quarta-feira, 10 de abril de 2024

Os retrovisores


“Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo a mim mesmo transgressor.” Gál 2;18

Peleja sobre a necessidade de se guardar à Lei, para os que estavam em Cristo, ou não. A decisão de Paulo tinha sido categórica: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, não pelas obras da Lei; porquanto pelas obras da Lei nenhuma carne será justificada.” V 16

Judaizantes estavam fazendo parecer que a justificação para salvação ainda requeria o concurso da Lei, prática que tinha sido superada pela “Lei de Cristo”.

A “reedificação” do que fora destruído, significaria, se Paulo concordasse, a admissão de culpa por ter obrado tal destruição. Teria que voltar atrás e restabelecer o que abandonara. Estaria ele admitindo-se como transgressor, por ter decidido sobre a necessidade de um rumo, depois, partido por outro.

Não era “destruir” à Lei, literalmente. Mas, tendo entendido seu objetivo, “... a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24 vendo esse objetivo cumprido, o sóbrio seria não ir além disso, tanto, para não diminuir a eficácia de Cristo, quanto, para não atribuir à Lei, uma função que não tinha; salvar.

Edificar ao que destruímos significa voltar atrás, rever uma posição que já tínhamos como assentada, estável.

Os que, um dia tiveram à Palavra de Deus por inerrante, imutável, cabal, mas acossados pelas conveniências circunstantes de um mundo líquido, que muda a todo instante refém de interesses, alheio a valores, concordam com “revisões” na Palavra de Deus, se encaixam como luvas na definição de Paulo; transgressores das próprias escolhas pretéritas, traidores de si mesmos.

Infelizmente, a perseverança não é uma virtude muito comum, sobretudo, se buscada no espectro dos valores, morais e espirituais. O senhor denunciou a futilidade das resoluções voláteis; “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque vossa benignidade é como a nuvem da manhã, como o orvalho da madrugada, que cedo passa.” Os 4;6

Raul Seixas cantou essa febre do inconstante, que, um dia quer algo, no outro, quer seu oposto. “... se hoje sou estrela amanhã já se apagou; se hoje te odeio, amanhã lhe tenho amor, lhe tenho horror...” chamou essa doença de “Metamorfose Ambulante.”

Pois, os que firmam compromisso com O Eterno, deles se espera que seja mesmo, firme; “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” Sal 125;1

Danem-se as pressões do “politicamente correto!” Assim como tantos têm o direito de ser devassos, perversos, promíscuos... nós temos direito de preservar nossa fé conforme aprendida desde sempre. Não cremos num Deus biodegradável, imperfeito, em estágio evolutivo. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6;16

Em geral os trânsfugas que voltam atrás, não o fazem porque encontraram algo melhor, pelo qual valha à pena, a ideia de mudar. Antes, voltam ao que já tinham desprezado, pela covardia moral de pagar o preço que a perseverança na justiça de Deus, requer.

Assim, não retornam para onde estavam; descem mais. “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22

Outrora usaram eloquência e potencial argumentativo, para defesa da verdade; agora, usam as mesmas ferramentas na direção oposta, deixando patente a transgressão contra os valores que um dia esposaram.

Assim como Paulo resistiu Pedro publicamente, por sua dissimulação, devemos também resistir a esses desviados, que, deixando a Sã Doutrina de Cristo, trabalham pela perversão da verdade no afã de agradar ao mundo, invés de obedecer a Deus.

Quando Eliseu foi chamado ao ministério profético, matou os bois, queimou as tralhas, para que nada o fizesse volver atrás; Cristo requer entrega semelhante; “... Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus.” Luc 9;62

Esses, presumam-se “moderninhos, inclusivos” não passam de fugitivos, atrapalhando o Êxodo, clamando pelos pepinos do Egito. O conselho à mulher de Ló, deve ser nosso; “... não olhes para trás.” Gn 19;17

terça-feira, 9 de abril de 2024

Limites Divinos


“Desejaria Eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? diz o Senhor Deus; não desejo antes que se converta dos seus caminhos e viva?” Ez 18.23

Invés do Todo Poderoso fazendo o que quer, aqui o vemos desejando algo, com um ser limitado desejaria um bem, fora de seu alcance. Embora pareça meio contraditório, há coisas que O Onipotente não pode. “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a Si mesmo.” II Tim 2;13

“Tu És tão Puro de Olhos, que não podes ver o mal...” Hc 1;13 “... não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene.” Is 1;13
etc.

No aspecto do Seu Poderio, nenhuma restrição pode ser colocada ao Eterno, “... Quem poria sarças e espinheiros diante de Mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria.” Is 27;4 No prisma de Sua Santidade e Integridade, há coisas que não suporta, não por alguma fraqueza, mas pelos escrúpulos da Seu Ser, Puro, Imaculado, Santo.

“Não pode negar a Si mesmo.” Deus É Amor. Não é próprio do verdadeiro amor, forçar alguém a nada. Mesmo desejando, com todas as suas ânsias, ser amado, o amor terá a correspondência alheia como um desejo, não, como um bem do qual se possa apropriar à força.

Assim, mesmo querendo como toda intensidade que não nos percamos, antes, que abracemos à salvação em Cristo, o que O Eterno pode é enviar Seu convite; potencializar a mensagem de salvação, com a persuasão do Espírito Santo. Todavia, a decisão entre aceitar ou não, sempre será uma prerrogativa humana.

Não há uma escolha prévia, ou pré-salvação, que faria o Evangelho irresistível para uns, e desprezível para outros, como advoga a doutrina do calvinismo. Esposam com acerto que, sem Cristo todos estamos mortos; e, poderia um morto fazer escolhas? Questionam.

Se nos ativermos a uma lógica estritamente verbal, a resposta seria, não! Entretanto a “morte espiritual” é apenas alienação de Deus, inimizade com Ele.

O Salvador ensinou que tais “mortos” podem ouvir e decidir se querem aceitar ou não o que ouvem; “... quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;24 e 25

Embora O Salvador tenha chamado à conversão de novo nascimento, dada a regeneração espiritual envolvida, a rigor, é uma reconciliação; “Tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;18 e 19

Há é um apelo amoroso do Pai que Ama, e sofre com as más escolhas dos que não valoram devidamente ao referido apelo. “... Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...?” Ez 33;11

Quem imagina que Deus seja um tirano vingador, pronto a lançar distante, todos os que lhe desobedecem, ainda não sabe nada sobre O Eterno. Trata-se de um Pai Amoroso, privado do bem querer da maioria daqueles que ama, com os quais, porfia mediante Seu Espírito e Palavra, para que, caiam em si e voltem para casa, como fez o pródigo.

Invés de apressado em castigar, como pensam uns e fazem parecer outros, a Bíblia apresenta ao Eterno, como pujante na arte de perdoar; “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar.” Is 55;7

O juízo contra o mal será inevitável, em vista do amor pela justiça que permeia O Divino Ser. O Santo está irado contra o pecado, embora ame aos voluntários reféns desse feitor assassino. Quem se perder, pois, não busque alhures as razões de sua perda; “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3;39

O Altíssimo cometeu a “loucura” de dar Seu Filho para que os pecadores possam viver; mas, não sacrificará verdade nem a justiça, em favor dos que se recusam a dar ouvidos.

Contra a vontade Dele, as escolhas terão consequências; “Porque o erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá. Mas o que Me der ouvidos habitará em segurança e estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Migração espiritual


“Irão muitas nações, e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine Seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, de Jerusalém a Palavra do Senhor.” Mq 4;2

Miquéias profetizou nos dias dos Reis de Israel; então, a Lei de Moisés era uma norma bem antiga já, tendo existido por algumas centenas de anos. O período dos juízes, e grande parte do tempo dos reis da nação era decorrido.

Por que, então, fala da Lei como algo futuro, ainda porvir? “... de Sião sairá a Lei...”

A propósito das “saídas” do Divino agir, o mesmo Miquéias escreveu sobre de onde sairia O Messias, aos Divinos Olhos; “Tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti Me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Cap 5;2

Nesse vaticínio temos outro “anacronismo”; “Me sairá...” futuro; um governante, “... cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Passado. Assim, de Belém virá, Um que já veio, desde os dias antigos. Estranho.

A adequação verbal é uma necessidade para situar as coisas finitas, em relação ao tempo. Quem É Eterno como O Senhor, não está preso às amarras dos dias. Ele É “Pai da Eternidade.”

Seres efêmeros dependem da incidência temporal, para terem algo, como atual; O Eterno, basta ter na decisão, um potencial que ainda será realizado, dado Sua Imutabilidade e Eternidade, para ver aquilo como se, feito já. Pois Ele, “... chama as coisas que não são como se já fossem.” Rom 4;17

A restrição temporal está posta para as coisas atuantes "debaixo do céu." “Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.” Ecl 3;1

Desde a perspectiva eterna, Deus pode dizer que O Cordeiro padeceu por nós, antes ainda de ter sido manifesto assim. “E adoraram-na (à besta) todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” Apoc 13;8

Desde que Deus assim decidiu, para Ele, era um fato já, embora, ainda distante dos olhos humanos. 

Mas, voltando ao primeiro “anacronismo” de Miqueias, ela falara da Lei como algo futuro, estando ela dada, então, por quê? Se a Lei de Moisés estava já ao alcance dos reis, sacerdotes, profetas, e do povo, por que sairia de Sião no futuro, junto com A Palavra de Deus?

Porque esse vaticínio se referia a outra “Lei”. “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;2 Fiz-me, “Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.” I Cor 9;21

Quando diz que a Lei foi dada por Moisés, a Graça veio por Jesus Cristo, alude à salvação como dádiva, pelos Méritos de Cristo; não significa que a graça seja sem regras, sem lei, numa espécie de aval às humanas libertinagens.

Por um lado, possibilitou o, antes impossível; por outro, aumentou a responsabilidade. “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da Graça?” Heb 10;28 e 29

Invés de um conjunto estrito de regras, como o dado mediante Moisés, a nova Lei traria A Palavra do Senhor. Diferente de um opositor a Moisés, como acusaram os coevos do Senhor, “Ele é tido por digno de tanto maior glória que Moisés, quanto maior honra que a casa tem aquele que a edificou.” Heb 3;3

A Palavra do Senhor está ao alcance de todos, não, restrita a Jerusalém. Provavelmente, a profecia de Miqueias refere-se ao milênio quando Cristo, após o juízo da humanidade restaurará todas as coisas, reinando na cidade santa.

O Messias para Deus “sairia” de Belém; para o povo, da Galileia. “... junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galileia das nações. O povo que andava em trevas, viu uma grande luz; sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.” Is 9;1 e 2

Dada a Onipresença Divina, temos razões para crer que “subir a Sião para ouvir à Palavra de Deus”, não identifique um movimento geográfico; mas, espiritual. “... Porventura não encho os céus e a terra? diz o Senhor.” Jr 23;24

domingo, 7 de abril de 2024

Os mortos dormem?


“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, tampouco, terão eles, recompensa, mas sua memória fica entregue ao esquecimento. Também seu amor, ódio e inveja já pereceram; já não têm parte para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” Ecl 9;5 e 6

Quando Salomão circunscreve suas observações ao que se passa “debaixo do sol”, evidencia que não pretende ter conhecimento do além; apenas do que lhe foi possível ver desde seu “mirante”.

“Apliquei meu coração a esquadrinhar, informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar. Atentei para todas as obras... tudo era vaidade e aflição de espírito.” Ecl 1;13 e 14

Afirmou que os mortos não terão recompensa, pelas suas obras, no final, disse: “Porque Deus há de trazer a juízo toda obra; até tudo o que está encoberto, seja bom, ou mau.” Cap 12;14 Por que Deus julgaria a todas as obras, senão, para recompensá-las?

O “não terão recompensa” atina ao que ele pode ver, apenas. Agur também viu a distorção onde os ímpios pareceram mais venturosos que os santos;

“Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos. Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de adorno. Os olhos deles estão inchados de gordura; têm mais que o coração poderia desejar. São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente. Põem suas bocas contra os céus, suas línguas andam pela terra. Por isso o povo deles volta aqui e águas de copo cheio se lhes espremem. Eles dizem: Como sabe Deus? Há conhecimento no Altíssimo? Estes são ímpios, e prosperam no mundo; aumentam em riquezas.” Vs 5 a 12

O que lhe parecera extremo injusto, entendeu quando olhou um pouco além; “Até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição. Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.” V 17 a 19

Sendo o lado de cá, apenas lugar onde está o guichê para ingresso, não, a vida propriamente, Paulo advertiu: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Aos atenienses ensinou que a “vida” terrena é apenas um limite de tempo e espaço, para encontrarmos a Deus; “De um só sangue (Deus) fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Os que derivam doutrinas eternas, de um tratado como o Eclesiastes, que fez uma análise efêmera das coisas, incorrem na mesma miséria retratada pelo apóstolo.

Segundo os mestres hermeneutas, a Bíblia interpreta-se; assim, um texto dela que soe ambíguo, obscuro, poderá ser entendido tranquilamente, com o auxílio de outro que verse sobre o mesmo assunto. Defender a inconsciência dos mortos, como fazem os adventistas, é uma imperícia hermenêutica.

Expressões, como “sono da morte” ou “dormem no Senhor” são metáforas que apreciam o estado do corpo, não necessariamente, das almas, dos “mortos”.

O Salvador mencionou um rico “morto” fazendo rogos do outro lado, invés de “dormindo.” No Apocalipse também temos alguns “sonâmbulos”; “Havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da Palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. Clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó Verdadeiro e Santo Dominador, não julgas e vingas nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” Apoc 6;9 e 10

Se ainda clamam a Deus, mesmo tendo deixado o fôlego de vida, óbvio que suas almas preservam a consciência, depois do sono do corpo.

Além de dizer que os mortos não sabem nada (debaixo do sol) o que elimina as falácias “psicografadas” dos que “voltam” pra aconselhar aos vivos, Salomão disse: “... sua memória fica entregue ao esquecimento.”

Perante Deus é diferente: “... um memorial foi escrito diante Dele, para os que temeram o Senhor, os que se lembraram do Seu Nome. Eles serão Meus, diz O Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para Mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve.” Ml 3;16 e 17

Deus escreve reto por linhas retas. A incompreensão humana costuma entortá-las. “São justas todas as palavras da Minha Boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida. Todas elas são retas para aquele que as entende bem...” Prov 8;8 e 9

sábado, 6 de abril de 2024

Falácias


“Não te precipites com tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, tu, sobre a terra; assim sejam poucas tuas palavras.” Ecl 5;2

“Portanto, meus amados irmãos, todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.” Tg 1;19

“Porque, como na multidão dos sonhos há vaidades, assim também nas muitas palavras; mas tu, teme a Deus.” V 7 “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

O apóstolo Tiago pormenorizou razões; “... a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade; está posta entre os nossos membros, contamina todo o corpo, inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno. Porque toda a natureza, tanto de bestas feras quanto aves, tanto de répteis quanto animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana; mas, nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.” Tg 3;5 a 8

Quem jamais se precipitou com seus lábios, falando algo inoportuno? Atrevo-me a dizer que é um erro que todos já cometemos. Como seria se, todos nossos ditos fossem escritos, armazenados num livro, depois, cotejados um como outro, estudados, como A Palavra de Deus é?

Eventualmente alguns se jactam: “Não tenho medo da colheita, pois, bem sei da semeadura.” Bom é que tenhamos convicção das escolhas, dos valores que esposamos, das nossas atitudes. Entretanto, mesmo os melhores caracteres, sempre carecerão pedir perdão, cientes que nem todas suas ações foram probas, prudentes, oportunas como desejaria a pura sabedoria. Admitirmos nossos erros, aliás, é uma das nossas melhores falas, dado o concurso da verdade e da honestidade intelectual.

O salvador ensinou-nos a ser avisados quanto ao exercício da fala; “Mas, vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.” Mat 12;36

Há um testemunho preservado num memorial, que, arrola as falas dos que temem a Deus; certamente, o faz, O Eterno, para recompensá-los por elas; se fosse para punir seria atinente a todos, não apenas aos que O servem;
“Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; O Senhor atentou e ouviu; um memorial foi escrito diante Dele, para os que temeram O Senhor, para os que se lembraram do Seu Nome. Eles serão Meus, diz O Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para Mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve. Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Ml 3;16 a 18

Meras falas não bastam. Os hipócritas costumam falar muito bem. Todavia, aqueles que têm o hábito de ser honestos, suas falas refletem à verdade; seus corações podem ser “vistos” pelas coisas que deles vertem; “Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.” Mat 12;34

Certas coisas são impossíveis sem a palavra; o ensino, sobretudo. Embora os bons exemplos tenham lá sua eloquência, a explanação dos motivos, costuma emprestar sentido às ações. Nossas atuações serão motivo de demanda, como ensinou Pedro: “... estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós...” I Ped 3;15

Não se trata de vetar à fala trocando-a por comunicação alternativa, vias sinais, por exemplo; antes, de conselhos práticos advertindo contra a incontinência verbal, que costuma ser veículo de grandes males.

Abstém-se de erros, quem reverbera de modo idôneo o que O Senhor diz: “Se alguém falar, fale segundo as Palavras de Deus...” I Ped 4;11 

Entre as muitas coisas que a Palavra prescreve temos: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor, aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Os que cobrem o mundo com decibéis falsos, apregoando aos quatro ventos o que “O Senhor lhes mostra”, deveriam aprender a calar a boca, para ouvir o que O Senhor diz: “Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, mas eles profetizaram. Mas, se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir as Minhas Palavras, o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

O dia do Senhor


“O dia do Senhor virá como o ladrão de noite...” II Ped 3;10

Não que os demais dias sejam fortuitos, ou nossos; apenas um, seja do Senhor. Porém, assim é chamado o período em que O Senhor, finalmente, decidirá acertar contas com a humanidade, trazendo o juízo.

“Ai do dia! Porque o dia do Senhor está perto, virá como uma assolação do Todo-Poderoso.” Jl 1;15

“Ai daqueles que desejam o dia do Senhor! Para que quereis vós este dia do Senhor? Será de trevas e não de luz.” Am 5;18

“O grande dia do Senhor está perto, sim, está perto, se apressa muito; amarga é a voz do dia do Senhor; clamará ali o poderoso.” Sof 1;14

Pedro cita Joel: “O sol se converterá em trevas, a lua em sangue, antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor;” Atos 2;20 etc.

Vemos, pois, que o dia do Senhor não é um texto solto numa névoa obscura que algum profeta soprou sobre os ares da revelação; antes, algo categórico, afirmado, explicitado e reiterado; no devido tempo, sua incidência será inevitável.

Pedro pontuou que a “demora” do Senhor em tratar com a humanidade seria usada como se significasse falaciosa Sua Palavra; “... nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo suas próprias concupiscências, dizendo: Onde está a promessa da Sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.” II Ped 3;3 e 4

A relação do Eterno com o tempo não é a mesma nossa; “Amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda Sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânime para conosco, não querendo que alguns se percam, senão, que todos venham a arrepender-se.” II Ped 3;8 e 9

“O dia do Senhor virá como o ladrão, de noite...”
embora O Senhor venha para buscar o que é Seu, usa a figura do ladrão para ilustrar o “modus operandi”.

O ladrão vem inesperadamente; leva o que há de mais valioso; e o seu “feito” só é percebido depois, quando é tarde demais para evitar.

Embora muitos alardeiem um tempo de avivamento, isso brota do desejo dos seus corações, não, da Palavra. O Salvador ensinou que voltará em tempos de apostasia. “... Quando, porém, vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” Luc 18;8

O que há de precioso para O Senhor? Cada alma salva, segundo o Salvador, vale mais que o mundo inteiro perdido. Os fiéis a Ele são o objetivo da Sua volta; “Os Meus Olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

Se, para o mundo soam a “fundamentalistas, radicais, donos da verdade, feitores de discursos de ódio...” os fiéis ao Senhor, para Ele, isso é o que há de mais precioso; precisamente, por terem se mantido separados do mundo, por amor a Ele, como Ele prescreveu; “Dei-lhes A Tua Palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não sou.” Jo 17;14

O “roubo” será percebido tardiamente; só será entendido pelos desviados da verdade, que, a tendo aprendido, não foram resilientes o bastante, para nela perseverar.

Mas, perguntaria o mais atento; estou falando sobre o arrebatamento, ou o juízo do Senhor? Ambas as coisas fazem parte do “Dia do Senhor.” Remover os Dele do ambiente onde cairá Seu Juízo, é por assim dizer, o “juízo” do Senhor, quanto aos que nele creram. “... quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5;24

Quando ensinou que não veio julgar, mas salvar, deixou evidente que o mundo já está condenado, como sistema ímpio; embora, individualmente as pessoas que se arrependem e mudam, ainda serão salvas. “Quem crê Nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no Nome do Unigênito Filho de Deus.” Jo 3;18

Quem tomou posse da vida eterna aqui, não vive contando os dias com sofreguidão, como os que acham que tudo se resume à existência terrena; “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Invés de olhar sôfregos ao “horizonte” em busca de sinais da volta do Senhor, desejamos que demore um tiquinho ainda; afinal, há tantos que gostaríamos de ver salvos.

Quando acontecer, se cumprirá a sentença de Rabelais, poeta francês: “Conheço muitos que não puderam quando queriam, porque não quiseram, quando podiam.” Hoje, ainda podes.

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Desgraçando a Graça


“... Pecaremos porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis; do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;1 e 16

A Graça, desde a vitória de Cristo na Cruz, nos abriu uma porta que estava fechada, possibilitando a salvação dos que creem e obedecem; mas, nem sempre é devidamente entendida, ou, honestamente interpretada.
Quando, “desentendidos” são advertidos sobre determinadas posturas pecaminosas, exortados para que nelas não incorram, presto se escudam nela. Tratam-na como se fosse uma carta branca para pecar, acusando-nos de religiosidade, legalismo, como se, depois de Cristo, obediência tivesse se tornado desnecessária.

O que graça tem de gracioso é que nenhum de nós merece a salvação; ainda assim é salvo, quem crê e obedece ao Salvador; a justiça Dele é atribuída aos Seus, que pelos Seus méritos são remidos.

O Objetivo da Lei não era salvar; apenas deixar patente nossa necessidade do Salvador. “De maneira que a lei nos serviu de aio, para conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24

Se, alguém imagina que a fé seja um substituto para a obediência, precisa refazer seu pensamento; a fé desafia-nos a agir conforme cremos; essa ação, coerente ou não, é que determinará a quem servimos. “... a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis...” Por isso a advertência de Tiago: “Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem obras é morta?” Tg 2;20 O que são as obras da fé, senão, agirmos conforme cremos?

Se a Graça possibilita atingirmos algo que a Lei não possibilitava, traz consigo uma responsabilidade maior. Antes, a obediência se restringia a sentenças estritas; “Não matarás!” Cristo disse que só odiar já nos coloca sob juízo; “Não adulterarás!” Ensinou que, olhar alguém com desejo, já polui nossos corações.

A desobediência se faz maior, por termos recebido dádivas que não estavam presentes na época da Lei, como o Bendito Auxílio do Espírito Santo, além do Precioso Resgate de Cristo. “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais será julgado merecedor aquele que, pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da Graça?” Heb 10;28 e 29

Logo, os fugazes inconsequentes que acham que a graça é sinônimo de alargamento do “caminho estreito” precisam entender o que significa o, “Negue a si mesmo; ou perder a vida para ganhar”.

O “Jugo de Cristo” que cada cristão deve tomar, não é outra coisa, senão, submissão cabal à vontade do Pai. “Se possível, passa de Mim esse cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres.” “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

Nossa “morte” é uma identificação, mortificação das vontades pecaminosas. “Sabendo isto, que nosso homem velho foi com Ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.” Rom 6;6

Quando diz que Ele “aboliu a Lei”, refere-se à lei do sacerdócio que sacrificava animais; “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7;12

O sábado, Cristo é senhor dele e disse: “É lícito fazer bem nos sábados.” Mat 12;12 Quanto ao mal, não é lícito dia nenhum. “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, beber, por causa dos dias de festa, da lua nova, ou dos sábados.” Col 2;16

Não saímos da Lei, pela conversão, como quem pode andar, doravante, à sua maneira; antes, como uma mulher que viúva, e casa novamente, com um cônjuge ainda mais especial. “... vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei; não será adúltera, se for de outro marido. Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a Lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.” Rom 7;3 e 4

A remissão de Cristo nos chama a frutificar, não a esbanjar nosso viver profanando ao Santo Nome, em libertinagens.

A Lei veio manifestar o pecado, e continua valendo. Como Deus julgaria o mundo sem ela? Os que são de Cristo, já “morreram”; receberam a graça da salvação. Perseverando, nada a temer.

Em suma, a graça nos tirou do deserto e levou ao oásis; sujaríamos a fonte, invés de beber e preservar? “Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça?”