Antes de pecarmos, o “espelho” do espírito nos mostra a realidade que está nos atraindo, para que a evitemos; depois, caso insistamos, mostra a sujeira da nossa alma, após colher o fruto da desobediência. Como disse alguém; “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.”

O fato de O Santo “passar conosco pelo fogo”, não significa que compactue quando pecamos; mas, que Seu Espírito sofre em nós, e atua para nos persuadir ao arrependimento.

Ovelha não pode usar dieta de lobo; um convertido, ainda peca; não mais, sem culpa. Se, cada um tivesse plena percepção das perdas e ganhos envolvidas no pecado, decidira sem errar e sem perder tempo. Desejos carnais nos afastam de Deus, pela impureza que acoroçoam no coração; “Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4;8

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Obras abandonadas


“... Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1;6

Entendermos que somos projetos inconclusos é vital para que nosso crescimento espiritual seja possível. Senão, podemos nos tornar rústicos, inacessíveis, impermeáveis ao conhecimento, refratários a correção.

O primeiro passo nessa direção é o acendimento da luz espiritual, a revelação Divina sobre Suas Santas demandas.

A luz suplementa-nos quanto ao que falta no entendimento. Nos faz ver como as coisas estão na dimensão espiritual. Todavia, a decisão sobre andarmos na luz, agirmos conforme a Divina Justiça que nos foi mostrada, é opção particular de cada um. Saberemos o certo, se, buscarmos aprender de Deus; mas o aperfeiçoamento só se dará se nos deixarmos moldar.

O problema de nos pormos avessos aos ensinos do Mestre, indispostos à obediência, é que, anulamos pela rebeldia a eficácia do que O Salvador fez por nós. Seu sacrifício foi para nos salvar, também foi para regenerar, não mais segundo nossa rasa escala de valores. “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;20 e 21

A luz permite ver. A vontade deve se submeter a Cristo, “tomar Seu jugo”, se queremos andar Nele e com Ele. Senão, por religiosos que pareçamos, seremos uma fraude; uma obra incompleta que recusa ser aperfeiçoada, embora carecendo grandemente. “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

O primeiro “inconveniente” da luz, é que desconforta aos que ilumina. Invés de dourar à pílula da verdade, apontar ao “grande potencial humano” ou trazer incondicionais promessas “de Deus”, como fazem tantos falsos profetas, a luz confronta ao pecador deixando patentes seus descaminhos.

Os que procuram ser agradáveis, aceitos, mais do que ser verdadeiros, falseiam, no anelo por aplausos, quando, deveriam ser apenas instrumentos para iluminar. Aquele que lida mal com luz quanto às próprias imperfeições, não tem autoridade moral para ser um instrumento na correção das alheias. “Estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10;6

A rejeição a Cristo, e consequente perseguição, fora a resposta do establishment religioso, pelo mal estar que a Luz causava. “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para luz, a fim de que, suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

O crescimento proposto aos salvos não é coisa de pequena monta; os dons ministeriais foram dados, “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para obra do ministério, para edificação do Corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da Estatura Completa de Cristo.” Ef 4;12 e 13

Foi Ele que em nós começou a “boa obra”; não se dá por satisfeito com nada menos que nossa santificação. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14 “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;” Mat 5;8

Embora nossa edificação mediante O Espírito Santo, seja Ele, Cristo, em nós, somos responsáveis pela parte que nos toca; obedecer, andar na luz. Caso a edificação fracasse, sempre será nossa a culpa.

Cristo advertiu Seus pretensos seguidores a calcularem os custos, antes de se meter na “construção”; “Pois, qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou edificar e não pôde acabar.” Luc 14;28 a 30

Os que largam a obra inconclusa, além de se fazerem piores que, os que nem a começaram, ainda reincidem sua maldade sobre O Salvador; “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se fizeram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus...” Heb 6;4 a 6

Quando a obra para, em nós, é porque paramos de querer, de obedecer. Deus ainda quer, embora respeite ao não querer humano.

Sem censura


“Morte e vida estão no poder da língua; aquele que a ama comerá do seu fruto.” Prov 18;21

Muito ouvi esse texto sendo mal interpretado, de modo a sugerir o tal “poder da palavra” que, segundo seus proponentes significa que, o que falamos, necessariamente acontece. Assim, só deveríamos falar coisas “positivas”.

Não é essa a ideia. Nos dias de Salomão havia pena de morte; um testemunho a favor ou contra alguém, tanto poderia livrar, quanto, condenar. Daí o conselho para sermos prudentes com o uso da língua, sob pena de cometermos injustiças; a Justiça Divina nos fará colher o que plantarmos. “... comerá do seu fruto.”

Um desdobramento mais amplo do mandamento que veta o falso testemunho. A palavra dos homens ímpios sequer tem o “poder” de se manter fiel; tanto, que, os tratos entre eles carecem ser registrados perante testemunhas, os “contratos”; não raro, acabam na justiça pelo não cumprimento, para que a força das leis suplemente o que falta, aos seus caracteres defeituosos.

Cristo exortou que sejamos ponderados com nossas falas, porque as “leis” que escrevemos quando aprovamos ou reprovamos algo, serão usadas em nosso julgamento. “Porque por tuas palavras serás justificado, por tuas palavras serás condenado.” Mat 12;37

Tiago também aconselhou a prudência com o falar. “Com ela (a língua) bendizemos a Deus e Pai; com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto seja assim. Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e amargosa?” Tg 3;9 a 11

Antes, reduzira a ideia numa sentença: “Portanto, meus amados irmãos, todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.” Cap 1;19

Salomão versara sobre as vantagens de calar; “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra os seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Todo esse compêndio de ensinos, conselhos sobre o falar consequente só é necessário, porque concorre a presunção que todos seremos livres para falarmos o que desejarmos. Se assim não fosse, bastaria um mandamento nos amordaçando, quanto ao que não podemos falar, e pronto.

Não é próprio de Deus, que preza pela nossa liberdade de escolha, que sejamos tolhidos nem mesmo “para nosso bem”, como tencionam os legisladores brasileiros que pretendem impor a censura.

Malgrado seus argumentos nobres, como “proteger à democracia”, a patifaria não deixa de ser o que é, apenas porque alguém decidiu mudar suas vestes. Ora, a democracia prevê, justamente, liberdade de escolha, locomoção e expressão. Como poderia ser protegida, se, violada em seus fundamentos? É preciso ser muito canalha para esposar algo assim.

Outros argumentos igualmente “nobres” dos nossos “democratas” seria tolher às ditas fake News, à desinformação. Ora, a notícia falsa se combate com a verdade. A desinformação, com a informação correta.

Por exemplo, outro dia o presidiário ladrão disse que Israel matou 12.300.000 crianças em seus bombardeios em Gaza. Para destruir essa grotesca mentira, basta informar com dados, que o número total de mortos de ambos os lados no conflito está em torno de 30.000 pessoas. E a população de Gaza é de dois milhões de pessoas.

Mas os combatentes das falsidades não ligam se o fulano disse algo assim. Disse ainda o pai da mentira citado, outra, aludindo ao número de 186 milhões de casas que Bolsonaro teria deixado inconclusas e seu governo estava concluindo e entregando. Ora, sendo nossa população pouco mais de 210 milhões, a uma média de três pessoas por domicílio, não excederia o total de moradias do país, entre casas e apartamentos, a 70 milhões. Alguém se importou com essa fala, combateu-a? Não. Por quê? Porque, o que incomoda esses pilantras não são as mentiras, antes, a verdade.

A censura faria com o cidadão comum, que se expressa mediante as redes sociais, o que os “pixulecos”, o dinheiro da corrupção, faz com a prostituta que foi Imprensa um dia. Cala-a.

A dominação dos “Supremos” ditadores em nossa nação, é tal, que nenhum cidadão pode falar nada no sentido crítico, sem sentir o peso do Estado opressor. Ora, as leis existentes já disciplinam contra calúnias, injúrias, difamações.

Onde essas coisas forem cometidas, não necessitamos de novas leis; basta aplicar as existentes. Porém, para se proibir a verdade, sim, são necessárias severas leis. Esse é o ponto que está vindo à luz mediante Elon Musk; isso vai colocar abaixo o império das mentiras.

A “democracia sem povo” ruirá; os “eleitores” que puseram o embuste corrupto que aí está, serão responsabilizados pelo que fizeram. Mais que pela palavra, Deus julga pelas ações. “Alexandre... causou-me muitos males; O Senhor lhe pague segundo suas obras.” II Tim 4;12

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Cabeças enfermas


“O Senhor te porá por cabeça, não por cauda; só estarás em cima, não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir.” Deut 28;13

A ideia de ser cabeça, líder, governante, soa bem, mesmo ao homem ímpio, sem nenhuma ralação com Deus. Esse texto, bem como, similares, não raro têm sido usados como chamariz aos que, invés de anelarem a salvação das suas almas, anseiam antes, a realização dos desejos naturais.

Tiago colocou essa inversão como obstáculo, para que, mesmo os que oram ao Eterno sejam atendidos. “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites.” Tg 4;3

A promessa acima, como as demais que O Eterno faz, traz anexa uma condição, que a maioria não se ocupa em observar devidamente; “... se obedeceres aos mandamentos do Senhor...” Se, a Lei de Deus se resume em dois mandamentos, como ensinou O Salvador; amor a Deus e ao próximo, onde que, o cumprimento disso deixará espaço para a cobiça de poder, desejo por sobressair ao semelhante?

Lugares altos conjugados com caracteres baixos são comuns, nos governos ímpios; “A terra pranteia e murcha; o mundo enfraquece e murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra.” Is 24;4

Os mais altos, governantes, “enfraquecem”, moralmente, à medida que o curso da impiedade se faz mais duradouro. Paralelo ao fluxo do rio do tempo, cada vez mais baixo o nível dos que detêm lugares altos. Como na estátua do sonho de Nabucodonosor; governos humanos “progridem” do ouro à prata; dessa ao bronze, ao ferro, finalmente, ao barro.

Ser alguém for “cabeça” numa sociedade argilosa de valores como essa, nem sempre será motivo para elogios, admiração, aplausos.

Muitos galgam postos elevados, apoiando-se em degraus fraudulentos, interesses mesquinhos.
Os lugares altos do ponto de vista Divino não são, necessariamente, sobre a terra. Dada a inversão de valores que grassa por aqui, bem pode que estejam invertidas essas coisas também, como já observara nos seus dias, Salomão: “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi os servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

Por isso, O Eterno prefere pegar as coisas ruins, dada a qualidade das “boas” que se assanham em busca de poder. “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir às fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar às que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;26 a 29

Assim, os “cabeças” que Deus estabelece têm seus “lugares altos” na estatura moral, espiritual, a despeito das circunstâncias nas quais se movam, no prisma funcional, do serviço. Igualmente os “caudas”, malgrado, se assentarem em tronos até, por desprovidas dos valores eternos, são muito baixos aos olhos da Onisciência Divina.

Isaías esclarece: “O ancião, o homem de respeito é a cabeça; o profeta que ensina falsidade é a cauda.” Is 9;15

O homem prudente, pois, invés de ancorar pretensões em supostas vantagens posicionais, despe-se delas, ciente que está num processo contínuo de aprendizado, aperfeiçoamento; os dons que recebeu, eventualmente, apontam ao dever, não ao poder, como fazem diuturnamente os ímpios da terra.

Há tantas caudas se supondo cabeças por aí, que careceriam em seu favor algo que Eliseu pediu certa vez, sobre um exército que se presumia alguma coisa, e não passavam de prisioneiros; “...Ó Senhor, abre a estes os olhos para que vejam. O Senhor lhes abriu os olhos, para que vissem, e estavam no meio de Samaria.” II Rs 6;20

A presente geração foi antevista desde dias idos; “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas que nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

O anjo caído colocou a perder um terço dos anjos que lhe deram ouvidos quando falsificou a verdade em seu comércio; “Sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra...” Apoc 12;4

Seus serviçais, os falsos profetas, continuam levando à perdição a tantos incautos que lhes dão ouvidos.

Urge entendermos que, os cidadãos dos céus nem sempre têm relevância na terra. Aqui se empodera aos maus por interesses; para lá ascendem os arrependidos, por identificação com Cristo.

Impérios das falcatruas ruem num momento, soprando neles o vento da Justiça Divina; todavia, “... os que a muitos ensinam a justiça, resplandecerão como estrelas, sempre e eternamente.” Dn 12;3