quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

As narrativas


“... Que é a verdade...” 18:38

Pilatos não fez uma pergunta; do contrário, teria esperado a resposta. Após dizer isso, “... tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho Nele crime algum.” A inocência sob ódio, derivado da inveja, era um aspecto da verdade que podia ver. Seu dito era mais um motejo, uma afirmação nas entrelinhas que a verdade é algo que nos escapa; será?

Verdade tem consórcio com a justiça, costumam andar juntas; tanto que, um tribunal, antes de sentenciar alguém, ouve exaustivamente ambas as partes; a que acusa e a que defende, para que o juízo resultante seja verdadeiro.

Estou falando de um Tribunal, não de puxadinhos políticos contaminados por estrabismos ideológicos, fisiologicamente endividados por favores recebidos, atuando servis, a espera da cobrança, por parte daqueles que carecem vestir seus interesses mesquinhos, com a fantasia da justiça.

Que verdade e justiça andam de mãos dada a Palavra de Deus mostra reiteradamente: “Abri as portas, para que entre nelas a nação justa, que observa a verdade.” Is 26:2 “O que diz a verdade manifesta a justiça, mas a falsa testemunha...” Prov 12:17 “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.” Rom 1:18 etc.

Atualmente vemos formação de quadrilha para esposar a defesa de uma mentira. Chamam de “construir uma narrativa.”

É preciso que dezenas de patifes esposem em uníssono a patifaria que pretendem plasmar, por longo tempo. Ainda assim, quando “O Sol da Justiça” resolver brilhar, as “peneiras” fajutas serão envergonhadas.

Longe vai o tempo em que, o jornalismo narrava fatos, ouvia as partes envolvidas e apresentava suas versões. Sem escolher um ponto em prejuízo de outro, tendo como norte apenas a difusão da verdade.

Dos jornais atuais, podemos defender seguros que as datas costumam ser verdadeiras. O que difundem, salvas raras exceções, é o “produto” que devem entregar, segundo as coordenadas dos seus patrões.

A obscenidade moral não acha termo, nas publicações venais da finada imprensa. Por ocasião das manifestações do último domingo, 25/02/2024 no mesmo espaço que a parada gay colocou “quatro milhões de pessoas”, meio esparsas, com uma contingência bem mais densa, tivemos 185 mil pessoas, segundo “especialistas” da USP.

Se eliminarmos o fermento numa e a cegueira voluntária n’outra manifestação, provavelmente ambas tivessem perto de dois milhões de pessoas. Mas como ficariam os “narradores” em sua “narrativa” da insignificância dos que se lhes opõem, tendo que lidar com a verdade? Como, “la prensa” está em sua folha de pagamento, que mostre serviço, pois.

Então, grassa “... o prevaricar, mentir contra o Senhor, desviarmo-nos do nosso Deus, falar de opressão e rebelião, conceber e proferir do coração palavras de falsidade. Por isso o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece, quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; O Senhor viu e pareceu mal aos Seus Olhos que não houvesse justiça.” Is 59:13 a 15

Quando algo parece mal aos Olhos do Senhor, eventualmente Ele intervém; recoloca os pingos nos is. O castelo de cartas das narrativas fajutas, ruirá à mera remoção de uma, estrategicamente situada.

Quem acredita que governos e religião são coisas distintas, tão separadas que sequer podem se aproximar, não sabe nada. A fé nos persuade a abraçarmos certos valores segundo Deus; o Estado democrático foi dado para que, os valores que são caros à maioria sejam estabelecidos como parâmetros sociais.

Em última análise, o governo é de Deus; “Ele muda os tempos e as estações; remove os reis e estabelece os reis; Ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, com Ele mora a luz.” Dn 2:21 e 22

Se, por um pouco permite o império da injustiça, não o faz indefinidamente, para que, os que têm a justiça como norte não olhem para o “sul”. “Porque o cetro da impiedade não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estenda suas mãos para a iniquidade.” Sal 125:3

No nosso contexto pois, a verdade mostra que foi imposta vergonhosa fraude eleitoral; tudo o que o dinheiro pode comprar tem sido comprado com dinheiro alheio, furtado, para preservação do poder dos ladrões. Uma ditadura judicial grassa, perseguindo os conservadores e protegendo ladroístas; estamos na iminência de uma guerra civil, se esse estado de coisas permanecer.

Que a misericórdia Divina se volte para nossa nação, e o “direito” que cada um confere aos seus adversários seja sua própria colheita. Assim, por meios oblíquos, serão conduzidos à verdade.

Os soberbos


“Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação.” I Cor 5:2

A soberba tem muitos efeitos colaterais deletérios. O evidente nesse verso é a alienação da necessidade da justiça, sendo patrocinada por ela.

Havia uma falta grave lá, alguém envolvendo-se sexualmente com a mulher do próprio pai, e ainda assim, misturado. Tal afronta à justiça e santidade deveria ter, no mínimo, causado tristeza; mas, nada.

Os soberbos estavam disputando quem teria o “pai espiritual” mais relevante. “Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?” Cap 3:4

Esse tipo de consequência acaba inevitável. Sempre que empreendemos esforços em coisas desnecessárias ou más, acabamos omissos no tocante às necessárias e boas.

A vaidade desfilando em consórcio com suas presunções tolhia que se inteirassem e zelassem pela santidade que convém onde Jesus Cristo é nomeado como Senhor.

O amante de si mesmo, em geral preocupa-se com seu tamanho, sua influência, seu nome; o servo cioso, na Obra de Deus, com a santidade, a pureza e edificação.

A busca por lugares altos, mais que, pela higiene espiritual dos lugares comuns, é um traço dos que erram o caminho, priorizando o individual, onde deve prevalecer o coletivo. “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi os servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10:6 e 7

Vemos a estultícia e a servidão exaltando-se; riqueza e nobreza comedidas. Não é onde alguém está, posicional ou geograficamente, que o define; antes, como está espiritualmente. A saúde de nosso relacionamento com Deus é infinitamente superior a qualquer apreço humano, a qualquer “lugar alto”.

A Palavra de Deus vaticina desse tempo, onde, em geral, governariam, pessoas indignas. “A terra pranteia e murcha; o mundo enfraquece e murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra.” Is 24:4 Há exceções, poucas; mas em geral é assim. Os maus, corruptos, mentirosos, soberbos mandam em pessoas muito melhores que eles. Um retrato bem didático da “justiça dos homens”.

Por essas e outras, os que conhecem à Divina descansam, mesmo que, as digitais da injustiça marquem todas as coisas ao redor. Esses entendem que há um propósito maior na permissão disso, e esperam certos que, no devido tempo, cada coisa ocupará o lugar que merece. “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda terra?” Gn 18:25

A questão do incesto em Corinto, pela qual Paulo enviara tão severa advertência, além da necessária tristeza, causou acalorados debates na comunidade. “Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio.” II Cor 7:11

O conselho do apóstolo fora para que o tal fosse excluído, para, quiçá, se arrepender em tempo para ser salvo, “Seja, este tal, entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus.” I Cor 5:5

Após a exposição do pecado e os acalorados debates acerca da situação, houve arrependimento, mudança de atitude. “... pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.” II Cor 7:9 e 10

Assim manifesto o arrependimento e a disposição de mudar daquele que estava errado, o mesmo foi perdoado, invés de excluído. “A quem perdoardes alguma coisa, também eu; porque, o que também perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Cristo; para que não sejamos vencidos por Satanás;” II Cor 2:10

Bons tempos aqueles onde, os pecados ensejavam debates para arrependimento, e os soberbos eram expostos; desafiados a mudar de atitude.

Atualmente, muitos soberbos sem noção estão no controle de grandes rebanhos; se, confrontados por seus erros, mais facilmente alteram à Palavra de Deus, que aceitam mudar suas doentias posturas. Deveriam saber de algo bem básico: “A soberba precede a ruína, a altivez do espírito precede a queda.” Prov 16:18

Como conheceriam a tristeza segundo Deus, pautando suas vidas pelos próprios desejos desorientados? Mais que tristeza, aquele caso requereu confissão, arrependimento, abandono, para que o perdão encontrasse assento.

“Toda pessoa arrogante, soberba e altiva não aceita ser corrigida, visto que não deseja ser mudada por um comportamento superior, porque já possui um espírito de conduta inferior que a satisfaz.” Helgir Girodo

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

O reino das falácias


“O coração entendido buscará o conhecimento, mas a boca dos tolos se apascentará de estultícia.” Prov 15:14

Entender e conhecer não são sinônimos. Pode alguém entender que não sabe determinada coisa, e buscar mediante o conhecimento suprir a lacuna.

Também a sabedoria é sujeita a variações; nomina um princípio, uma índole, ou, um contingente. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1:7

Nesse princípio, podemos ter nosso contingente aumentado; “Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio, ensina ao justo...” Prov 9:9 Mais uma qualidade: “Justo”. Ao não pretender exercitar-se acima do que conhece, faz uma análise justa da própria situação.

Sabedoria é dom Divino. O Eterno não lega de modo aleatório, para quem, eventualmente, faria mau uso. “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo.” Prov 2:7 e 8
Sabedoria para guardarmos a justiça. Eis o Divino propósito!

Pessoas ímpias podem adquirir vasto conhecimento, mesmo alheias a Deus. No entanto, a sabedoria veraz requer um pouco mais que ser versado em muitas coisas. “Ainda que tivesse o dom de profecia, conhecesse todos os mistérios, toda a ciência, tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, se não tivesse amor, nada seria.” I Cor 13:2

Mais que uma exposição para ser vista numa feira, numa competição, a verdadeira sabedoria deve ser encontrada após as pegadas das atitudes; embora sua aquisição tenha seu conteúdo teórico, a posse dela requer a prática; “Falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2:7 e 8

Por isso o apóstolo “subiu na mesa”: “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1:20 e 21

“... a boca dos tolos se apascentará de estultícia.”
Uma das “qualidades” do tolo é apascentar a si mesmo. Descansa nas suas sentenças, mesmo que essas estejam a anos-luz da verdade. 

Invés da honestidade que assume lapsos, esse ancora-se na presunção que suas inclinações são a “verdade”; convicto delas, se coloca refratário a toda sorte ensinos, conselhos. “Ai dos que são sábios aos próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5:21

Se, o que age no princípio correto coloca O Senhor como fonte do saber, o tolo tem em si mesmo os “parâmetros”; como isso derivou de um conselho do canhoto, “vós mesmo sabereis o bem e o mal.” Os que assim fazem, atuam segundo o dito do Capiroto.

Portanto, também nesse quesito, mais que o que falamos, o que fazemos identifica nosso senhorio espiritual; “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis...” Rom 6:16

Quando o falar desafina do ser, mesmo as falas estando, eventualmente, certas, temos uma mentira. “O que és fala tão alto, que não consigo ouvir o que dizes.”

Cheia está nossa nação, infelizmente, de pessoas cujos feitos anulam os discursos. Jornalistas, juristas, políticos, “ministros do Evangelho” até; cujas falas trazem sabor de mentira, antes mesmo da locução dos primeiros fonemas.

Por isso, uma vez mais, as ações são demandadas em coerência com nossas palavras; “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere O Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2:19

O verso inicial pontua o que um e outro fazem, o entendido e o tolo, porque, em última análise, o que fazemos demonstra o que somos.
Aquele que ensina é professor; o que constrói, construtor; o que mente é mentiroso; o que se corrompe é corrupto, etc.

Ao entendido, seu coração o inclina; enquanto ao tolo basta o movimento dos lábios; acredita que, suas falas superam, ou criam, fatos.
Seu costumeiro exercício no âmbito das falácias privou seu doentio paladar de apreciar corretamente, o precioso sabor da verdade.

Enquanto o veraz se expõe ao risco de ser “estúpido”, pelo hábito de ser honesto, o falso sempre terá em suas enganosas prateleiras, uma frase pronta ao sabor das conveniências pontuais.

Pequenos desconfortos em nome da verdade, são nada, comparados com a sorte dos que escolhem a facilidade do engano. “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os que se prostituem, os homicidas, os idólatras e qualquer que ama e comete a mentira.22:15

Amargo perigo


“Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e nenhuma raiz de amargura, brotando vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.” Heb 12:15

“... ninguém se prive da graça de Deus...”
Por que alguém se privaria de algo tão valioso? A privação se estabelece passo a passo; quem não for vigilante nos primeiros, sem perceber, acabará rumando para as águas lamacentas da dúvida, cuja corrente deságua no lago da apostasia; em poucos lances estará fazendo as mesmas coisas que um dia deplorou.

Não deriva de uma resolução intempestiva; tipo, basta Deus! Estou fora! Não tenho mais nada, Contigo. Antes, um tênue desvio aqui, sutil leniência acolá, um atalho mais adiante, e sem esse descuidado perceber, acabará totalmente alheio ao socorro do Eterno, fazendo as coisas à sua maneira; aliás, à do inimigo que, patrocinou cada passo levando ao desvio.

Quem jamais viu, pessoas que foram ciosas dos Divinos preceitos se tornando condescendentes, “tolerantes” com erros crassos que O Pai não tolera?

Judas denunciou: “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus; negam a Deus, Único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” Jd v 4

Por que negar a Deus dentro da Igreja? Não bastaria ficar fora? Porque sua crescente apostasia já os tinha colocado a serviço da oposição; ainda acreditavam ter uma obra a fazer, então, alienados da verdade, atuando pra pervertê-la.

Privados da graça, a dissolviam, tentando privar também aos que lhes ouviam; não lhes bastava estarem perdidos; queriam lançar outros a perder. Quando a verdade se torna “solúvel” pode ser suprimida aqui, aclimatada acolá, há muito se foi. Um simulacro pobre tenta encenar sua presença onde não mais está.

“... nenhuma raiz de amargura...” feridas não tratadas pelo perdão, podem ser, ainda, o sustento de mágoas; base de futuras divisões no seio dos salvos.

É impossível exagerar a importância das raízes para a vida das plantas. Ilustrando a adesão superficial, dos que “creem” sem perseverar nas provas, O Salvador, comparando-os com plantas, disse: “Mas, vindo o sol, queimou-se, secou-se, porque não tinha raiz.” Mat 13:6 Profundidade, convicção é indispensável para quem crê; pois, certamente sua fé será submetida a duros testes.

A raiz é o imprescindível, sustentáculo de uma planta. Porém, se essa for de uma planta estranha, precisa ser removida antes que faça danos. Assim, se aprofundar no erro, fanatizar-se por alguém ou por algo, ao ponto de se fazer refratário a tudo que destoe desse fanatismo, é também um derivado de quem se privou da graça, que nos ensina por muitos meios.

Lidamos bem com o perdão, quando necessitamos; se, o devemos, nem sempre. Todavia, a isonomia Divina ensina: “Se, porém, não perdoardes aos homens suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas.” Mat 6:15

“... brotando, vos perturbe...”
A primeira vítima da amargura é seu hospedeiro. Sua paz deixa de ser patrimônio íntimo, inalienável, e passa a depender também, de fatores externos, como, eventual desventura daquele contra o qual estamos amargos.

O mundo entende a paz como ausência de guerras; a espiritual, tem a ver com a ausência de pecados não tratados pela medicina do perdão. Sejam entre nós e Deus apenas, ou envolvendo também algum semelhante.

Se a impiedade tiver assento em nós, o Príncipe da Paz não terá. Não significa que não pequemos. Mas que, quando o fizermos, não devemos cobrir a coisa com areia, como fazem os gatos, antes, apresentarmos a Ele. “... se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, O Justo.” I Jo 2:1

Contra os que escolhem o modo ímpio de viver A Palavra é categórica: “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57:20 e 21

“... por ela muitos se contaminem.”
Uma raiz viva brotar é a ordem natural das coisas. “Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, não cessarão os seus renovos... ao cheiro das águas brotará, dará ramos...” Jó 14: 7 e 9

A contaminação do semelhante com a difusão das nossas amarguras não tratadas, são ramos indevidos, que brotarão sempre que formos omissos em remover as raízes que devemos.

A paz com o próximo não é uma coisa unilateral. Dependerá da anuência dele. Mas, amargura, cada pode e deve evitar trazer em sua alma. 

Contra os que, invés de guardarem coisas boas guardam às más, A Palavra sentencia: “... entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2:5

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Vencer o mal


“Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12:21

O mal, desde que sua definição desceu do apreço de quem de Direito, Deus, para as trêmulas mãos do homem caído, teve furtada sua identidade.

As pessoas usam chamar de “boas”, outras, com as quais se identificam. Um matador de policiais, adjetivará de “sangue bom”, ao seu igual; um corrupto a outro; um estelionatário admirará à “malandragem” de alguém do “clube”, etc.

Essas coisas precisariam passar por um crivo espiritual; mas, não raro, sofrem mero apreço sensorial, forjando a chamada “sabedoria aos próprios olhos”; falta de noção. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30:12

Aquilo que tem um aferidor absoluto, descendo para o inconstante apreço relativo, quase sempre tem seu nome trocado, porque, as conveniências maculam a essência.

Foi com essa proposta, de autonomia e valoração independente das coisas, que o traíra seduziu à mulher, para que ela desobedecesse ao Criador. “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes (do fruto proibido) se abrirão vossos olhos; sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Gn 3:5

A existência daquela árvore era já uma condicionante para que, eventual obediência vertesse de um bem, da vontade livre; Deus não criou robôs programados pra dizer sim.

Assim, a serpente precisou ressignificar esse bem, de modo que parecesse mal, uma mesquinharia Divina. Aceita a blasfêmia, a incauta mulher foi ao encontro da morte acreditando que estaria subindo ao nível do Criador; convidado, seu marido também foi.

Antes de apreciarmos algo como bem, ou mal, convém atentarmos se, nosso apreço tem alguma conveniência rasa anexa, ou, se logramos conhecer a essência das coisas, segundo quem as criou.

A consequência mais danosa da pluralidade de “deuses” após a queda foi a inversão de valores. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; fazem do amargo doce, do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5:20 e 21

Para evitar a esse “ai”, Salomão aconselha: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3:5 a 7 Se, confiando no Senhor nos apartaremos do mal, necessária a conclusão que, teremos por mal às coisas que Ele tem.

Embora, no contexto, vencer o mal com o bem atine às relações interpessoais, não pagarmos na mesma moeda, antes, fazermos bem mesmo aos que nos prejudicam, a abrangência desse preceito é maior.

Há em todo o pecador, vasto “paladar adquirido” que o faz sorver prazerosamente o egoísmo, inveja, maledicência, malícia e outras “guloseimas” afins; todo esse “manancial” de maldades que se esconde em nossos corações deve ser vencido também; “Porque do coração procedem maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” Mat 5:19

Mais que a bondade na relação com o semelhante, devemos, prioritariamente, anelar a regeneração e restabelecimento da comunhão com Deus.

Primeiro passo: Abrirmos mão dos nossos “bens”; “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar.” Is 55:7

Adiante, a razão pela qual, O Eterno, demanda essa mudança: “Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são os Meus caminhos mais altos do que os vossos, e Meus pensamentos mais altos do que os vossos.” Vs 8 e 9

Todavia, vivemos tempos tão tenebrosos, que as pessoas confrontadas pela verdade preferem alterar essa, ao gosto dos ímpios paladares, a se deixarem moldar pra ser regeneradas aos parâmetros celestes.

Enojados, todos os dias ouvimos ditadores falando em democracia; déspotas em liberdade; vendedores de mentiras se dizendo jornalistas; mercenários se dizendo apóstolos, profetas... A verdade erra; uma estranha no ninho, como Ló em Sodoma.

Isaías anteviu; “Por isso o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, equidade não pode entrar. A verdade desfalece, quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado.” Is 59:14 e 15

Não podemos forçar lobos a deixarem de ser o que são; porém, podemos evitar que seu “triunfo”, eventual, lance dúvidas sobre os valores que escolhemos. A “vergonha de ser honesto” dita por Rui Barbosa, era refinada ironia.

Quem abraça valores eternos não os desfigura trocando-os por engodos biodegradáveis.

Identidade


“Tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e aqui pereço de fome!” Luc 15:17

O filho pródigo, após desperdiçar seus bens, penando nas malcheirosas consequências, entre porcos alheios, tornou a si e olhou para a casa paterna.

O fato do homem ser constituído de corpo, alma e espírito, tendo cada aspecto, seus apelos próprios, enseja que ele “divida-se”, enfrente conflitos íntimos.

“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não aprovo; o que quero não faço, mas o que aborreço faço. Se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7:14 a 17

O “eu”, como refém de um inquilino opressor que o leva a fazer o que não deseja.

O mero “discordar” do que faz, mostra um tênue feixe de luz inda com “saudade de Deus”; desejo de justiça impotente, ante as pressões por prazeres, militando no ser, refém do pecado. Uma centelha de consciência com a valoração correta, sob um monturo de anseios malsãos que “pisam no jardim” no afã de saciarem-se.

Embora os afeitos a isso nominem à prática como “curtir a vida”, são as digitais do medo da morte; a certeza que suas “vidas” são curtas, e precisam “aproveitá-las”.

Os que são de Cristo não estão mais sob os ditames desse feitor; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1:12 tampouco, têm uma perspectiva rasa quando à amplitude da vida, como se, essa se restringisse aos dias possíveis nessa terra. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15:19

Por quê? Porque essa vida, no tocante aos salvos, é dedicada às renúncias, para termos nosso ingresso na vida futura. Aqui nos esperam perseguições, aflições; se essas coisas não tivessem uma vindoura recompensa, seríamos piores que os que vivem alheios ao Salvador, fazendo o que lhes dá na telha.

Sendo indispensável passo para seguirmos a Cristo, o “negue a si mesmo”, não significa que isso nos deixará num vácuo; o “si” antigo é condenado junto com seu feitor, o pecado; um novo, segundo Cristo, é gerado em nós quando da conversão. “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3:5

Pra que possa alguém “nascer de novo” de certa forma, carece morrer; eis o sentido da cruz! “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6:3

Para Ele a morte foi literal; de nós requer apenas a mortificação, do antigo “eu” com suas doentias inclinações, na vigência do novo homem, espiritual; segundo Cristo, não, conforme anseios do pecado. “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; vos renoveis no espírito da vossa mente; vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” Ef 4:22 a 24

O novo “si” não é mais autônomo e senhor das suas vontades, feitoras da perdição, como era o finado; antes, está submisso a Cristo, O Salvador, que depois de regenerar legou O Bendito Espírito Santo, como Guia para nos conduzir por uma vereda santa. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8:1 e 2

O pródigo fora de si, deu-se aos prazeres ilícitos, desprezando consequências. Quando essas vieram, foram sisudas conselheiras para que ele tornasse a si, olhando de novo, para a casa paterna.

O ideal seria que não precisássemos esses “estímulos” para fazermos as melhores escolhas. Todavia, mesmo neles, quem reconsidera e volta ao Pai, ainda encontrará vestes novas e uma festa, como aquele encontrou.

Devemos aprender e manter vivo, que o novo ser não é mais um libertino que rompeu com o Pai, como o antigo. “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, que me amou, e Se entregou por mim.” Gál 2:20

Nossa identidade não está no rótulo da nossa preferência; antes, no que direciona nossa obediência. “... a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis...” Rom 6:16

domingo, 25 de fevereiro de 2024

A nova dieta


“Estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração...” Deut 6:6

Como seria possível que, uma ordem recebida fosse albergada no coração? Normalmente, nossos corações acarinham as coisas com as quais se identificam.

Embora tenha grande apelo moral e poético, até; a sentença do salmista: “Escondi Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Sal 119;11 No prisma prático, isso não se verifica com frequência.

O “combustível” necessário para que façamos esse providencial esconderijo, está atrelado a duas coisas: Discernimento, e amor-próprio. A primeira vítima quando nosso coração se engana, somos nós.

O discernimento capacita-nos a entender o fim dos Mandamentos Divinos; “Ouve, filho meu, e aceita Minhas Palavras e se multiplicarão os anos da tua vida.” Prov 4:10 Invés de limites a castrarem nossos “direitos”, As Divinas Palavras são cercas a nos guardar das ameaças, dos perigos.

Sabendo que algo foi dado para seu próprio bem, pois, apenas carente de amor-próprio, inconsequente, alguém agiria de modo a semear atitudes, cuja ceifa, redundaria em danos; “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6:7

Muito além de um capricho Divino, um formalismo para fins estéticos, como se a verdade atinasse mais à aparência que a essência, A Palavra de Deus, atina a vida e morte. “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, bênção e maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30:19

Assim, a obediência daqueles que a alcançam, mais que um serviço ao Eterno, é uma prova cabal de desejo de vida, sentimento de preservação; embora, O Santo mereça ser amado e honrado, quem O obedece, ama primeiro a si mesmo.

A obediência passa longe das humanas tendências naturais; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8:7

Na queda, invés de um upgrade espiritual, como prometeu o traidor, o homem caído foi lançado na escravidão das paixões carnais.

Sabedor disso, O Criador prometeu trocar a “peça” que não funcionava mais, segundo o projeto original, o coração humano; “Então aspergirei água pura sobre vós e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra e vos darei um coração de carne.” Ez 36:25 e 26

Cristo chamou a esse “transplante de órgãos” de “nascer de novo.” Condição indispensável pra que possamos ver, ou, entrar no Reino dos Céus. Ver Jo 3;3 e 5

Mesmo nos convertidos que ganharam novo coração, espiritual, em princípio, a obediência não é fácil. Até, após edificados, ainda enfrentam grandes pelejas, dado que o antigo coração se bate, a “revirar no túmulo” desejando voltar à vida. “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” Jr 17:9 e 10

Notemos que, não são os maus desejos, eventuais, de nossos corações, que sofrerão juízo; antes, aqueles que, tendo palpitado na arena dos desejos ganham depois, o teatro das ações.

Após certa maturidade espiritual, nossos fins deixam de ser infantis, derivados apenas do amor-próprio; então, pelo exercício nas coisas espirituais e as consequências que esse traz, passamos a ter prazer nas coisas que, antes fazíamos apenas pelo temor.

Além do discernimento primário, para entendermos o objetivo das Divinas restrições, o aperfeiçoamento espiritual amplia em nós essa qualidade, pela qual, podemos valorar tudo, segundo o padrão celeste. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5:14

As coisas que, na infância espiritual davam pesado trabalho, na maturidade dão prazer. Esse “paladar adquirido” é prerrogativa de poucos, infelizmente. 

Onde o ímpio busca seus prazeres, o que teme a Deus encontra seus “nãos!” “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1:1

Onde o ímpio nem ousa se aproximar, o homem espiritual vive seu deleite; “... tem seu prazer na Lei do Senhor, na Sua Lei medita de dia e de noite.” Sal 1:2

Enfim, guardar a Divina Palavra no coração parece uma “barra forçada”, como seria, querer que um lobo comesse grama. Aos que ousam, porém, O Eterno transforma-os em ovelhas; o que, antes fora indigesto, torna-se sua dieta favorita.