terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Amargo perigo


“Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e nenhuma raiz de amargura, brotando vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.” Heb 12:15

“... ninguém se prive da graça de Deus...”
Por que alguém se privaria de algo tão valioso? A privação se estabelece passo a passo; quem não for vigilante nos primeiros, sem perceber, acabará rumando para as águas lamacentas da dúvida, cuja corrente deságua no lago da apostasia; em poucos lances estará fazendo as mesmas coisas que um dia deplorou.

Não deriva de uma resolução intempestiva; tipo, basta Deus! Estou fora! Não tenho mais nada, Contigo. Antes, um tênue desvio aqui, sutil leniência acolá, um atalho mais adiante, e sem esse descuidado perceber, acabará totalmente alheio ao socorro do Eterno, fazendo as coisas à sua maneira; aliás, à do inimigo que, patrocinou cada passo levando ao desvio.

Quem jamais viu, pessoas que foram ciosas dos Divinos preceitos se tornando condescendentes, “tolerantes” com erros crassos que O Pai não tolera?

Judas denunciou: “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus; negam a Deus, Único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” Jd v 4

Por que negar a Deus dentro da Igreja? Não bastaria ficar fora? Porque sua crescente apostasia já os tinha colocado a serviço da oposição; ainda acreditavam ter uma obra a fazer, então, alienados da verdade, atuando pra pervertê-la.

Privados da graça, a dissolviam, tentando privar também aos que lhes ouviam; não lhes bastava estarem perdidos; queriam lançar outros a perder. Quando a verdade se torna “solúvel” pode ser suprimida aqui, aclimatada acolá, há muito se foi. Um simulacro pobre tenta encenar sua presença onde não mais está.

“... nenhuma raiz de amargura...” feridas não tratadas pelo perdão, podem ser, ainda, o sustento de mágoas; base de futuras divisões no seio dos salvos.

É impossível exagerar a importância das raízes para a vida das plantas. Ilustrando a adesão superficial, dos que “creem” sem perseverar nas provas, O Salvador, comparando-os com plantas, disse: “Mas, vindo o sol, queimou-se, secou-se, porque não tinha raiz.” Mat 13:6 Profundidade, convicção é indispensável para quem crê; pois, certamente sua fé será submetida a duros testes.

A raiz é o imprescindível, sustentáculo de uma planta. Porém, se essa for de uma planta estranha, precisa ser removida antes que faça danos. Assim, se aprofundar no erro, fanatizar-se por alguém ou por algo, ao ponto de se fazer refratário a tudo que destoe desse fanatismo, é também um derivado de quem se privou da graça, que nos ensina por muitos meios.

Lidamos bem com o perdão, quando necessitamos; se, o devemos, nem sempre. Todavia, a isonomia Divina ensina: “Se, porém, não perdoardes aos homens suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas.” Mat 6:15

“... brotando, vos perturbe...”
A primeira vítima da amargura é seu hospedeiro. Sua paz deixa de ser patrimônio íntimo, inalienável, e passa a depender também, de fatores externos, como, eventual desventura daquele contra o qual estamos amargos.

O mundo entende a paz como ausência de guerras; a espiritual, tem a ver com a ausência de pecados não tratados pela medicina do perdão. Sejam entre nós e Deus apenas, ou envolvendo também algum semelhante.

Se a impiedade tiver assento em nós, o Príncipe da Paz não terá. Não significa que não pequemos. Mas que, quando o fizermos, não devemos cobrir a coisa com areia, como fazem os gatos, antes, apresentarmos a Ele. “... se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, O Justo.” I Jo 2:1

Contra os que escolhem o modo ímpio de viver A Palavra é categórica: “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57:20 e 21

“... por ela muitos se contaminem.”
Uma raiz viva brotar é a ordem natural das coisas. “Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, não cessarão os seus renovos... ao cheiro das águas brotará, dará ramos...” Jó 14: 7 e 9

A contaminação do semelhante com a difusão das nossas amarguras não tratadas, são ramos indevidos, que brotarão sempre que formos omissos em remover as raízes que devemos.

A paz com o próximo não é uma coisa unilateral. Dependerá da anuência dele. Mas, amargura, cada pode e deve evitar trazer em sua alma. 

Contra os que, invés de guardarem coisas boas guardam às más, A Palavra sentencia: “... entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2:5

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